Moiras escrita por Lucca


Capítulo 3
Sonho




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Aconteceu durante a primeira visita de Sarah. Ela e Sowyer não conseguiram esconder o espanto ao se depararem com a mobília do berçário que só recebeu o acréscimo de um bicama para acomodá-los.

—Vocês resolveram manter o berçário! Será que vou receber alguma notícia maravilhosa hoje?

Jane podia jurar que seu coração pulou uma batida com a pergunta.

Kurt soltou uma risada e abraçou Jane:

— Não Sarah, ainda não. É para o caso de Allie vir até Nova York com minha filha. _e estreitando o abraço, beijou o rosto de Jane_ Mas confesso que, se família de repente aumentar, eu ficarei mais que feliz.

Jane respondeu com um olhar brincalhão:

— Uma produção em série de Wellers pode ser arriscado no momento._ E piscou para Sarah que aplaudiu.

— Meu Deus, Kurt, Jane é a mulher perfeita pra você. Insuperável! Bem, eu vou deixar minha esperança guardadinha por enquanto.

A conversa retornou ao nível casual, mas o comentário de Kurt tocou Jane de forma muito especial. Daquele momento em diante a ideia de ter um filho com Kurt não saiu de sua cabeça. Ele tinha transformado a vida dela, transformado ela mesma em alguém melhor. O momento do casamento, a troca das alianças foi tão intenso, mas um filho era algo muito maior. Como ela se sentia grata por tudo aquilo!

Tudo veio de forma muito rápida e Jane não pensou muito sobre os detalhes. Na mesma semana, ela procurou seu ginecologista e retirou o implante que descobriu durantes os exames realizados por Patterson logo após o incidente da Times Square. Seria uma surpresa para Kurt. Quando acontecesse, ela buscaria uma forma especial de dar a notícia de que o berçário não passaria mais a maior parte do tempo vazio.

A partir daí, Jane tentou ler tudo que pudesse sobre o assunto. É claro que não foi possível ler muita coisa. Em casa, a leitura era proibida. Seria uma surpresa e ela não estragaria isso. No trabalho, era preciso estar segura e bem longe de Tasha e Patterson, o que não era fácil. Mas ela achava que tinha descoberto tudo o que precisava para saber o que esperar.

O primeiro mês se passou sem que nada mudasse.

Isso é absolutamente normal._ Jane repetiu para si mesma.

No segundo mês, dois dias de atraso.

Ainda é cedo pra fazer um teste.— Mas no instante seguinte ela estava na sala de Weller:

— Kurt, estou tão cansada hoje. Você pode me dispensar um pouco mais cedo?_ as palavras saíram atropeladas pela sua boca.

— Olá, Sra. Weller! _ ele sorriu_ Pensei que tínhamos superado essa fase de você entrar pela porta da minha sala despejando frases carregadas de aflição.

—Oh...hum, me desculpe, nem percebi. Eu...

—Você está cansada. Mas está tudo bem? _ Ele disse enquanto se levantava para abraça-la

—Sim, sim. Acho que a tradução daqueles documentos russos está me deixando estressada. Algum trabalho de campo seria bom.

—Acho que todos estamos nos adaptando a falta de adrenalina dos últimos meses. Talvez eu possa ajudá-la com um pouco de “ação” no final da noite.

Jane revirou os olhos:

—Bem, acho que não posso reclamar da quantidade desse tipo de “ação” na minha vida. Mas você me conhece e eu não sou capaz de resistir à sua proposta.

Weller se virou para sua mesa e começou a organizar os papéis apressadamente:

—Prometo que dou um jeito nisso em 15 minutos.

—Kurt, não! É sério, eu preciso descansar. Pode terminar seu trabalho com calma e me encontrar mais tarde. _ e fazendo olhos de piedade_ Por favor...

—Ok _Kurt não pode conter o suspiro_ Então você pode ir...

Jane mal esperou que ele terminasse a frase, se aproximou para um selinho rápido e saiu pela porta. Kurt balançou a cabeça e sorriu:

— O que será que deu nela?

O elevador parecia não chegar nunca. Na rua parecia haver o dobro do trânsito habitual. A fila do caixa da farmácia não andava... Mas, enfim, ela e o teste de gravidez estavam a caminho de casa.

Jane atravessou o apartamento voando até o banheiro. Ela olhou tanto para o visor do teste que perdeu o foco várias vezes.

Isso é um absurdo! Eu preciso me controlar. Eu nem sei se dois dias de atraso são suficientes para uma gravidez ser perceptível por um teste de farmácia... OMG!— ela precisou respirar pausadamente por três vezes para conter a adrenalina _ Eu vou ter um filho seu, Kurt!

Seus olhos encheram de lágrimas. A ideia de contar a ele de uma forma especial pareceu completamente dispensável. Tudo o que ela queria é que ele estivesse ali com ela compartilhando esse momento.

Jane correu até a cozinha e pegou o telefone na bolsa.

Espere! Eu consegui até aqui. Eu tenho que conseguir contar de uma forma especial _ Ela tinha visto vários vídeos no Youtube com formas diferentes e tão especiais de contar ao papai que o bebê estava a caminho_Eu odeio esconder algo dele... Mas é só até amanhã. Jane Weller, está na hora de você testar novas habilidades!

Não foi fácil guardar o segredo até o dia seguinte. Por duas, três ou quatro vezes, Jane se sentiu tentada a dar logo a notícia a Weller, mas ela era uma mulher decidida e a surpresa deveria ser completa!

No dia seguinte, ela se levantou bem mais cedo que o habitual. Com a adrenalina era impossível continuar na cama. Kurt acordou logo em seguida. Para ele, era impossível ficar na cama sem Jane.

Assim que ela desocupou o banheiro, ele entrou para o banho. Jane aproveitou para olhar novamente o teste guardado no fundo de sua gaveta de calcinhas. POSITIVO. Era verdade. Seria um grande dia.

Eles ainda estavam tomando café quando o telefone de Jane notificou uma mensagem de Patterson.

“Preciso muito falar com você. Por favor, venha até meu laboratório assim que chegar.”

—O que é?

—Patterson quer falar comigo assim que eu chegar ao SIOC.

—Sobre?

—Ela não disse. Pode ser que tenhamos algo sobre uma tatoo ou só uma fofoca das meninas.

Kurt riu

—Eu adoro ver você tentando interagir com as futilidades das meninas.

—Eu estou indo bem. Balanço a cabeça em aprovação ou negação e elas se satisfazem. No começo eu ficava bem confusa porque se elas me pediam pra escolher entre duas coisas, nunca concordavam entre si sobre qual seria a escolha certa. Se eu apontava a blusa azul, Tasha já fazia cara de reprovação. Se eu ia na vermelha, Patterson parecia estar traída.

Kurt a envolve e delicadamente acaricia sua bochecha com o polegar:

— Você é única, Jane. _ e a beija. Jane corresponde, mas logo se desprende

—Kurt, precisamos ir. Acho que estou me tornando dependente das fofocas.

Assim que chegaram ao SIOC, Jane se dirigiu ao laboratório de Patterson e seus instintos reagiram imediatamente à angustia que estava estampada no rosto da amiga. As duas estavam sozinhas, ainda era muito cedo. A maioria dos outros funcionários só chegariam após uns 15 minutos.

—Oi, Jane._Patterson disse, estranhamente evitando que seus olhos encontrassem os de Jane.

— Oi, bom dia. Está tudo bem?

—ah...sim e... não. Eu tenho pesquisado sobre algumas coisas que vinham me incomodando e... _ ela foi até a porta e trancou por dentro_ Jane, eu tenho algo muito sério pra te contar. Por favor, senta aqui._ e, tomando fôlego, disse_ Eu sinto muito...


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