Blindfolded escrita por Berezi


Capítulo 1
Capítulo 1




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— Se comporte no seu primeiro dia de aula, não queremos que seja expulsa de mais uma escola não é querida?

Chao Tae olhou para o lado, como se a ignorasse, soltando um longo e irritadiço suspiro.

— Não se esqueceu das regras, sim?

— Não, Mae... Não esqueci. – finalmente respondeu, com um tom de voz amargo.

— Ótimo. Até mais, amorzinho. – Mae deu um último sorriso antes de fechar a porta do carro e pôr-se a dirigir.

Chao Tae suspirou novamente e olhou para os portões da escola. Odiava o fato que era uma “aluna especial” e também odiava o fato de ser uma escola tão... “adorável”. Sinceramente, achava o nome ainda mais estúpido. Não teria coragem de dizer para ninguém que era aluna dali.

No entanto, não tinha escolha. Ela se dirigiu para dentro da escola, e logo deu de cara com uma garota loira.

— Hey! Vê por onde anda sua—

A garota loira já começou a berrar quando percebeu quem esbarrou nela.

— Ora, ora... O que temos aqui? Aluna transferida huh?

—_... Olha, eu não sei o que há de errado contigo, mas eu não quero problema, então... foi mal por esbarrar em você, e blá, blá, blá. – Chao não estava com muita paciência para lidar com uma filhinha de papai. De fato, se não tivesse uma bendita condição no seu pescoço, não cairia tão mal no seu estômago bater em alguém assim no seu primeiro dia de aula.

— Ugh, como é? Quem você acha que é para falar assim comigo?! – a garota loira só ficou ainda mais irritada. Empurrou Chao Tae para de encontro com os armários e fez uma expressão ameaçadora. – Fique sabendo que eu sou a dona dessa escola, e uma aluninha novata como você não tem o menor direito de—

— Moça... Eu não dou a mínima para quem você é, eu só quero ir para minha sala e ficar em paz beleza? Por que não vai dar em cima de algum garoto ou algo assim? Que saco.

Foi nessa hora que a loira ficou vermelha de raiva como um tomate.

— Ora, sua! Eu vou te mostrar quem eu sou!

— Ambre, o que significa isso?! – Uma voz masculina ecoou pelo corredor, fazendo a loira virar com um espanto e imediatamente se afastando de Chao Tae.

— Ela me provocou! Você deveria estar brigando com ela, não comigo! – Ela começou, chorando lágrimas tão falsas quanto as de um jacaré.

— Não importa, uma pessoa como você não deveria ser vista numa situação dessa... – O rapaz se aproximou das duas e suspirou, carregava uma expressão de decepção na face, até que virou para olhar para a ruiva. – Me desculpe por isso, Ambre tem pavio curto... Assumo que seja a aluna nova que a diretora mencionou?

— Hm... é.

— Prazer, Nathaniel. Sou o representante de sala. É um prazer ter você nessa escola. – O garoto, que também era loiro, sorriu e estendeu uma das mãos.

Ambre apenas bufou de trás dele, não muito contente com aquilo.

— É, é, tanto faz. Olha, eu não vou ter problemas com isso né? Eu literalmente só queria ir para minha sala...

O sorriso de Nathaniel se fechou quase que imediatamente com a resposta.

— ... – ele soltou um suspiro cansado – Claro... Siga em frente.

O garoto loiro abriu caminho e puxou Ambre pelo braço levemente para que fizesse o mesmo.

Chao Tae balançou o cabelo e voltou a andar, indo para sua sala, porém, pôde ouvir algo bem desagradável ao sair.

— Ambre... Não se meta com gente como ela... Vai deixar sua reputação pior do que já é, mas o motivo será diferente... Vamos.

— Tsk, odeio rapazinhos superficiais que nem ele... Idiota.

Ao chegar na sala de aula, sentou-se na primeira carteira, a mais próxima da porta. Viu que a sala estava relativamente cheia e que todos a encararam por um breve momento. Claro, era uma aluna nova. Toda aluna nova acaba por ser o centro da atenção uma hora ou outra.

O professor fez sua entrada na sala e imediatamente notou sua presença.

— Classe, acho que já sabem que temos um aluno transferido. Por favor, se apresente.

Chao se levantou de seu lugar e olhou para o resto da sala. Todos estavam a encarando. Não podia dizer o que estavam pensando só de olhar, mas sabia que alguns deles já haviam formado uma opinião prévia sobre sua pessoa. Até mesmo o professor, olhando-o de lado, a observava impaciente, como se não tivesse a mínima vontade de receber mais um aluno na sua sala.

Ela foi rápida.

— Meu nome é Chao Tae. Prazer.

Depois disso, se sentou novamente e abriu seu caderno, voltando sua atenção para o professor, que parecia surpreso com a rapidez de sua introdução.

— Ahem- vamos começar a aula, não?

...

Depois que as três primeiras aulas da manhã passaram, Chao pensou que seria uma boa ideia dar uma volta na escola para ver com o que estava realmente lidando. Passando pelo corredor principal, saiu para o pátio e depois de rondear o lugar, decidiu parar num banco coberto de sombra e se sentou.

Tirou do bolso seus fones de ouvido e pegou seu celular, escolhendo uma de suas músicas para ouvir no intervalo.

Fechou os olhos, e sorriu levemente. Pelo menos poderia desfrutar de um pouco de paz ali.

— Hey.

Chao abriu um dos olhos, um rapaz alto de cabelos vermelhos estava na sua frente, a encarando. Ela se ajeitou no banco e pausou a música.

— O que? Por acaso estou sentada no seu banco, grandão?

O garoto soltou uma leve risada.

— Não... Só estava curioso para saber o que estava ouvindo, eu gosto de música. – ele ajeitou o cabelo e se sentou do lado dela.

— Oh... Bem, eu tenho um gosto bem diversificado... Aqui. – Ela pôs um de seus fones no ouvido do garoto e tocou na tela para que a música continuasse a tocar.

Enquanto escutavam juntos, ela não pôde parar de olhá-lo. Seu estilo era um tanto excêntrico, nada como Ambre ou o cara certinho Nathaniel. Ele sabia se expressar com sua aparência, que dava de cara que ele gostava de rock ou algo parecido. Chao sorriu e esperou a música acabar para ver a reação do outro.

— Então? O que achou?

— Boa música. Nunca ouvi algo desse estilo, mas até que é legal... – ele sorriu, a olhando. – Castiel, aliás.

— Chao Tae. É um prazer. – ela sorriu de volta e continuou – Acredito que você seja uma pessoa que gosta de rock?

Ele riu novamente.

— Definitivamente. Rock é uma das minhas paixões... Eu tenho uma banda na verdade. É legal.

— Hm? Uma banda? Parece divertido! Você canta ou só toca?

— Os dois. Quando apresentarmos eu te dou um convite VIP. – ele piscou, com um sorriso leve, mas foi o suficiente para arrancar um sorriso do rosto da garota.

— Ora, é mesmo? Mal posso esperar então. – Chao Tae riu, aquele cara sim era alguém divertido.

Porém, antes que pudessem continuar a conversa, o sinal tocou de modo ensurdecedor. Chao se levantou do banco, guardando seu celular e fone.

— A gente se vê, Chao. – Castiel sorriu ao se levantar.

— É. Até mais. – Ela sorriu e se direcionou para a sala de aula.

...

Final do dia. Ah, como era maravilhoso finalmente sair daquele inferno e ir para casa. Chao Tae estava pronta para ir para a saída, o caminho do Paraíso, mas foi interrompida por uma pessoa inesperada.

— Chao, posso falar com você um pouco?

Ela se virou e viu alguém que não queria ver.

— O que você quer, representante?

— Eu queria me desculpar pelo que Ambre fez hoje de manhã, não deve ter sido muito agradável no seu primeiro dia e eu entendo que aquilo te irritou... Você aceita um pedido de desculpa? – Nathaniel pareceu sincero, estava com as bochechas levemente coradas, e seu olhar não estava fixo em Chao Tae. Parecia realmente envergonhado pelo acontecido.

— Claro, não se preocupe tanto com isso, eu não sou rancorosa. – Ela sorriu, quase com dó da criatura que estava na sua frente.

— A-ah, sério? Então... Aceita vir comigo?

— Hm? Para onde?

— Quero te mostrar algo especial... Como pedido de desculpa. – Ele sorriu e leve e hesitantemente pegou na mão da garota ruiva, andando com ela pelo corredor e indo para uma sala que Chao não sabia que existia. – Essa é a antiga biblioteca da escola. Quase ninguém vem aqui, mas como eu tenho a chave por ser representante, gosto de passar meu tempo livre aqui...

Chao observou as imensas prateleiras cheias de livros que estava à sua volta. Pegou alguns livros e observou os títulos, os folheou e os guardou no lugar em que estavam antes. Gostava de ler, e se encantou quando achou clássicos como “O Fantasma da Ópera” e “Frankstein”.

— Esse lugar é muito legal... Por que fecharam e deixaram os livros aqui?

Nathaniel suspirou, parecia entristecido.

— Bem, a diretoria da escola queria fazer outra no lugar, mais moderna, com computadores e até mesmo ar condicionado... Mas o projeto não teve muito apoio e acabou por ficar como estava. Mas esse lugar praticamente foi abandonado... Os livros não têm lugar para irem e não podem simplesmente demolir essa parte da escola... É realmente um destino triste para um lugar com tanta importância.

Chao ficou em silêncio por alguns instantes... Olhando-o dessa forma, Nathaniel não parecia tão superficial quanto mostrou antes. Talvez tivesse algo de interessante nele que ainda não havia enxergado.

— Isso é mesmo triste... Eu adoraria uma nova biblioteca. – ela sorriu. – Obrigada por me mostrar esse lugar, Nathaniel.

Nathaniel corou. Parecia nervoso.

— N-Não há de quê. Vem, não quero te segurar tanto aqui na escola...

Depois de saírem e Nathaniel trancar a porta que leva à biblioteca, ele a acompanhou até a saída.

— Até amanhã, representante! – Chao se despediu com um grande sorriso no rosto.

— Até. – Nathaniel sorriu de volta, com um novo pensamento sobre a aluna nova em mente.

...

Ao chegar em casa, Chao se despejou no sofá da sala, largando sua bolsa no meio do caminho.

Sua guardiã estava na cozinha, preparando o jantar.

— Como foi seu primeiro dia na escola, querida? – disse da cozinha.

— Não tão ruim... Não tão ruim.


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Notas finais do capítulo

Chao Tae e sua guardiã - mencionadas na história - são de minha autoria; os demais personagens pertencem à Beemoov.