Olhei ao redor no grande aeroporto.

Nem sinal dele. Onde diabos ele tinha se enfiado?

Eu sai do avião já faz tempo. Carregando minha bolsa pesada, puxando minha mala e tentando deixar a minha estúpida mini saia ficar no lugar certo. 

Era nessas horas que eu mais queria matar meu primo.

Ele sempre se atrasava quando combinava de me encontrar, sempre por causa da banda dele.

Tá, tudo bem, a banda era a VIDA dele. E eu respeitava isso. Como ele respeitava meus textos serem a minha.

Uma caneta e um papel.

Nada melhor do que isso para melhorar seu dia.

Foi por isso que eu bufei, sentei em uma das poltronas que ficavam no aeroporto, e tirei mieu fichário e minha caneta da bolsa de Alice no país das maravilhas.

Eu não tinha um diário... tinha algo melhor. Um fichario com desenhos, recortes e  cheio de textos que eu venho feito desde a terceira-série.

Já estava na metade do texto quando meu primo finalmente chegou. Ele veio correndo atê a minha direção. Estava suado, e realmente parecia cansado.

Gustav Schäfer, esse é o meu primo. Mais conhecido como ''baterista-da-conhecida-mundialmente-banda-Tokio-Hotel''.

Serio, se eu fosse na China e falasse o nome dele as pessoas saberiam quem é. Eu acho. Nunca fui na China.

Deu um sorriso sarcástico pro Gustav e disse: - Pelo menos você não me fez passar a noite aqui.         -Eu realmente sinto muito. Sabe como é, reunião da banda, estávamos combinando sobre a nossa próxima turnê e...

        -Eu realmente não me importo com isso - disse o interrompendo e guardando a caderneta e a caneta na minha bolsa novamente.  Não que eu tivesse algo contra a banda dele, quer dizer tudo bem ele ser famoso. Simplesmente não me importava nem um pouco com isso.

Vim passar o final das férias com ele. Um mês com o meu primo, viva. Sentiu o sarcasmo?

Sim, eu AMAVA o meu primo. Mais eu gostava dele quando ele TAMBÉM estava de férias. Não quando todo dia tinha reuniões quase todos os dias sobre as suas turnês, entrevistas e coisas do tipo.

Além de eu não ir muito com a cara dos integrantes da banda dele.

Nunca tinha conversado direito com eles, mais não sei. Eles pareciam estranhos para mim. Acho que fico muito presa na minha amada Inglaterra, nunca tive a chance de conhecer eles.

Mais também não sentia a necessidade de conhecer.

Por eu ser tão anti-social que minha mãe me mandou no primeiro vôo que achou pra Alemanha. Ótimo.

O vôo foi rápido. Não que eu estivesse preocupada com isso enquanto ouvia todas as musicas de NeverShoutNever que tinham no meu iPod.

Realmente a Alemanha era mais quente que a Inglaterra. Mais nada muito radical.

-Então, Elizabeth.. - começou Gustav, e eu o interrompi de novo.

-Por favor! Quantas vezes vou ter que falar? Me chama de Lizzy, o.k.? - disse me levantando da poltrona, e seguindo ele pelo grande aeroporto.

-Tá, claro. Então LIZZY! - disse ele rindo - Como vai a vida?

-Normal, na escola minha média continua C, meus dois amigos estão bem, e minha mãe ainda não deixou eu fazer meu piercing na língua. - disse.

-Legal - ele riu de novo. Que foi, tenho cara de palhaço?

-E você? Como vai a vida de ''rock star''? - perguntei com sarcasmo.

-Ah... vai bem. Eu acho.         É realmente séria um looongo mês.         Andamos até o carro dele. Me sentei e ajeitei a porcaria da minha saia novamente. Que sacrifícios eu não fazia pela moda?

Eu classificava meu estilo como: Estranho.

Dependia do meu humor para minhas roupas.

Mais costumavam sempre ter uma puxada pro punk.

No carro eu fiquei procurando algum cd bom para colocar pra tocar. Mais não achei nenhum.

Só tinha um que já estava dentro do player. Era do Tokio Hotel.

Então decidi dar uma chance e ouvir a sua banda pela primeira vez.

Chamava ''Scream''. Por sorte era em inglês. Não domino tão bem o alemão ainda.

A primeira musica tinha o mesmo nome que o CD. Tinha que admitir era boa. Tinha a pegada punk que eu amava.  Tentei disfarçar quando Gustav me olhou e parei de balançar a cabeça no ritmo da musica. Ele riu.

Quando a musica acabou eu voltei o CD e toquei ela mais duas vezes.

Era realmente boa. Já tinha quase decorado toda a letra.

E não tentava mais disfarçar quando gritava ''SCREAM'' junto com o vocalista.

Não, não seria apenas eu musica, que iria me fazer mudar completamente de opinião sobre eles. Tirei o CD e coloquei meus fones de ouvido. 

(...) Eu me lembrava bem da casa do Gustav. Ele morava sozinho. Tinha se mudado pra Berlim a mais ou menos um ano. Ficava mais perto de tudo. E seus amigos também se mudaram pra lá.

Moravam todos no mesmo condomínio. Que mágico! Não sei se perceberam... mais eu amo o sarcasmo. (N/B: Ninguém noto não)

Entrei na casa dele puxando minha mala com dificuldade. 

-Bom... como eu sei que sempre que você vem aqui, faz de tudo para não ver ninguém da banda... acho melhor se esconder. Porque depois eles vêm aqui ver um filme - Gustav disse rindo.

-Ótimo - disse bufando e puxando minha mala escadas acima. -Em que quarto eu fico? - perguntei ainda subindo as escadas.

-No segundo a direita. Cheguei no final da escada, me virei da direito e contei pateticamente: 1; 2, 3...

Abri a porta e me deparei com o PARAISO!

Ele tinha sido anteriormente pintado de branco. Mais as paredes estavam todas escritas. Algumas pareciam ter musicas ou textos escritos. Outras pareciam que tinham simplesmente jogado tinta. Tinha desenhos.

Era tão lindo. Tinha uma replica da mesa de chá de Alice no país das maravilhas. Pela primeira vez desde que o avião decolou, eu estava realmente feliz.

Joguei a mala no chão, e sai correndo. Desci as escadas pulando de três em três degraus. E deu um pulo em cima do meu primo.

-OBRIGADOOO! –gritei.

- Tá tudo bem. Sabia que ia gostar, talvez assim fique menos rabugenta - ele disse rindo e me abraçando. Foi quando a campainha tocou. Deviam ser seus amigos.

Tentei não fazer uma careta.

Subi as escadas e fui admirar um pouco mais meu quarto, e desfazer as malas. (...)

Já tinham se passado 1 hora e 48 minutos. Sim eu estou contando. A matéria do meu iPod acabou. E

Queria descer para pedir um caderno para o Gustav.

Mais não queria ver os amigos dele.

Me perguntei de onde veio tanta ignorância da minha parte. Eu nem os conhecia, como podia os julgar.  Era de mim mesma ser idiota com as pessoas.

Porém o tédio foi mais forte que eu. Coloquei meu casaco de zebra e desci atrás do meu primo.

Ele estava sentado  no grande sofá, dois amigos estavam do lado dele. E um deitado no carpete no chão bem próximo da tela. Eles estavam vendo algum filme da Megan Fox, provavelmente Garota Infernal.

O amigo dele que estava no chão, babava a cada passo que a Megan dava.

Revirei meus olhos e comecei a fuçar as gavetas da sala tentando não fazer barulho atrás de um caderno.

Nada...Foi quando eu achei uma camisinha. Não aguentei e comecei a rir. Chamando a atenção dos garotos que estavam antes de costas pra mim.

O.k. porque eles estão me olhando assim?!

-Ah... oi. - disse meio tímida.

-Tom, Bill, Georg essa é a minha prima... Lizzy - bom, pelo menos ele falou meu apelido.

-OH MY GOD! Eu preciso desse sapato, e dessa blusa! - disse um com um estilo punk que eu adorei.

-Esse é o Bill, acho que vocês vão se dar bem, ele também gosta de moda, e de escrever. - disse Gustav rindo e parando o filme.

-Oi Bill - disse acenando feliz. Tudo bem podem me queimar em uma fogueira por mudar de ideia tão rapidamente, mais o Bill parecia realmente legal.

-Oi! Você tambem escreve? - ele perguntou se levantando do sofá.

-Ahan, mais nada que possa se transformar em uma musica, nem nada. Só pra me acalmar, ajuda a pensar... - disse, e sorri.

-Esse é o Georg - disse Gustav apresentando o outro amigo dele. Aquilo era chapinha? Ou era original dele? Me segurei pra não perguntar. O tal o Georg veio até mim e apertou a minha mão. Estranho, mais tudo bem. Eu ri.

-Oi Georg - disse. Ele acenou com a cabeça.

-E esse... - começou Gustav novamente apontando para o ultimo amigo que não tinha me apresentado. Ele estava deitado no chão ainda. E tinha um estilo meio ''mano'' que me assustava - É o Tom. Fique longe dele.

Eu ri da brincadeira, mais realmente não acho que tenha sido uma brincadeira. Porque o Gustav não está rindo. Na verdade, ninguém está rindo. Só o Tom, e de um jeito bem pervertido por sinal.

-Oi Tom. - disse tímida. Ele apenas sorriu mais e começou a mexer no piercing com a língua. Era hipnotizante o movimento que ele fazia no piercing. Pisquei e virei o rosto, tentando disfarçar.

-Então Gustav... tem alguma folha por aqui? A minha acabou... E eu preciso de algo em que eu possa escrever. Se não vou escrever no meu próprio corpo. - disse rapido. Os meninos riram.

-Não acho que ele tenha nada pra escrever. Porque você acha que a parede do seu quarto está toda rabiscada? - perguntou Bill rindo.

-Foi você? - perguntei rindo também. - Eu adorei!

-Obrigado. A idéia foi minha, e a da mesa de chá também. Gustav disse que você tinha um gosto parecido com o meu...

-É realmente é parecido... - disse rindo. 

-O.k. Gustav onde tem uma papelaria aqui perto? - perguntei depois de um momento de silencio.

-A duas quadras... - ele disse pensativo.

-Tudo bem, tó indo lá - disse conferindo quanto dinheiro tinha no meu casaco.

-Eu vou com você - disse Tom se levantando.

-Não vai, não! - disse Gustav parecendo bravo.

Tom riu mais se sentou novamente no chão. Ainda confusa eu sai e disse: - Tchau garotos. Cheguei a porta e pude ouvir:

-Ela é tão gostosa

-Tom, não ouse aprontar nada com ela, ela é MINHA prima! Não vou permitir! - pela voz extressadinha foi o Gustav que disse isso.

-Relaxa, ela parece ter mente formada não vai cair nas garras do meu irmão - acho que foi o Bill que falou.

Me afastei da casa colocando o capuz, já que estava chovendo.        Comprei o Maximo de folhas que meu dinheiro podia pagar.  E no caminho de volta pra casa parei em uma lanchonete para tomar alguma coisa. Foi quando eu ouvi a conversa de duas garotas que estavam sentadas em uma mesa próxima da minha.

-Não, mais com certeza dos quatro o Tom é o mais gostoso! - uma disse

-Sem chance! Você já viu a bunda do Gustav?! - a outra falou.

Tom? Gustav? Será que elas estavam falando sobre...

-Mais em uma coisa concordamos, Tokio Hotel é a melhor banda do Mundo! - a segunda falou dando um gritinho no final.

Quase engasguei com meu chocolate quente e comecei a rir. Era realmente muito estranho ouvir as pessoas falando do meu primo e dos amigos dele assim. Paguei e voltei pra casa.