Relatos de Adolescência escrita por Crascutin


Capítulo 8
Diário da P.erspectiva


Notas iniciais do capítulo

Eba, capítulo em sequencial!!! Só pra não deixar vocês com a péssima impressão do capítulo passado. Acho mais gratificante terminar o dia com algo positivo. Se bobear, posto até o final da fic ainda hoje... Aguardem e acompanhem. (Já que é quase duas da madruga agora, será lá pra de tarde ^^).
Mudando de assunto. Eu pretendia colocar mais conteúdo no capítulo passado, mas achei melhor não. Já estava muito pesado e sombrio. Pelo menos os próximos não envolverão mais desse tema tão complicado e abrangente.
Agora chegou a parte (resumida) de romance e reação do protagonista. Será bem ínfimo para o todo que eu queria propor, mas é isso que consigo criar por agora.
A melhor parte é que o romance realmente existirá na fic 2.
Mas recomendo drasticamente a leitura deste capítulo, é fundamental para se identificarem/entenderem os personagens.
(Músicas inspiradoras para este capítulo: endings de YuYu Hakusho ^^)



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Steven logo foi mostrando as suas ‘garras’. O mesmo era um arruaceiro, oportunista e aproveitador. Intimida e humilha a quem não for ‘aprovado’. Algo que poderia ter acontecido comigo.

Fiz bem em dar o fora.

Não pensei duas vezes antes de ir informar pra direção do colégio.

Felizmente, eles tomaram providências a tempo e impediram o Steven e o grupinho de suas açãoes mal-intencionadas.

Pensei que ia ficar manchado como o traíra pelo colégio e todos iam me humilhar. Só que foi o oposto.

Eles me apoiaram muito. O tempo todo dizendo que fiz o certo e não me meti nessa encrenca tão ferrada.

Me disseram que queriam me alertar sobre tá com o grupinho do Steven. Mas tinham medo de represália por conta da fama deles no ano passado; que só piorou e agora eram reprovados e se tornaram no que tá agora.

Me senti mal por ele... Arruinando a vida. Não consigo ser tão frio e jogar fora os nossos papos e amizade; mesmo que tenha sido por segundas intenções dele. Steven foi um grande brô meu. Espero que esse período o ajude para ser um cara melhor.

Infelizmente, há aqueles que ainda são burros imaturos, que zoam alguns colegas. E que podem muito bem ser considerados iguais ao Steven. Bem, isso nem importa agora.

***

Sábado. Quase duas da tarde. Finzinho de semestre.

O colégio não libera facilmente período de férias pra galera. A não ser nessas viradas de tempo.

Eu podia ter ido pra casa e ter passado umas boas férias por lá; mas tava ainda bolado com tudo. Então preferi ficar por essas bandas mermo. Até por o juízo no lugar. Não quero que ninguém me veja desse jeito.

Depois de sacar o quão falso Steven é, passei a ver as coisas de outro modo. Sendo mais amigável e me metendo em bem menos confusão. Só as que tava inspirado.

Fiquei pelo dormitório. E nem tinha mais tanta gente por aqui.

Só que foi melhor pra mim. Um pouco de sossego e ‘liberdade’. Nada de descolação ou encrenca. Somente paz. Passeio. E conhecimento.

Estudei um bocado também. Mas passei a rondar bastante por esse prédio enormezão.

Conheço boa parte dele agora; talvez até mais que muitos veteranos.

Foi uma aventura só minha e me empolguei; me diverti com isso.

***

Início do segundo semestre. Segunda. Quase hora do intervalo. E eu repensando nas paradas que já rolaram comigo...

Foi mó dureza superar o baque do mano... Eu fiquei mais na minha. Não tinha mais tantos conhecidos parças pra conversar.

Fora os brô calouros e Raw.

Ok, não tô precisando de tanta galera assim. Mas meio que estragou meus planos de ser descolado!

Caraca. E minha imagem entre o povo mais popular ficou bem manjada.

Todos me incentivaram e disseram que eu tava certo e tals; mas isso não quer dizer que fiquei mais famoso ou maioral. Que nada. Eu tava ainda mais ‘apagado’ nesse colégio.

Alguns dos desajustados também queriam encrencar pro meu lado.

Como não sou de baixar a cabeça e me acovardar, eu encarava era de frente mermo.

Tive só dois desentendimentos que saiu em treta, mas nada que sequer chegou à direção.

Além desses negócios alheios ao próprio desenvolvimento do colégio; as aulas tavam indo de boas.

Era mó complicadaço já as matérias. Coisa de estudioso. Eu não me dava lá tão de boas, mas os manos me ajudaram a escapar dos sufocos.

Principalmente Bigode. Mas eu já contava com ele era desde o início do semestre.

Foi muita sorte conhecer essas pessoas. Os meus novos brôs.

Mermo assim, logo ficamos conhecidos... Éramos o grupo ‘sem noção’. A gente era tachado de os arruaceiros, ou vândalos, pois tínhamos vários estilos de personalidades e um péssimo hábito de cair em confusões estranhas. Cada de um de nós éramos bons de briga, também. Eu acho.

E nem me pergunte pra que um apelido desses. Mó constrangedor... E nem era pra tanto.

Se nos metíamos em confusão, não era por pouca coisa, mas a gente nunca intimidava ninguém e éramos verdadeiros amigos confiáveis.

Fui conhecendo os brôs pra valer e percebi que eles sim eram os descolados e não manés como Steven. Claro que havia algumas pessoas mó legais ainda no grupo dele, mas eram ofuscadas pelas cagadas do líder. Então acabamos nos distanciando...

Se fosse pra definir o líder do nosso ‘bando’, eu diria que era Pássaro. Ele sempre dava bons conselhos e dicas. Nos ajudava a não ‘desfocar’ do verdadeiro motivo que tamos aqui, que é passar de ano e sermos mais espertos e lindões; é claro.

Quase todo mundo do grupo já tava de namoro; com suas minas...

Menos eu e Bigode. Mas Bigode já tinha uma mina de fora do colégio e eles meio que fizeram um apoio mútuo, de não namorarem com nenhum outro até que o colégio liberassem ambos e fossem juntos pra uma facul de responsa. Duvido muito que não se deêm de bem. Parece que se gostavam bastante. Bigode nunca deu trela pra mina alguma e ainda era mó gente fina e educado. E eu acredito que a mina dele está esperando junto.

Respeito muito esse mano. A cada dia ele me surpreende.

Raw também ficava dando algum tempo de bobeira com a gente, quando não tava de rolê com os veteranos brô dele.

Só que eu ainda não tive uma mina aqui. E nem posso dizer o mesmo que Charmoso ou Raw... Eles possuem ‘opções’ o tempo todo. Eu não consegui descolar uma até agora.

E nem vem dizer que sou ruim de chaveco, como os mais sábios dizem... Também não sou lá tão feio. Se Cabeça conseguiu, é claro que tenho chance. E se Mosquito arranjou uma mina tá com pouco tempo, eu não vou pirar...

Se tiver que ser, será.

Simples. Vou acreditar que ainda não surgiu a mina certa; a gatinha pra mim. É meio deprê... Só que tá no meu melhor jeito de imaginar.

Tenho certeza que sou mó descolado e lindão. Confio na minha pegada.

***

Até que eu ‘esbarrei’ com aquela garota. Parecia bem quieta. Talvez fosse só charme. Ou fosse tímida. Mas com aquela ‘marra’; com aquele beijaço dela, duvido muito.

Foi algo tão estranho, mas pareceu casual.

Não sei falar direito dessas paradas. Mas rolou legal.

Perguntei o nome dessa mina e ela quis o meu. Seu nome é Stephanie. Bem exótico, mas gostei.

A gente se combinou de encontrar lá pelas bandas do jardim. Era o lugar que tinha mais gente.

Mesmo no finalzim do intervalo, a gente ainda tentou rolar mais um daquele beijo.

Tudo bem que nem chegou perto de ser igual, mas foi gostozim. Gostei dessa mina.

E acho que ela se amarrou na minha também. Hé-hé-hé.

***

Chegou umas seis e pouquinho da noite.

Os meus brôs ficaram tirando onda comigo o tempo todo. Até tava com vontade de encher eles de sarrafo. Mas eu tava era pra lá de felizão.

E os manos também tavam me botando mó força pra chegar na garota.

Não vou negar, tava com um gelo grande.

Muito nervoso; não queria dar uma de mané e estragar tudo com bobagens.

Usei uma roupa mais melhor de maneira e dei aquele trato no visu.

Queria causar boa impressão. Tava com meu kit pastilhas também... Sei que é meio que bobagem depois dessa manhã, mas todo marmanjo precisa estar na melhor forma.

Despistei os manos e disse que ia fazer uma parada lá pelo salão.

É claro que já tavam ligados, então nem tive que insisti. Não iam me sufocar e ficar só na espreita.

Fui chegando e tava procurando por ela.

Vi a mina lá perto de outras duas garotas. Elas até que eram bonitinhas. Vestiam roupas escuras, bem escuras. Maquiagem pesada pro tom preto. Era o que a galera chamava de ‘estilo gótico’4.

Só tive que me aproximar mais pedaço que elas se tocaram; riram baixinho e se mandaram, nos deixando a sós. O básico das garotas; fofocam pra passar o tempo e fofocam depois pra ‘dar suas notas’.

Eu meio que manjava disso; com os brô era bem igualzinho.

Ela não tava vestida nesse estilo ‘sombrio’. Era um pouco algre, eu diria.

Nada parecido com a de mais cedo, mas essas roupas destacavam muito o seu jeito de ser.

Não sou estilista, então nem me interessei por detalhes desmotivantes.

Só sabia que ela tava bonita. Era simples, mas combinava.

A gente se falou meio estranho. Meio desconfortável.

Então fomos andando um pouquinho; pra dar aquela espairecida e amenizar o clima.

Fomos nos soltando. Até algumas risadas tavam sendo arriscadas.

Podia ser superficial; mas era bem maneiro saber que ela tava curtindo andar comigo.

Compramos um lanche perto do auditório.

Era bom. Mas nada comparado as delícias que eu traçava na lanchonhete.

Tudo bem, me contentava daquele jeito.

Até trocamos um pouco os sabores. Sabe como é... Pra ‘experimentar’ qual era melhor e tals.

Sorvete de abacaxi e casquinha de truti-fruti. Meio diferentona a combinação, mas era bom.

O meu foi o basicão chocolate.

Usei uma boa desculpa essa dos sorvetes e provoquei ela um pouquinho.

Uma clássica tática de dizer: Ah, está um pouco sujo bem aqui. Não é uma coisa tã o fantástica, mas consegui o meu propósito.

Ela tentou limpar (o que não existia), mas eu disse que tava longe.

Fui me chegando e disse que ia ajudar... E claro que ajudei.

Primeiro passei a ponta do dedo, bem ao lado do lábio. Mas fui alisando levemente a superfície do mesmo, passando bem devagar a mão pelo entorno de sua bochecha e fiz um gostoso carinho ali.

É meio que óbvio que ela se ‘derreteu’ com essa chegada.

E nos aproximamos mais; tipo hoje cedo.

Bem devagarzinho.

Bem calmo... Sentindo e aproveitando.

Aos poucos os sons e arredores foram diminuindo. Até só restar a gente.

O resto do sorvete. Bem, era difícil equilibrar com uma só mão. Mas dava um jeito.

Uma mão livre. Era tudo que a gente tava precisando...

Eu alisando seu rosto e ela o meu.

Eu aproximando sua boca. Ela fazendo os mesmo com a minha.

Até nos beijarmos. Até nos colarmos mais. Até sentir seu beijo tão delicioso. Agora com gosto ainda melhor; mais doce. Uma coisa de louco.

Acabamos derramando o resto do nosso lanche. Mas valeu a pena.

Nos grudamos mais. As mãos só alisando a cabeça e pescoço, um ao outro.

Foi bem eletrizante isso.

Mas não ficamos só de pegação.

Soltamos o ar e fomos retomando o passeio.

Fui me ‘apresentando’ melhor. E ela junto.

Descobri um pouco do que gostava de fazer por aqui. Ela tocava música. De vários tipos, mas a predileta era o ritmo country.

Achei legal essa característica dela.

Comentei que eu gostava de ouvir CDs.

Até que o papo tava rolando bem.

Não fiquei mais agoniado em parecer um ‘galã’. Somente tava sendo eu.

Foi tranquilo. Agora sim rolavam risadas mais naturais.

Não posso dizer de outra forma, além que fiquei mó encantado com essa mina.

Tão ‘comum’, mas me trouxe uma sensação de conforto. Era legal tá com ela.

***

Fiz o que pude pra ser um cara maneiro e deixar ela com boa impressão... Mas não sei se vai rolar algo a mais.

Por enquanto fiquei no lucro. Já rolou uma gostosa azaração entre a gente.

Agora é tratar de ver como prosseguimos.

***

Eu não a vi mais até o resto da semana. Fiquei um pouquinho desmotivado. Achei que ela não tava afim; na minha.

Mas busquei outra atitude.

Conversei com os manos e eles me aconselharam a ir procurar por ela e convidar pra mais um rolê.

Meio que me toquei. Eu que tenho que chegar junto e buscar possibilidades da gente andar mais junto.

Era difícil. Nem sei direito onde fica a sala dela. E se a mina não gostar de eu ficar só rondando? Ela pode não estar mermo afim e não querer me magoar, dando o chute...

Mas sou O Cara. Se é pra sofrer, vai ter que ser por esforço. Não quero desistir sem nem tentar...

O engraçado é que ela me recebeu super de boas. Parecia animada por eu ter procurado por ela.

Já que eu tinha entrado na sala dela, então Stephanie me apresentou os amigos que tavam por lá.

Parece que ela faz parte do grupo gótico. Seriam os mais ‘rejeitados’ pelo colégio.

Não que me fizesse diferença. Pra mim todo mundo é igual.

Stephanie me falou que eles tocavam também e viviam um estilo ‘dark’ de vida.

Bom, isso era o que vários dos alunos manjavam.

Só que aparências enganam. Eles são bem legais e animados. Espertos também. Por isso não falam ou se misturam com qualquer um. Ela que me mostrou isso.

Acabei me chegando pros amigos dela. A galera era até bem parças. E não é que tinha um ‘Bob’ entre os manos? Mas o nome real dele era Richard... Vai entender. Bom, tô nem ligando.

Tinha umas minas que pareciam estar de luto, sei lá. Mas nem era isso mermo; só estilo próprio, eu acho.

Que bom que Stephanie não chegue a ser tão pra baixo e curte cores mais alegres. Nada contra, mas a pessoa o tempo todo com olhar triste e roupas escuras, dá uma derretida no clima. E nem é algo agradável; esfria mermo a situação...

***

O tempo foi passando. A gente foi se curtindo... Umas vezes só dávamos um tempo nos intervalos. Em outras, a gente combinava de se falar pela noite.

Tava maneiro dessa forma. Era mó clima entre a gente. Tava gostando de passar o tempo com essa mina.

Fui descobrindo algumas coisas interessantes...

...

Tem vezes que a gente senta a beira do jardim e começa a resolver o material das aulas. Ou ela pega meus CDs e pede pra ouvir, então a gente compartilha o fone no meu Discman5 portátil.

Sei que era ‘ultrapassado’, mas foi presente. E até que gosto pacas dele... É muito útil pra passar o tempo nesse colégio.

Uma mania boba que ela tem é a de pegar uma caneta e começar a me riscar; fazer alguns desenhos de rabiscos.

Fico todo marcado pela tinta. É uma brincadeira que aprendi a descontar quando tá desprevenida; distraída. Passei até a gostar disso...

Ela foi conhecendo os meus parças também com o passar do tempo. E eu mais os dela.

...

Toda vez que eu comprava um chilitão, ela vinha e carregava quase tudo. Era uma traça...

Já reclamei muito com ela. Quase que eu não comia nada.

Mas toda vez que eu comprava, corria e ia procurar por ela. Não comia um sequer sem ela por perto.

Sei lá... No final das contas, eu gostava de vê-la comer com tanto gosto o chilitão.

Saber que ela gostava disso, me deixa feliz.

Ela também sabia que eu não ‘brigava’ realmente. Por isso nem ligava pro que eu falava.

Acho que entendi o que Dedão fala sobre harmonia. O cara era um sábio. E, tipo assim, era muito popular.

É muita injustiça. Também gostaria de ser popular. Eu até sou um pouco, mas não no mesmo ‘nível’. E olha que somos ambos calouros.

Ahhh... Melhor desistir e me contentar. Afinal, não preciso ser o ‘bichão’ pra ser legal.

E ter uma ‘mina’ do meu lado, é muito agradável. Pouco me importa status se Stephanie tá comigo.

Mas ainda vou ser popular. Há-Há-Há...

Não toma jeito, mesmo.

***

Mais algum tempo se passou. E as coisas já tavam evoluindo bem entre a gente. As matérias também sofreram algumas variações drásticas... Então era um momento bem importante na nossa vida.

***

“Atividade extra de culinária”.

— Pra quê vou fazer parte disso? Pra cozinhar bolo?

Putz. Ela pega e me obriga a ir fazer parte também. Disse que ‘é bom e vai ser útil’.

Agora fiquei sem meu pouco tempo da tarde livre pra fazer bobeira e ficar zanzando por ai.

O legal é que agora a gente passará mais tempo junto. Então nem deve ser  tão entediante.

Bem que os parças me alertaram que ter uma mina ocupa o cara por tempo integral.

Ainda mais se vivemos no mesmo colégio.

‘As gatas até podem ser chatas e ficar de nhé-nhé-nhé... Mas dá pra aturar numa boa.’

Disso eu já tava esperto a muitos anos. Tá pensando que sou mó tapado, que não liga ou entende dessas paradas? Tô sacando... Tem que agradar a mina. Depois, nem deve ser tão chato assim. Vai ter comida na parada, mesmo.

Hé-Hé-Hé.

“Então chega de auê e bora puxar o ronco e encarar esse próximo dia”.

***

Com o passar dos meses, acabei ficando sem reservas. Ai o negócio apertou pro meu lado.

Claro que mensalmente a taxa do colégio era depositada, mas o meu money reserva foi todo torrado. Então não dava pra comprar nem um chiclete mais...

Só me restou fazer como muitos dos alunos. Arranjar um ‘bico’ de meio expediente.

Resolvi ser o quebra-galho da lanchonete. Eles já me conhecem e sei bem como as coisas funcionam por lá.

***

O começo foi dureza. Não é mole dividir o tempo com as aulas, essa pequena fonte de renda e ainda ser disciplinado entre o tanto de gastar e me dar bem nas notas.

O bom é que a galera sempre ia me apoiar. Com um bocado de zoação...

O horário do ‘trampo’ também era flexível para as minhas horas disponíveis. Então deu pra aguentar.

E o barato dessa onda toda, é que essa ‘atividade’ contava pontos bônus nas minhas notas. Era mais um incentivo.

Acho que tô aprendendo a ser mais ‘pessoa’. Me senti útil e motivado.

Mesmo que seja um saco e a grana nem dê para esbaldar. Os alunos que iam pra lá complicavam um pouco as coisas com tumultos e tentando não pagar o que gastavam... E fiquei meio sem poder ficar muito com a minha mina.

Foi bom ter reservado aquela aula chata de culinária, assim dá pra ficar mais junto dela.

Era legal isso.

***

O nosso negócio tava começando a progredir de responsa. Eu tava realmente ligado naquela mina e a gente curtia bastante um ao outro.

Não posso dizer que era algo tão sérião; mas era quase que um namoro já.

Só que tive a infeliz cagada de fazer aquela porra toda...

***

— Pede pra outro te ensinar, nem sou tão bom na matéria.

A gatinha, que me deu um fora bem dado logo no comecim do semestre, tava me pedindo ajuda nos estudos. Eu não queria ser mal-educado, mas nem manjava realmente e ela meio que me ‘desconcertava’. Além disso, ainda tenho guardado o toco que recebi dela, então fiquei na defensiva; acuado...

— Ah, não seja tão mal. Eu sei que você conhece bem de ‘anatomia’, então por que não? Ciências, Biologia... É tudo igual. Podemos fazer esse trabalho. Bem jun-ti-nhos... – Falou a garota, se aproximando ousadamente e passando a mão de forma suave pelas coxas do Bob sentado na cadeira. Era algo bem provocante e ousado.

— B-b-b-bom, v-vou pensar e te falo depois. Agora, deixa eu dar uma volta p-pra resolver umas paradas. Até...

Bob nem percebeu durante essa situação toda, mas Stephanie tava indo lhe fazer uma ‘visita surpresa’ e flagrou a cena dessa outra garota insinuando-se; quase se jogando no seu colo.

Saiu triste, irritada, chateada e com vontade de esganar a primeira que encontrasse. Qualquer garota ia ficar desse estado após algo assim.

Pássaro viu do corredor, quando ia entrando na sala, Stephanie saindo chorando com a mão no rosto. Ele tratou de avisar como a mina tava mal. Não dava pra sacar o que rolou, mas alertou Bob pra ir já saber o que houve.

O rapaz acabou saindo correndo pelo corredor, esbarrando até na parede. E a encontrou, mas não supunha o que estava prestes a passar e ouvir da mesma...

Houve uma ‘leve’ discussão. Bob irritado por não entender nada e Stephanie querendo que ele sumisse de sua frente.

Até que a garota revelou o ‘motivo’ do transtorno.

Bob então caiu na real e percebeu a terrível burrada que fez. Uma atitude totalmente leviana para com ela, por sinal. Tudo bem que não havia provocado diretamente tal consequência, mas não se ‘esforçou’ para afastar a Penélope.

O problema entrou em estopim com a Stephanie explodindo e liberando tudo que tava entalado...

— Se for pra ficar comigo, eu não tolero traição. Não sou dessas que pode ir passando a mão e não ta nem ai... Se está comigo, fica SÓ comigo. Tu é que decide. Mas não pense que vou me deixar iludir por qualquer desculpa e aturar uma biscate. Pense bem e se decida de uma vez. Não quero ficar te ‘prendendo’. Vá viver seus rolos, LIVRE. Mas nunca mais me procura. É pra isso que quer ficar popular? Pra ter qualquer uma e me enganar? Eu não esperava isso de você. Não, mesmo...

Saiu chorando. E muito...

Tava bem difícil à situação. Deparar com algo desse tipo, acabou com toda sua alegria. Ele tava começando a gostar dessa garota, mas deu essa grande mancada. Algo que culminou no provável afastamento dos dois.

***

Depois desse clima todo, Pássaro vai amansar tudo. Primeiro tentou convencer Bob sobre quem era a mina... Realmente.

Penélope ficou se ‘oferecendo’ a Bob com a desculpa de dar aulas pra ela de tal matéria. Isso era uma furada.

Pássaro alertou que ela não vaia nada e que só queria separar o casal. Era uma desgraça, uma praga.

Claro que de nada adiantava essa conversa agora, então Bob decidiu se mandar. Quis nem saber sobre gaziar aula, trabalho e o ‘escambau’.

***

Fiquei mudo. Caladão. Nunca alguém falou aquilo para mim. Principalmente alguém que eu me amarrava bastante.

Será que sou tão ‘mimado’ e fútil? Eu não ligo só pra aparências e pra me tornar popular.

Eu quero ser descolado, não pra me mostrar, mas por ser muito maneiro ter mó galerada comigo. Sempre imaginei como seria eu tendo esse tratamento; essa fama. Não é pra me achar melhor que os outros, é pra compartilhar das minhas ideias e mais gente participar.

Por ser o jeito mais fácil.

***

Pensei muito. Muito, mesmo... Pela primeira vez na vida, alguém me fez pensar tanto. Daquela forma... Em quem sou e no que realmente quero para mim.

Fui pras aulas, mas era só fachada. Meu corpo tava lá e tals; mas minha mente não.

Não captava nada; não registrava as conversas, não vi coisa alguma das aulas. Era tudo estranho.

Nem comendo direito eu tava...

Quando chegava o momento de uma aula vaga; nem ficava empolgado. Não sentia nem tédio.

Só ficava lá, parado.

Depois de quase uma semana sem falar com ela, tava me sentindo mal. Fiquei com febre até.

O monitor mesmo ‘constatou’ que eu não tava em condições de ir pra aula, então pude ficar de boas, deitadão no quarto.

Mas tanto faz. Não conseguia ficar gostando. Nem triste; nem feliz.

Nada.

***

Raw falou que podia ser Dengue e por isso eu não devia me esforçar.

Mas eu nem tava com dor no corpo e nem a garganta tava ruim; então nada de resfriado também.

Eu só me sentia pra baixo, sem energia.

Foi uns dois dias comigo desse jeito.

Meus brô já vieram me ver, tentaram tirar umas doideiras pelas minhas ‘frescuras’, falando que a galera já tava me zoando na sala; tudo pra ver se me animava.

Em outros dias eu não ia aceitar ser feito de manezão. Hoje; isso não importa.

Tanto faz. Eu não ligo pro que tão dizendo de mim. Podem vir com qualquer MI-Mi-Mi pra minha direção...

Não tem diferença.

Não conseguia ficar com raiva deles e nem via engraçado as palhaçadas dos meus amigos.

Com quase meia hora de visita; onde foram praticamente ignorados, eles me deixaram sozinho.

Resolvi fechar os olhos e voltar a dormir. Não posso ficar de corpo mole o mês todo.

Vamo logo, que tenho que voltar a ativa, meu...

***

No outro dia, Pássaro veio falar comigo.

Meu deu um ‘puxão de orelha’ por estar sendo fraco e abatido. Por não me levantar da cama e lutar pelo que devia.

Fiquei sem saber o que falar.

Depois de uma boa conversa, ele me incentivou a procurá-la. Disse pra pedir desculpas e nunca mais magoar.

Só que eu nem fiz nada; ou acho que nem fiz. Sei lá. Talvez seja mermo o culpado... E não queria ter magoado ela. Não mesmo.

Eu tava tão pra baixo, que nem tinha notado; os meus amigos tavam muito preocupados comigo.

Pássaro me deu um baita sermão e eu aqui, fazendo nada; só de corpo mole.

É claro que isso que tava sentindo era psicológico.

Mas por quê?

Por perceber o quão imaturo sou ao buscar essa futilidade, chamada ‘fama’?

Por ter quase traído a confiança de minha gatinha?

Ou por ter desistido de pensar em uma saída e ter me acorvadado tanto... Não sei. Que droga!

Que saco! Estou cheio disso!

Como posso ter ficado tão deprê por tão pouco?

Que cara fraco... Mas nem tenho coragem de admitir isso.

Foram longos minutos de silêncio; com Pássaro me fitando.

Só reparei nele quando se mexeu do estofado da cadeira ao lado de minha cama.

— Pensa nisso tudo, fera... O que te falei não foi pra te deixar mais pra baixo, ou pra eu pagar uma de bonzão. É bom poder repensar nas paradas da vida, vez ou outra. Beleza, vou me mandando. Fica de boas.

— Tá, valeu. Tudo bem...

Pássaro então correu pra aula, já devia estar atrasado, por minha culpa.

E outra vez eu estava encarando a parede a minha frente. Sendo engolido pela situação...

***

Já era umas quatro da tarde e Raw vem entrando no dormitório.

Era raro ver ele todo dia; pela tarde, mas desde que fiquei tão ferrado, ele vem me ajudando. Mó gente boa esse cara. Um verdadeiro brô.

Dessa vez ele nem tentou mais me incentivar e me animar. Já chegou falando com autoridade.

— Levanta, Bob. Tu tem visita. E nem me pergunta o quão difícil foi fazer isso. Tanto o monitor, quanto a própria pessoa não tavam querendo permitir isso. Mas devido a essa circunstância, ‘as exceções se fazem usáveis.’ Agradeça a Pássaro depois. Foi ele que convenceu essa pessoa.

Bob se sentou melhor na cama, quando a tal visita passou pela porta.

Era óbvio de quem se tratava...

Uma mistura de aflição, dor, alegria e euforia...

Até a cor do rosto de Bob mudou.

Stephanie trazia consigo um pacote de chilitão fechadinho ainda. Do tipo que me amarrava...

Quando vi ela me oferecendo um bocado, não resisti e comecei a chorar.

Ela se assustou um bocado, mas me abraçou e acalmou.

Acho que já fiz a minha escolha.

#Continua...?


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Notas finais do capítulo

Nah, eh, espera um pouquinho que eu vou tirar esse suor que teima em cair dos meus olhos. KKKKKKKKKKK
Isso foi bem fútil, clichê e mal acabado/desenvolvido; detalhado. Mas serviu para trazer aquele “impacto” gostoso de se ler. ^^
O mais complicado para este capítulo foi à aproximação deles. Fazer, de forma rápida, mas que expresse o melhor possível para estes momentos importantes.
Os.: Nenhuma garota é ‘permitida’ a entrar no quarto dos rapazes; com raras exceções. Claramente o oposto é correspondente.
Os2.: Não é “obsessão” dele para com ela. O coração de Bob que sofreu enquanto a mente não acompanhou. Tava “amortecido” e não percebeu o que sentia e o porquê sentia.
Ele estava apaixonado.
Os3.: Foi Pássaro que os reaproximou e serviu como ponte amiga a ambos.
.
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Aguardem... O link logo será disponibilizado. --> https://fanfiction.com.br/historia/745134/Relatos_de_Adolescencia_2/
Se leu antes de postar a fic, então tenha paciência... Se foi depois, peço que termine esta primeiro para melhor aproveitamento deste bonitinho casal. ^^
Os.: Isto seria uma solução temporária para o problema que apresentei. Não sei se realmente teria resultado positivo, mas é um bom ponto de partida:
Medida sócio-disciplinar, como acompanhamento sistemático psicológico e incentivos. Aulas especiais/particulares para ajudar a completar o estudo do ano.
“O maior passo é superar tais falhas e alcançar o futuro, sendo um homem melhor e de conhecimento”.
Esse era o melhor tratamento. Onde o indivíduo não saia como criminoso e voltava ao mundo como alguém de caráter novamente. Se isso falhasse, tendo pouca probabilidade, então seria encaminhado ao reformatório para delinquentes juvenis: com estadia de seis meses a dois anos.
.
.
.
O que acham? Muito longe de ser algo de fato...
...
4 - A subcultura gótica (chamada também de dark no início dos anos 80, apenas no Brasil) é uma subcultura urbana que teve início no Reino Unido durante o final da década de 1970 e início da década de 1980. A subcultura gótica está associada diretamente a gêneros musicais como o rock gótico, pós-punk, darkwave, ethereal wave, death rock e industrial. A estética (visual, moda e vestuário), onde encontramos vários estilos e visuais como: gótico tradicional (trad goth), batcave, death rock, vitoriano, fetiche, gótico lolita, etc. Na subcultura gótica encontramos também à literatura (poesia), o cinema, entre outras formas de manifestações artísticas e culturais. ( https://pt.wikipedia.org/wiki/Gótico_(estilo_de_vida) ).
5 - Discman foi o primeiro leitor de CDs portátil distribuido pela Sony, o D-50, entrando no mercado para substituir o walkman. O produto foi lançado em 1984. No começo de suas vendas úteis obteve bastante sucesso, mesmo com seu preço de venda sendo muito alto (na maioria dos países era possível comprar um aparelho de CD doméstico comum pagando o mesmo preço), portanto era um artigo de luxo. Um fator que prejudicou o seu prestígio foi o grande consumo de pilhas que ele requeria, e a primeira versão do aparelho era grande e pesada. ( https://pt.wikipedia.org/wiki/Discman ).
(pesquisados em 27/08/2017 as 02:02).
...
Bem, até... Abraços!!!



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