Florência – Begônia, Dias atuais

— Bom dia coisa estranha – O ser mais idiota desse mundo gritou após invadir o quarto do dormitório em que estou alojada

—James, quantas vezes eu te falei para não entrar sem antes bater na porta? – Grito jogando um travesseiro em sua direção, porém erro miseravelmente – E se eu estivesse apenas de lingerie?

— Essa seria uma cena que eu não reclamaria de assistir – O babaca mais conhecido como James fala dando uma leve piscadela

— Ridículo – Falo revirando os olhos – O que você veio fazer aqui mesmo?

— Não posso vir te ver sem um motivo? – James sussurra bem próximo ao meu ouvido, posso sentir seu hálito fresco soprando em minha pele o que faz cada pelo do meu corpo se arrepiar.

— Idiota! – O empurro e me afasto discretamente – Me fala logo o que você quer, sem enrolar

— Calma Rory – O sonso fala enquanto se deita na minha cama – Só vim te fazer um convite e uma proposta

— Lá vem bomba – Falo revirando os olhos

— Se você revirar esses olhos para mim novamente irá se arrepender – James fala me encarando

— Estou morrendo de medo – Novamente reviro os olhos em forma de desafio

Em um piscar de olhos, James me puxa e fica por cima de mim me fazendo cocegas. Comecei a me debater desesperadamente tentando fazer com que esse ser idiota saísse.

— Vai parar com essa sua mania? – Ele pergunta com os lábios bem próximos ao meu pescoço o que causa calafrios em meu corpo

— Nunca! – Falo contendo o riso graças as cocegas e tentando conter os calafrios causados por nossa proximidade

Após ouvir o que digo, James começa a dar leves mordidinhas em todo meu pescoço. Tento me afastar o que faz com que ele coloque ainda mais peso por cima de mim. Eu odiava ser tão fraca e não conseguir resistir ao jeito de James, ele era sedutor sem nem fazer esforço. Nesse exato momento, ele estava apenas sendo um idiota e me irritando e mesmo assim meu corpo reage a ele de uma forma ridícula.

— Acho que tem alguém aqui que está ficando arrepiada – Ele sussurra passando as mãos pelos meus braços, cada lugar onde suas mãos percorreram se aquecem. Sem pensar duas vezes eu lhe dou uma mordida no braço aproveito que ele afrouxou um pouco o aperto, o empurro para o lado e saio de baixo dele.

— Isso é para você aprender que não deve me irritar – Falo arrumando os fios do meu cabelo que se desprenderam graças as cocegas. Logo volto a me deitar o encarando.

— Você sabia que canibalismo é crime? – Ele fala e logo sorri. Um sorriso perfeito que faz com que meu coração pare de bater por alguns segundos. Eu precisava sair de perto dele o mais rápido possível, não ia dar certo ficar aqui tendo que lutar contra meu próprio corpo. Se Lorellay estivesse aqui ela diria que eu estou apaixonada pelo idiota do seu irmão, o que seria a coisa mais absurda que alguém poderia me dizer. James nunca foi meu tipo, ele era bobo de mais, tinha um corpo que faria qualquer garota se derreter o que para mim é um problema já que sou ciumenta, e acima de qualquer coisa ele era meu melhor amigo. Tá certo que antigamente nós vivíamos brigando, afinal ele ateou fogo na minha boneca preferida, colocou um sapo no meu suco e ainda manchou meu vestido de princesa! Sem contar que vivia puxando meus cabelos e tentando colar chiclete em mim. Mas aos 15 anos, quando meu coração foi partido por seu melhor amigo ele quebrou o nariz do coitado, e desde então não nos separamos mais. Ou seja, é impossível que eu esteja afim de James, prefiro beijar um camelo babão do que beijar James, que por sinal tem uns lábios maravilhosamente sedutores, era uma missão quase impossível me manter longe deles.

— Terra chamando Rory, alguém na escuta? – James me cutuca me tirando de meus devaneios – Estava pensando em que? No quanto eu sou lindo?

—Não, estava pensando no quando você é idiota – Falo o encarando e sorrindo de maneira falsa – Fala logo o que você veio fazer aqui, por favor?

—Você está com perda de memória recente? – O palhaço do James pergunta me encarando – Já falei que vim te fazer uma proposta e um convite

— Disso eu sei, quero saber qual proposta e qual convite – falo tentando manter a calma. Afinal, vindo de James não podia ser coisa boa.

— Eu vou falar, mas primeiro se arruma porque vou te levar para tomar café da manhã – Ele fala em quanto se levanta da minha cama. Só então percebo que ainda estávamos deitados.

— Você vai o que? – Pergunto arqueando uma sobrancelha enquanto me sento na beirada da cama

— Te levar para tomar café – Ele deu de ombros – Se arruma, ou quer ir com essa camisola de rendinha? Eu particularmente sentiria pena das pessoas te verem vestidas assim. Para mim que te conheço a anos é uma tortura

— Eu te odeio – Falo socando de leve seu braço – Vou me arrumar, então suma da minha frente

— Você me odeia? Que pena, porque eu te amo – falando isso ele se aproxima de mim e deposita um leve beijo em minha testa – Não demora, afinal a ideia é te levar para tomar café e não para almoçar

— Não cansa de ser babaca, não é? – Falo sem olhar para ele.

Sem dizer nada ele saiu e fechou a porta atrás de si. Mesmo sabendo que o que ele disse não era sério meu coração batia descontroladamente. James nunca fala sério o que é mais um motivo para mim não estar gostando dele! Se eu fosse afim dele eu juro que me acharia a pessoa mais idiota desse mundo, mas como eu não tenho nenhuma paixonite pelo meu melhor amigo posso continuar sendo a nona pessoa mais idiota. Ou seja, o primeiro lugar continua sendo unicamente de James.

Tentando descobrir qual era a proposta eu me obrigo a levantar e tomar um banho, afinal se eu não fosse rápida seria obrigada a ouvi-lo reclamando pelo resto da vida. Sério, eu não entendo o que se passa na cabeça daquele ser.

Sem mais demoras saio enrolada na toalha e pego a primeira roupa que vejo no armário, normalmente eu me arrumaria mais, porém não ia sair com alguém que eu estava afim ou paquerando. Era só James, o mesmo James que a alguns anos atrás tomava banho junto comigo e o mesmo James que fazia meu coração bater desesperadamente. Por Deus, no que eu estou pensando? Preciso parar de pensar em como ele mexe comigo e me arrumar mais rapidamente, afinal eu só estou abalada assim porque não o vejo a alguns meses. O que por sinal levanta a questão de como ele conseguiu entrar em meu dormitório.

— Está pronta, pequena? – A porta se abre e revela um James com um sorriso presunçoso – Até que essa cena não é tão ruim quanto eu pensei

Sem pestanejar eu me enrolo novamente na toalha escondendo minha lingerie da vista de James

— Eu mandei bater antes de sair abrindo, seu idiota – Grito enquanto o sangue sobe para meu rosto – Desde de pequeno você faz isso. Já perdi a conta de quantas vezes te pedi para parar com isso!

— Fica tranquila Rory, não vou contar para seus colegas de classe que você usa lingerie de coraçãozinho – Ele fala e logo começa a rir desesperadamente – Termina de se arrumar, estou te esperando nas escadas

Sem conseguir definir a cor do meu rosto eu me sento na cama pensando no que tinha acabado de acontecer. Só podia ser um pesadelo, por qual motivo ele nunca bate na porta? Com medo de que ele invada novamente me dirijo até o banheiro onde termino de me vestir.

Ainda tremendo graças ao susto de alguns minutos atrás apago as luzes do dormitório e me dirijo até a porta.

—Serio? Primeiro lingerie de coração e agora um casaco imenso com um coque? Você não tem amor a si mesma não? – Ele fala me olhando de cima a baixo

— Se eu fosse sair com alguém que eu gosto me arrumaria mais, porém é só você – Dou de ombros

— Isso foi uma tentativa de me ofender? – James pergunta arqueando uma sobrancelha

— Não, foi uma tentativa de te fazer calar a boca – Reviro os olhos

— Tem outras formas mais legais de me fazer calar a boca – Ele pisca para mim. Esse cara de pau não tem jeito mesmo – O que eu falei sobre revirar os olhos?

— O que? Vai me jogar no chão e fazer cócegas em mim? – Arqueio uma sobrancelha

— Vou fazer pior do que isso – Ele fala e logo sorri

— Duvido – falo pausadamente provocando sua ira. Sério, eu tenho que aprender a não brincar com fogo

Foi nesse momento que eu percebi que não devia duvidar de James. Estávamos descendo as escadas em direção ao estacionamento quando ele me pegou em seus braços e me jogou por cima dos ombros me fazendo parecer um pequeno saco de batatas

— Me coloca no chão seu doente – Me debato tentando sem sucesso fazer com que James me solte

— Você tem uma mania muito feia de duvidar de mim, Rory – Ele fala tranquilamente – Você tem que se lembrar que eu sou maior e mais forte que você

— E mais doente mental também – falo irritada – Por favor Jam, me coloca no chão

— Você sabe o quanto eu odeio que revirem os olhos para mim e continua fazendo – James fala e logo para bruscamente me colocando no chão

—Desistiu de me carregar por aí? – Pergunto ajeitando o casaco que havia subido um pouco

— Ninguém manda você ser gorda – Ele dispara e começa a andar novamente em direção ao carro

— Idiota – Falo suspirando – Quando chegarmos ao seu carro já vai ser noite

— Ele está logo ali, reclamona – James me puxa pela mão enquanto passamos por alguns carros que estavam saindo. Ele sempre foi assim, super protetor. Mesmo quando me machucava ele ia lá, todo preocupado cuidar dos meus ferimentos até mesmo os que eram causados por ele.

— Por que você não aproveita que estamos fazendo esse longo percurso e me diz o que você quer? – Pergunto sorrindo. Eu não queria assumir, mas a curiosidade estava me matando.

— Pena que não vai dar tempo, já chegamos no carro – Ele fala e pisca para mim.

— Espero que essa cafeteria não seja fora do estado, tenho que voltar para estudar – falo tentando conter o nervosismo

— Relaxa, prometo que você vai voltar a tempo para ficar jogada na cama sem fazer nada – James fala me encarando – Afinal, eu sei que você está de férias

— Como você sabe disso? – Falo arregalando os olhos – Andou me espionando?

— Esqueceu que o meu querido pai é o principal contribuidor da sua universidade? Sei de tudo sobre ela – Ele simplesmente dá de ombros.

— Às vezes eu esqueço que você é filho do Maximus Contreu – Dou de ombros – Mas isso não viola nenhum termo da universidade? Digo, um jovem que não é estudante saber de tudo sobre a mesma graças ao poder de seu pai?

— Rory, se você tiver dinheiro tem tudo – Ele fala e dá uma leve piscadinha – Agora cala essa boca e entra no carro, temos que ir logo se quisermos tomar café

Apesar de ser bem idiota, James tem um bom coração. A vida toda ele foi treinado para substituir o pai como CEO na Contreus Corporation e depois que o pai adoeceu ele se tornou o CEO mais jovem. Com apenas 22 anos ele administra toda a empresa do pai e ainda arruma tempo para me perturbar. Pensando bem, ele nunca mais me falou nada sobre o tio Max, será que ele está bem? Sacudo a cabeça com esperança de espantar esses pensamentos e observo James abrir a porta do carro para mim, mesmo fazendo uma coisa simples seu corpo esbanja masculinidade e poder.

— Obrigada, Jam – Falo um pouco sem jeito e me sento no banco ao lado do seu.

—Bom, agora aperte o cinto porque vamos voar – Ele fala lançando o sorriso mais brilhante que já o vi dar. Dirigir sempre foi algo que ele gostava. Lembro-me de quando ele tirou sua habilitação que me obrigava a fingir que íamos para algum lugar só para seu pai permitir que ele dirigisse. E quando seu pai deixava ele me enfiava no carro e dirigia, dirigia como se não houvesse amanhã. Íamos sempre para o mesmo lugar, um campo de girassóis. Era nosso lugar especial, foi naquele lugar que eu descobri o quando ele era importante para mim.

— Anos se passaram e você continua dirigindo como um louco – Falo gargalhando o que faz com que ele olhe para mim. Seus olhos estavam brilhando, provavelmente era graças a sua animação por poder finalmente voltar a dirigir e não ter que sentar no banco de trás enquanto um chofer o levava para todos os lugares.

— Anos se passaram e seu sorriso continua sendo inebriante – Ele fala e logo volta sua atenção para a pista.

Sinto meu rosto se aquecer, o que me indica que estou com as bochechas coradas de vergonha. Tinha que dar um jeito de fazer isso parar afinal se ele percebesse ia usar isso para me irritar pelo resto da vida

— Chegamos – Ele fala enquanto tenta estacionar – Espero que você ainda goste daqui

— Você está brincando comigo? – Falo observando a entrada da cafeteria que costumávamos frequentar quando ele vinha me visitar depois de passar a semana trabalhando com o pai – Você sabe o quanto eu amo a Love Bites

— Eu sabia que você ia gostar – ele sai do carro e dá a volta para abrir a porta para mim – Não mudou nada desde que viemos aqui pela última vez

— Sim, lembra quando sentávamos perto daquele arbusto só para escutarmos a conversa das pessoas da mesa de trás? – Falo com um sorriso no rosto recordando tudo que vivemos naquela cafeteria

— E tentávamos adivinhar se quem estava com o rapaz misterioso era a mulher, a amante ou a própria mãe – Ele fala e eu novamente vejo surgir nos lábios de James um sorriso sincero

Caminhamos em silencio submerso em nossas lembranças, era difícil acreditar que depois de cinco meses sem se ver ou se falar ele estava aqui, perto de mim, com seu braço roçando no meu. Eu sentia falta de telo ao meu lado, mesmo que não quisesse admitir.

Sem dizer uma palavra apenas trocando alguns olhares discretos escolhemos nossa mesa e nos sentamos. Seria mentira se eu dissesse que não estava curiosa para saber o que trouxe James até aqui, porém eu tinha convicção que depois dele falar o que quer novamente sumiria da minha vida, e dessa vez talvez fosse por anos. Eu não estava preparada para perdê-lo novamente, eu precisava dele ao meu lado por mais tempo e esquecia o que ele tinha que falar se isso fizesse esse momento se eternizar.

— Você quer pedir algo antes de eu te falar o que vim propor? – James com toda calma do mundo fala me encarando.

—Estou morrendo de fome – Abro um sorriso tentando não transparecer meu nervosismo – Eu adoraria pedir

Sem delongas ele chamou a garçonete que veio rebolando em nossa direção, que eu me lembre as mulheres que trabalhavam aqui não usavam roupas tão curtas assim.

— O casal está pronto para pedir? – A siliconada fala dando um sorriso sedutor para James, serio se tinha algo que me irritada profundamente era o encanto que James exercia sobre as mulheres.

— Para mim uma xicara de café expresso, por favor – Ele fala retribuindo o sorriso. Me sentia patética assistindo a essa cena

— E para a senhorita? – A garçonete se vira para mim desfazendo seu sorriso

— Uma xicara de chá de morango com algumas torradas, por favor – Falo e abro um sorriso tentando ser simpática

— Já volto com seus pedidos – E assim ela se vai rebolando mais do que quando veio

— Onde estávamos – James fala finalmente me olhando. Pelo que parece ele cansou de olhar o vai e vem da bunda da garçonete

— Você ia me contar o que te trouxe aqui – Falo soando secamente. Droga, ele ia pensar que estou com ciúmes

— Isso! – Ele fala e sorri – Primeiro irei te fazer um convite

—Manda bala – Tento disfarçar minha ansiedade e nervosismo

— Como eu imaginava você não vai para casa nessas férias – Ele começa – Por isso, vim te convidar para passar suas férias de verão na casa de campo da minha família

— Você veio até aqui me chamar para passar as férias com você e sua família? – Pergunto o olhando incrédula – Poderia simplesmente ter ligado e feito o convite

— Se você me deixar terminar você vai entender o motivo de eu ter vindo até aqui – James se inclinou para frente, os antebraços musculosos e bronzeados flexionando-se sob as mangas enroladas enquanto ele descansava as mãos sobre a mesa – Não acho certo te pedir em namoro pelo telefone

— Me pedir o que? – Elevo o tom de voz o que faz com que vários olhares curiosos se virem em nossa direção