Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 16
CAPÍTULO16




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    Jaraguá saiu da escola acompanhada pelo namorado; despediu-se de
São Miguel e o acompanhou com os olhos até onde conseguiu; seu sorriso era
lindo, estava vestida como tantas garotas que saiam da escola assim como
ela mas sua beleza era única.
A menina começou a procurar pelo carro de seu pai, que deveria estar ali
para levá-la pra casa, mas não o encontrou:
— Oi, bom dia! - o cumprimento era de uma mulher de mais ou menos trinta
anos, que se aproximou calmamente da menina:
— Bom dia! - respondeu Jaraguá:
— Você é Jaraguá, não é?
— Sou; a gente se conhece?
— A gente ainda não conversou mas eu te conheço por foto; meu nome é
Criciúma, eu trabalho com o seu pai!
— Sério? Legal, ele falou de você outro dia lá em casa! Ele disse que
vinha me buscar, eu estou procurando mas...
— Minha querida, seu pai não veio porque acabou tendo uns problemas de
última hora lá na empresa e não conseguiu sair; eu me ofereci pra vir te
buscar e te levar pra casa!
— Ah, legal, pode ser! - Jaraguá concordou com um sorriso discreto,
tranquilo:
— Então, vamos? Você me mostra aonde você mora?
— Claro, não é longe daqui; eu te mostro!
    Para uma menina de quinze anos, era difícil explicar o que ela
estava sentindo. Ela havia gostado de Criciúma logo de cara; achou legal
ela ter ido até a escola no lugar de seu pai, já que ele não pôde estar
ali.
As duas entraram no carro, e enquanto dirigia até o prédio onde o chefe
vivia com a família, Criciúma percebeu que aquela era a oportunidade
perfeita para saber mais sobre a família dele:
— Você tem mais três irmãs, não tem?
— Tenho; e minha mãe está grávida! Foi sem querer mesmo, sabe; mas todo
mundo lá em casa está curtindo a ideia de ter um bebê!
— Eu posso imaginar; criança alegra qualquer ambiente! E sua mãe, está
bem?
— Está! Minha mãe é a mulher mais linda do mundo, é muito forte; ela
está enjoando bastante agora mas acho que logo passa!
Criciúma não sabia que a esposa de São José estava grávida:
— Passa sim, minha querida! Geralmente essa fase de enjoos dura só até o
terceiro mês, depois tudo fica mais tranquilo!
— Você é casada?
— Eu fui noiva mas não me casei; hoje moro sozinha, trabalho, aliás, a
gente podia combinar de você ir lá em casa uma hora dessas!
— Eu vou; eu gostei de você!
— Eu conheço todas vocês por foto; seu pai tem um porta retrato enorme
da família toda na mesa dele!
    Quando chegou no prédio, Criciúma fez questão de subir com Jaraguá
até o apartamento e deixá-la em casa. Ficou conhecendo Florianópolis,
Blumenau e Palhoça, que acabou perdendo a hora de acordar e
não foi pra escola naquele dia. Joinville não estava em casa, havia
saído pra almoçar. O maior sonho daquela mulher era uma
família como aquela; filhos, uma casa linda, um marido que lhe desse
tudo; ela viu em Florianópolis exatamente o que queria ser quando
chegasse à idade dela:
— É essa a executiva que começou a trabalhar lá na empresa? - perguntou
curiosa Palhoça, impressionada com a beleza da mulher que acabara de
deixar sua irmã em casa:
— Deve ser, ela disse que trabalha com ele! - respondeu Jaraguá:
— Bonitona ela!
— Bonita mesmo! Achei legal da parte dela ter ido na escola já que o
papai não pôde! Me convidou até pra ir na casa dela!
— Eu acho que nem almoçar em casa ele vem hoje; mandou mensagem pra
mamãe avisando!
    Márcia serviu o almoço na sala e Florianópolis sentou-se à mesa com
três de suas filhas. Almoço e jantar eram sempre horas bastante
descontraídas naquela casa; era o momento em que todo mundo falava sobre
a escola, a faculdade, sobre seus planos.
    - Deixei sua filha em casa com a mãe e as irmãs! - avisou calmamente
Criciúma, ao encontrar-se com o chefe na recepção da empresa:
— Ótimo - respondeu ele -, fico te devendo mais essa!
— Imagine, você não me deve nada! Aliás, Jaraguá é uma graça; ela me
contou que sua mulher está grávida!
— É, pegou todo mundo de surpresa! Mas a gente está muito feliz, minhas
filhas estão radiantes com a ideia de ter um bebê em casa! E falando
nisso, você viu se elas estavam lá?
— Joinville não estava; de resto conheci todo mundo! Você não vai almoçar?
— Eu consegui resolver o problema lá no escritório, estava justamente
saindo pra comer alguma coisa! Você almoça comigo?
— Bem... de qualquer forma eu também ia comer alguma coisa mais tarde;
pode ser! Eu vou na minha sala ver se tem algum recado e já volto!
— Eu te espero no estacionamento, vou pegar o carro!
    Durante todos aqueles anos, São José sempre teve o cuidado de não
misturar sua vida pessoal com os assuntos profissionais; não costumava
levar os problemas de casa para o trabalho, e muito menos chegar em casa
de cara amarrada no fim do dia por algum motivo relacionado a os
negócios. Naquele dia ele acabou pedindo que Criciúma fosse até a escola
e levasse sua caçula até em casa, coisa que jamais havia acontecido
antes; os dois estavam muito próximos, a jovem executiva estava a cada
dia mais encantada por aquele homem que, com mais alguns anos de
diferença, poderia ser seu pai.
    O restaurante que Chapecó e Joinville escolheram naquele dia ficava
bem próximo a o flat e a universidade; um lugar aconchegante, comida
caseira, atendimento familiar. As duas se sentaram em uma mesa bem
próxima à porta, e enquanto almoçavam, conversavam sobre tudo.
Quis o destino que, naquele exato momento, Joinville se virasse e
olhasse para a porta; não teve dúvidas, aquele homem era seu pai, que
entrava no restaurante ao lado de uma mulher; a conversa dos dois
parecia descontraída:
— O que foi? - quis saber Chapecó ao notar a expressão no rosto da
namorada:
— Chapecó, é o meu pai!
São José, por sua vez, quase caiu pra trás ao dar de cara com sua filha
no restaurante; não estava fazendo nada de errado, mas alguma coisa
fazia com que ele se sentisse mal com aquela situação. Aquela seria a
primeira vez que Joinville o veria ao lado de uma mulher que não era sua
mãe:
— Aquela ali é minha filha! - São José apontou orgulhoso para sua
menina; não tinha vergonha de assumir que era um verdadeiro pai coruja,
achava suas quatro filhas lindas:
— Vamos cumprimentá-la! - decidiu Criciúma com um leve sorriso.
Os dois andaram até a mesa onde estavam Joinville e Chapecó; São José
apresentou a filha e a nora para sua colega de trabalho. Por educação,
Joinville os convidou para que se sentassem com elas:
— Nós não queremos atrapalhar, meu amor - respondeu o pai -, nós não
temos muito tempo, o dia está difícil lá na empresa hoje! Eu entrei no
restaurante, te vi, vim só te dar um beijo!
— Tudo bem, pai! A gente logo vai também; daqui a gente vai lá pro flat,
vamos dar um pulo no shopping...
— Eu preciso fazer super mercado hoje! - completou bem humorada Chapecó:
São José e Criciúma se despediram das duas e foram se sentar; Chapecó
conhecia Joinville o suficiente, sabia que alguma coisa havia mudado
desde o momento em que seu pai esteve na mesa:
— O que foi, minha querida? - perguntou ela calmamente ao pousar uma das
mãos sobre a mão da namorada:
— Sabe quando você vê uma pessoa pela primeira vez e não tem uma boa
impressão? Eu senti isso agora quando olhei pra essa mulher!
— Será que você não se impressionou porque ela estava do lado do seu
pai?
— Não, Chapecó, não é isso; eu sei que meu pai vira e mexe almoça com
o pessoal lá da empresa, mas essa mulher, eu não sei!
    As duas terminaram o almoço e deixaram o restaurante em seguida:
— Será que Jaraguá e Palhoça não quer ir no shopping com a gente? - sugeriu
Chapecó; Joinville sorriu, a ideia era boa:
— É uma ótima ideia; eu chego no seu apartamento e ligo lá pra casa!
— Liga sim; se elas quiserem ir a gente passa na sua casa!
E uma hora depois, elas estavam em frente a o prédio onde Joinville
morava; suas irmãs mais novas desceram radiantes e entraram no carro.


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