Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 12
Irresponsável


Notas iniciais do capítulo

Olá :3



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—Recebi seu recado. -Comentei, sentando na cama de Harry. Era uma coisa muito familiar (eu vivia invadindo o dormitório dos garotos, encorajada por Sirius), mas no caso era muito mais inocente. -O que queria me mostrar?

—Isso. -Pegou um espelho de dentro do malão.

—Hum, certo. Estou com olheiras e meu cabelo está horrível.

—Não. Não é isso. Eu ganhei de Sirius. Posso me comunicar com ele, usando o espelho. -Olhou em volta, garantindo que estávamos sozinhos. -Hã... Sirius?-Nossa imagem foi substituída pelo rosto familiar de Black.

—É bom ver vocês. -Disse. -Me deixaram preocupado. Quando Remo me contou do ataque em Hogsmeade... Eu só conseguia pensar em vocês.

—Você não veio para cá, veio?-Perguntei. Sirius fechou a cara.

—Eu tentei.

—Sirius Black!

—Shh. -Harry fez, espiando a porta do quarto. -Meri.

—Desculpa. Mas você ouviu isso? Ele ia se arriscar.

—Por vocês dois. -Avisou. -Mas ambos estão bem, não estão?

—Sim. Não nos machucamos. E aí, como estão as coisas?

—Tediosas. Ninguém aparece aqui faz semanas. E agora Tonks e Olho-Tonto estão aí...

—Pelo menos você tem Bicuço.

—Não é como se ele falasse, Meredith. E Monstro tem me deixado maluco. Eu já teria me livrado dele se Hermione não fosse ficar magoada... Acham que ela acreditaria em morte natural?-Harry começou a rir, mas parou quando chutei a canela dele.

—Ela iria desconfiar. -O garoto disse. -Nós prometemos que vamos falar mais com você. -Eu praticamente podia ouvir o cérebro dele funcionando ao meu lado.- Tivemos um jogo na semana passada, contra a Sonserina. -Sirius se animou.

—Vocês ganharam?

—Com esse apanhador aqui?-Perguntei. -Lógico.

Harry comentou o jogo, narrando cada jogada e enchendo de detalhes. Achei boa a intenção dele, tentando incluir Sirius nos acontecimentos recentes e distrai-lo. Tiago teria feito a mesma coisa.

—Você joga como o seu pai. -Sirius disse, sorrindo como o garoto que era vinte anos atrás. -Tiago era um ótimo apanhador.

—Ele vivia roubando o pomo de ouro. -Comentei.

—Sim! E você o enfeitiçou uma vez, para que ele voasse em torno da cabeça de Tiago e o acertasse. -Ri.

—Foi muito divertido!-Olhei para Harry. -Ele achou que tinha sido Snape, mas aí me viu rolando de rir e desconfiou.

—O que ele fez?-Perguntou.

—Tentou me azarar, mas eu fui mais rápida. Como sempre. Eu geralmente vencia nossos duelos.

—Tem certeza de que ele não te deixava ganhar?

—Que? Tiago Potter, deixando alguém, principalmente uma garota, ganhar num duelo? Nunca.

—Ele não parecia muito cavalheiro.

—Seu pai mudou, Harry. -Sirius afirmou. -Ainda na adolescência ele e Meri se tornaram amigos. E depois... Ele se tornou um homem melhor. Ainda um pouco irresponsável, mas melhor. -Sorri. -Lílian não teria ficado com ele caso não tivesse acontecido.

—Verdade. -Concordei. -Tiago era um cabeça oca, mas eu tenho certeza que ele mudou. E quando ficamos amigos, ele não tentou mais me enfeitiçar pelas costas.

—Você ainda lembra disso?

—Pra mim, parece que foi ontem.

“-Desça ele daí agora mesmo, Tiago Potter!-Gritei, quase enfiando a varinha no rosto dele.

—Gruwell, por que é que você vive se metendo nisso? O ranhoso já não disse que não quer sua ajuda?

—Desce ele! Desce ele agora.

—Não preciso de você, Meredith!-Severo sibilou, pendurado de cabeça para baixo.

—Potter, desce ele daí.

—Vai passear, Gruwell. -Tiago mandou. Lancei uma azaração nele, que o fez cair, tonto. Severo foi libertado e também caiu, quase em cima de mim. Como eu não esperava um agradecimento, me virei para voltar ao Castelo.

—Covarde!-Severo gritou, girei, achando que era comigo, mas ele tinha Tiago na mira, que voou para trás. -Atacando pelas costas, não é, Potter?”

—Meu pai tentou te atacar pelas costas?-Harry perguntou, chocado. Agora, depois de tudo, eu achava um pouco de graça na situação.

—Eu teria o acertado antes, mas Severo fez isso por mim.

—Eu não teria deixado. -Sirius disse. -Eu teria impedido Tiago, mas sei que ele não ia pegar pesado.

—Ah, você teria interferido. Como não fez nas outras vezes?

—Não seja exigente. Eu interferi algumas vezes, quando Remo não estava por perto para ameaçar colocar vocês em detenção.

—Nós temos que ir. -Harry anunciou. -É hora do jantar.

—Ah, certo. -Sirius tentou disfarçar o desapontamento. -Foi ótimo falar com vocês. Espero vê-los em breve.

—Tchau. -Sirius sumiu do espelho, mostrando a imagem de Harry e eu. -Ele parecia animado.

—Você fez isso. -Disse, ficando de pé. -Ele gosta de você. -Guardou o espelho e se levantou. -É o que mantém vivo. Ou ele já teria sido pego ou teria feito uma besteira para se vingar de Pedro. Sirius está sendo prudente por sua causa.

—Ele também é cuidadoso por você. Vocês...

—Não temos mais nada. Acabou.

—Mesmo assim, ele também gosta de você, se importa com você.

—Não vamos falar de relacionamentos. Precisamos ir ou vamos nos atrasar.

Saímos do dormitório. Algumas meninas ficaram olhando e cochichando quando passamos.

—O que foi isso?-Harry perguntou, após passarmos pelo buraco do retrato.

—Dã, primeiro Rita Skeeter fala que somos namorados, depois eu fico indo ao dormitório dos meninos... O que acha as pessoas estão pensando?

—Ah. -Ficou vermelho.

—A Gina não fica incomodada, fica?

—Por que ela ficaria?

—Por que tem alguma coisa acontecendo entre vocês, talvez. -Sorri. -Quando é que você vai...

—Meredith. -Comecei a rir.

—Não acredito que você está tão vermelho!

—É estranho você falar disso assim... É como falar com uma adolescente e uma adulta ao mesmo tempo.

—Ainda tenho 16 anos, Harry. Me considere uma adolescente.

***

—A senhora queria me ver?-Perguntei, entrando na sala de McGonagall. Ela fez um gesto, me mandando sentar, obedeci.

—Gruwell, na última semana você tem se atrasado para todas as primeiras aulas. E alguns professores têm reclamado sobre a sua falta de atenção. O que está acontecendo?

—Eu... Não tenho conseguido dormir direito.

—São os pesadelos de novo?-Assenti. -Mas não é só isso, é?-Suspirei.

—Não, professora. O que aconteceu com meus pais tem me tirado o sono também... Desculpa, vou tentar melhorar nas aulas...

—Do jeito que está, eu duvido muito. Tem se alimentado direito? Eu não a vejo muito no Salão Principal. -Desviei o olhar. -Falta de sono, péssima alimentação... Gruwell, não pode continuar assim. -Uma batida na porta. -Pode entrar. Obrigada por vir. Trouxe o que pedi?

—Aqui está. -Ergui a cabeça. Era Snape. Deixou um frasco na mesa. -É uma poção para dormir. Não beba demais, ou haverá efeitos colaterais. A medida certa está na tampa.

—Obrigada. -Murmurei, pegando o frasco.

—Precisa de mais alguma coisa, Minerva?

—Sim, preciso conversar com você. -Respondeu. -Gruwell, está dispensada.

—Com licença. -Pedi, ficando de pé. -E obrigada, mais uma vez.

***

Com a poção, eu consegui voltar a dormir tranquilamente. Ainda tinha alguns pesadelos, mas não acordava gritando e correndo por aí. Também parei de me atrasar de manhã e acordava muito mais disposta.

—Ei, Meredith!-Me virei, Tonks se aproximou e sorriu. -Finalmente nos encontramos.

—Onde você estava?-Começamos a andar para fora do Castelo.

—Guardando um dos portões. Mas Dumbledore quer que a gente dê uma volta por aí, para ver se está tudo em ordem. Como você está?

—Bem melhor. E você?

—Bem. -Começou a brincar com a varinha.

—Tonks, lembra quando nos escoltou até King Cross?-Assentiu. -Você... Parecia muito familiarizada com... Sabe, gostar de um cara mais velho.

—E na verdade eu estou. E aí eu me vi em você.

—Você está apaixonada por...

—Remo. -Olhei pra ela, surpresa.

—Remo? Remo Lupin?

—Sim. Mas ele se acha velho demais pra mim. E tem o fato de ele ser um lobisomem. Já disse que não me importo, mas... Ele é um cabeça dura.

—Espero que dê tudo certo. Vocês tem mais chance do que Sirius e eu. -Paramos perto do lago.

—Eu acho que vocês podem dar certo.

—Não. Acho que o que ele sentia por mim acabou vinte anos atrás. E eu tenho a sensação de que ele se importa com essa diferença gritante de idade, sabe. E talvez ele esteja certo... Querendo ou não, eu não tenho a mesma idade que ele, mesmo que devesse.

—Bom, vamos ter que esperar. Ainda podemos nos surpreender. -Cruzei os braços.

—Tonks, você é uma Auror. Logicamente devia perseguir Sirius, assim como os outros. Então... Você acredita que ele é inocente?

—Acredito. Estou na Ordem da Fênix, então fiquei sabendo da culpa de Pettigrew. E pode ter algo envolvendo o fato de que Sirius é meu primo de segundo grau.

—Eu não sabia disso.

—Bem, bruxos que se importam com “sangue puro” acabam sempre sendo parentes. Bellatrix Lestrange é minha tia, assim como Narcisa Malfoy. Você as conhece, certo?

—Sim, estavam aqui quando vim para Hogwarts. Narcisa é...

—Mãe de Draco Malfoy, meu primo.

—Sem ofensas, mas você caiu numa péssima família. -Riu.

—Sim, infelizmente. Mas sabe, Meri, às vezes família não importa, como nesse caso. Eu não sou como eles. Eu sei que você perdeu seus pais, mas agora você tem uma nova família, não está sozinha. -Sorri.

—Obrigada, Tonks.

—Bem, eu preciso ir ou Olho-Tonto vai ficar me passando sermões o dia todo pelo atraso. Estou ficando em Hogsmeade, por ser perto da escola.

—Então eu te vejo lá no fim de semana...

—Ah... Acho que não. Os passeios a Hogsmeade estão suspensos por enquanto.

—Sério? A situação é tão grave?-Assentiu.

—A gente se vê por aí. -E se afastou, tropeçando algumas vezes em direção à um dos portões.

***

—Com quem vocês vão ao baile?-Perguntei, na hora do almoço. Hermione, ao meu lado, sorriu.

—Rony me convidou. -O ruivo, sentado na frente dela, assentiu, com a boca cheia demais para dizer algo.

—E você, Harry?

—Eu convidei a Gina. -Respondeu, um pouco envergonhado. Sorri, prestes a fazer uma provocação quando ele me chutou de leve por baixo da mesa e fez um gesto com a cabeça em direção a Rony ao lado dele. -E você, quantos garotos já te convidaram?

—Contando com hoje... -Fingi contar nos dedos. -Zero garotos.

—Como assim?-Hermione perguntou, espantada. -Por que nenhum garoto te convidaria?

—Por que eles acham que sou maluca?-Rony riu. Eu estava levando aquilo numa boa, então não me importei.

—Você não é maluca. Com certeza alguém vai convidar você. Meninos?

—Claro, claro. -Rony concordou, enchendo o prato pela terceira vez. -Meri é muito gente boa. -Hermione suspirou, revirando os olhos e olhou para Harry.

—Você é legal. -O garotou começou. -Alguém vai convidar você.

—Eu duvido, mas tudo bem. -Comentei, dando de ombros.

—A gente pode te arrumar um par. -Jorge disse, entrando na conversa.

—Que tal o Neville?-Fred perguntou.

—Ele vai com a Ana Abbott. -Avisei.

—Da Lufa-Lufa? Que traidor. -Revirei os olhos.

—Por que um de vocês não a convida?-Mione perguntou.

—Já temos pares. Além disso, não queremos enfrentar a fúria de Sirius Black.

—Engraçadinhos. -Murmurei, ficando de pé. -Se alguém me convidar, tudo bem, mas se não acontecer, tudo bem também. -A pessoa que eu queria que fosse comigo não estava em Hogwarts. -Eu não preciso de um par para me divertir.

—Bom, sempre se pode optar por dançar com algum professor, não é?-Os gêmeos riram. Engolindo uma risada, saí do Salão Principal, lembrando do último baile que tive com Sirius.

***

Deixei Hermione e Gina descerem primeiro para encontrar seus pares (de roxo e branco, respectivamente) no fim da escadaria. Rony e Harry pareciam tão encantados com as duas, que era até fofo e levemente constrangedor de olhar.

Olhei em volta, demorando de propósito para deixar os dois casais livres, vendo Luna, saltitante como sempre, entrando no Salão Principal de vestido azul escuro, com o que pareciam corvos estampados.

Atrás de Luna, Neville e Ana vinham lado a lado, conversando animadamente. De repente Neville não parecia o garoto envergonhado das aulas.

Os gêmeos passaram por mim com seus pares, e fizeram um gesto claro para Harry: estamos de olho em você. Gina mostrou a língua pra eles.

—E aí, Gruwell, o fantasma da Grifinória não quis ser seu par?-Draco zombou. Achei melhor fingir que não tinha ouvido e entrei no Salão Principal.

Passei a maior parte do tempo numa mesa do canto, observando os casais na pista de dança. Quase todas as músicas eram lentas, o que me tirou qualquer possibilidade de ir dançar.

Depois, algumas pessoas pararam para falar comigo. Luna foi a primeira, falando sobre a entrevista publicada pela revista do pai dela. Neville e Ana apareceram também, falando sobre o ataque dos Comensais a Hogsmeade quando estávamos lá. Neville enfatizou a parte onde eu fui incrivelmente corajosa por não largá-lo caído no chão. Malfoy e alguns colegas se aproximaram para me incomodar, mas se afastaram rapidamente quando viram Remo por perto.

Mais tarde, Hermione e Gina me arrastaram para a pista de dança quando tocaram algumas músicas agitadas. Quando as lentas recomeçaram, eu me afastei com a desculpa de precisar pegar algo para beber.

Saí do Salão e parei nas portas abertas que traziam o ar noturno. Estava com saudade da minha vida de antes. Se não tivesse morrido, estaria aproveitando o baile com Sirius, Lílian, Tiago...

Você tem que entender que essa é sua vida agora, uma voz sussurrou na minha cabeça. Devia ser minha consciência. E ela estava certa. Eu tinha que me acostumar com o fato de que as coisas mudaram.

Um movimento repetindo à minha direita me fez pular de susto e tentar pegar a varinha no bolso do vestido, mas não era um Comensal ou o próprio Lorde das Trevas invadindo. Era só um cão... Do tamanho de um urso.

—Sirius, o que você está fazendo aqui?-Sussurrei, seguindo-o enquanto ele recuava para as sombras. -Você quer ser morto? É arriscado vir até aqui... Tem Aurores vigiando Hogwarts.

—E todos são da Ordem. Há três deles vigiando essa noite, dois deles são Tonks e Olho-Tonto.

—Mesmo assim, é arriscado. E se algum aluno ver você? Ou um professor, ou...

—Meri. -Me calei. -Eu só vim verificar se tudo estava bem, então vi você e me aproximei.

—Harry e eu falamos com você ontem, pelo espelho. Dissemos que tudo está bem. Não arrume desculpas para a sua irresponsabilidade, Sirius Black.

—Isso significa que está me expulsando?

—Sim. Você deve ir embora. Mas só depois de dançar comigo. -Riu.

—E o discurso sobre ser perigoso ficar aqui...

—Cale a boca. Pode ir agora se quiser.

—Não, tudo bem. -Deu um passo na minha direção. Eu quase não conseguia vê-lo no escuro, mas isso era bom, pois qualquer pessoa também não o veria.

Dançar com Sirius era quase como voltar no tempo. Tudo bem que tudo (ou quase tudo) tinha mudado, mas era uma sensação tão boa e familiar que qualquer coisa podia ser ignorada: como o perigo de Sirius estar exposto ali, ou o fato de ele estar mais velho e de não gostar mais de mim como antes.

—Meri, Sirius!-Recuei, assustada. Era Harry, que correu para abraçar o padrinho.

—Como nos achou?-Perguntei. Mostrou algo que eu conhecia. -O Mapa do Maroto. Como isso foi parar com você?

—Os gêmeos roubaram do Filch. Como você sabe o que é?

—Encontrei com ele uma vez. -Fiz um gesto em direção a Sirius.

—Falando nisso... -Se virou para o padrinho. -O que está fazendo aqui? É perigoso...

—Vocês dois, parem com isso. -Mandou. -Eu sei tomar cuidado.

—Nós sabemos, mas... -Alguém agarrou o ombro de Sirius.

—Te peguei, Black. -A pessoa disse. Meu coração quase parou de bater.


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Notas finais do capítulo

Ih, e agora? Quem pegou o Sirius? ~ música de suspense ~
O que estão achando? Digam, eu não mordo :3
Até o próximo capítulo ♥



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