Ainda assim... escrita por Duda
Notas iniciais do capítulo
O capitulo hoje será curtinho, mas não sei porque senti que precisava terminar ali. Espero que gostem.
“Dá mais do que... Uma abraço. No Carneirinho.”
“O Carneirinho. Ele gosta de você.”
“De verdade.”
...
As copas das arvores refletiam no para-brisa do carro enquanto ele deslizava pelas longas avenidas de São Paulo. Aquela hora do dia as ruas ainda não tinham o tráfego sôfrego do horário do rush e o sol se movia por entre os prédios, escondendo-se por longos minutos naquela imensidão de concreto, ressurgindo logo em seguida esplendoroso fazendo recomeçar a dança das folhas em seu para-brisa.
“Dá mais do que... Uma abraço. No Carneirinho.”
A melodia que vinha da rádio beijava seus ouvidos brindando sua memória com um sorriso doce e um olhar meigo que traziam leveza e doçura ao seu peito.
“O Carneirinho. Ele gosta de você.”
Esculturas. Viadutos. Uma sirene de ambulância antes distante, agora cruza-lhe o caminho.
“De verdade.”
A velocidade dos carros a sua frente atenua e com ela o dançar das folhas, até parar. E, as palavras de Márcia continuavam a ressoar em sua cabeça. Félix apoia o braço esquerdo na janela e, a mão que antes segurava o volante, agora leva seus longos dedos aos lábios intensificando o semblante pensativo.
“Que ideia é essa criatura? Vai agora ficar dando ouvidos as loucuras da Márcia... Que já quis te entregar até para o Mecânico...” Félix falou em voz alta, mas branda.
“Ele gosta de você.” As palavras de Márcia novamente invadiam seus pensamentos.
Não. Félix, que ideia mais sem propósito. O Niko é apenas um amigo querido. Com lindos olhos verdes e sorriso encantador. Félix não conteve o próprio sorriso ao lembrar do amigo. “Além do mais, o Niko. O Carneirinho com aquelas gordurinhas sobrando ali na altura da cintura, bem onde você mais gosta de um músculo bem definido. Não, o Niko definitivamente não faz o seu tipo criatura. E, não vamos esquecer que ele é seu amigo. Seu melhor amigo. Talvez o único amigo, de verdade, que você já teve em toda a sua vida.” Félix falava consigo mesmo enquanto esperava pelo retorno do movimento dos veículos a sua frente.
A música agora era outra, a voz intensa e profunda da cantora, trouxe novamente a memória do loiro de cabelos cacheados, que angustiado lhe olhava nos olhos enquanto discorria sobre a família que perdera e o quanto aquele sonho lhe era importante.
“De verdade.”
O Carneirinho é um homem pra casar, ter alguém que irá criar com ele seus dois filhos e formar a família que ele tanto sonha. Ele não é como o Anjinho, e não é só pelo tanquinho. O Niko era doce, honesto, sincero e quando Félix pensava nele, ele sentia uma vontade de abraça-lo, ouvir sua risada gostosa e sincera. O Carneirinho o fazia sentir vontade de sentar ao seu lado e conversar por horas, porque o Niko tinha bondade pura, simples e transparente. “Você Felix, vai estragar isso, essa amizade? É isso criatura que você quer?” Novamente os pensamentos extrapolaram sua mente ressoando alto em seu carro silencioso.
O som da sirene da ambulância trouxe-lhe a memória de outra sirene, em outra rua, anos atrás. E a sombra densa de seus pecados pesaram-lhe na alma. Ele havia prometido contar ao Niko o que acontecera, o que fizera sua Mami Poderosa pô-lo para fora de casa. “Se é que o Niko irá ainda querer continuar ser seu amigo depois que souber toda a história.” Félix suspirou angustiado, engatou a marcha e voltou a junto com o transito que agora se desenrolava novamente.
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Acho que o sentimento do Niko já estava claro a essa altura do campeonato, mas quanta dificuldade entender o que o Félix estava sentindo.