Titanomaquia escrita por Eycharistisi


Capítulo 2
I. Como chegaste aqui?


Notas iniciais do capítulo

[Capítulo agendado]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742158/chapter/2

O brilho era tão intenso que, mesmo com os olhos fechados e os braços diante do rosto, eu soube o exato momento em que a luz branca desapareceu. Foi o mesmo momento em que o vento gélido da floresta foi substituído por uma bolha de ar quente e seco, como se tivesse acabado de entrar numa casa aquecida, apesar de não ter movido os pés por um só milímetro. Bastou-me isso para perceber que, de algum modo… eu estava num sítio completamente diferente de há meros segundos.

Engolindo em seco, baixei cautelosamente os braços e abri os olhos. O que vi fez-me arfar.

Diante de mim quedava-se o maior cristal azul que já vira em toda a minha vida. Era quase do tamanho de um carro e brilhava como um pequeno sol, capturando a luz que entrava a jorros pelas janelas e canalizando-a num singelo fio de luz que subia até ao teto.

Completamente seduzida pela beleza da pedra, aproximei-me. O brilho era quase demasiado para suportar, deixando-me a pensar se a pedra estaria quente. Pretendendo satisfazer a minha curiosidade, poisei uma mão na sua superfície lisa e… ah, sim, tão quente. Senti um arrepio de prazer percorrer-me enquanto o calor do cristal me subia pelo braço, relaxando os meus músculos e deixando-me deliciosamente sonolenta. Um pequeno sorriso abriu-se-me nos lábios por razão nenhuma… mas logo o deixei cair quando notei algo através do brilho do cristal.

Aquilo era… uma mão?

— Quem ser você?!

Virei-me com um pulo, o coração quase me subindo à boca com o susto. E isso foi antes de ver o humanoide de dois metros e meio de altura atrás de mim, a apontar uma alabarda bastante afiada na minha direção. Quando fixei o seu rosto severo com focinho e presas de javali, a única coisa que consegui fazer foi gritar. Muito alto…

A minha reação pareceu surpreender o homem-javali, que perdeu alguma da firmeza com que segurava a arma. Ainda tentei dar meia volta e fugir para trás do cristal, mas ele agarrou-me rapidamente pelo colarinho do casaco e segurou-me junto dele.

— Não! — berrei, debatendo-me com todas as minhas forças — Não!

— Quieta — ordenou o homem-javali — Jamon magoar se você não parar…

— Que raio se passa aqui?!

Eu voltei rapidamente a cabeça na direção da nova voz, vendo uma mulher com um cajado e orelhas de raposa emergir dumas escadas ao fundo da sala. A sua expressão não era propriamente amigável e apenas piorou quando me viu. 

— Jamon apanhar ela — disse o homem-javali, sacudindo-me — Ela tocar cristal.

Nas costas da mulher, quatro grossas caudas de raposa negras com pontas azuis ondularam perigosamente e eu soube estar metida em grandes sarilhos.

— Revista-a — pediu ela num tom frio.

— O quê…? — admirei-me enquanto o humanoide se baixava para poisar a alabarda no chão — H-hey! — protestei ao sentir as suas mãos grandes e pesadas percorrer-me.

Voltei a debater-me contra o homem-javali, mas ele dominou-me com facilidade, prendendo os meus dois antebraços com uma das mãos enquanto palpava a minha roupa com a outra. No entretanto, a mulher-raposa aproximou-se, batendo o cajado no chão a cada passo.

— Quem és tu e o que fazes aqui? — perguntou-me num tom autoritário.

— Eu não sei! — respondi, ainda a tentar soltar-me — Eu não percebo… Que sítio é este?!

— Limpa — anunciou o homem-javali.

— Verifica de novo — pediu a mulher-raposa.

— Eu não estou a esconder nada! — intrometi-me — Não sei o que procuram, mas eu não estou a esconder nada, juro! Por favor, deixem-me ir…

— Como chegaste aqui? — insistiu a mulher-raposa enquanto o humanoide voltava a verificar os meus bolsos.

— Eu não sei, eu não sei! Por favor, eu não fiz nada…

— Quem te enviou?

— Ninguém! Eu não sei! — guinchei com lágrimas de desespero a subir-me aos olhos.

Calei-me para me concentrar na luta contra o choro e a mulher-raposa limitou-se a fixar-me, sem qualquer indício de remorso ou piedade. Quando o homem-javali anunciou pela segunda vez que eu estava limpa daquilo que procuravam, ela soltou um pequeno suspiro enfadado.

— Venda-a e leva-a para as masmorras — ordenou ao humanoide — Talvez ela decida cooperar depois de passar algum tempo de qualidade numa cela…

— Não… Não! — gritei, voltando a debater-me — Eu não fiz nada, já disse que não fiz nada, ouçam-me, por favor…!

A última coisa que vi antes de o homem-javali me cobrir a cara com uma mão gigantesca foi os lábios da mulher-raposa curvarem-se num sorriso forçado.

— Teremos todo o prazer em ouvir-te quando decidires dizer a verdade…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[Próximo: 8/9/17]



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Titanomaquia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.