Ainda assim... escrita por Duda


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, estou de volta... Mil desculpas pela demora para postar este novo capitulo, mas a verdade é que fiquei imersa em algumas estórias incríveis que encontrei aqui. :)

Quero agradecer a todos que estão seguindo, lendo, comentando minha estória.

Bjs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741872/chapter/6

A voz de Márcia ainda ressoava na cabeça de Félix quando ele estacionou o carro em frente a casa do Sushiman, e não demorou para perceber o outro carro que também estava estacionado em frente... Será possível? Félix pensou...

“Não, Niko não é assim tão burro... sim, burro.” Desta vez o pensamento saiu em alto e bom som e Félix não conseguiu controlar o sentimento de raiva que tomava todo o seu corpo. “Porquê só um idiota perfeito para deixar a bruxa da Amarilis se aproximar de novo de sua vida.” Ele aumentava ainda mais o tom de voz a cada palavra proferida. E, foi com este furor que ele abriu a porta do carro e subiu as escadas da frente até a entrada principal.

Apesar do sentimento de raiva que subia por todo o seu corpo, e da vontade de arranhar aquela falsa bem na sua frente. Félix se controlou. Talvez por ouvir aquele carneirinho falar que não tinha segredos pra ele, talvez porque ele ainda tivesse dentro de si aquele velho Félix capaz de odiar com todas as forças e ainda assim mostrar-se a pessoa mais amável do mundo. Mas não, não o Félix de sempre pois seu semblante denunciava o asco que sentia por aquela mulher. E, apesar de sua repulsa e toda desconfiança de que aquela cascavel estava armando para dar outro golpe e, mesmo sabendo que sair daquela sala seria um erro terrível, Félix fez o que Niko mandou. Não sem antes deixar claro para a bruxa de cabelos loiros que ele a conhecia muito bem.

E, enquanto encaminhava para o quarto do Fabrício, o homem moreno se controlou para não parar no corredor e escutar toda a conversa, como já o fizera tantas vezes no seu passado não tão longínquo, por motivos bem menos nobres. Mas, de repente aquele pensamento lhe deu um arrepio que lhe esfriou a espinha. Sim, aquele pensamento fê-lo sentir-se sujo, mal, com um peso no peito... Então, lembrou-se que sua mãe acabara de leva-lo de volta pra casa, ela o tinha perdoado, mesmo que ela não admitisse, ele sabia que no fundo ela já o tinha perdoado...graças ao carneirinho... Félix riu e mais uma vez aquela sensação boa, que ele não entendia mas começava a gostar, esquentou o seu peito e sem pensar novamente ele girou nos calcanhares e seguiu para o quarto do mini carneirinho decidido que não seria o antigo Félix, nunca mais.

Não demorou nem dois minutos para estar no quarto do Fabrício e ao ver aquele bebê tão doce e fofo, que dormia tão inocente, Félix sentiu uma paz interior e ao mesmo tempo uma vontade de desabafar, mesmo sabendo que aquela miniatura de carneirinho não poderia lhe entender ou lhe confortar, mas por outro lado, por esta mesma razão ele tinha a chance de falar abertamente, falar tudo... sem medo de perder a confiança de seu querido carneirinho...

“Sabe baby...” Ele parou, ainda sem saber por onde começar, era tanta coisa que passava por sua cabeça, por seu coração. Decidiu pelo mais fácil. “... a Mami me perdoou...” Mas apesar de suas palavras dóceis e agradecidas, seu semblante era triste. Suprimiu um suspiro e continuou, falando tudo o que lhe sufocava desde que Dona Pillar, sua Mami poderosa havia lhe levado de volta pra casa.

“...Me levou de volta pra casa. Mas sinceramente... nem eu me levava de volta pra casa.” Felix confessara em voz alta para aquele pequeno anjo, o que não tivera coragem de confessar para mais ninguém. Era na verdade uma autoconfissão, uma dor na consciência... Consciência... Félix suprimiu sua vontade de chorar. Fez uma de suas piadas de autodefesa, tentando evitar a sua própria miséria. Então sorriu ao ver que o mini carneirinho despertara de vez e ao pegá-lo no colo, não pôde conter a paz em seu peito.

Aquele bebê, tão inocente, tão puro, tão livre de erros lhe trazia uma alegria inexplicável... Mas ainda assim, não conseguia parar de pensar em todos os seus erros... Félix não sabia dizer quando foi que ele passou a ter consciência, mas o fato é que algo havia mudado dentro dele. Engraçado como Félix tinha crescido nestes poucos meses em que ele fora do céu ao inferno voltando novamente ao céu. Ele arriscava dizer que crescera mais do que durante todos os quase 40 anos anteriores. Félix pensava enquanto continuava a acalentar o bebê, mas no fundo, sentia como se aquele pequeno anjo fosse quem lhe acalentasse... a alma.

Era impressionante o quão consciente ele estava agora, de que todos os seus atos tinham sido uma tentativa débil de ter amor... de receber amor... Félix soltou um riso abafado desta vez... Era engraçado como, por uma destas ironias do destino a sua busca obsessiva por amor... Pelo amor do pai, tornou-o aquele ser sem capacidade de amar.

Félix lembrou novamente das palavras da Márcia. “Ele gosta de você... de verdade.” Félix sentiu o bebê em seu colo se mexer e baixou o rosto para olhar em sua face. “O que você acha? Hein carneirinho filho... Eu, e seu pai...” Félix perguntou ao bebê, fazendo uma voz infantil e sorridente. O bebê sorriu-lhe de volta. “Tá rindo é?” Brincou com a criança, mas ficou sério em seguida. “Não... não posso fazer isso com ele. Não seria justo...”

Nesta hora um barulho diferente, acompanhado de um odor não exatamente agradável, tirou Félix de seus devaneios. “Pelas contas do rosário, mini carneirinho. O quê seu pai anda pondo na sua mamadeira pra você fazer um... você sabe o quê, né bebê... com este cheirinho hor-ro-ro-so.” Félix disse torcendo o nariz, já seguindo para a cama de solteiro para trocar suas fraldas. Enquanto trocava o bebê Félix não conseguia parar de pensar no carneirinho e no que poderia estar ocorrendo naquela sala durante todo este tempo. “Será que aquela bruxa transformou seu papi num sapo?” Félix conversava com o bebê, que neste momento chorou como se tivesse entendido o que o moreno lhe dissera. “N.. Não chora bebê, é brincadeirinha do tio Félix, só brincadeirinha. Tenho certeza que o carneirinho pai, está lá inteirinho, doido pra virar uma coruja e vim te corujar, viu?” O bebê pareceu aceitar a explicação e se calou enquanto Félix habilmente trocava suas fraldas e em seguida colocava-o de volta no berço lindo e cheiroso.

Depois disso, Félix não se conteve mais de curiosidade e decidiu que era hora de checar qual feitiço aquela bruxa tinha preparado. E, qual não foi sua surpresa ao voltar pra sala e ver Amarilys no colo de Niko. “Pelas contas do rosário! Carneirinho, será que você...” ele até gaguejou tamanha era sua indignação. “...você é tão tonto que vai cair mais uma vez na conversa desta loura falsa?”

Félix simplesmente não pôde acreditar. Como aquela criatura podia ser tão ingênua. Tá certo que Félix já tinha tido várias provas da ingenuidade de Niko, mas aquilo que ele presenciava chegava ao ponto da burrice. Félix pensava tudo ao mesmo tempo enquanto tentava de alguma maneira abrir os olhos de Niko que com toda a sua bondade já estava caindo na conversa daquela bruxa da Amarylis. Mas, graças a destreza de moreno e ao pouco controle da dita cuja, Félix conseguiu mostrar ao carneirinho o quão ingênuo, pra não dizer “burro” ele estava sendo ao acreditar naquela mulher. O que Félix não esperava era ter o Niko em seus braços chorando de desespero ao perceber a loucura que quase cometera. “Você ouviu, o que ela falou, ela falou que o filho era dela, o filho não é dela, é meu bebê.”

“C.. calma carneirnho. A bruxa já foi embora.” Félix falou beijando-lhe os cabelos num movimento automático de proteção. “Ainda bem que você tava aqui Félix... Ainda bem.” Niko continuou a repetir mantendo os braços firmes ao redor de Félix, buscando por consolo e proteção enquanto Félix tentava entender a onda de emoções que assolavam seu peito ao tê-lo ali em seus braços totalmente entregue.

Félix já tinha abraçado Niko várias vezes no passado, mas eram sempre abraços rápidos e cordiais, e, apesar da amizade que eles tinham um pelo outro, nem quando aqueles dois ‘seres’ levaram o Fabrício com eles deixando o carneirinho sozinho e durante todo o tempo até que ele pudesse provar que seu filho era mesmo o seu filho, Niko tinha deitado em seu peito em busca de colo como agora. E, embora Félix estivesse comovido e consternado com a dor daquele carneirinho, ele não pôde evitar a sensação maravilhosa de ter aqueles braços fortes ao redor de seu tórax, sentir o perfume suave que exalava de seu shampoo e o deleite ao escorregar seus dedos por aqueles cachinhos que lhe hipnotizavam desde a primeira vez que se encontraram. Félix fechou os olhos e balançou a cabeça levemente em negação, atribuindo toda esta sensação a sua recente abstinência ‘forçada’. Confirmação feita, Félix tratou de cuidar para que o carneirinho soubesse que ele não deixaria que nada acontecesse com o seu bebê.

“Ei...” Félix segurou em seu pescoço fazendo com que Niko olhasse pra ele. “... Isso não vai acontecer. Tá me ouvindo. Ninguém vai tirar o Fabrício de você.” Niko balançou a cabeça em afirmação e, por um instante, Félix pensou... fantasiou... desejou? Que Niko se curvaria em seu peito novamente. Mas seu amigo hesitou, e, em seguida se desvencilhou-se do seus braços, levou as duas mãos no rosto para enxugar as lágrimas e então olhou-o timidamente como se só agora tivesse percebido o quão íntimo fora aquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Félix bobinho, nem consegue perceber que o enfeitiçado é ele... rsrs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ainda assim..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.