As notícias certamente se espalhavam rápido por Forks, mas naquele momento eu era a verdadeira culpada por expor o bebê dos Cullen. Bella estava ciente de que a partir do momento em que eu me transformasse meus companheiros ouviriam os meus pensamentos, sabendo então de tudo o que ela havia me contado. Tentei por horas adiar a transformação, mas no momento em que o despertador tocou anunciando que minha ronda com Embry e Leah começaria em minutos soube que uma bomba estava prestes a explodir.  Apertei o botão do celular, cessando a música insuportável que tocava e me virei para Jacob, que assistia o noticiário com atenção.

— Jake, preciso ir para a minha ronda, tudo bem? – ele tirou os olhos da televisão para me fitar preocupadamente e concordou com um aceno – Que cara é essa?

Aproximei-me a passos lentos dele, parando ao seu lado no sofá.

— Algumas mortes em Port Angeles. Nada muito sério... Bom, eu acho – ele levantou-se abraçando a minha cintura com as mãos – Vou avisar os garotos. É bom ficarmos atentos.

As coisas estavam estranhamente calmas naquela época, mesmo que eu soubesse o que enfrentaríamos a seguir. Precisávamos aproveitar os segundos de paz que nos restavam, por isso ainda não havia falado sobre a criança com Jacob. Além do mais, não achava que eu deveria ser responsável por lhe contar. Entendia que Isabella estava com medo e assustada com tantas informações, mas Jacob era o seu melhor amigo, sempre foi. Não era como se ele fosse querer matar a criança, não é?

Balancei a cabeça, tentando afastar estes pensamentos e focando no homem em minha frente.

— Você fará a ronda? – ele assentiu – Então, vem comigo?

— Preciso ver a Bella antes disso – disse com receio, não sabendo como eu reagiria – Ela me ligou e parece ser importante. Quer vir comigo?

Pensei por um momento. Se eu aceitasse ele provavelmente acharia que estava em meio a uma crise de ciúmes. Por outro lado, eu prometi para a Cullen que a ajudaria, isso incluía contar ao Alfa da matilha que um novo vampiro chegaria em alguns meses... e também incluía contar ao seu melhor amigo que ela poderia estar morrendo.

— Sim – concordei – Eu vou.

— Tá, tudo bem.

O Black pegou as chaves da moto e caminhou em direção ao quarto voltando de lá com duas jaquetas, mesmo que não precisássemos. Mandei uma mensagem ao Embry, dizendo que iriamos até os Cullen antes de participarmos da ronda e ele logo respondeu em concordância. Jacob subiu em sua moto lançando um sorrisinho divertido em minha direção, de forma alguma ele deixava que outra pessoa a pilotasse. Rumamos o mais rápido possível até a casa dos vampiros e a metros antes eu já conseguia sentir o fedor inundar as minhas narinas. Antes mesmo de terminarmos de subir as escadas Carlisle nos recebeu, lançando um olhar tenso em nossa direção.

— Sejam bem-vindos – disse.

— Obrigada, Carlisle – Jake o respondeu entrando na casa – Bella disse que queria conversar. Ela está aqui?

Desviei o olhar encarando o chão quando o médico tentou me fitar. De todas as pessoas daquela casa, Carlisle me parecia ser a mais justa, será que estava apoiando Bella?

— Sim, no segundo andar. Podem me acompanhar, por favor.

Entrelacei meus dedos com os de Jacob enquanto subíamos a escada. Ele me olhou desconfiado, mas não disse nada. Assim que meus pés tocaram o segundo piso da casa o homem ao meu lado se tornou estático vendo a figura de Isabella enrolada em um cobertor, terrivelmente abatida e mais branca e magra do que uma pessoa saudável. Engoli seco. Até mesmo eu havia me assustado, faziam apenas um dia e meio que não nos víamos e ela havia piorado drasticamente. Bella percebeu a nossa falta de reação positiva e abaixou seu rosto, não deixando que a víssemos envergonhada. Toda a família estava sentada nos sofás, analisando livros ou com seus nootbooks no colo... menos Edward. O mesmo estava de costas para nós, na varanda da casa.

Não podia imaginar o quanto tudo isso estava sendo difícil para Bella.

Caminhei o mais de pressa que consegui, atraindo olhares atentos de todas as pessoas presentes abaixando-me ao lado dela e unindo nossas mãos.

— Vai ficar tudo bem, Cullen. Confia em mim! – ela assentiu e me abraçou com toda a força que tinha no momento, e não era suficiente nem mesmo para matar uma mosca – Você piorou, Bella. Não há que possa ser feito?

Ela negou com um aceno.

— Tem – Alice chamou a atenção para si – É só tirar isso de dentro de você!

— Fala o nome, Alice! – Rosalie contrariou – Ele é só um bebezinho.

Jacob arfou, ainda parado no mesmo lugar. Os olhos da gravida estavam presos nele, mas os dele continham ódio, duvida e medo enquanto encaravam o leitor de mentes.

— Jakey – Bella o chamou com a voz fraca.

— Você fez isso? – indagou na direção de Edward – Isso é possivel?

Em passos rápidos avançou em sua direção, tentando ultrapassar o sofá, mas foi impedido por Emmett e Jasper que o seguraram até que desistisse de passar.

— Jacob – o chamei firmemente, esperando que me olhasse – Bella precisa do nosso apoio agora!

— Jacob – Edward o chamou – Podemos conversar?

— Não tenho nada para falar com você, sanguessuga – respondeu com rispidez.

— Faça isso por ela.

Seu olhar caiu sob mim novamente e eu assenti incentivando-o. A reação dele não foi das melhores, é claro, mas talvez ele pudesse convencer Edward a pensar de outra forma. Ambos saíram da sala juntos, lado-a-lado, mas Jasper foi junto, caso tivesse que os acalmar.

— Obrigada, Carly – Bella sussurrou apertando as nossas mãos – Por tudo.

— Não vou deixar você sozinha. Eu prometo.

Ela alisou a barriga já a mostra com a outra mão.

— Temos sorte de ter você.