Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 22
CAPÍTULO22




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    Lages foi até o apartamento de Florianópolis, sem nem
imaginar o que havia acontecido. Chegando lá, ficou sabendo por Márcia
que sua melhor amiga havia sido internada por causa de uma ameaça de
aborto:
    Jaraguá, que a essa altura já estava na cama, ouviu a voz de sua
madrinha e se levantou; a menina precisava de alguém que soubesse lhe
dar as respostas que ela precisava naquele momento, alguém que
lembrasse sua mãe, que pudesse tirar suas dúvidas.
As duas conversaram muito, Jaraguá estava preocupada com sua mãe mas a
presença de sua madrinha a fez se sentir mais confortável. Antes de ir
embora, Lages fez questão de ir com a afilhada até o quarto, colocá-la
de volta na cama e ficar ali, olhando para ela até que o sono viesse.
    - Ela dormiu, Márcia! - Lages agora voltava pra sala, a expressão em
seu rosto agora era mais tranquila:
— Que bom; ela estava agitada, querendo ir pro hospital a todo custo...
— Eu combinei de levá-la amanhã pro hospital, Márcia!
— Será que é bom ela ir lá?
— Não sei se é bom, Márcia; mas ela me pediu isso várias vezes enquanto
eu fiquei com ela no quarto e eu vou levá-la! Palhoça, onde está?
— Já foi pra cama; está bem apesar de tudo, é possível que a mãe receba
alta já amanhã e elas estão confiantes!
— Eu vou ficar em casa, Márcia; qualquer coisa, mas qualquer coisa
mesmo, dá um toque ali pra mim, por favor!
    Lages estava decidida a ir a o hospital só no dia seguinte e levar a
afilhada, Jaraguá, pra visitar a mãe. Mas ao sair do apartamento da
família, ela decidiu descer pra garagem, pegar o carro e ir até lá.
Quando chegou, encontrou sua melhor amiga dormindo, tranquila; tudo
parecia estar bem, o sangramento havia parado.
    Na sala de espera do hospital, Lages e São José conversaram por mais
de meia hora; ele contou tudo a ela, inclusive sobre o que Blumenal
descobriu ainda naquele dia:
— Eu sempre achei que seria melhor que ela soubesse, compadre; até
comentei isso com Florianópolis outro dia! O meu maior medo era esse,
que ela acabasse descobrindo...
— Ela sempre quis contar; eu achava que isso não era necessário, pra mim
Blumenau sempre foi minha filha!
— Eu sei, compadre, eu sei e posso imaginar o que você está sentindo com
essa história toda! Mas eu só vim pra dizer que eu estou aqui, na hora
que vocês precisarem de mim!
— Obrigado, comadre; é uma pena que ela esteja dormindo, mas eu vou
contar que você esteve aqui!
— Jaraguá quer vir amanhã pra ver a mãe; eu estive lá, fiquei no quarto
com ela até ela pegar no sono, me pediu muito pra trazê-la aqui amanhã
de manhã!
— Ela queria vir comigo hoje quando fui pra casa; mas a gente ainda não
sabia se estava tudo bem de verdade, eu achei melhor esperar pra ter
certeza!
— Mas amanhã de manhã eu venho com ela; vai ser bom pra ela e pra
Florianópolis também!
— Tudo bem, comadre; e mais uma vez obrigado!
    Lages deixou o hospital aliviada por saber que tudo não passou de um
susto, mas preocupada com Blumenau. Ela sempre incentivou Florianópolis
e São José a contarem a verdade para a filha mais velha, temia pelo
que poderia acontecer caso um dia ela descobrisse aquele segredo de uma
outra forma. A sensação de não poder fazer nada, de estar de mãos atadas
doía naquela mulher; mas era um fato, ela nada podia fazer naquele
momento.
    Joinville chegou em sua segunda casa, o apartamento de Chapecó;
não sabia se queria falar sobre tudo o que havia acontecido naquele dia,
ou se simplesmente precisava chorar. A única certeza que ela tinha
naquele momento, é que ali era o lugar certo.
    Chapecó ouviu pacientemente tudo o que a namorada precisava dizer;
estava sentada no sofá da sala de seu apartamento, com
uma camisola azul clara, os longos cabelos amarrados em um rabo de
cavalo. Quando ouviu de Joinville que Blumenau não era sua irmã por
parte de pai, a primeira reação de Chapecó foi puxá-la para um abraço
na tentativa de tornar aquele momento mais fácil para ela:
— E como é que vocês souberam disso? - Chapecó estava
visivelmente assustada com o que acabara de ouvir, mas seu tom de voz
era reconfortante, amigável. Joinville demorou alguns segundos para
responder, estava chorando, foi a primeira vez que conseguiu chorar
depois de tudo o que aconteceu naquele dia:
— Meu pai me contou isso hoje, Blumenau acabou descobrindo eu não
sei como! Eu estou vindo do hospital, Chapecó, minha mãe teve uma ameaça
de aborto, está internada; Blumenau está em casa trancada no quarto,
revoltada, minha casa está desmoronando...
— Calma, meu amor, calma! - Chapecó sabia que precisaria ser forte
naquele momento; Joinville estava desesperada, aninhada em seu peito:
— Eu saí de lá e resolvi vir pra cá; não estava em condições de ir pra
casa...
— Claro, minha querida, você fez bem em ter vindo até aqui; nem é bom
que suas irmãs te vejam assim nervosa! Mas presta atenção; se
sua mãe e o bebê estão fora de perigo já é meio caminho andado; e quanto
a Blumenau, tudo bem, ela tem todo direito de se revoltar, de ficar
nervosa, mas talvez isso faça com que ela mude o jeito como ela vê as
coisas, entende?
    As duas fizeram silêncio por alguns instantes; Chapecó ainda
mantinha os braços em volta do corpo da namorada, a cabeça dela deitada
em seu peito:
— Posso dormir aqui com você? - Joinville quebrou o silêncio, agora mais
calma:
— Você sabe que pode - assentiu Chapecó beijando-lhe a testa -, eu vou
colocar a banheira enxer, coloco uns sais, você deita lá um pouco,
relaxa; depois a gente deita, fica conversando até a hora que você
quiser, tomamos um chá, hum?
Joinville afastou a cabeça do peito da namorada para poder olhá-la nos
olhos; e enquanto Chapecó enxugava cuidadosamente os olhos dela com a
ponta dos dedos, ela sussurrou:
— Eu te amo!
— Eu também te amo - respondeu Chapecó sem perder o contato com os olhos
dela -, te amo muito, menina! Agora vamos; eu vou preparar a banheira e
depois desço pra fazer um chá pra nós!
    Jaraguá acordou com o toque do celular; conferiu antes de atender,
era seu namorado:
— Oi! - ela atendeu sonolenta, mas sorrindo:
— Oi, te acordei? - perguntou o garoto calmamente, do outro lado:
— É, eu já estava dormindo! Minha madrinha veio aqui, a gente conversou
bastante; você precisa conhecer minha madrinha, ela é um barato!
— Eu também tenho uma tia meio doidinha, irmã da mimha mãe, você também vai gostar dela! E sua mãe, está melhor?
— Acho que sim! São Miguel, eu tenho a sensação de que eu não sei de tudo,
entende? É como se estivessem escondendo alguma coisa de mim!
— A famosa mania que os adultos tem de achar que a gente é criança pra
sempre! Mas não se preocupa, amor; acho que se tivesse acontecendo
alguma coisa mais grave você já saberia!
— É, você tem razão; e também, eu acho que minha madrinha não iria me
esconder nada! Ela é legal, a gente se dá bem!
— Então! Relaxa, dorme tranquila; eu só liguei pra saber da minha sogra,
te dar boa noite e te dizer que eu te amo muito!
— Você não pode ir comigo pro hospital amanhã de manhã? Minha madrinha
vai me levar!
— Posso sim; a que horas vocês vão?
— Acho que umas nove horas; eu te ligo amanhã de manhã pra gente
combinar!
— Eu espero então! Fica bem, relaxa, e se tiver insônia pode me ligar!
— Pode deixar; se eu precisar eu peço socorro!
    São Miguel do Oeste era sempre assim; um menino doce,
companheiro, e estava aproveitando ao máximo aquele momento de sua vida,
seu primeiro amor. Ele iria com Jaraguá no hospital no dia seguinte, e
assim que soltou o celular, teve a ideia de comprar dois buquês de rosas
quando saísse de casa no dia seguinte; um para a namorada e outro para a
sogra.


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