P.O.V. Amara.

Tem um garotinho doente. Dizem que ele foi amaldiçoado, mas eu acho que é outra coisa.

Fui até o lugar onde o menino foi visto com saúde pela última vez e logo descobri o que havia de errado com ele. Era veneno.

Ele confundiu as plantas. A planta que ele comeu era lírio do vale, lírio do vale é altamente venenoso e parece muito com uma planta que dá por aqui e que não é venenosa e sim saborosa.

—Quem é você?

—Meu nome é Amara Hale e eu vou salvar seu filho.

—Só Deus pode salvá-lo.

—Eu posso não ser Deus, mas vou salvá-lo. Aqui menino, bebe isso.

P.O.V. Solara.

Eu estava escondida atrás de uma árvore e vi a garota entrar na minha casa, ela deu alguma coisa pro meu irmão beber e ele foi curado.

—Como você fez isso?

—Ele foi envenenado. Ouça com atenção menino, a planta que você comeu lá nas ruínas chama lírio do vale. É venenosa. Veja essa é a planta que causa dano e essa a que não causa.

Ela mostrou as duas folhas á Peter. 

—Lá nas ruínas só tem as venenosas. Não coma mais aquelas plantas ouviu? E avise seus amigos para fazer o mesmo.

—Sim senhora.

—Eu sou Suzana e esse é o meu filho mais novo Peter. Eu lhe devo á vida do meu filho Amara Hale.

—Você não me deve nada. Um pouco de repouso, tome bastante água e um chá de camomila pra mamãe. Vão ficar bem.

Ela deu um beijo na testa do meu irmão e saiu. Ela voltou para uma cabana, a última cabana do vilarejo e logo o meu irmão já estava de pé. No mesmo dia.

Amara estava puxando água do poço e eu fui até ela.

—Você é uma bruxa?

—Eu faço coisas que as outras pessoas não conseguem. Isso me torna necessariamente uma bruxa? Não sei dizer.

Falou claramente nervosa.

—O que você deu pro meu irmão beber?

—Antídoto. Posso te ensinar a fazer. Não é bruxaria é ciência. A natureza nos dá tudo, só temos que saber onde procurar.

—Onde estão seus pais?

—Ainda não nasceram. Ou estão em outra dimensão não sei dizer ao certo.

—Ainda não nasceram?

—Existem coisas no mundo para as quais não tem explicação, aprendi a aceitar isso desde cedo.

O balde saiu cheio d'água.

—Você quer pegar água?

—Sim.

—Tome.

—Sério?

—Sim.

Ela deu a água que puxou pra mim. Depois puxou outro balde.

—O que vai fazer com essa água?

—Banho. E você?

—Beber. 

Então o cortejo do Rei veio chegando.

—Qual é o seu nome?

—Solara.

—Se algum dia eu tiver uma filha, vou dar seu nome pra ela.

—Porque?

—Porque eu acho lindo.

Ela carregou o balde para dentro e vi os olhos do Rei Aegon mirarem a cabana.

P.O.V. Aegon.

Desci do meu dragão e fui até a menina com quem Amara conversava.

—Qual é o seu nome?

—Solara, majestade.

—E qual é a sua relação com Amara?

—Ela salvou meu irmão da morte.

—Como?

—Descobriu que ele foi envenenado e fez a cura.

—Como?

—Com ervas eu acho. Majestade.

O meu dragão ficou enfurecido e tentou atacar uma pessoa, mas Amara saiu de sua cabana e colocou-se na frente. Ela falou uma língua que eu não conhecia e Rhegar se curvou diante dela.

—Tudo bem. Você não precisa machucar ninguém.

Rhegar permitiu que Amara lhe tocasse o focinho e coçasse sua cabeça.

—Ela realmente faz coisas que as outras pessoas não conseguem. Por acaso vossa majestade consegue fazer isso?

—Sim. Consigo. Sou o único que Rhegar permite tocar-lhe.

—Parece que não é mais.

Vi Rhegar se deitar como sinal para que Amara montasse.

P.O.V. Amara.

Eu consegui me comunicar com o dragão, ele sabia falar. Ou eu sabia entender, isso não importava.

—Você consegue me entender?

—Sim. Consigo.

—Consegue entender Aegon?

—Sim, consigo. Mas, ele não consegue me entender.

—Qual é o seu nome?

—Rhegar.

—Você é o único?

—Não. Existem mais dois.

—Eles não estão aqui?

—Eles ainda não nasceram.

—Deve ser incrível, poder voar.

—Quer experimentar?

—Não me deixe cair está bem?

—Eu prometo.

Eu subi encima do dragão sem nem me importar em pedir permissão e ele decolou.

—Esculvacasven.

Pude ver pelos olhos do dragão Rhegar.

—Você vê assim o tempo todo?

—O tempo todo.

—Você sabe porque eu te entendo?

—Porque você é uma bruxa. Você tem sangue de dragão.

—Então eu sou Targeryen?

—Não. Você é uma bruxa da antiga linhagem de Asheron, as bruxas que construíram a primeira muralha e deram á luz aos primeiros dragões.

Então Rhegar pousou com um baque.

—Isso foi demais!

—Como você fez aquilo?

—Ele é uma gracinha. E aparentemente eu sou mesmo uma bruxa.

Eu arrumei um emprego como padeira, mas eu sou meio que uma faz tudo. Cuido de crianças doentes, ensino as mulheres a fazerem remédios, os meninos a ler e estou ensinando uma moça surda a falar linguagem de sinais.

—Amara, o que acha de ir viver no castelo?

—E o que eu faria no castelo?

—Seria minha noiva.

—Sua noiva?

O Rei Aegon ficou de joelhos.

—Desde o primeiro momento em que a vi, quero que seja minha. Eu queria uma rainha e os céus me mandaram você.

—Eu aceito. Mas, quero algo em troca.

—O que quiser será seu.

—Eu quero que Solara seja uma das minhas damas de companhia e quero ser livre pra entrar e sair do castelo quando eu quiser.

—Que assim seja. Tragam um cavalo!

Eu ia montar, mas Aegon me parou.

—O cavalo é para Solara.

—E eu vou á pé?

—Não. Vai comigo.

—Só, se me deixar guiar.

—Não.

—Então eu vou com a Solara.

Eu subi no cavalo e nós fomos para o castelo. Lógico que Aegon chegou primeiro, mas chegamos mesmo assim.

—Você parece um corcel selvagem.

—Agora não sei se agradeço ou se quebro seu nariz.

—Você tem um gênio indomável.

—Obrigado.

P.O.V. Aegon.

Ela foi até a ferraria e ficou analisando as espadas.

—Gosta de espadas?

—Gosto. Meu pai me ensinou a esgrimir, a atirar e eu vou á aula de karatê desde os três anos. 

—Vou mandar fazer uma espada pra você de aço valiriano como presente de casamento.

—Jura?

—Eu juro. Você é cheirosa, muito cheirosa.

—Eu tomo banho todos os dias e faço depilação.

—Depilação?

—Eu tiro todos os meus pelos. Eu não tenho pelos em nenhuma parte do meu corpo.

—E o seu cabelo? Como ele é tão sedoso?

—Eu faço xampu de babosa e lavo com o xampu. Eu sempre passo creme. O segredo para ter cabelo sedoso e pele de bebê é limpeza e hidratação, hidratação, hidratação.