Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 26
CAPÍTULO26




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CAPÍTULO26

    Palhoça estava diante da mãe e da irmã mais nova; precisava arranjar
uma desculpa, e muito rápido:
— Mãe - Palhoça explicou -, eu estava aqui contando pra Jaraguá sobre
uma colega minha que perdeu a prova de matemática que a gente fez essa
semana; ela tinha que levar a prova assinada pelos pais só que a tal
prova acho que não existe mais; e ela acha que ninguém vai descobrir!
— Ah, entendi! E você, como é que foi nessa prova?
— Fui bem, mãe; não tirei nota vermelha!
— Que bom, filha; matemática nunca foi o seu forte não!
— Mas eu estou melhorando, mãe, pode crer!
— E o pé, está melhor?
— Está doendo um pouco ainda; eu pedi pra minha irmã me ajudar a sair da
cama, preciso ir ao banheiro!
— Tudo bem, filha! Eu vou lá pro quarto conversar com o seu pai antes
dele voltar pra empresa; qualquer coisa me chama! Jaraguá, ajuda sua
irmã, minha querida, por favor!
— Pode deixar, mãe; eu ajudo!
Florianópolis deixou o quarto calmamente; antes de fechar a porta, ainda
olhou para as duas filhas e sorriu.
    As horas passaram, e voltou a chover forte naquela tarde de sexta
feira.
— Minha irmã vai conhecer a família do namorado amanhã! - relatava
Joinville com um sorriso de felicidade, deitada ao lado da namorada, na
cama do flat:
— É tudo novo pra ela, não é? Deve estar com a cabeça a mil por hora!
— Eu não conheço a mãe dele; Palhoça conhece e diz que a mulher é
insuportável! Se for isso mesmo, o filho dela não se parece nada com
ela!
— Você jáconhece o garoto?
 Já; um amor de menino!
Chapecó sorriu discretamente; ajeitou-se melhor e olhou Joinville nos
olhos, diria algo importante:
— Minha querida, por falar em mãe, filhos, tem uma coisa que eu estou
pra te dizer já faz algum tempo; na verdade, é um sonho que eu tenho,
sempre tive desde menina, só que pra que eu possa realizar esse meu
sonho, eu preciso falar contigo antes!
— Um sonho?
— Sim, meu amor, um sonho! Bem, Joinville... o meu maior sonho é ser
mãe, eu quero muito ter um filho meu, nascido de mim! Eu já pensei
muitas vezes em adotar uma criança, tem tantas por aí precisando de
amor, precisando de um lar; mas eu quero viver isso por completo,
entende?
— Entendo, entendo sim!
— Eu decidi que vou tentar; vou fazer um tratamento; uma inseminação artificial! Eu
já li tudo sobre isso, só estou esperando... em fim, eu quero começar a
trabalhar, ter uma vida confortável pra poder cuidar bem do meu filho!
— Nosso!
Chapecó sentiu um nó na garganta naquele momento, mas resistiu; o
sorriso que Joinville lhe ofereceu quando disse "nosso" lhe encheu
de coragem:
— Nosso? Joinville, você está me dizendo que...
— Que eu vou estar do seu lado, sua doida! Eu te amo, eu nunca tinha
namorado, nunca tinha me envolvido com ninguém, homem ou mulher; mas
hoje eu tenho certeza do que eu quero; e o que eu quero é construir uma
vida com você e isso inclue um filho! Eu vou estar sempre aqui, vou com
você à todas as consultas, vou cuidar de você, vou amar essa criança
como se fosse do meu sangue!
    Depois de ter conversado com Joinville sobre a possibilidade de ter
um filho, Chapecó sentiu-se mais incorajada; saber que tinha o apoio da
namorada a fez acreditar que tudo daria certo.
Quanto à sua situação financeira, a moça sempre teve tudo; seus pais a
deixaram em uma vida confortável, mas ela pretendia iniciar sua
carreira, seu filho viria depois.
    A noite, Palhoça e Jaraguá sentaram-se com o pai na sala de jantar;
as duas irmãs mais velhas estavam na faculdade, e a mãe estava no
apartamento da frente, a casa de sua melhor amiga, Lages.
Foi a oportunidade perfeita para que o pai e as meninas pudessem
conversar sobre o dia seguinte, sobre a compra do presente:
— E o que é que vocês decidiram sobre o presente? - perguntou São José
com aquele sorriso que era só seu, com o amor que era só seu:
— Pai - respondeu Palhoça -, a gente conversou hoje um pouco antes de
Blumenal e Joinville saírem pra faculdade; a gente realmente não sabe o
que dar pra ela!
Jaraguá entrou na conversa:
— Daí a gente pensou no seguinte, pai! Cada uma de nós escolhe alguma
coisa que ela goste e que o preço seja acessível, e no final a gente
monta uma sexta super linda! Achamos que vai sair mais em conta do que
se a gente decidisse comprar uma bolsa por exemplo, que a gente ia
acabar pagando em torno de uns trezentos reais ou até mais! A bolsa era
uma opção que a gente tinha...
— Mas eu acho que a ideia da sexta é mais criativa - falou o pai -, que
eu me lembre a gente nunca fez isso! E vocês já providenciaram o café da
manhã que foi combinado no grupo?
— Já, pai - respondeu Palhoça -, e como a Márcia não vai estar aqui
domingo de manhã, Chapecó vem dormir aqui amanhã pra ajudar a gente!
— Então é isso - falou São José satisfeito -, amanhã a tarde nós vamos
pro shopping, escolhemos os presentes, passamos a tarde juntos; e os
ingredientes pro café da manhã Chapecó vai providenciar, não vai?
— Vai, pai - garantiu Jaraguá -, a gente vai pro shopping e ela pro
super mercado; e ela vai informando a gente pelo grupo!
E estava tudo combinado; o próximo domingo seria especial para aquela
família.
    - E Jaraguá, como está? - perguntou calmamente Lages para a melhor
amiga e mãe de sua única afilhada:
— Quando eu saí ela estava na mesa com Palhoça e o pai delas!
— E ela vai mesmo jantar na casa do namorado amanhã?
— Vai! Não fala uma palavra sobre o assunto, menina; está uma pilha de
nervos mas não fala uma palavra! E eu também não quero ficar falando no
ouvido dela, Lages; eu sou mãe mas não tenho o direito de invadir a vida
das minhas filhas!
— Eu te entendo; não tive filhos embora quisesse muito ter, mas te
entendo, minha amiga!
— As vezes eu acho que eu sou permissiva demais! Quando Joinville me
contou que estava apaixonada por uma outra moça, por exemplo, eu acho
que outra mãe no meu lugar teria feito escândalo, talvez até tivesse
expulsado a filha de casa! Mas isso eu jamais faria; Joinville nasceu
de mim, Lages!
— Eu conheci uma brasileira lá em Miami, conversamos algumas vezes, em
fim, ela colocou o filho pra fora de casa quando descobriu que ele
estava namorando outro rapaz!
— Mas Jaraguá, em fim, a gente conversou muito um dia desses, deitadas
lá na minha cama! Minha filha é inteligente, sabe se defender; a gente
que é mãe acha que os filhos nunca crescem mas ela sabe se defender!
    O dia seguinte seria decisivo para Jaraguá; seria a primeira vez que
ela estaria com a família do namorado e isso a deixava tensa. Como seria
esse momento?
    Naquela mesma noite, Blumenau saiu da universidade com Itajaí e foi
deixá-la em casa. E ali, dentro daquele carro, a futura advogada
desistiu de ajudar a amiga a destruir o namoro de Joinville e Chapecó;
Blumenau estava mudando, continuava não acreditando que Chapecó não
faria sua irmã feliz, mas Joinville esteve do seu lado quando ela
descobriu que não era filha biológica de São José.
As duas acabaram discutindo dentro do carro, Itajaí jurava que teria
Chapecó de volta a qualquer custo; e antes que ela saísse de seu carro,
Blumenau a olhou nos olhos e disse:
— Eu nunca pensei que eu fosse tão amada, Itajaí! Joinville ficou do meu
lado em um dos momentos mais difíceis da minha vida, eu continuo achando
que Chapecó não vai fazer a minha irmã feliz; mas eu não posso fazer
isso, eu não posso ser a responsável pela infelicidade da minha irmã; se
o relacionamento delas terminar algum dia, não vai ser pelas minhas mãos
que isso vai acontecer!
Blumenau estava decidida; Itajaí saiu de seu carro, e naquela noite, ela
dirigiu até em casa se sentindo mais leve; tinha certeza, tomou a
decisão certa.


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