Jane não saberia dizer como foi que chegou no apartamento. Era como se ela tivesse entrado num modo automático, alheio ao mundo à sua volta. Algo anormal a trouxe de volta a realidade: uma caixa de papelão com buracos nas laterais estava entre ela e a porta.

Sua primeira reação foi se afastar. Seria uma bomba? Ela tentou ouvir qualquer tipo de barulho vindo da caixa. Nada. Ela se aproximou mais. Senti um cheiro familiar que lhe causou náuseas.

Não, não, por favor, não! Não hoje.

Sem conseguir conter mais as lágrimas, Jane segurou a tampa da caixa e a retirou: um coelhinho ainda filhote, bem pequeno, dormia num canto.

O desespero tomou conta dela. Rapidamente recolocou a tampa na caixa, afastando-a para liberar a porta. Ela entrou e fechou rapidamente tentando separa-se de tudo aquilo.

Kurt, o berçário vazio, o bebê, o coelho, Roman. Eu tenho que matar o coelho, mas eu não consigo mais...Roman vai matar o coelho, o meu coelho. Kurt, eu tenho que protegê-lo...

Ela se deixou cair no chão, abraçando os joelhos e chorou.

Isso não pertence a você!

Isso não pertence a você!

Isso não pertence a você!

Aos poucos, uma força foi tomando conta dela. Seus olhos se recusavam a derramar mais lágrimas.

Roman me odeia. Se eu me afastar, ele se afasta. Se eu me afastar, Kurt não vai sofrer pelo bebê, meu coelhinho ... é irônico, eu matei aquele coelho pra não deixar ele e Ian sofrerem. Agora não são capaz de matar meu coelhinho pra ele e Kurt não sofrerem.

E Shepherd sussurrava em seu ouvido: “A um soldado que fraqueja na guerra  só resta a morte.”

Jane se levantou, pegou algum dinheiro que estava guardado em sua gaveta e o teste de gravidez. Já fora do apartamento, pegou a caixa com o coelho.

É necessário. Um soldado sempre deve fazer o que é preciso. Mas não sem me despedir. Não sem deixar claro que ele está livre pra seguir seu caminho.

Ela voltou para dentro, para o quarto, retirou a aliança sentindo seu coração se esfacelar ainda mais, e colocou sobre a mesa de cabeceira de Kurt.

Adeus, Kurt. Eu te amo...