Moiras escrita por Lucca


Capítulo 8
Desencontro


Notas iniciais do capítulo

Não me matem! Prometo consertar tudo... só ainda não sei como. kkkk



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Meses sem nada mudar e, de repente, uma nova sequência de eventos sacode a tudo e todos. O desaparecimento do Team, a caixa misteriosa com o nome de Jane, o reencontro na montanha, novas tatuagens, uma viagem à Veneza, cidade em que Kurt tinha pedido ela em casamento, para conseguir mais pistas sobre onde estavam seus amigos, e o resgate deles na Colombia. Dias agitados e difíceis. Mas finalmente todos estavam novamente reunidos em Nova York.

Em meio aquele turbilhão não houve espaço para conversas. Jane se hospedou num apart hotel. Seria cruel voltar pra casa como se nada tivesse acontecido. Observar as reações de Kurt e perceber o profundidade dos danos causados por sua partida só aumentou suas incertezas: sua presença na vida de Kurt era boa pra ele? Por outro lado, como a presença dele fazia bem pra ela! Ela saboreou cada pequeno toque que trocaram casualmente, cada segundo que pode olhar pra ele.

Um paraíso perdido pode ser reconquistado? Ele continua com sua aliança. Ele ainda espera por mim, por esclarecimentos...Kurt tem direito a isso...Como eu posso fazê-lo entender quando eu mesma sei que errei...de novo...

—Bom dia, Jane.

A voz dele a tira de suas reflexões num sobressalto

—An...Oi, bom dia, Kurt._ela se esforçou em sorrir_ alguma novidade?

—Nada muito relevante. Você dormiu bem?

Eu nunca durmo bem sem você, Kurt. _Eu dormi um pouco...

—Comeu alguma coisa?

Ela levantou o copo que estava sobre a mesa: _ Café

—Você sabe que precisa se alimentar.

—Eu sei, vou cuidar disso. Eu só estava ansiosa por chegar aqui e..._as palavras sumiram.

—Jane..._ele limpou a garganta_ bom, eu não vim até você pra começar outro discurso controlador sobre sua vida...

— Kurt, eu sei. Sei que você só está preocupado comigo. Obrigada!

—  Nós precisamos conversar.

Ela respirou fundo.

—Sim, precisamos. Agora? Aqui?

—Não, não. À noite. Eu pensei em vários lugares, mas... não é uma conversa para um lugar público.

—Então, no nosso.. quer dizer, no seu apartamento?

—An... sim, se for possível pra você...

—...ok _ foi tudo que ela conseguiu pronunciar.

—Ok. Às 8 pm, então. Se vc não se importar, pode ir comigo depois do expediente.

Ela balançou a cabeça positivamente.

—Então é isso... estarei na minha sala._se virou e saiu.

Jane se levantou imediatamente e foi ao laboratório de Patterson. Ela precisava de algo para se ocupar naquele momento. As novas tattoos tinham trazido nuvens de esperança para sua vida. Novas denúncias de corrupção que precisavam ser afastadas. É com um trabalho que muitas vezes parece de formiguinhas que se constrói um mundo melhor. Um novo e grande inimigo precisava ser combatido para a segurança do país. Só podia ser Roman por trás de tudo aquilo, usando todas as fontes de Shepherd para avisá-la e colocar o team na linha de frente para impedir essa nova ameaça. Além disso, as conversas com Patterson sempre ajudavam a hora a passar, principalmente agora que Tasha estava na CIA.

No final do dia, Jane encontrou Weller na entrada do elevador. O grau de desconforto dos dois poderia ser percebido à um quilômetro de distância. Desceram em silêncio. No carro trocaram frases casuais sobre o dia e os amigos. Quando entraram no apartamento, Jane concentrou-se em conter as lágrimas, não seria justo com Kurt ela disparar essa tão difícil conversa demonstrando sua dor. O plano era apenas contar sobre o bebê e ouvir sua sentença.

Kurt se dirigiu ao balcão da cozinha

—Aceita um whisky? Bem, eu nem sei se você ainda bebe...mas eu preciso disso.

Ela revirou os olhos:

—Velhos hábitos nunca mudam_ e estendeu a mão para o copo_E eu também estou precisando muito disso agora.

Ele virou sua dose de uma só vez e depois tentou conter o impacto de suas mãos sobre o balcão:

—Bem, então vamos lá... Jane, eu preciso entender o que aconteceu...

—Eu sei, Kurt... eu tenho procurado uma forma de falar sobre isso, mas... não é fácil.

—Acredite, também não foi fácil chegar em casa e não te encontrar. Não foi fácil passar todo esse tempo me perguntando onde foi que eu errei. _Kurt já estava no limite do controle de suas emoções_ Eu realmente achava que tudo estava bem. Você fingiu muito bem.

—Não! Eu não fingi, eu...tudo foi real pra mim. Meu Deus, Kurt, você não pode pensar assim!

—Não posso? Pela manhã eu estava vivendo o melhor relacionamento da minha vida e à noite tudo tinha acabado e tudo que eu tinha era a porra da sua aliança sobre a minha mesa de cabeceira!

—Kurt, eu juro que vivi realmente tudo aquilo, eu te amei a todo instante. Mas aconteceram muitas coisas em pouco tempo, quando me vi no meio de tudo aquilo, a única saída foi partir. Eu achei que isso seria o que te machucaria menos...

—Machucaria menos... você não faz ideia do inferno que eu passei...

—Eu sinto muito...

—Por favor, Jane, eu preciso de fatos!

Ela tentou se controlar. Os mantras pareciam pouco eficazes agora...

—Na última visita da Sarah, você disse que ficaria feliz em ter um filho comigo. E eu alimentei esse sonho, Kurt...

—Patterson me contou sobre as consequências do interrogatório na Divisão Zero e que você não queria que eu soubesse. Foi por isso? Só por isso? Deus, você não entende o tamanho do meu amor por você...

Jane tomou folego:

—Kurt, eu engravidei...eu já estava grávida quando Patterson me contou sobre a radioatividade...

Kurt precisou respirar várias vezes e chacoalhar a cabeça para ter certeza de tudo o que estava ouvindo...

—Você estava grávida...e eu , o pai do bebê, não sabia...

—Eu ia te contar, eu tinha acabado de descobrir. Eu quis te contar desde o primeiro instante...mas eu queria contar de um jeito especial, queria fazer uma surpresa e...então Patterson me contou sobre...você sabe._aquelas lembranças ainda eram fortes demais pra ela, foi impossível conter as lágrimas depois daqui.

—Você estava grávida, nosso filho estava em perigo e você resolveu ir para o outro lado do mundo com ele sem me dizer nada! E você diz que não queria que eu me machucasse.. Por Deus, Jane, você esteve aqui comigo todo aquele tempo. Você sabia o como era difícil estar separado de Bethany...

—Eu errei, eu sei! Mas eu precisava te proteger... _ ela tentou articular as palavras enquanto sua mente advertia "Melhor não contar sobre Roman, não alimentar mais esse ódio..." - Quando o bebê começou a crescer dentro de mim eu tive noção do tamanho do meu erro... foi muito difícil perceber que separei vocês e não podia consertar isso depois que ele se foi...Conviver com isso tem sido um inferno, mas eu não podia voltar...

—Por que não, Jane?

Silêncio. Como dizer que ela suspeitava que Roman teria o ameaçado de morte? 

—Eu não posso... eu sinto muito...

—Você sente muito... você não pode me contar... Como não pode me contar de Oscar ou sobre a morte de Emma? Isso sempre acaba mal... Pensei que tínhamos superado essa fase... Acho que não te conheço como imaginei...

Numa reação instintiva de arrancar Kurt do mar de decepção no qual o afundou, Jane estende a mão tentando tocá-lo. Tudo o que ela queria era envolvê-lo nos seus braços e fazê-lo perceber o quanto ela o amava e que era capaz de dar a própria vida por ele.

Infelizmente, o silêncio dela significava muito pra ele. Para Kurt, se ela não confiava o bastante nele para se abrir, o melhor era se afastar. E foi o que ele fez numa reação quase involuntária ao toque dela:

— Não, Jane. Eu preciso de um tempo da digerir tudo isso...

Jane suspira, limpa as lágrimas. Não havia mais nada a dizer. Não havia mais porquê estar ali. Essa conversa foi um verdadeiro desastre como ela previu. Talvez fosse realmente melhor pra ele se ela permanecesse longe. Sem coragem sequer para olhar nos olhos dele novamente, ela se dirigiu à porta:

—Boa noite, Kurt.

—Boa noite, Jane.


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