Blind Sky escrita por Gusta Oliveira


Capítulo 3
Trust The Magic


Notas iniciais do capítulo

Hogwarts waits!
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741720/chapter/3

Uma semana se passara, e Henry estava agora no quarto de Hermione arrumando seus livros do primeiro ano. Depois de ter deixado seus pais em casa de propósito e ter sumido com seus vizinhos ao Beco Diagonal, Henry teve como castigo estudar junto com Hermione, a semana inteira. E o garoto odiava isso, não por puro ódio de sua colega ou de seus pais, e sim por se sentir desconfortável perto dela, mas isso fica para depois. Agora eles têm que arrumar as malas, o expresso de Hogwarts está a três horas de distância!

 ─ Mione e Henry, venham cá ─ Disse a Sra. Granger à porta, os dois se aproximaram, Hermione usando roupa casual, já pronta para sair e Henry, é claro, de pijama branco, como forma de protesto.

─ O que foi, mamãe? ─ Perguntou Hermione. Henry fez cara de nojo enquanto revirava os olhos.

─ Seu pai e eu iremos ao supermercado. Deixaremos a casa em seus cuidados. E quanto a você, Henry, sua mãe está trabalhando e seu pai ainda está em casa-

─ Vagabundo ─ disse Henry fingindo uma tosse e cobrindo a boca com mão.

    A Sra. Granger suspirou e continuou a falar;

   “Não saia de casa e não arranje encrenca enquanto estivermos fora. Apenas...estude.  Hermione me contará tudo mais tarde”.

    A porta se fechou. Lá fora, o Vauxhall 1990 deu partida e se foi. Henry teria que ser rápido, não demorarão muito para voltar.

─ Ah, claro que Hermione contará tudo mais tarde! ─ Disse Henry, indo em direção ao telefone na parede. Teve que ficar na ponta dos pés para alcança-lo. Puxou-o do gancho.

─ Hey, para quem vai ligar? ─ Perguntou ela, cruzando os braços.

─ Calma... para um amigo.

─ Você não tem amigos ─ Sibilou Hermione.

    Henry riu

 ─ E o Jerry? ─ Perguntou Henry com o telefone a orelha.    

 ─ O seu escravo? ─ Disse Hermione franzindo a testa ─ Amizade não é isso, Henry!

 ─ E.… o... ─ Henry gesticulava com a mão tentando lembrar um nome, estava na ponta da língua ─ Ah! O Chuck?...aquele...aquele garoto era uma comédia ─ agora discava um número.

     É maldade citar o Chuck para Hermione, para qualquer com esse tom sarcástico.

 ─ Me encontre em Rushes Mead, Rua dois, número oito. E não buzine desta vez! ─ Ordenou Henry e se virou para a garota ─ Não vai falar nada, não é?

     O ódio transbordava nos olhos dela ─ Você é o pior ser humano que existe ─ Balbuciou Hermione.

      Henry esperou sentado na varanda da casa número oito. Em frente estava sua casa, a única de todo o bairro com apenas um andar, do lado esquerdo estava a casa de Oscar Thompson, seu ex professor de matemática, a quem em um descontrole, Henry agrediu com um soco na cara.

     Professor de merda, pensou Henry no momento em que um camaro 1988 escarlate parava a sua frente. O garoto foi em direção ao carro e bateu de leve no vidro fume escuro. O vidro foi abaixando, revelando primeiro um cabelo preto encaracolado e muito cheio, depois um rosto pardo e sério de um homem jovem, depois seu cavanhaque ridículo e por fim sua jaqueta de couro.

 ─ Primeira frase que Henrique Thawne ouviu de mim ─ Disse ele.

 ─ Esta festa está um lixo! ─ Disse Henry, um largo sorriso se abriu no rosto dos dois e o garoto obedeceu ao exclamativo “entra no carro” do amigo.

 ─ Poder ao povo ─ Disse o mais velho.

 ─ Abaixo ao sistema ─ Disse Henry, já dentro do carro ─ Bem chamativo esse carro, Fabio. Da partida logo, meu pai ainda ta em casa.

 ─ E aí? Quais são as novidades? ─ Perguntou Fabio, o carro já virava a esquina, de longe Henry pode ver a cabeça de Hermione para fora da porta observando-o.

 ─ Er...hm.…por onde eu começo? 

     Pelas notícias boas, sugeriu Fabio.   

 ─ Então vamos lá...eu sou um Bruxo e....daqui a três horas irei viajar para uma escola de magia.

     O carro freou de repente levando a testa de Henry ao painel revestido de carbono.

 ─ Como assim? Você ta me zoando? ─ Perguntou Fabio.

 ─ Aí, isso dói, seu idiota! Continua dirigindo ─ Resmungou Henry com a mão no supercílio onde um pequeno corte se fez e sangrava sem parar ─ E-enfim, eu vou ficar o resto do ano todo nessa escola de bruxaria e só vou voltar no natal e no ano que vem.

      Fabio estava extasiado.

 ─ Mais alguma coisa que possa nos comprometer?

 ─ Para ao lado desse poste aí...esse mesmo. Está vendo o garoto nessa imagem? ─ Perguntou Henry apontando para a imagem imprimida e colada no poste.

 ─ Ah, sim! O garoto dos noticiários ─ Fabio parou e refletiu, alternou da imagem para o rosto de Henry várias vezes ─ Oh, não. Você desapareceu com esse moleque?

 ─ Primeiro: o nome dele é Chuck, e não, ele não desapareceu por minha culpa, ele era do meu grupo da escola. Continua dirigindo, tem uma quadra ali perto.

 ─ Grupo? Você tem certeza que não quis dizer Clã ou Clube? Eu já disse para você parar de fazer esses clubinhos, tem chamado muita atenção para você, e outra, não é por causa deles que você tem sido expulso das escolas? ─ Perguntou Fabio, enquanto estacionava em um terreno baldio.     

 ─ Esse foi sem querer. Ta bom, eu admito... eu estava descontrolado.

     Os dois ficaram quietos por um tempo. Fabio pensava em motivos para não matar Henry agora mesmo, jogar o corpo do garoto dentro do porta malas e incendiar seu camaro vermelho.      

 ─ E tem outra coisa também.

 ─ O que?

 ─ Eu meio que meti uma porrada na cara do pai de Chuck ─ Finalizou Henry. E o sangue do supercílio escorria pelo o pescoço. 

 ─ Foi durante o descontrole? ─ Perguntou Fabio. Henry assentiu ─ Er, eu tenho que te contar uma coisa também. Mas já avisando, você não vai gostar.

     Ele estava apreensivo. Abriu o porta-luvas e pegou um jornal trouxa.  Henry o leu.

     Na capa estava estampada o rosto de Fabio, com a boca aberta, parecia estar ordenando algo, incitando o ódio. Atrás, meio desfocado, estava um grupo de mascarados.

    “Líder de gangue terrorista brasileira pode estar se escondendo em Londres. Veja mais na página 5”   

 ─ Esse jornal é daqui! Quem tirou essa foto?!

 ─ Um espião. Provavelmente alguém se infiltrou na nossa base lá para o quarto mês de ação. Lê aí a pagina cinco.

    Henry leu.

─ Não... não pode ser, cara. Nós fomos seguidos ─ Henry se virou para Fabio deixando cair o jornal em seu colo ─ Você tem que ir embora, para um lugar bem distante e bem rápido.

─ O que? Não tem mais jeito. Esse jornal é de ontem, Henry, a essa hora, a polícia ou até mesmo o cartel já devem estar revirando minha casa, armando uma emboscada.

─ É aí que tá, meu amigo ─ Disse Henry coçando o queixo ─ Se te pegarem, vão ligar você a mim, e de mim aos meus pais. E outra, eu tenho um trem para embarcar...Espera um pouco, um trem! Um trem para Hogwarts. Quase ninguém sabe onde fica! ─ Um sorriso malicioso se abriu em seu rosto, Fábio sabe o que isso significa, ideias estão por vim.

*****

      ─ Henrique Thawne!

          Passos rápido foram em direção ao banquinho e se sentou, estufando o peito, esperou a professora baixar o chapéu em sua cabeça.

      ─ Hugh! Olha só, a quanto tempo não temos um Thawne ─ Disse o Chapéu.

          “A quanto tempo não temos um Thawne”, pensou Henry, “deve estar falando dos meus tios e avôs”, o Chapéu Seletor reagiu surpreso a isso. O garoto observava cada canto do Salão Principal, apesar da beleza que nunca tinha visto igual, um mar de gente o encarava, e isso o deixará ansioso. Sentiu o suor molhar sua testa e engoliu em seco.

          “Quando estiver com o chapéu, feche seus olhos e pense nas lembranças que você teve desse dia, vai ajudar o Chapéu Seletor ser mais preciso”, “foi meu pai que me disse”, uma voz ecoou em sua mente. Henry obedeceu.

             Pense, Henrique.

             PENSE.

             PENSE...       

      ─ Com licença ─ Disse um garoto de voz fina entrando na cabine ─ Ah, eu posso me sentar aqui? ─ Disse meio tímido.  Parecido com Henry, cabelo comprido e olhos pretos, bochechas rosadas e um palmo mais baixo.

      ─ Claro ─ Disse Henry sorrindo. Apoiava seu braço no malão a sua direita ─ Qual é o seu nome?

      ─ Miguel Corner!

      ─ Henrique Thawne, mas me chame de Henry.

          Tum! Tum! Tum! Soaram três baques abafados dentro do malão. Ocupava quase todo o espaço que o banco da cabine oferecia, deixando henry em demasiado desconforto. Era vermelho sangue com desenhos de dragões e demais detalhes orientais em prata e uma bonita fivela cromada em forma de HT que refletia a confusão e o arrependimento nos olhos de Miguel. Com estrépito o malão se abriu, Henry deu um sorriso de deboche. Miguel tentou levantar, mas Henry foi mais rápido.

      ─ Você vai ficar bem quietinho ─ Sussurrou ─ Colloportus!

  “A ambição dos Thawne está em seu sangue, o mais puro que há”, disse o Chapéu. Henry abriu os olhos. Na mesa da Corvinal, Miguel Corner fazia um sinal de três com a mão e na outra segurava um relógio de bolso.

          Tem mais lembranças, Henry. Feche os olhos novamente.

           LEMBRE-SE

           LEMBRE-SE...   

      ─ Qual é a ideia? ─ Perguntou Fábio com um sorriso no rosto.

      ─ É simples, você entra na minha casa, mas escondido, é claro. Tem uma janela no meu quarto que está sempre aberta, é só ir pelos fundos. Eventualmente, quando estivermos preste a sair você entra no meu malão (isso soou melhor em meus pensamentos).

      ─ Pera lá! Num malão? ─ Disse Fabio, franzindo o cenho.

      ─ Isso mesmo! Não se preocupe, você vai caber nele, tem um feitiço extensivo e foi exatamente para isso que eu o comprei...ta, não exatamente para isso-

      ─ Não. Não. Não, como assim? “Feitiço”?

      ─ Ah é, você é no-maj, não sabe nada do assunto, ai droga. E se tiverem algum tipo de alarme anti no-maj? Eu seria poderia ser expulso. Mas para o plano dar certo você tem que confiar em mim, quantas vezes já te decepcionei? Duas ou três vezes? Não me olhe assim, eu não estou louco, eu estou mais do que são.

      ─ Henry...num to acreditando nisso ─ Disse Fabio, ele sabia que Henry tinha sempre umas ideias malucas que sempre deram certo, só que magia? Era surreal demais ─ é sério mesmo esse negócio de magia? Se não for, cara, eu vou ter que te internar!    

      ─ Acredite, eu nunca fui tão sério ─ Disse Henry encarando o amigo com ferocidade ─ Quando eu tive certeza que magia existe, demorou para perceber, muitas noites passei em claro pensando nisso...eu percebi que o fato da magia existir não faz da ciência ou qualquer outra crença religiosa, utopias, doutrinas e filosofias menos significante. Veja bem, eu passei muito tempo sendo ateu e cético quanto as crenças humanas, mas eu cheguei a um estado de espírito, que minha nossa, eu poderia acreditar em tudo! Agora eu entendo que o ponto alto do ateísmo, não é ignorar qualquer crença e seguir só acreditando em si mesmo, e sim ter o poder de entender o que elas significam e o que querem te ensinar para sua excelência e disso absorver tudo o que te fortalece, sem medo, apenas deslize.

         DESLIZE.   

         Henry abriu os olhos, tinha parado de suar, e uma certa tensão caiu dele, como se o entendimento do seu eu lavasse sua alma e toda insegurança saísse do seu corpo. Percebeu como os alunos da Grifinória e da Lufa-Lufa estavam impacientes, os lufanos um pouco menos impacientes. As demais casas estavam atenciosas ao Chapéu Seletor.  Acontece que a Lufa-Lufa foi descartada primeiro, depois a Grifinória foi descartada duas vezes por uma confusão do Chapéu e só sobrou Sonserina e Corvinal.

       ─ Bem, eu estou realmente desconfortável com essa situação, Thawne ─ Disse o Chapéu Seletor todos se viraram para ele ─ Pela minha analise tudo, tudo em sua personalidade e caráter daria um bom sonserino.

       ─ Ora, então me mande logo para Sonserina!

       ─ Aquieta aí, garoto, eu não terminei ─ Ordenou o chapéu ─ Faz uns quatro minutos que eu quase decidi te mandar para a Sonserina, mas daí algo entrou no caminho, lá nos confins da sua mente, um fulgor de sabedoria corvina me fez mudar de ideia.

       ─ Então me manda logo para a Corvinal!

       ─ Olha, Sr. Thawne, não é assim que o hidromel é feito por aqui! Se eu acabar te pondo na casa errada posso por seu futuro por agua a baixo ─ Explicou o chapéu.

            Henry riu sem achar graça.

       ─ Só eu mesmo posso decidir meu futuro...e se você quer saber, minha vida já ta no fundo do poço.

           O fundo não estava nem perto para Henry.

       ─ Eu acho que-

       ─ Pro inferno as casas ─ Interrompeu Henry dando de ombros ─ eu sou apenas um bruxo, me coloque em qualquer lugar! ─ Interrompeu Henry.

       ─ Ah, por Merlin, garoto... ─ Reclamou o chapéu. Os alunos da Corvinal e Sonserina se levantaram da mesa ansioso, era a gloriosa conclusão que tinham esperado tanto, nos dê logo a resposta! ─ você vai para a Corvinal, então!

           Todos da mesa da Corvinal se levantaram e aplaudiram. A professora tirou o chapéu do garoto e chamou outro nome.

     ─ Não vai comer? ─ Perguntou Miguel com o garfo a mão, Já havia dois minutos que todos estavam saboreando o delicioso jantar que Hogwarts oferecia.

     ─ Não consigo ─ Respondeu Henry com os olhos esbugalhados ─ É horrível. Não consegue escutar?...jura? Então feche os olhos.

          Nhoc-nhoc. Aquele maldito som de todos os alunos mastigando invadiu os ouvidos de Miguel em um piscar de olhos, roubando todo o seu desejo de comer aquele delicioso banquete, seu corpo estremeceu de nojo, ao abrir os olhos, empurrou o prato para frente e se virou para Henry.

    ─ Você tinha que estragar isso, não é? Logo hoje... ─ Lamentou. Henry deu de ombros ─ Enfim, você estava me contando a estória do cara no seu malão.

    ─ Verdade! Eu parei onde mesmo? Ah, é, estávamos no carro.

    ─ Essa parte você já contou.

    ─ Okay. Então...

       “ Logo depois da conversa com o Fabio, ele concordou com o meu belíssimo plano. Primeiro ele teve que se livrar do carro, nem mesmo voltou para casa, deu o seu camaro 88 a um sem teto e mais uma grana para gasolina e pediu para que ele fosse o mais longe o possível de Londres. Segundo, ele tinha que entrar em casa sem que ninguém o visse e eu tinha que impedir Hermione que contasse que eu saí de casa, essa estava fácil para mim.

     ─ Que corte é esse na sua sobrancelha? ─ Perguntou Hermione, quando cheguei a calçada da casa dela.

     ─ Só foi um acidente no carro! Mas isso não importa. Olha, você NÃO pode contar para minha mãe que saí de casa-

     ─ Ha ha! Sabia que você ia vir com essa. Sabe que sua mãe já chegou em casa? Você vai comer na minha mão, Henry! ─ Ameaçou ela indo em direção a minha casa.

     ─ Se você contar pode por nossa matricula em risco! ─ Ela parou e virou para mim.

     ─ Como assim “nossa matrícula”? Quem está aprontando é você.

     ─ E quem é o cúmplice? Quem abriu uma conta em Gringotes em meu nome? Quem coincidentemente mora na frente da minha casa, estudou na mesma escola e foi a última pessoa a me ver entrando naquele camaro?

          Caso ganho.

        O tempo passou, e eventualmente todos já estavam se arrumando para ir a Kings Cross. Minha mãe estava bastante entusiasmada e o meu pai em uma estranha depressão que era novidade para mim. Os Granger estavam agindo normalmente, como qualquer robô agiria, um sorriso estampado no rosto de cada um. Só faltava o Fabio...

       Fiquei o tempo todo no quarto o esperando, já estava esperando o pior, quando vi um braço se esgueirando na janela do lado da minha cama. Veio como um zumbi, bem lento e gemendo tentando pular a janela. Quando conseguiu, me pediu um copo de água e sentou em minha cama, só então percebi que ele estava encharcado de sangue.  

     ─ Como as casas são cruéis por dentro, Henry ─ Balbuciou Fabio, olhando para nada e vendo tudo.

     ─ Oh, não... ─ Eu disse ─ Não me diga que você cruzou os quintais dos vizinhos para chegar aqui? ─ Ele assentiu e bebeu um gole de agua ─ E esse sangue aí?

     ─ Foi um Pit Bull.

     ─ Caramba, esse sangue é seu?

     ─ Não...

         Não quis insistir nisso. Ainda bem que já estávamos indo embora.

     ─ Mais alguma coisa antes de começarmos?

     ─ Bem, eu posso ter pisado em um coelho.

     ─ Droga! Mas olha, vamos sair em dez minutos ─ Disse indo pegar o malão encostado na parede ─ Hey, não fique olhando para esse quadro, só vai te enlouquecer ─ Joguei o malão no chão ─ Bonito, não é?    

      ─ Bonito? Você está cada vez mais excêntrico. E ninguém vai estranhar esse malão, né?

      People are strange, when you’re a stranger.[1] Citei ─ Cara, você está a ponto de ter sua primeira experiência magica, só, né...fique mais animado ─ Abri o malão, e pudemos ver como era maior por dentro. Fabio ficou assustado no começo, mas ele é mente aberta e logo aceitou o plano. Entrou no malão e partimos.

         Bem, agora entramos na segunda parte da estória, a parte do trem. Até agora ninguém notou que alguém estava dentro do meu malão (eu tenho que parar de falar isso), estava tudo nos conformes, quando embarquei no trem-

     ─ É aí que entro na história! ─ Gritou um garoto loiro distante, do outro lado da mesa.

     ─ Pois é! Já estou chegando nessa parte.

        “Continuando, eu entrei em uma cabine vazia junto com Hermione, mas acabamos brigando de novo (surpresa) e ela saiu. Deu tempo para eu fazer um furo na mala, porque parece que Fabio estava quase morrendo sem ar lá dentro. Mas foi aí que eu comecei a ouvir uma gritaria descomunal do lado de fora. Era briga e bem perto de mim! Quando me levantei, um garoto loiro com o nariz escorrendo sangue se pôs a porta, energético e arfando, encharcando o vidro de sangue. Que bela pintura ele fez no vidro.

     ─ Abre aqui! ABRE! ─ Gritou com a voz esganiçada a multidão abafando seu desespero.

          Ligeiro eu abri a porta, o peguei pelo o colarinho, e fui puxando-o sem gentileza alguma para a cabine.

     ─ Fique quieto!

         O joguei dentro do malão e fechei rápido para que ninguém ouvisse seus gritos.

     ─ Espera ─ Pediu Miguel ─ Se Fabio estava bem porque pediu desesperado para que você abrisse o malão?

     ─ Ah! Que coisa ─ Disse Henry rindo ─ Eu estava tapando o buraco de ar no malão com o braço! Bem, o resto você sabe, ele fugiu para viver como um “bruxo” em Hogsmead, espero que ele fique bem...

─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─  ─

        A monitora da Corvinal guiou os alunos do primeiro ano até uma grande torre no lado Oeste do castelo. Subiram as grandes escadas em espiral até chegarem a uma porta de madeira velha que tinha não uma maçaneta, mas sim uma aldrava encantada de bronze no formato de águia.

     ─ Bom, alunos novos ─ Disse a monitora rodeada de crianças ─ Tenho de explicar a vocês que para entrar na nossa sala comunal não é tão fácil quanto vocês devem pensar. Não temos que responder uma senha, como em outros salões comunais e sim responder uma pergunta. Alguém quer tentar? É só bater na porta.

         Miguel deu um passo adiante e apreensivo bateu na porta, todos estavam em silencio, o bico da águia se abriu, e de lá uma voz suave falou:

     ─ Um fluxo constante de pessoas entra no lugar onde Charles trabalha e essas pessoas levam os seus preciosos pertences. As pessoas não pagam pelo que levam. Charles lhes permite tirar o máximo que podem transportar, desde que mantenham a boca fechada. O que as pessoas estão pegando e qual é o emprego de Charles?

       Todos ficaram pensando durante uns 2 minutos, quando uma voz feminina disse “Eles estão levando livros. Charles é bibliotecário”. E a porta se abriu. Ao entrarem Henry viu a sala mais linda que já vira na vida e tinha certeza que os outros alunos também pensavam assim. Era uma sala ampla e espaçosa, janela em arcos delicados pontuavam as paredes, com cortinas de seda azul e bronze. O teto era abobadado e pintado com estrelas, que se destacavam no carpete azul escuro. Havia cadeiras, mesas, estande de livros e uma estátua alta de mármore de Rowena Ravenclaw.

    ─ Temos a melhor visão dos terrenos de Hogwarts ─ Disse a monitora com um sorriso estampado no rosto, se aproximando das janelas e abrindo as cortinas ─ Daqui podemos ver as montanhas lá fora, o lago, a Floresta Proibida, o campo de Quadribol e as estufas de Herbologia...ah, e os dormitórios ficam na porta ao lado da estátua de Rowena. Que boba eu sou! Nem me apresentei, não é mesmo? Meu nome é Penélope Clearwater e sejam bem-vindos a Corvinal!

        Quando Penélope saiu do salão comunal para ir ao seu dormitório, um fantasma apareceu cruzando a porta de madeira, era uma mulher muito bem vestida.

   ─ Novos alunos ─ Disse ela arqueando as sobrancelhas ─ Sejam bem-vindos a Corvinal, meu nome é Helena, e posso ajudar-lhes caso venha recorrer a mim. Se algo se perder ou for roubado eu irie ajudar a encontrar. Orgulhem nossa casa e por favor, não façam muito barulho.

        Ao terminar, ela se virou e foi para um canto distante dos alunos. Miguel e Henry subiram junto com Terêncio Boot e Antônio Goldstein para o dormitório masculino. Lá já estavam suas coisas ao lado de cada cama.

    ─ Henry. Henry ─ Chamou Miguel.

    ─ O que? O que aconteceu? ─ Henry olhou para o despertador na cabeceira ao lado da cama ─ Cara é três e trinta e pouco da manhã! O que você quer?

    ─ Eu quero saber o porquê de você e Fabio estarem fugindo!

    ─ Arf! Aff, cara... ─ Ofegou Henry ─ É que a gente ta envolvido em umas coisas bem pesadas lá no Brasil.

    ─ Que tipo de coisas?

    ─ Bem, no começo era só ativismo político, aí virou terrorismo, depois “saímos” do controle e acabamos arranjando problemas até com os maiores traficantes da américa do sul.

        Miguel caiu na risada. Henry também, riu de toda essa ironia que a vida lhe pôs. Pensou que nada mais em sua vida poderia lhe surpreender.

 ─ Se tudo isso fosse sério mesmo ─ Disse Miguel ─ Você não teria deixado sua família lá, ou os traficantes vão baixar na sua casa e matar seus pais, ou vai ser a polícia á leva-los. E o seu amigo sozinho em um mundo que desconhece. Cara, você é insano.

 

[1] The Doors – People Are Strange


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueça de deixar sua opinião :D
E me notifique caso encontre algum erro.
Até a próxima o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blind Sky" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.