Ainda assim... escrita por Duda


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

O capitulo hoje será curtinho, mas não sei porque senti que precisava terminar ali. Espero que gostem.



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“Dá mais do que... Uma abraço. No Carneirinho.”

“O Carneirinho. Ele gosta de você.”

“De verdade.”

...

As copas das arvores refletiam no para-brisa do carro enquanto ele deslizava pelas longas avenidas de São Paulo. Aquela hora do dia as ruas ainda não tinham o tráfego sôfrego do horário do rush e o sol se movia por entre os prédios, escondendo-se por longos minutos naquela imensidão de concreto, ressurgindo logo em seguida esplendoroso fazendo recomeçar a dança das folhas em seu para-brisa.

“Dá mais do que... Uma abraço. No Carneirinho.”

A melodia que vinha da rádio beijava seus ouvidos brindando sua memória com um sorriso doce e um olhar meigo que traziam leveza e doçura ao seu peito.

“O Carneirinho. Ele gosta de você.”

Esculturas. Viadutos. Uma sirene de ambulância antes distante, agora cruza-lhe o caminho.

“De verdade.”

A velocidade dos carros a sua frente atenua e com ela o dançar das folhas, até parar. E, as palavras de Márcia continuavam a ressoar em sua cabeça. Félix apoia o braço esquerdo na janela e, a mão que antes segurava o volante, agora leva seus longos dedos aos lábios intensificando o semblante pensativo.

“Que ideia é essa criatura? Vai agora ficar dando ouvidos as loucuras da Márcia... Que já quis te entregar até para o Mecânico...” Félix falou em voz alta, mas branda.

“Ele gosta de você.” As palavras de Márcia novamente invadiam seus pensamentos.

Não. Félix, que ideia mais sem propósito. O Niko é apenas um amigo querido. Com lindos olhos verdes e sorriso encantador. Félix não conteve o próprio sorriso ao lembrar do amigo. “Além do mais, o Niko. O Carneirinho com aquelas gordurinhas sobrando ali na altura da cintura, bem onde você mais gosta de um músculo bem definido. Não, o Niko definitivamente não faz o seu tipo criatura. E, não vamos esquecer que ele é seu amigo. Seu melhor amigo. Talvez o único amigo, de verdade, que você já teve em toda a sua vida.” Félix falava consigo mesmo enquanto esperava pelo retorno do movimento dos veículos a sua frente.

A música agora era outra, a voz intensa e profunda da cantora, trouxe novamente a memória do loiro de cabelos cacheados, que angustiado lhe olhava nos olhos enquanto discorria sobre a família que perdera e o quanto aquele sonho lhe era importante.

“De verdade.”

O Carneirinho é um homem pra casar, ter alguém que irá criar com ele seus dois filhos e formar a família que ele tanto sonha. Ele não é como o Anjinho, e não é só pelo tanquinho. O Niko era doce, honesto, sincero e quando Félix pensava nele, ele sentia uma vontade de abraça-lo, ouvir sua risada gostosa e sincera. O Carneirinho o fazia sentir vontade de sentar ao seu lado e conversar por horas, porque o Niko tinha bondade pura, simples e transparente. “Você Felix, vai estragar isso, essa amizade? É isso criatura que você quer?” Novamente os pensamentos extrapolaram sua mente ressoando alto em seu carro silencioso.

O som da sirene da ambulância trouxe-lhe a memória de outra sirene, em outra rua, anos atrás. E a sombra densa de seus pecados pesaram-lhe na alma. Ele havia prometido contar ao Niko o que acontecera, o que fizera sua Mami Poderosa pô-lo para fora de casa. “Se é que o Niko irá ainda querer continuar ser seu amigo depois que souber toda a história.” Félix suspirou angustiado, engatou a marcha e voltou a junto com o transito que agora se desenrolava novamente.


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Notas finais do capítulo

Acho que o sentimento do Niko já estava claro a essa altura do campeonato, mas quanta dificuldade entender o que o Félix estava sentindo.



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