Uma Chamada de Socorro escrita por InoriSama


Capítulo 8
Capítulo 7 - O Arcanjo Caído


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! Tadaimaa!

Gente, sério, eu não tenho nada a declarar em minha defesa... Apenas quero pedir perdão por ter demorado tanto, mesmo...

Eu estou muito feliz com esse capítulo e muito feliz por postá-lo. A história vai seguir um novo rumo daqui pra frente, vocês vão perceber isso.

Pra quem tava perguntando e pedindo pelo Neji terreno, tá aí kk Mas do próximo capítulo em diante ele será um personagem central da história... Vai aparecer bastante rs

É NejiTen que vocês querem? Então toma! Hahahaha

Boa leitura, amores!



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Osaka, 22 de junho de 2015.

 

Mente agitada, corpo trêmulo e coração descompassado. Lesto. Minhas mãos escorregavam no volante, e as olheiras das noites mal dormidas denunciavam meu estado frenético. Recebi uma multa dez dias depois por conta da velocidade descomunal com que costurava o pequeno bairro. Descontava no pedal direito todo o nervosismo que ter a vida de Choji em minhas mãos provocava. Eu era o último “recurso” para salvar a vida dele.

“- Estou te mostrando isso para que você tente impedir que o pior aconteça.”

Não era apenas meu mero fracasso que estava em jogo, e a voz de Neji em minha cabeça martelava a responsabilidade e a severidade daquele momento.

— Aqui, vire a próxima esquerda e já pode estacionar. – Naruto estava no passageiro, me instruindo quanto ao caminho da escola de Choji. Sua presença era o que me inspirava um pouco de lucidez e tranquilidade, em uma ocasião desesperadora como aquela. Ele não usava cinto de segurança e era mal acomodado no estofado escuro, uma vez que se tratava de um anjo végeto e alto. Mas, a propósito, qual o anjo que precisaria usar cinto de segurança?

  Segui o que Naruto havia dito e virei a chave da ignição. O som das várias vozes infantis no pátio podiam ser facilmente escutadas da rua, e eu suspirei pesadamente conhecendo que, infelizmente, nenhuma daquelas era a do Choji. O relógio dourado em meu pulso indicava que logo o intervalo chegaria ao fim. Era pouco mais que nove e meia da manhã.

Apesar do fato de que o céu estava enfeitado com a luz quente do sol, receava que, para os Akimichi e eu, o dia acabasse nublado.

— Fique calma, Tenten. Sei que dará tudo certo. – O anjo me olhou e sorriu amigavelmente. Lembro-me da ternura de seu toque quando, carinhosamente, pegou em uma das minhas mãos. – Você vai conseguir.

Encurvei levemente as linhas de meus lábios em um sorriso fraco, e encarei os cabelos soltos e desgrenhados no espelho retrovisor. Ainda que a tensão estivesse ali, presente em cada gota de suor em minha espinha, eu me senti confiante com Naruto. Senti que deveras conseguiria mudar o término trágico que me havia sido revelado naquela madrugada. Senti que eu, de alguma forma, era capaz.

Saímos do carro com certa pressa e nos dirigimos de imediato à secretaria silenciosa do colégio. Eu apertei a campainha impaciente e logo uma mulher de meia idade apareceu.

— Bom dia! Pois não? – falou cortês.

— Bom dia, eu sou prima do aluno Akimichi Choji e preciso vê-lo urgentemente. – meu comportamento alvoroçado e a voz acelerada torceram automaticamente o cenho enrugado da mulher. Ela me fitou com estranheza e arrumou a armação dos óculos de grau.

— Bom, eu sinto muito. Não permitimos que pessoas não autorizadas previamente pelos responsáveis dos alunos os vejam ou falem com eles. É uma política de segurança, sabe? Um protocolo da escola.

Olhei para Naruto com a boca entreaberta, me ofendendo mentalmente por não ter pensado em como eu entraria na escola. Todos os colégios daqui funcionam assim, o que é prudente e inteligente. Encarei o relógio novamente e aí sim me vi sem saída. Logo acabaria o intervalo e aquilo aconteceria. Eu precisava entrar logo, não importava como.

— Eu não acredito que a tia Fujiko se esqueceu de avisar que eu viria! – virei-me para a mulher com a mesma expressão espantada que dirigi a Naruto. – Poxa, eu vim de tão longe só para ver ele... E pensar que daqui a pouco vou embora... Eu não poderia ver meu primo rapidinho?

Ela pareceu acreditar logo depois de me lançar um olhar suspeito.

— Olha, você pode entrar e se sentar aqui – apontou para um pequeno sofá no corredor claro, enquanto abria as grades azuladas que nos separavam. – Me diga seu nome que eu vou ligar para a senhora Akimichi e já eu volto com uma resposta. Sinto muito, mas é uma burocracia que eu preciso seguir.

— Tudo bem, eu sei como vocês são cuidadosos. Isso é importante. Meu nome é Tenten. – ainda em pé, a vi se afastar um tanto pelo largo corredor quando me ocorreu uma ideia. Chamei-a com indiscrição, pois não me importava com mais nada além de Choji. – Ei, onde é o banheiro? – gritei.

A mulher olhou para um relógio de pulso e me fez um sinal para que esperasse. Ela entrou na secretaria novamente, e quando o alarde ressoante preencheu o ar de toda a edificação não esperei que a mesma voltasse. Minhas pernas não esperaram.

Eu corri perdida pelos corredores até que, aos poucos, eles foram se enchendo de adolescentes sorridentes e falantes. Os olhares inquisitivos seguiam cada movimento meu, provavelmente cochichando entre si quem seria a mulher desgovernada que disparava pelo pátio.

Naruto guiava-me para uma direção única, certeira: o galpão de limpeza. Eu precisava chegar a tempo, pois não me perdoaria por mais alguém que morresse por negligência minha. Eu bem sabia que podia ter feito algo por Inari, por Akira, e até hoje ainda não me perdoei completamente por isso. Céus, era tudo novo, tudo diferente! Eu não sabia como lidar com estes eventos... Ainda não sei.

As vozes foram ficando distantes ao passo que o som de Choji socando a porta se fez notório. Ele se amaldiçoava e a imagem do que acontecia dentro daquele pequeno cômodo passou como um lampejo em minha memória. Inerte e a poucos centímetros da porta, encarei o medo que aquele odor maligno e impregnante me causava.

— Vamos, Tenten. É a hora. – Naruto apoiou uma de suas mãos em meu ombro esquerdo, retirando-me de meus devaneios. Sua feição severa me despertou por completo e pude sentir a confiança que ele emanava se sobrepujar àquele temor.

Era a hora.

Assenti firme, crente de que realmente tudo daria certo. Eu estava disposta a qualquer coisa para que tudo acabasse bem. Qualquer coisa.

Deitei a palma de minhas mãos na porta, segurando o choro na garganta por ouvir o soluçar do menino através do limiar. Nunca havia visto alguma reação de Choji sequer parecida com aquela. Como doía... Choji sofria tanto, e eu sabia. Mesmo assim, surpreendi-me com sua imensa tristeza.

— Ei... Choji... Abra a porta... – sussurrei, anelando que ele me desse ouvidos. Algo caiu no chão e o silêncio se instaurou. Eu sabia que Choji estava me ouvindo, mas desejava não precisar arrombar a porta, pois não queria invadí-lo. A intenção era que ele abrisse a porta. Que ele me liberasse a passagem. Figurativa e literalmente. – É a Tenten... Vamos Choji, abra a porta...

— T-Tenten-san... – balbuciou.

Alguns segundos se passaram e logo o trinco da porta foi aberto ao passo que a luz do sol invadia o cômodo mal iluminado, revelando a face rechonchuda do menino surpreendido.

Não contive a humana e sensível Tenten, que se inquietava dentro de mim, quando saltei em seu pescoço, puxando-o para um contato mais tenro, quente. Suspirei aliviada por ele ter me escutado, mas logo percebi o cheiro pútrido bem ali. No dorso de Choji.

— Graças aos céus... – segurei-o pelos ombros, lhe encarando carinhosamente. Não sabia bem o que fazer naquele momento, por incrível que pareça, mas de uma coisa eu tinha certeza: não queria ser a “psicóloga” de Choji. Não. Ele precisava de uma amiga.

— T-Tenten-san, o que você está fazendo aqui? – questionou educado. Seu olhar espantado era acompanhado pelos lábios semiabertos. O rosto molhado pelas lágrimas e o suor nas têmporas não passaram despercebidos por mim.

 De relance, vi Naruto se encaminhar para dentro do galpão, mas não me importei com mais nada no momento. Choji era tudo o que eu conseguia ver. Focar.

— Eu... Eu vim como um projeto da escola... Você sabe que eu sou especializada em lidar com o comportamento de jovens e adolescentes... – gesticulei com as mãos, torcendo para parecer-lhe convincente – Mas isso não importa. Choji, quero que me diga o que está acontecendo.

Ajoelhei-me à sua frente e senti seu tronco tremer em minhas mãos, porém, eu não iria mais deixar o assunto passar. Eu não estava disposta a deixar arestas para tornar a possibilidade de algo acontecer futuramente ser mais provável.

A boca do Akimichi abriu e fechou algumas vezes, enquanto seus orbes perdidos buscavam respostas no céu azul sobre nós. Ele mentiria, e tive a certeza disso quando suas mãos subiram ao rosto molhado para enxugá-lo. Sim, ele negaria descaradamente, e a forma como se manipulava apenas evidenciava isto.

— N-não entendi a pergunta, Tenten-san... – forçou o sorriso. Era perceptível o empenho que investia naquele simples ato de encurvar o canto dos lábios. – N-não está acontec...

— Pare, Choji. Pare. – Meu tom de voz repreensivo deixou-o envergonhado. Ele não tem um coração mal, em sentindo algum; embora mentir já tivesse se tornado um hobbie. Mas no fundo, sei que ele sempre soube que eu fingia crer em suas inverdades. – Eu vi você saindo correndo do banheiro. Eu vi você chorando, então chega de mentiras.

As mãos caíram ao lado do corpo e seu queixo encostou-se ao peito quando o olhar marejado foi ao chão. Vi Choji se render, sentindo seu corpo balançar com o ar rápido que corria por suas narinas em um choro abafado.

— Eu só... Eu não aguento mais isso! Não aguento mais, Tenten-san!

— Choji, você não tem que aguentar NADA disso. - O menino engoliu as lágrimas e me encarou curioso, transparecendo no cenho franzido que não havia entendido nada do que eu disse. – É isso mesmo que eu falei. Você não tem que aguentar estas coisas, Choji. Não tem que aceitar passar por isso, não tem que andar com esses tipos de pessoas, não tem que rir destas situações e menos ainda enfrentar tudo sozinho. Você merece mais! 

— Você não entende... Todos me odeiam e...

— Mentira de novo! – o interrompi. Eu tinha pressa, urgência em fazê-lo entender a verdade de que não era odiado por sua própria culpa, de que não era um erro. Estava afobada como se fosse ter minha voz arrancada antes de cumprir com a missão que me fora confiada, não por capricho, mas por amor. Amor à vida. Amor ao Choji. – Você não é um erro, querido. Eles são maus não apenas com você, mas com todos que são diferentes deles, o que não é ruim. Ainda bem que você não é como eles, certo? – sorri-lhe doce. – Você apenas faz as amizades erradas, Choji.

Pouco a pouco, ele parecia reconsiderar, também tentando, em parte, fugir do assunto impedindo que eu me alongasse. O menear de sua cabeça o denunciou mais uma vez.

Antes que me contestasse ou desviasse do assunto, abracei-o apertado. Dessa vez, completamente fraternal, pois tive a compreensão de que tudo o que Choji precisava era desabafar ou desabar; ambos trariam alívio ao seu coração naquele momento, e era o que ele necessitava; e quando, inesperadamente, senti a pressão de seus braços robustos ao meu entorno em resposta ao meu gesto intenso, tive a convicção de que os sermões deveriam ficar para outra hora.

 O garoto soluçava, tremia e arfava, o que me trouxe um sorriso aos lábios. Entenda, aquele momento era completamente singular para ele. O fato de finalmente confiar a mim o choro há muito engolido, entalado, punha junto ao pó a muralha que Choji erguia para sua própria ilusão do que significava ser forte. Ele estava se apoiando em mim.

Eu valorizei aquele momento e o prolonguei por vários minutos, até que o Akimichi se acalmasse. O menino se afastou, secando as lágrimas, mas sustentei seu rosto em minhas mãos. Olho no olho.

— Agora sim eu vejo um menino forte. – sussurrei orgulhosa. A voz falha já denunciava sinais fortes de emoção, porém contive o embargo na garganta. – Sincero e maduro. Inteligente o suficiente para entender que ninguém é autossuficiente quase que em sentido nenhum. Estou orgulhosa de você, meu amigo!

Choji sorriu e fez menção de chorar outra vez, mas a voz feminina altiva e descontrolada rompeu com a aura emotiva que inalávamos. A senhora da secretaria não estava sozinha: havia trazido dois seguranças de chaveiro.

— É ela! Peguem essa mulher e a levem daqui! – exclamou apontando-me os dedos ossudos.

Choji me encarou assustado enquanto eu me punha em pé, pensando em qualquer desculpa eloquente para não ser expulsa a pontapés da conceituada escola.

— Um momento! Eu estava procurando o banheiro e...

— E viu o Choji chorando depois que os garotos do nono ano pegaram no pé dele e resolveu ajudar.

A voz imponente e infantil guiou nossos olhares a um menino de cabelos negros e espetados em um rabo de cavalo que se aproximava a passos arrastados. As mãos no bolso deixava sua postura desleixada, levemente corcunda. Com alguns minutos de conversa poderia atestar que se tratava de um garoto preguiçoso e brilhante, levando em consideração a liderança no modo como argumentara; porém, ficou apenas em meu julgamento interno. Eu agradecia-o mentalmente.

— Nara Shikamaru, o que faz fora da sala à esta hora?! – repreendeu a mais velha.

— Vim delatar os garotos do nono ano que tem perturbado os alunos do sexto, já que os inspetores não vêm isso.

Logo recordei-me da figura que Choji já havia comentado, e ao fitar o Akimichi, percebia a gratidão em seus olhos. Ao contrário do que me soara na primeira vez que ouvi seu nome, Shikamaru parecia um bom garoto. Enfim, Choji teria um verdadeiro amigo.

— Shikamaru... – ciciou emocionado.

Não tive problemas por minha fuga pela escola, mas os garotos do nono ano tiveram. Eu não me permiti ir embora sem ter a certeza de que seriam punidos e que seus pais tomassem conhecimento dos atos de covardia que investiam contra Choji e outras crianças. Os Akimichi também foram chamados, embora Choji houvesse sido resistente quanto à isso.

Pode até ser que, de alguma forma, eu salvei a vida dele naquela manhã; mas ver ele e o Nara conversando empolgadamente na volta para a sala salvou o meu dia.

 

Osaka, 21 de julho de 2015.

 

Danzou convidou-me para uma reunião amistosa no final da tarde. Encerramos a clínica mais cedo e fomos até uma boa cafeteria conversar. Embora o teor dos assuntos fossem estritamente profissionais – pois assim era o Shimura, reservado ao extremo – foi possível haver uma descontração calorosa o suficiente entre nós. A sociedade tem sido vantajosa para ambos, e os que mais estavam se favorecendo disso eram os pacientes.

Nós falávamos sobre os pacientes, dentro do que se é ético comentar, e ríamos – respeitosamente, diga-se de passagem – dos pacientes “carentes” de Danzou, os quais começaram a passar comigo também. Em sua maioria, senhores e senhoras de idade já avançada. Chamamos assim os pacientes que cismam estar doentes e exigem que lhes sejam receitados medicamentos; geralmente, isso se deve a uma carência emocional em relação à família ou cônjuge.

Não podendo contender muito, Danzou receita seus melhores fármacos para estes casos: guloseimas disfarçadas de remédios dos quais ele mesmo fornece. Isso é genial, e os pacientes que se encaixam neste grupo de “carência” alegam melhorar com o suposto “medicamento”. Vamos, é no mínimo criativo, não?

Lembro-me que, assim que terminou seu café puro, o Shimura ajeitou o blazer e, logo em seguida mexeu na armação dos óculos. Certamente demonstrando um dado desconforto em relação ao assunto seguinte; hoje, eu entendo o porquê.

— Sei que a nossa conversa tem sido bem agradável, senhorita Tenten, mas a convidei para esta reunião por uma razão específica. Não gostaria de tomar mais do seu tempo.

— Imagine, tem realmente sido um momento bom. – descansei minha xícara de cappuccino na mesa e acertei a postura. O assunto parecia delicado. – Sei que é um assunto importante, então não estou apegada ao tempo.

Danzou sorriu cordialmente e prosseguiu. Hora encarava a movimentação externa pelo vidro do estabelecimento, hora olhava para mim. Quando eu tinha sua visão, era incisivo. Ele queria se assegurar de que eu daria a relevância que o assunto exigia.

— Fico feliz ao perceber o bom trabalho que tem feito com os pacientes que te encaminhei, principalmente por se tratar de uma moça tão jovem. Realmente, é notória a sua competência, senhorita Tenten.

Não adiantava quantas vezes eu pedisse; Danzou continuava usando os pronomes de tratamento para certificar-se de que não viríamos a ter uma relação mais cortês do que o necessário. Faz parte dele.

— Por isso, sei que será igualmente competente com certo paciente que tem feito terapia já há alguns anos comigo. – o Shimura deixou os ombros caírem com exasperação e retirou os óculos para, logo em seguida, limpar as lentes com um lenço de bolso. – Embora seja complexo tentar mostrar à ele que há um valor inestimável na vida. Principalmente a dele mesmo.

Eu não estava sabendo exatamente como lidar com o comportamento incomum e repentino de Danzou somado ao assunto do paciente enigmático. Era esquisito ver uma pessoa que sempre mantinha uma compostura firme e definida titubear sutilmente ao falar de um assunto do qual deveria estar familiarizado. Para qualquer leigo Shimura era o mesmo, mas para alguém com um pouco mais de profundidade em programação neurolinguística, seu proceder era inusitado.

Engoli em seco, e tentei entender por que estava tão ansiosa. Ou melhor, receosa.

        - Eu entendo essa problemática. É, infelizmente, muito popular com pessoas que sofrem crises existenciais constantes e...

      - Desculpe interrompê-la, mas não creio que já tenha trabalhado com qualquer outra pessoa que fosse como este paciente. Embora eu não duvide da sua experiência. – Danzou colocou os óculos novamente e, dessa vez, eu tinha sua total atenção. – E é justamente por reconhecer seu trabalho que te recomendei a ele. – Sua fala, ao mesmo tempo em que soava desafiadora, parecia também pedir sinceramente que eu fizesse algo a respeito deste paciente. Isto, vindo de quem vinha, um profissional renomado em seu ramo, me aturdia ainda mais.

       Engoli em seco.

       - Agradeço sinceramente, senhor Shimura. – disse curvando minha fronte. - Me comprometo em dar o melhor de mim, como já tenho feito com os outros pacientes do senhor. Qual é o diagnóstico dele?

      Danzou sorriu de canto, mas não consegui desvendar o que era. De qualquer forma, havia soado uma pequena provocação à mim.

      Dessa vez, seu olhar se dirigiu a paisagem nublada que a janela ao lado exibia. Ele estava novamente em seu normal. Insípido.

     - Ainda que, no fundo, eu acredite se tratar de um homem saudável, sei que há fatores críticos e relevantes que o moldaram, levando sua mente a ser como é. –- Danzou se recostou no estofado da poltrona, jogando os ombros para trás. Outra vez, o porte de superioridade tão intrínseco de seu caráter se fez presente. – Mas quero deixá-la livre de influências minhas dessa vez. Será melhor que você o receba com a mente como uma folha em branco e descubra sobre ele a partir do que ele mesmo te confiar. Também, mesmo que eu quisesse, não conseguiria dar uma definição específica do quadro dele. É realmente complexo. – deu de ombros. – Apenas posso dizer que ele toma antidepressivos fortes, mas não parecem surtir muito efeito... Bem, pelo menos eu receito os medicamentos; se ele segue a receita, é uma outra história.

    O homem deu de ombros e colocou-se em pé, fazendo menção de deixar a cafeteria. Eu repeti seu gesto com minha mente ainda processando as informações que Danzou me dissera. Era uma mistura completamente desordenada feita das palavras do psiquiatra e das sensações estranhas que obtive por sua conduta atípica. Não me sentia inflamada por suas palavras, como se de alguma forma elas fossem me impelir com maior ânimo e expectativa ao novo caso. Havia realmente algo que me dava insegurança diante deste suposto “novo desafio”.

    - Eu preciso ir agora, mas conto com seu excelente trabalho no auxílio a outro paciente meu. Sei que dará o seu melhor. – ele se curvou respeitosamente e eu fiz o mesmo.

   - Agradeço outra vez, senhor Shimura. Darei o meu melhor, mas, antes que eu me esqueça... – Danzou me olhou nos olhos observando com estranheza minha hesitação. Em teoria, não se fazia necessário saber o nome do paciente naquele momento, pois, em outro ocasião, eu não me recordaria mais tarde; são tantos pacientes, tantos casos... Mas aquele não. Certamente eu não esqueceria. Eu sentia isso. – Quem é o paciente?

   Percebi o homem inclinar levemente a cabeça, porém, logo em seguida, voltou-se ao relógio de pulso.

  - Deixarei as informações com Sakura amanhã, então vai poder ter uma noção melhor do perfil dele. Mesmo assim, acredito ser válido saber que seu nome é Hyuuga Neji.

     Naquele mesmo momento, minha mente trouxe a imagem do arcanjo Neji, como se talvez fosse haver alguma ligação entre ambos; Não sei exatamente por que tal ideia me ocorreu, já que se tratava de uma situação totalmente sem relação ou lógica.

      Lógica... Eu já havia tornado esta palavra totalmente vazia e volúvel, depois de tantos acontecimentos anormais. Mesmo assim, completavam-se algumas semanas que não ia ao Éden, tampouco vi Naruto após sair da escola do Choji no outro dia. Eu sentia saudade do contato com Neji.

     Inconscientemente, todo o sentimento afável e até mesmo romântico que nutria por Neji, se replicou naquele exato instante pelo estranho que Danzou havia comentado. Meu subconsciente esperava no Hyuuga o mesmo caráter simpático e amável de Neji, e eu apenas fui me dar conta de meu equívoco três semanas mais tarde: o dia em que a réplica da criatura mais maravilhosa que já conheci adentrou minha sala a passos firmes e perdidos, segurando na mão direita uma bengala para cegos. Neji havia caído do céu.


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Notas finais do capítulo

Ungry fellings only! Por alguma razão desconhecida, sempre que copio o capítulo aqui no Nyah, ele desconfigura todo o layout do texto. Eu tentei arrumar gente, mas me perdoem por isso.

Espero que tenham gostado! Logo mais, tô de volta ^u^



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