The empty man escrita por lau


Capítulo 1
the empty man


Notas iniciais do capítulo

themuggleriddle sugeriu algo com "Lucius + primeira grande guerra bruxa" e eu acabei fazendo isso. Na verdade eu não gostei muito mas idk, já que estamos aqui não é mesmo.

Espero que gostem :)

(as frases em itálico são de Skins Rise)



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Você acha que conhece a morte.

Mas não conhece, não até que tenha visto, realmente visto.

E aquilo entra por baixo da sua pele e vive em você.

Aquilo se transforma em você.

 

A primeira vez que Lucius Malfoy ouviu o nome de Voldemort, foi como um resmungo.

Ele devia ter uns oito ou nove anos, não lembrava bem, mas lembrava de já ser alguém entediado e, como alguns diriam, rabugento. Não gostava de jogar conversa fora e não gostava de ser o centro das atenções, ao contrário de seus pais. Preferia ficar em seu quarto lendo um livro ou jogando xadrez bruxo consigo mesmo, treinando estratégia.

E foi numa dessas idas ao seu quarto para fugir de um jantar cheio de pessoas que ele ouviu o nome. Estava passando em frente ao escritório de seu pai quando notou a porta entreaberta, e foi lá fechar. Mas o lugar não estava vazio, e seu tio Orion e seu pai pareciam estar discutindo algo importante.

“Eles destruíram todo o quarteirão. Disse para Atlas controlar os pirralhos, mas ele não me ouve...”

“Tiveram quantas mortes mesmo?”

“Trinta. Uma menina de doze anos morreu e nós não sabemos ainda se era uma sangue ruim ou não. O Ministério já está investigando.”

“Pelas barbas de Merlin...”

“Fale com ele Abe,” Lucius via o rosto de seu pai, e o garoto nunca imaginou que ia ver aquela expressão angustiada e preocupada tomar conta do homem. “Nós não o vimos já faz semanas, ele não aparece para ninguém nem para nada, é quase um maldito fantasma.”

Seu pai passou a mão no rosto e respirou fundo. “Não há nada que eu possa fazer Orion, você sabe disso.”

“Voldemort escuta você.”

“T-Voldemort não me escuta. Não mais.”

 

Também acha que conhece a vida.

Fica a par das coisas e a vê passar, mas não está vivendo.

Não de verdade.

É apenas um turista.

Apenas um fantasma.

 

A primeira vez que viu Voldemort, foi como um sussurro.

Ele quase não o notou ali, parado, observando. Aquelas reuniões de horrores com cerca de cinquenta pessoas durante as férias eram a melhor parte da vida de Malfoy.

Era sempre igual e sempre diferente. Um novo feitiço, uma nova poção. Uma nova forma refinada de tortura. Os gritos dos trouxas nem lhe incomodam mais. O choro já nem penetra mais em seus ouvidos. A única coisa que importa é aprender, observar, absorver. Aqueles homens que lhes ensinam magias que Hogwarts jamais ensinaria, magias que talvez nem mesmo Dumbledore conheça eram o epítome de poder para Lucius. Ele girava a varinha do jeito correto, prestava atenção, terminava tudo antes de todos, não hesitava quando via homens e mulheres serem machucados de formas absurdas até chegarem ao ponto de implorarem pela morte. Ia fazer de tudo para ser um deles oficialmente.

Lucius finge não achar nada demais, mas toda vez é emocionante e fascinante, um sentimento de estar fazendo algo grande e perigoso e nobre toma conta de suas veias e ele se sente vivo. A única coisa que faltava era conhecer o famigerado Lord das Trevas.

Na segunda vez que ele erra seu feitiço, Malfoy joga a varinha no chão, irritado por falhar pela primeira vez. Ele olha para os lados para ver o progresso dos outros e nota um dos Cavaleiros falando com o homem que estava ali desde o começo dos treinos. O estranho tem uma pele pálida demais e olheiras ao redor dos olhos azuis, mas o terno bruxo caríssimo e a aura de magia quase sufocante ao redor dele gritam que não é alguém que deve ser contrariado. Lucius sente o rosto corar furiosamente quando vê o Cavaleiro fazer uma reverência antes de sair, seria...

Malfoy recupera sua varinha e se vira novamente, para tentar o feitiço mais uma vez, não notando como os olhos do estranho se estreitaram para si.

 

E então você vê, realmente vê.

Ela entra em suas veias e vive dentro de você, e não há como escapar.

 

Eles dizem que tem um cheiro, um cheiro pra morte.

Dizem que você sabe quando vai morrer, que escuta algo, vê algo. Alguns dizem que a pessoa simplesmente sabe, que sua magia vai ficando mais fraca e a dor mais leve.

Lucius nunca se sentiu realmente vivo, então não sabia se sentiria quando sua morte chegasse. Ele se sentia vivo quando estava em uma missão, se sentia vivo quando estava cumprindo seu dever e seu propósito, e se sentia vivo quando via o sorriso de sua futura esposa. Seu sangue, sua Causa e Narcissa eram as únicas coisas no mundo que o faziam se sentir vivo, sentir seu coração pulsando, bombeando sangue para suas veias e lhe dando um motivo para se mover. No resto do tempo se sentia sufocado. Sufocado pelos amigos, pelo Ministério, pelas mentiras e pelo dinheiro. Sentia sua gravata se enrolar em seu pescoço como uma cobra e estrangula-lo lentamente. Não era bom, mas também não achava que era mau. Era um sobrevivente, era justo a sua maneira e era corajoso, mais corajoso que seu pai, que ficara furioso quando ele se tornara um Comensal. Se existia alguém no mundo que Lucius nunca iria entender esse alguém era seu pai. Nunca ia entender por que ele não fora bom o suficiente para fazê-lo orgulhoso e nunca ia entender por qual motivo ele ficara tão desapontado quando vira o que Lucius se tornou.

Ele olha para seu Lord ditando instruções para os outros Comensais antes de mais um ataque. Voldemort nunca participa dos ataques, e Lucius se pergunta se é raiva que o homem esconde ao sorrir friamente para ele, e se sente sufocando novamente.

Segura a varinha com mais força, implorando internamente para que a missão comece e ele possa se sentir vivo de novo.

 

Não há nada a ser feito, e quer saber?

É bom. É uma coisa boa.

E isso é tudo que eu tenho a dizer.


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