Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 19
O Ministério caiu. Eles estão vindo


Notas iniciais do capítulo

Olá



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Eu já estava me arrumando pra dormir quando Monstro veio e me arrastou até a porta da cozinha, fazendo sinal de silêncio. Estava começando a achar que o elfo tinha pirado, quando a voz de Lupin veio até mim.

—... Não consigo entender. Suas brincadeiras de mau gosto na escola? Entendo. Quase mandar Snape pra morte ao contar sobre a passagem do Salgueiro Lutador? Entendo. Magoar Meredith ao usá-la? Isso eu nunca vou entender. Você é meu amigo, mas eu nunca estive tão perto de socar o seu rosto.

—Pode falar mais baixo antes que você acorde Meredith? E antes que tente me bater... Eu preciso falar a verdade.

—Que você perdeu o juízo e machucou a garota que te ama? Eu percebi.

—Eu menti!-Franzi a testa.

—O que?

—Eu disse a ela que estava a usando, mas não é verdade. -Arregalei os olhos. -Achei... Que isso a magoaria, mas que seria melhor do que continuar uma história errada. Meu Deus, Remo, ela tem dezessete anos!

—Você sabe que na situação atual, isso não significa nada. Sabe que é um caso totalmente diferente.

—Não deixa de ser errado.

—Você apoia Tonks e eu!

—Tonks não tem idade pra ser sua filha!-Me encolhi. Não tinha certeza se queria continuar ouvindo, mas Monstro estava segurando meu pulso com força. -E é tarde demais pra fazer alguma coisa. Meredith está com raiva. Sequer vem comer enquanto estou por perto.

—Se você contasse a verdade...

—Isso não vai acontecer.

Recuei, me soltando de Monstro.

Sirius tinha mentido. Ele não tinha me usado. Queria me afastar... Tinha partido meu coração só pra me manter longe. “Melhor do que continuar uma história errada”.

Remo foi embora, Monstro sumiu. Eu ia voltar para o quarto quando Sirius saiu da cozinha e me viu ali.

—Estava ouvindo atrás da porta?-Perguntou.

—Você mentiu pra mim. Podia ter contado a verdade.

—Você não ia entender.

—Não ia? Diabos que eu não ia! O que eu não entendo é por que mentiu! Eu não sou uma criança! Se acha que o que eu sinto é errado, se não gosta de mim, podia ter dito. Eu ia entender, não ia insistir.

—Esse é o problema, Meredith. Eu gosto de você.

—E mesmo assim... Achou melhor partir meu coração.

—Sinto muito. -Suspirei.

—Preciso ficar sozinha. -Comecei a me afastar.

—Meredith...

—Não insista.

***

Monstro arrumou a mesa rapidamente quando me viu chegando. Dessa vez havia bastante comida, como se a Ordem da Fênix inteira estivesse vindo pra tomar café.

—Vamos ter visitas?-Perguntei, me sentando.

—Não. Monstro preparou isso pra senhorita. -Sorri.

—Obrigada. E obrigada por ontem, também.

—Monstro só queria ajudar.

Sirius entrou na cozinha. O elfo doméstico saiu, encarando o mestre até perdê-lo de vista. Tive que me segurar pra não rir.

—Sabia que ele ficou chateado quando você fugiu?-Sirius perguntou, sentando à cabeceira da mesa. -E ficou me tratando mal. Mais do que o normal, na verdade.

—Bem feito. Monstro gosta de mim. -Coloquei café numa xícara.

 

—Agora está vingativa?-Sorri.

—Lembra quando éramos... Quando você era... Quando estávamos em Hogwarts?

Era difícil saber como falar daquele tempo. “Quando éramos adolescentes” não funcionava, por que eu ainda era uma adolescente. “Quando éramos namorados” parecia muita pressão.

—Lembro. -Sirius respondeu, enchendo o prato.

—Lembra que eu nunca conseguia ficar brava com você por muito tempo e vice versa?-Sorriu. -Se não fazíamos as pazes por conta própria, Lílian, Tiago e Remo praticamente nos obrigavam. -Dei um gole no café. -Acontece, Sirius Black, que eu ainda não consigo ficar brava com você por muito tempo. Tentou me afastar, com uma mentira, por achar que era o certo. Como posso te odiar por tentar ser correto?

—Meredith, nós fazemos parte de uma sociedade em que ninguém entenderia um homem com a minha idade se relacionando com uma garota da sua idade.

—Sirius, essa não é uma situação comum! Você é um fugitivo, um excluído, e eu voltei dos mortos vinte anos depois da minha morte como se só tivesse ido dormir! E eu sei que Lílian me repreenderia pela língua, mas... A sociedade que se fo...

—Não continue!-A Sra. Weasley disse, saindo da lareira. Sirius e eu caímos na risada, como nos velhos tempos. -Meredith, isso são modos? Não quero ouvi-la falando desse jeito se novo, mocinha.

—Pode deixar. -Abaixei o tom de voz. -Vou ser mais cuidadosa na próxima vez. -Sirius segurou o riso.

—Disse alguma coisa?

—Não, senhora.

***

—Não entendo como Lílian e Tiago acabaram casando. -Comentei, deitada em um dos sofás. -Como é que isso aconteceu?

—Tiago pediu a ruiva em casamento e ela aceitou. -Sirius disse. -Simples assim.

—Aqueles dois se odiavam. Sinceramente, eu não achava que eles iam tão longe. Se me dissessem que eles iam se casar e ter um filho, jamais acreditaria.

—Eles estavam tão animados quando contaram que iam ter um bebê. Lílian disse que se fosse menina, ia se chamar Meredith Lílian Potter.

—Verdade?-Assentiu. -Eu só queria dar um abraço nela. Lílian faz falta. E Tiago também, é claro. Nossos duelos eram divertidos. -Rimos.

De repente, Remo entrou na sala rapidamente, pálido e preocupado. Me sentei, alcançando a varinha. Sirius já estava de pé.

—O que aconteceu? Aconteceu alguma com Harry?

—Comensais entraram em Hogwarts. Dumbledore está morto. Harry estava lá e viu tudo... Severo matou Dumbledore.

—O que?-Essa fui eu. -Não... Impossível... Snape não...

—Sinto muito, Meri.

Isso não significava só a perda de Alvo Dumbledore. Significava a perda de Severo. Se eu esperava me aproximar dele de novo, esse era o sinal de que não ia acontecer. Ele tinha ido definitivamente para as trevas.

—Não é seguro ficar aqui. -Remo disse. -Precisam partir. Vão para a Toca.

—Mas e Bicuço e Monstro?-Sirius perguntou.

—Vão para Hogwarts. Hagrid pode cuidar do Hipogrifo e Monstro pode trabalhar na escola até sabermos o que fazer.

—Certo. Meri, vá arrumar suas coisas. -Permaneci onde estava. -Eu sei, tudo está acontecendo muito rápido, mas Remo está certo, aqui não é seguro. Não quando Snape sabe que estamos aqui.

—Tudo bem. -Murmurei, ficando de pé. -Estou indo.

Por um momento, agradeci por não ter muita coisa. Fiz as malas em pouco tempo e fiquei andando em volta do quarto, vendo se não tinha esquecido nada e me despedindo. Talvez isso fosse definitivo. Talvez algo acontecesse em breve.
Sirius estava levando pouca coisa. De início, ele passaria mais tempo em forma de cão do que em sua forma humana. Seria mais seguro assim.

Me despedi de Monstro antes de ir pela lareira. Eu não sabia se o veria de novo.

***

POUCO TEMPO DEPOIS...

—Não sabemos quanto tempo vai levar...É melhor nos prepararmos... -Hermione dizia, quando entrei na cozinha.

—Ei, quando foi que vocês chegaram?

—Meri! Chegamos à noite. Ficamos com pena de te acordar.

—Do que estavam falando?

—Sobre o casamento. A senhora Weasley quer a nossa ajuda. -Decidi fingir acreditar na mentira.

—Ah, o casamento de Gui e Fleur. Temos muito trabalho mesmo. Vocês viram Sirius?

—No quintal. -Harry respondeu, apontando pela janela. O Animago estava correndo e pulando atrás de um pássaro. -Ninguém pode dizer que Sirius não parece um cachorro de verdade.

—Você não sabe o que ele fez no tapete da entrada ontem. -Segurei o riso. -A senhora Weasley quase teve um ataque.

Falando na mulher, ela apareceu logo em seguida e nos colocou para trabalhar. “O casamento não vai se organizar sozinho”, afirmou.

—Então vocês estão namorando agora?-Hermione perguntou.

—Não. Pelo menos... Não falamos nada sobre isso. A gente se acertou e depois já viemos pra cá. Além disso, Sirius quase nunca volta a forma humana.

—Mas antes vocês dois...?-Essa foi Gina. Como não respondi, ela insistiu. -Não aconteceu nada?

—Não. Fizemos as pazes e no dia seguinte... Estávamos vindo pra cá. -Olhei pela janela, Sirius estava “ajudando” os garotos no jardim, correndo atrás de uns gnomos. Pelo menos ele estava se divertindo.

Os dias passaram depressa, e eu descobri que fazer um casamento era extremamente trabalhoso.

Finalmente, depois de semanas cansativas, o dia do casamento chegou.

Fui uma das primeiras a ficar pronta e fui para o jardim, ver como as coisas estavam. Tudo parecia em ordem, mas a senhora Weasley não seria ela mesma se não estivesse preocupada até demais.

—Será que não estamos esquecendo nada? Mandamos todos os convites? Meredith, você contou os lugares?-Assenti rapidamente. A mulher continuou tagarelando consigo mesma, procurando por possíveis defeitos na preparação.

O resto do grupo saiu da casa: os gêmeos, Harry, Rony, Hermione, Gina e Sirius... Espera... Sirius?

—O que... -Apontei pra ele. -Eu acho que alguém lançou um Confundus em mim. -Os outros riram. -O que está acontecendo afinal?

Sirius sorriu. Eu não podia estar mais espantada. Nos últimos dias ele havia demonstrado mau humor por não ser convidado para o casamento, mas lá estava ele... Exatamente como se parecia aos dezesseis anos.

—Hermione fez uma poção de rejuvenescimento. -Contou, se aproximando e colocando as mãos nos bolsos.

—Nada contra sua aparência de quase quarentão, mas você está lindo. -Riu.

A cerimônia foi mais rápida do que pensei e logo a festa estava acontecendo. Sirius e eu ficamos num canto, apenas observando. Luna apareceu e sentou ao meu lado.

—É bom ver você de novo, Meredith! Ah, oi, Sirius.

—Como você sabe...?-Comecei.

—O Pasquim publicou sobre ele uma vez. Você prefere ser chamado de Sirius ou Toquinho Boardman?

—Toquinho o que?-Sirius apenas riu. -Luna, você sabe que não pode sair dizendo que Sirius Black está aqui.

—Claro que sei. Não queremos que ele seja preso, ou que hordas de fãs cerquem a casa.

—Fãs? Eu perdi alguma coisa?

—Vou procurar alguma coisa pra comer. Será que tem pudim?-E saiu saltitante.

—Quanto mais eu convivo com ela, mais tenho certeza de que deviam interná-la no St. Mungus.

—Sendo filha de Xenofílio Lovegood, Luna não poderia ser diferente. -Sirius comentou.

—Okay, até agora está tudo bem. Só Luna te reconheceu, mas não devemos nos preocupar com ela.

—Rony, eu já disse que não vou mandar Vítor embora!-Hermione exclamou, passando pela nossa mesa, seguida pelo garoto. -Pare de insistir.

—Não entendo esses dois. Eles não deviam assumir que se gostam?

—É algum tipo de indireta?-Sirius perguntou.

—Acha que indiretas são necessárias? Ei, olha quem apareceu. -Tonks e Remo sentaram do outro lado da mesa. -Ainda não superei o fato de não ter sido convidada para o casamento de vocês.

—Nós sabíamos que Sirius não resistiria e ia dar um jeito de ir, se colocando em risco. -Remo disse.

—É claro que ia!-Afirmou. -Nunca ia perder o casamento de um amigo. Eu te convidaria para o meu, independentemente da situação. -Ergui uma sobrancelha. -Não que eu esteja pensando em me casar.

—Ah, bom. -Murmurei. -Já achei que estava perdendo o juízo, Black.

—Nós realmente queríamos vocês lá. -Tonks disse. -Mas considerando o quão perigoso seria... Achamos que não era uma boa ideia.

—Eu entendo. E pode não parecer, mas Sirius entende também. Não é, Almofadinhas?-Acertei uma cotovelada nele, que assentiu.

—Agora, se nos dão licença... -Sirius começou, levantando. -Vou levar Meredith pra pisar no meu pé.

—Como é que é?

—Não se faça de difícil, Gruwell. -Estendeu a mão, a aceitei, ficando de pé.

—Você ainda não me viu sendo difícil, Black, acredite em mim.

Seguimos para um espaço livre e começamos a dançar. Eu não era uma excelente dançarina, mas sabia enrolar bem, principalmente em músicas lentas.

—Você olhou pra mim a cerimônia toda. -Sirius comentou. -Algum problema?

—Não, claro que não. Eu só... Estou começando a me acostumar com as coisas de agora, e te ver assim é um pouco estranho.

—Coisas estranhas já viraram rotina. -Nisso eu tinha que concordar. -Meri.

—Sim?

—Eu...

De repente, as coisas escureceram e um lince azul brilhante apareceu no meio da tenda. Sirius se afastou um pouco, mas continuou segurando minha mão.

—O que é aquilo?-Sussurrei.

—Um patrono.

—Mas...?

O lince abriu a boca e falou, me fazendo recuar. Não sabia que patronos falavam.

O Ministério caiu. O Ministro está morto. Eles estão vindo.

O clima de alegria e comemoração sumiu junto com o patrono. As pessoas começaram a se agitar, nervosas, e quando formas negras invadiram a tenda, a maioria começou a aparatar.

Sirius tentou chegar até Harry, mas o garoto sumiu com Hermione e Rony, então o homem parou e se virou pra mim.
—Não me solte!-Aí nós aparatamos.


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