Solstice - Interativa escrita por Ren


Capítulo 35
「IX • Henri」 Segredos do coração




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742070/chapter/35

Mais uma vez, Henri estava matando aula matinal de seu curso de inglês para se encontrar com o senhor Kang – ou senhor Sorrisos, como era chamado antigamente. Ou seja, outro dia normal.

Não era uma atitude muito recomendável. Ele tinha dificuldade em aprender inglês... Uma dificuldade considerável. Mas não que isso fosse um problema para o garoto, pois para ele aquilo era uma coisa um tanto dispensável.

Tudo bem que os exames para entrar na faculdade seriam no final daquele ano, e as questões de inglês eram super difíceis e costumavam ser um dos diferenciais para ingressar numa boa instituição de ensino superior. Porém Henri Bae não se importava com essas coisas.

Mesmo com seus pais visando um futuro teoricamente brilhante para ele. Mesmo com o mundo sendo bastante duro para a maioria das pessoas que não estudam. O importante para ele era seguir seu sonho de fazer as pessoas sorrirem e entrar num circo.

Ele queria ser palhaço. Especificamente, um palhaço que faz truques de mágica.

Uma das melhores sensações que ele tinha era quando ia aos fins de semana visitar orfanatos e fazer palhaçadas para as crianças sorrirem. Sabia que elas sofriam com a perda ou abandono dos pais, e arrancar risadas delas dava um prazer imenso ao coração singelo do garoto. Sentia-se como se estivesse enchendo de cores um cenário cinzento ao fazer aquilo.

Ah, risadas. Um dos remédios mais eficientes contra a chatice que é era realidade em que vivia. Será que conseguiria realizar seus sonhos? Ser aceito num circo e viver como almejava?

Por que o mundo é tão cheio de incertezas?

Afastando os pensamentos negativos, Henri continuou seu trajeto até um terreno baldio no subúrbio de Nouvelle-Seoul, perto de uma floresta num cantinho dos arredores da metrópole. Era um longo percurso do curso de inglês até lá, porém o caminho não era perigoso. E quando se está disposto a alcançar um objetivo, grandes distâncias não abalam o coração.

Dentro do terreno, Henri caminhou até o trailer do senhor Kang.

O tempo passou rapidamente enquanto o jovem ouvia mais histórias da vida do idoso e aprendia novos métodos de fazer palhaçada. Mal podia esperar para pôr em prática o que aprendeu quando fosse visitar os orfanatos mais tarde. Iria ser um sábado incrível!

Despedindo-se de seu mestre, Henri saiu tranquilo do trailer... Até notar um carro preto de vidro escuro estacionado na frente daquele terreno baldio. Não estava lá antes. Mas... Não era algo que devesse se preocupar, certo? Afinal, era só um carro. Talvez alguém tivesse estacionado ali para visitar alguma casa da vizinhança.

Assim que Henri passou por trás do veículo, as duas portas frontais e uma de trás se abriram. Três pessoas – um rapaz e duas moças, todos de óculos escuros e sobretudos que pareciam bem caros – saíram do automóvel e andaram até ele.

— Henri Bae? — O desconhecido se aproximou sorrindo. Era um momento um tanto intimidante, dadas as circunstâncias.

— Eu... Acho que não sou quem você está procurando.

— É sim, olha aqui a foto do seu facebook. — O moço mostrou a tela de um celular caro para ele. Estava aberto em seu perfil.

— Tem certeza que sou eu? Pode ser alguém extremamente parecido. Nunca se sabe, né? Há chances de que eu seja um doppelgänger desse cara. Só que mais bonito, lógico.

— É o quê? — Confuso com aquela fala engraçada, o desconhecido riu e trocou olhares com as duas moças que o acompanhavam.

Henri respirou fundo e engoliu seco.

— Henri sou eu mesmo, o que desejam?

Os três tiraram os óculos escuros. Seus rostos eram familiares.

— Já os vi em algum lugar.

— Sim, no encontro do Solstice. Meu nome é Daehwi, e essas são Evelyn e Alyssa. Estamos procurando pelos outros convidados.

— Ué... M-Mas como sabiam que eu estaria aqui? Nem meus pais estão cientes disto...

— Todos recebemos envelopes com nossos nomes, certo? Você foi uma das cinco pessoas que consegui ler como se chamam. Meu irmão mais velho trabalha com investigação e coisas do tipo, então não foi difícil descobrir onde você morava. Hoje pela manhã, nós três esperamos você sair de casa e te seguimos de longe até essa rua.

— Puxa! Não sabia que eu era o novo alvo dos paparazzi. — Soltou essa piadinha, mas por dentro estava angustiado. E se um dia seus pais fizessem a mesma coisa e o seguissem? O que iria dizer para eles?

— Você é engraçado. — Alyssa sorriu meigamente para o garoto, e Evelyn também.

— Olha, é o seguinte. Aquele bilhete que você recebeu na noite do encontro, sabe? Ele é importante. Juntando todos os vinte, teremos uma frase com as palavras da primeira linha. Caso resolvamos isso, receberemos uma recompensa. Caso contrário, seremos punidos.

— Punidos?

— A gente não sabe como serão as recompensas nem as punições — Evelyn colocou uma mecha de cabelo por trás da orelha e umedeceu rapidamente os lábios. Era uma moça bastante charmosa. — Mas com certeza não queremos ser punidos. Alguém deu um meio de entrar em nossas vidas e nos convidar a ir ao teatro, e quando chegamos lá a estrutura estava preparada como se tudo houvesse sido meticulosamente pensado e organizado. Não sei o porquê de termos sido escolhidos para esse jogo bizarro, mas não queremos ser prejudicados por causa dele.

Henri pensou um pouco e examinou o trio, mordendo o lábio inferior.

— Okay, tudo tá muito confuso mas acho que tô entendendo. Vocês querem meu bilhete então?

— Sim — Alyssa respondeu docilmente. — E também queremos que você se una a nós para ajudar a encontrar os outros.

Hesitante, Henri deu um passo a frente.

— Meu bilhete está em casa. Gostaria de poder dar para vocês agora, mas teoricamente tenho aula até as doze e meia, então não posso voltar agora.

— Entendo. — Evelyn pôs a mão sobre o ombro dele. — Pode nos dar seu número para contato?

— Opa, posso sim.

Daehwi entregou-lhe o celular, e Henri salvou seu número nos contatos.

— Inclusive... Nossa próxima parada hoje é a Equinox Corporation. Tem uma outra convidada que consegui ler o nome, Sunhee Valois. Ela trabalha lá. Pretendemos estacionar na frente do edifício e esperar até o horário de almoço, aí assim que ela sair iremos falar com ela. Quer vir com a gente?

— Eu... Sim. Eu quero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Solstice - Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.