Akame ga Kill! escrita por Kath Klein


Capítulo 7
Mate nas Sombras


Notas iniciais do capítulo

Música: In the Shadows (Nas sombras) por Beyond the Black



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Akame Ga Kiru!

Por Kath Klein

Mate nas Sombras

 

‘Fico feliz quando cozinha comigo, Akame-chan.’ Susanoo falou, virando-se para ela e sorrindo de leve. ‘Mas posso fazer isso sozinho. Não prefere descansar. Amanhã no festival de aniversário da organização religiosa será o grande dia. Você deveria descansar.’

Akame virou-se para ele e sorriu. ‘Gosto de ajudá-lo. Não se preocupe comigo.’ Ela falou continuando a lavar a louça enquanto a teigu orgânica secava e guardava cada peça de forma rápida e eficiente. Ela encolheu de leve os ombros. ‘Estou sem sono também. Ficar no quarto, sem dormir também não ajuda a descansar.’

‘Bem… independente da razão… fico feliz de fazer isso com você.’

‘Você  não terminou de contar a história de quando lutou ao lado do grande general Eilertsen durante a formação da Império?’ Ela comentou fazendo Susanoo abrir um sorrisão e logo iniciar sua narrativa dos tempos de consolidação do Império quando as armas imperiais foram criadas.

No começo Susanoo não conseguia entender porque ela perguntava as coisas do seu passado, na verdade, achava que não fazia sentido ela saber de seu passado como teigu do general Eilertsen que fora um dos grandes generais que ajudou a erguer o Império, mas depois com o tempo, começou a perceber que gostava de falar do que tinha acontecido. Era interessante ver as expressões no rosto dela e descobriu que no fundo era bom saber que alguém parecia se interessar sobre seu passado, sua vida… mesmo que fosse apenas uma arma imperial.

Ele começou falando timidamente sobre os confrontos com os povos nas fronteiras do Império. Depois começou a falar sobre os costumes da época que havia sido criado. Falou sobre o que as pessoas faziam e ele apenas acompanhava. Falou sobre os festivais que presenciou apenas acompanhando o general para sua segurança. Quando se deu conta, descobriu que era bom falar sobre si, coisa que nunca tinha feito antes.

Akame era diferente de Tatsumi. O rapaz de olhos verdes falava sobre coisas que ele não compreendia, mas que de uma forma ou outra fazia com que se sentisse de certa forma parte de algo. Akame não falava muito, ela gostava de escutar. Dizia uma ou outra coisa, apenas para lhe dar a oportunidade de falar a respeito, fazendo uma ou outra observação, mostrando que estava prestando atenção no que ouvia. Eram formas diferentes de mostrar a ele que era mais que uma arma imperial. O que antes para ele era indiferente, conviver aqueles meses com o grupo  revolucionário começava a ser uma mudança do que pensava antes.

E no final, a tarefa de cozinhar e cuidar deste grupo, ao lado da morena tornava-se mais agradável. Caçar e pescar ao lado dela, era sempre algo prazeroso a se fazer. Os dois tinham muito em comum, o que era de certa forma estranho.

‘Pronto! Tudo em ordem! Como você gosta, Susanoo.’ Ela soltou, sorrindo de leve para ele que assentiu com a cabeça.

Susanoo realmente gostava das coisas nos seus devidos lugares. Apreciou o lugar também satisfeito em ver tudo limpo e organizado.  ‘Fizemos um ótimo trabalho!’

‘Somos bons parceiros.’ Ela comentou.

O grandão franziu a testa e olhou para ela. ‘Akame-chan...  Isso é bem estranho.’

‘O quê?’ Perguntou inclinando a cabeça de lado, observando-o.

‘Nunca tive uma parceira.’

Ela sorriu. ‘Todos somos parceiros aqui. Você é um dos nossos. Um Night Raid.’

Susanoo ficou um tempo em silêncio tentando entender. Balançou a cabeça de leve. ‘Você e Tatsumi falam coisas que não entendo. Mas ficou feliz que me considerem assim.’

Akame sorriu para ele. ‘Também fico feliz.’ Falou por fim. ‘Bem… acho que agora vou descansar.’

‘Sim… é o melhor. Boa Noite, Akame-chan.’

‘Boa noite, Susanoo.’ Ela se despediu caminhando para a saída da cozinha, esticou um pouco as costas e abafou um bocejo. Era melhor ir dormir realmente.

Passou pela porta da cozinha e seguiria para o corredor quando virou para o lado observando Tatsumi que estava debruçado na parede do corredor com os braços cruzados.

‘Ainda acordado?’ Ela estranhou.

‘Estava esperando para falar com você.’

‘Entendo.’

Ele se desencostou da parede e deu um passo a frente, virou o rosto observando Susanoo que uma vez finalizada a arrumação estava sentado em posição de buda com os olhos fechados. ‘Ele está dormindo?’

Ela inclinou o corpo para observar a cozinha. ‘Acho que está descansando também. Por mais que fale que não dorme, acho que de uma forma ou outra, precisa pelo menos descansar, não?’

Tatsumi deu de ombros. ‘Acho que sim.’

Ficaram em silêncio alguns instantes, fitando-se.

‘Hum… o que queria falar comigo?’ Akame perguntou, voltando ao ponto inicial.

Ele desviou os olhos. ‘Que tome cuidado amanhã. A tal passagem que você encontrou no cemitério deve estar com armadilhas protegendo-a. Você e Lubba vão ficar no túnel esperando Burick… lembre-se que ele tem bons guarda-costas.’

Ela sorriu e inclinou a cabeça de leve. ‘Está tudo bem. Já desarmei quase todas as armadilhas. As armei novamente para não levantar suspeitas e o alvo sentir-se confiante em seguir a rota de fuga que conhecemos.’

Ele arregalou os olhos de leve. Estava realmente admirado com a praticidade dela. Pelo jeito estava se preocupando a toa, como sempre.

‘Humph…’ Murmurou sem saber direito o que falar. Até que se lembrou do detalhe do guarda costa. ‘Você conhece O tal do Holimaca e do Izou? São mesmo portadores de armas imperiais?’ Perguntou. Tinha ouvido atentamente o relatório de Leone com as informações dos espiões revolucionários assim como a estratégia de Boss para cada um.

Leone, Susanoo e Najenda atacariam a sede para forçar Burick fugir pelo conhecido túnel, onde seria interceptado por Lubbock e Akame. Ele e Mine estariam no festival.

Ela assentiu com a cabeça. ‘Holimaca não é minha preocupação. Izou é quem devo prestar mais atenção.’

‘Você… você já lutou com ele?’

Ela encolheu os ombros de leve. ‘Apenas lutei ao lado de Kurome depois que a Elite dos Sete se separou. Eu o conheci em alguns poucos encontros do grupo de assassinos imperiais. A teigu dele é Kousetsu, uma katana muito parecida com Murasame. Nossos estilos de luta são parecidos. Um confronto com ele, requer mais cuidado.’

‘Cuidado? Como assim? Acha perigoso…’

‘Enfrentar um usuário de teigu é sempre perigoso.’

‘Sim… sim…’ Ele concordou rapidamente. Depois encolheu os ombros e soltou um suspiro. ‘Apenas… Cuide-se…’

Ela franziu a testa, fitando-o intensamente. ‘Os Jaegers tem certeza que vamos agir durante o festival. Alguns deles devem provavelmente estar na cidade a nossa procura. Eles além de usuários de armas imperiais foram escolhidos por Esdeath. Existe uma alta possibilidade de confronto com qualquer um deles.’

‘Sim… Um encontro com eles já é esperado.’ Ele sorriu para ela, confiante. ‘Mas desta vez, ninguém vai morrer. Não pude ajudar Aniki e cheguei tarde demais para ajudar Chelsea. Mas desta vez, isso não vai acontecer.’

Akame ficou mais séria ainda, encarando-o. Ele tinha que tirar isso da cabeça. Sempre soube que o rapaz tinha dificuldade para aceitar a morte dos amigos e de quem ele considerava importante, no entanto, em nenhum momento ele deveria se sentir culpado ou isso acabaria com ele.

Now we’re standing here together

Agora nós estamos aqui de pé juntos

At the crystal borderline

Na linha de demarcação de cristal

All my memories are shattered

Todas as minhas memórias são quebrados

Nothing’s left of what was mine

Nada é deixado de o que era meu

‘Você não é responsável pela vida de cada um, Tatsumi. Todos que estão aqui, escolheram essa vida sabendo dos riscos…’ Ele tentou interrompê-la mas a jovem fez um sinal para que permitisse que ela continuasse. ‘Você é responsável apenas pela sua vida. Sua obrigação é se manter vivo.’ Foi dura, mas tinha que ser. No final, apelou. ‘Você prometeu se manter vivo. Por favor, cumpra sua promessa.’

Ele arregalou os olhos, não imaginou que ela se lembrasse ainda disso. ‘Eu vou… E vou proteger a todos que eu puder. Mine é minha parceira na missão de amanhã, vou protegê-la custo e o que custar.’

Akame sorriu de leve e balançou a cabeça. Ele não entenderia nunca. Soltou um suspiro resignada. ‘Está bem.’ Falou por fim. ‘Melhor descansar então, herói.’ Disse dando um passo para desviar dele e batendo a mão de leve no ombro do rapaz. Estava se afastando quando ele pegou a mão dela e a puxou impedindo de continuar o caminho.  A morena arregalou os olhos de leve com o rompante dele, levantou o rosto encarando-o.

‘Você fala que eu tenho rompante de herói mas quem se mete em confusão para salvar os outros não sou eu.’

Ela franziu a testa. ‘Do que está falando?’

‘Lembro muito bem você falando que sempre viria me salvar quando eu precisasse. Lubbock me falou que você ficou dias estreitando os Jeagers para achar uma brecha para me salvar quando fui sequestrado por Esdeath. Que recorreu até diretamente aos espiões do palácio de forma insubordinada a Najenda. Você…’ Ele falou puxando-a para que ela se aproximasse dele. ‘Fala para os outros não bancarem heróis mas é quem mais se coloca em situação de risco tentando salvar todos… Me salvar!’ Disse tudo de uma só vez, fazendo-a ficar cada vez mais surpresa com o rompante dele.

I’m tryin’ to hold you

Eu estou tentando prendê-lo

But you slip away

Mas você escapulir

A candle cannot burn forever

Uma vela não pode queimar para sempre

To whom am I to pray

Para quem sou eu para orar

Ela tentou falar algo para ele mas nada vinha a sua mente. Por fim se deu por vencida, também não estava com ânimo para começar a discutir com Tatsumi. Discutir nunca resolveu os problemas e apenas desviava o foco da missão principal. Soltou um suspiro resignada.

‘Está bem.’ Falou por fim, encolhendo os ombros de leve. ‘Faça o que achar que é correto. Siga o caminho que o seu coração alertá-lo que é o correto.’ Era o lema que usava para si, deveria considerar que cada um fizesse suas próprias decisões. Não tinha o direito e nem poderia interferir no que os outros acreditavam.

Tatsumi suavizou o semblante observando-a. Era verdade que esperava entrar numa discussão com Akame, parecia que daquela forma a jovem pelo menos prestava atenção nele, mas ela sempre conseguia surpreendê-lo. Se seguisse realmente o caminho que o seu coração estava dizendo, na verdade, gritando, simplesmente a abraçaria e faria o que tinha vontade de fazer a meses, beijá-la.

Up we rise |  into the night

Até nós ascendemos |  na noite

We’ll never die | in the shadows

Nós nunca vamos morrer  | nas sombras

‘Gosto de você.’ Ele falou por fim.

Ela sorriu e sentiu as bochechas esquentarem. ‘Eu também... Afinal, somos amigos.’

We can break | out of these days

Podemos quebrar | fora destes dias

Darkness will blaze | in the shadows

Escuridão arderá em chamas | nas sombras

Idiota! Mil vezes idiota! Ele pensou para si, soltando o braço dela. Deu um passo para trás afastando-se de Akame e abaixando os olhos. Bem… o que poderia esperar depois de uma declaração desta? Realmente deveria acreditar que talvez a linha do seu destino estivesse unindo-o a outra pessoa que não fosse quem ele insistia que fosse. Era melhor voltar para o seu quarto e ficar apenas com seus sonhos noturnos. Deveria acabar com qualquer esperança com relação a ela.

‘Claro.’ Falou por fim, levantando o rosto e forçando um sorriso. ‘Bem… boa noite. Por favor… cuide-se.’

‘Sim.’ Ela respondeu prontamente. ‘Você também.’

Tatsumi estava para dar meia volta quando parou por um instante. Voltou-se para Akame e deu dois passos a frente parando bem próximo a ela. Levantou a mão e segurou a nuca da jovem puxando-a para si e abaixou o rosto para depositar um beijo demorado na testa dela.

Akame fechou os olhos e cerrou os punhos, ficando rígida. Sua vontade era se agarrar a ele, abraçando-o forte.  A sensação que teve era que o tempo havia parado. Não existia mais nada nem mais ninguém além dos dois. Quando ele se afastou dela, abriu os olhos devagar e engoliu em seco forçando-se a se manter estática. Tatsumi a fitou por alguns instantes e sorriu de leve, de forma triste.

Our kingdom will come

Nosso reino chegará

When our dreams can grow wild

Quando os nossos sonhos possam crescer livremente

‘Eu não vou morrer. Já lhe prometi isso, não?’ Ela apenas assentiu com a cabeça. ‘Vamos entrar juntos numa nova Era para este país.’ Prometeu mais uma vez. ‘Faça a sua parte também, se mantendo viva, Akame.’ Pediu antes de começar a se afastar dela seguindo em direção ao seu dormitório.

Up we rise | into the night

Até nós ascendemos | na noite

We’ll never die | in the shadows

Nós nunca vamos morrer | nas sombras

Ela ficou no corredor, observando-o se afastar seguindo em direção ao quarto que ele estava dividindo com Lubback no esconderijo dos Night Raids em Kyoroch.

Respirou fundo sentindo aquela dor enorme no peito e controlando aquela imensa vontade de chorar. Não adiantava nada chorar, nunca isso foi solução para seus problemas e dilemas. Ela tinha que se manter lúcida. Sabia que nunca poderia sair das sombras e entrar ao lado dele numa nova Era de paz e prosperidade que eles alcançariam com a Revolução. Definitivamente, ela precisava se afastar de Tatsumi. Quando tivesse que enfrentar Esdeath, se conseguisse sair viva do confronto com a general Imperial, sabia que não sairia mais  humana. Tatsumi merecia alguém muito melhor do que ela. Uma pessoa tão humana e amável quanto ele.

It’s so hard to kill the demons

É tão difícil de matar os demônios

When they live inside your heart

Quando vivem dentro do seu coração

Don’t give up to find your fortune

Não desista de encontrar o seu tesouro

When you don’t know where to start

Quando você não sabe por onde começar

So come here and take me

Então venha aqui e me levar

I’m already gone

Eu já fui

In a second life beside you

Em uma segunda vida ao seu lado

Is where I want to belong

É onde eu quero pertencer

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‘Não vejo a hora da gente derrubar logo este império…’ Akame ouviu Lubbock resmungar ao seu lado. Estavam desarmando as armadilhas que ela tinha mapeado.

Lubbock olhou em volta e sentiu um calafrio. ‘Não gosto de lugares como estes… são sempre sinistros.’ Comentou observando as lápides do cemitério de Kyoroch.

Akame tirou os olhos do dispositivo que mexia e olhou em volta. Deu de ombros. ‘Os mortos não são perigosos.’

‘Isso quando eles não são usados como marionetes.’ Lubba falou e se arrependeu de imediato. ‘Quer dizer… enfim…’

Akame continuou a sua tarefa. ‘O perigo continua sendo os vivos que manipulam os mortos. Eles que são nossos verdadeiros alvos.’ Respondeu por fim, fazendo o rapaz ficar calado alguns instantes. ‘Pronto. Acho que agora só faltam mais duas se eu não me engano.’ Ela falou erguendo o corpo e colocando uma mão no queixo pensativa. ‘Ainda temos tempo?’

Lubba tirou o relógio de dentro do sobretudo e conferiu a hora. ‘Estamos adiantados como sempre, Akame-chan.’ Falou, piscando para ela.

‘Então acho que dá para a gente fazer um lanche, né?’

Ele sorriu sem graça com uma enorme gota ao lado da cabeça. Tirou o que tinha trazido e ofereceu a jovem. ‘O seu preferido.’ Akame pegou o doce com estrelinhas nos olhos.

‘Obrigada.’ Agradeceu antes de dar a primeira mordida. ‘Você é demais.’ Ainda falou com a boca cheia.

Lubba sorriu de lado. ‘Pode falar, sou mais incrível que Susanoo, não?’

A jovem franziu a testa de leve. ‘Do que está falando?’

Ele endireitou o corpo e ajeitou o sobretudo como via os mocinhos dos filmes e os badboys fazerem. ‘Pode falar, Akame-chan, com sinceridade, como sempre… Eu sou um cara pintoso, não?’

Ela ergueu uma sobrancelha ainda não entendendo bem do que o amigo falava. ‘Hum… não sei se você pinta bem. Nunca soube que você fosse bom em trabalhos manuais. O Susanoo eu sei que é muito bom nisso.’

‘Ahhh!’ Ele gritou com as mãos na cabeça. ‘Este Susanoo sempre tem que ser bom em tudo!’

‘E isso não é bom? Ele é um excelente companheiro. Bom saber que ele está no nosso lado e não contra nós, não é?’ Ela falou antes de colocar o último pedaço do doce na boca. ‘Você não teria outro aí, né?’

Lubba ainda estava com o rosto contrariado, mas puxou o segundo doce de dentro de um dos bolsos e ofereceu a Akame que abriu um sorriso enorme já pegando-o e abrindo-o para comer.

‘Akame-chan…’ Ele a chamou novamente. ‘Você acha que Boss considera o Susanoo apenas uma teigu?’ Perguntou de forma tímida.

Akame inclinou a cabeça de leve observando o rapaz por alguns instantes em silêncio e fazendo-o ficar mais nervoso do que já estava.

‘Susanoo é mais que apenas uma teigu orgânica, Lubba. Ele é um parceiro. Um integrante dos Night Raids. Acho que Najenda o vê assim como eu e todos os outros.’ Ela franziu a testa novamente. ‘Você o vê apenas como uma teigu?’

Lubba respirou fundo e soltou o ar devagar. ‘Não.’ Respondeu por fim. ‘Talvez se o visse apenas como uma teigu não me sentisse tão inseguro.’

‘Inseguro como, Lubba?’ Akame estranhou. ‘Você deveria se sentir mais seguro sabendo que ele está no nosso lado.’

‘Acho… Acho que sim…’ Ele respondeu de forma evasiva.

Voltaram a ficar em silêncio enquanto Akame terminava de comer o doce que o amigo lhe trouxe, antes de recomeçarem a desarmar as duas últimas armadilhas que protegiam o túnel que ligava a sede da organização religiosa Caminho da Paz com a mansão de Burick.

‘Acho que está na hora de recomeçarmos.’ Ela falou amassando a embalagem do doce e colocando no bolso do casaco para depois jogar fora.  

Lubba apenas assentiu com a cabeça e acompanhou a amiga que já caminhava, entrando finalmente no túnel subterrâneo.

Akame olhou em volta e levantou o rosto. ‘Hei Lubba, será que para facilitar, você consegue me levantar com a ajuda daquela viga até aquelas armas ali e ali.’ Falou apontando para as duas armas camufladas. ‘Cuidado apenas para não pisar neste e naquele outro ponto ali. São os gatilhos.’

Assim ele fez, solicitou que suas cross tails envolvessem a cintura da jovem e a levantassem até onde ela queria para desarmar em segurança a primeira arma e logo depois levando-a até a segunda.

‘Akame…’ Lubba a chamou novamente.

‘Hum.’ Ela murmurou enquanto travava os gatilhos das armas.

‘Você já gostou de alguém?’

‘Gosto da minha irmã e dos meus amigos.’ Ela respondeu sem titubear.

‘Não…’ Ele falou rolando os olhos. ‘Você já gostou de alguém que gostaria de ficar para sempre ao seu lado?’

Ela meneou a cabeça, pensando. ‘Gostaria de estar ao lado de Kurome e meus amigos para sempre.’

Lubba soltou um suspiro derrotado. Akame não entendia as coisas. Parecia muitas vezes como uma menina de dez anos de idade. Levantou o rosto e observou a amiga que estava pendurada por suas linhas enquanto habilmente destravava a arma. Inclinou a cabeça de leve e mesmo com a pouca iluminação dava para ver as pernas expostas dela. Sorriu de forma boba conseguindo ver a calcinha. Quem mandava ela usar aquela saia minúscula preta.

Deu um passo a frente sem tirar os olhos da jovem. Não tinha ainda conseguido vê-la tomando banho pois Akame sempre era bem cuidadosa. Além disso, verdade seja dita, ela lhe passava tanto medo que temia que a morena se o visse estreitando-a era capaz de lhe dar uma coça bem feia. No final, era mais divertido estreitar Leone que tinha uns peitões incríveis e falava, esbravejava, mas não fazia muita coisa para evitá-lo.  Mine não fazia muito o tipo dele, e se o pegasse no flagra era capaz de ficar falando até que estourasse seus ouvidos… ou era capaz de tentar estourar sua cabeça com Pumpkin assim como ela tentou fazer quando Tatsumi a flagrou de roupas íntimas.

Akame tinha pernas muito bonitas. Bem torneadas. Cintura fina. Seios no tamanho certinho. Corpinho violão. Uma bela mulher, perigosa e inocente ao mesmo tempo… Isso era uma combinação muito boa e interessante para a cama.  Pensou admirando a amiga.

‘Acabei… Pode me descer.’ Ela pediu.

Lubba soltou um suspiro. ‘Agora dá para entender porque Tatsumi fica falando o seu nome a noite.’ Resmungou enquanto a descia.

‘Do que está falando?’ Ela perguntou assim que tocou o chão, fitando de forma interrogativa.

O rapaz esticou o corpo e colocou as mãos atrás da cabeça de forma relaxada como gostava de fazer. ‘Que o Tatsumi de bobo só tem a cara.’

‘Lubba… Hoje você não está falando coisa com coisa. Está tudo bem?’ Ela perguntou caminhando mais a frente em segurança sabendo que o caminho estava seguro.

‘Vocês mulheres é que se fazem de cegas… Quer dizer… você não se faz… é tonta mesmo.’

Ela voltou-se para ele, olhando desconfiada. Estreitou os olhos no rapaz. ‘Você está bem?’ Repetiu a pergunta.

‘Acho que sim… quer dizer… como eu falei… estou ansioso para que chegue logo o final da revolução. Gostaria de ter uma vida mais tranquila.’

Up we rise |  into the night

Até nós ascendemos |  na noite

We’ll never die | in the shadows

Nós nunca vamos morrer  | nas sombras

We can break | out of these days

Podemos quebrar | fora destes dias

Darkness will blaze | in the shadows

Escuridão arderá em chamas | nas sombras

Akame sorriu para ele de forma meiga. Pousou uma mão no ombro dele. ‘Logo acabará e sairemos vitoriosos, meu amigo.’

Ele assentiu com a cabeça. ‘Quero ter uma família, Akame-chan.’ Falou com sinceridade seu desejo. ‘Quero casar… com uma pessoa em especial e sei lá… ter filhos… viver de forma tranquila.’

Our kingdom will come

Nosso reino chegará

When our dreams can grow wild

Quando os nossos sonhos possam crescer livremente

Up we rise | into the night

Até nós ascendemos | na noite

We’ll never die | in the shadows

Nós nunca vamos morrer | nas sombras

‘Sem estreitar o banho de outras moças, né?’ Ela perguntou em tom jocoso.

Lubba franziu a testa olhando-a desconfiado. ‘Agora você está agindo estranho.’

Ela soltou uma risadinha. ‘Leone vive reclamando isso de você. E eu sei que você não está falando dela quando diz que gostaria de casar com uma pessoa em especial.’ Disse cantarolando e voltando a caminhar pelo túnel.

Lubba arregalou os olhos surpreso com o que a amiga que considerava bem distraída falou. Precisou de alguns instantes para realmente acreditar que ouviu aquele tipo de insinuação de Akame. Correu até ela. ‘Hei… hei… do que você está falando?’

A jovem riu do rosto surpreso dele, mas logo parou de caminhar e estendeu o braço esquerdo impedindo o amigo de continuar. Olhou em volta séria,  franziu a testa e apontou para uma das colunas a esquerda. ‘Se passarmos por aqui acionamos a última armadilha.’

Lubba precisou de alguns instantes para voltar a seriedade e se focar na missão. Olhou para onde a jovem apontava. ‘Que armadilha é?’

‘É só um alarme de invasão.’ Ela se abaixou e pegou um pouco de terra esfregando nas mãos e assoprando a frente. Logo a poeira fina revelou parte dos lasers que mostravam a cerca luminosa. ‘Acha que Cross tail consegue pressentir os lasers e passar por eles até o ponto de força para destruí-lo?’

Lubback coçou a cabeça. ‘Acho que sim. Preciso me concentrar.’

Ela bateu uma mão na outra limpando a terra que ainda estava nelas. ‘Bem… então tire Boss da cabeça e tente focar na missão.’ Falou se afastando do rapaz e olhando em volta. ‘Temos pouco tempo agora.’

Lubba arregalou os olhos surpreso e deixou cair seu queixo no chão. Precisou de uns bons segundos para pegá-lo do chão e conseguir encarar a amiga que olhava para ele com o rosto inabalável.

‘Vo-você… sabe? Como? Peraí… Se você sabe então todos do grupo sabem…’ Ele falou colocando as mãos na cabeça e pisando duro sem sair do lugar. ‘Ah! Eu dei tanto mole assim?!’

‘Deu.’ Akame respondeu de forma simples.

‘Ahhhhhh!’ Voltou a gritar balançando agora a cabeça de um lado para o outro e puxando os cabelos. ‘Que vergonha… Ser exposto assim…’

Akame soltou um suspiro. ‘Para de ser bobo. Você acabou de me perguntar o que Najenda acha de Susanoo, apenas deduzi que talvez a pessoa que você está se referindo é ela. Não há muitas opções dentro do seu círculo social.’

Lubba parou de se contorcer e voltou a observar a amiga que estava parada ao seu lado com os braços cruzados esperando que ele acionasse sua teigu para que eles pudessem continuar seu caminho e se posicionar finalmente para interceptar Burick quando o rato tentasse fugir.

Ele a olhou atravessado por ter sido exposto daquela forma. ‘Humph… você anda até bem espertinha. Como é que não consegue ver que o Tatsumi é doido por você?’

Akame rodou os olhos. ‘Ele não é doido por mim. Ele é meu amigo assim como você.’

‘Amigo… sei… não que eu não quisesse transar com você se me desse oportu…’ Não conseguiu terminar de falar e já levou um cascudo na cabeça. ‘Ai! isso dói! Isso é agressão gratuita.’

‘Leone realmente tem razão quando fala que você e Tatsumi são dois virgens pervertidos.’

‘Vi-virgens?’ Lubba voltou a ter seu ataque. ‘Ahhhh! Isso é bullying!’ Gritou revoltado por ter sua intimidade tão exposta a alguém que pensou que não sabia de absolutamente nada. Se Akame sabia tanto, era porque todos, absolutamente todos, sabiam… inclusive Najenda!

‘Lubba! Vamos focar na missão.’ Ela tentou fazer o rapaz voltar a colocar a cabeça na missão.

Lubbock ainda resmungou algumas palavras que ela não conseguiu entender antes de tentar relaxar os ombros para se concentrar e ativar cross tails para ultrapassar os lasers e destruir a fonte alimentadora deles. Fechou os olhos alguns segundos e quando os abriu estava com o semblante mais sério. Akame tinha razão, eles tinham uma missão dada por Najenda, não a decepcionaria. Jamais.

Logo ele ativou sua teigu expandindo suas linhas em direção ao túnel a frente deles. Com suavidade e delicadeza, diferente do que normalmente elas eram, as linhas começaram a se contorcer desviando de cada feixe de laser invisível aos olhos de Akame e Lubbock. O rapaz franziu a testa observando sua teigu ganhar cada vez mais distância até finalmente alcançar a caixa negra que Akame apontou e destruí-a, logo retornando para o seu mestre de forma rápida já não mais com o cuidado de antes.

‘Perfeito.’ Lubba falou satisfeito e recebeu um aceno positivo de Akame que já caminhava em direção ao ponto estratégico definido por Najenda. ‘Estamos ainda adiantados, como sempre, Akame-chan.’ Ele falou olhando para o relógio satisfeito.

No entanto, ela ainda se mantinha séria olhando em volta. Tinha algo errado ali. Levou uma mão até Murasame que estava presa a sua cintura enquanto seus olhos varriam o ambiente fracamente iluminado.

‘Lubba…’ Ela o chamou com a voz séria.  ‘Siga adiante… Eu fico aqui. Logo me encontrarei contigo.’

‘Hã…’ Ele soltou sem entender, mas logo percebeu que sua teigu já começava a ficar tensa mostrando que o perigo estava eminente. ‘Akame…’

‘Continue… eu acerto as coisas aqui e logo me encontro com você.’ Ela falou com a voz séria.

‘Certo.’ O rapaz falou e já estava para se afastar quando foi surpreendido por um ataque vindo das sombras. Se Akame não tivesse se colocado a sua frente fazendo com que Murasame chocasse de forma violenta com a espada do inimigo. ‘Quem é este?!’ Perguntou aflito. Não esperava encontrar um adversário ali.

‘Eu cuido dele. Vá.’ Akame ordenou mais uma vez.

‘Daqui nenhum de vocês dois passa.’ O espadachim falou afastando-se de Akame apenas para pegar impulso e tentar golpeá-la. Novamente as lâminas das duas katanas se chocaram com fúria.  

No entanto, Akame não gostava de ficar medindo forças. Deu um passo para trás apenas para dar espaço para agora contra atacar o inimigo, sem lhe dar espaço para fazer mas nada a não ser tentar se defender dos ataques rápidos e sequenciados da jovem.

Lubba entendeu o que a parceira estava fazendo. Aproveitou a distração que ela criou e afastou-se correndo em direção ao ponto que boss havia estabelecido. Esperava apenas que a luta de Akame e do inesperado inimigo de alguma forma não alertasse os outros protetores de Burick e o rato não usasse outra rota de fuga. Não podiam perder a oportunidade de eliminá-lo.

Akame observou Lubbock se afastando e sentiu-se satisfeita pelo amigo ter confiado nela para resolver aquela questão.

O espadachim se afastou e abaixou a arma observando a jovem.

‘Então nos encontramos novamente, Akame da espada que se diz encantada.’ Ele falou com desdém. ‘Já falei para você que acho este seu título muito pretensioso, não?’

Ela balançou de leve a cabeça. ‘Você ainda tem a mesma ladainha, Izou? Pensei que já tinha superado isso.’

Izou não tinha mudado muito, Akame pensou para si. Ainda se vestia como um samurai com kimono tradicional. Tinha o mesmo fiapo de capim ou seja lá o que fosse na boca. E os olhos pareciam estar sempre fechados. Não era um homem feio e monstruoso como Ibara. Pelo jeito, Izou não precisou se mutilar para tentar tornar-se mais forte. Até porque… pelo que se lembrava o homem, ele era completamente maluco… ou melhor, esquizofrênico.

‘Já te falei que Kousetsu ultrapassou Murasame, não?’

Ela rolou os olhos. ‘Acho que sim.’

Izou sorriu. ‘É realmente uma pena que duas espadas tão sedentas de sangue como as nossas, sejam impedidas de se alimentarem, não?’

‘Espadas não se alimentam, Izou.’ Rebateu, seca.

Ele alargou o sorriso perigoso. ‘Vejo que ainda não compreendeu Murasame, Akame-chan. Assim nunca conseguirá acionar sua trump card.’

Akame rodou Murasame na sua mão direita e logo depois levou-a até ao seu lado esquerdo, segurando-a com as duas mãos e colocando-se em posição para iniciar o embate. ‘Sabe Izou, acho que apenas Kousetsu realmente tem saco de ouvir seu papo furado.’

O sorriso do samurai se fechou, observando que a adversária estava para iniciar um ataque. Faria ela se arrepender por não conseguir compreender a alma das katanas assassinas.

Akame não esperou Izou se posicionar, avançou na direção dele que estava preparado para receber o ataque frontal, no entanto ela desviou saltando para o lado direito, pegando impulso na parede e finalmente atacando-o pela esquerda onde sabia ser o ponto fraco na defesa do adversário.

Izou defendeu-se de forma desengonçada com sua katana e deu alguns passos para trás tentando defender das estocadas que a jovem direcionava a ele. Franziu a testa,  sentindo-se acuado o que detestava pois sabia que ela estava o encurralando para achar uma brecha e ferí-lo. Saltou para trás, finalmente saindo do alcance de Murasame, mas assim que tocou no chão, novamente foi surpreendido por outro ataque feroz de Akame.

Protegeu-se tendo agora um pouco a mais de espaço, o que lhe dava a oportunidade de começar a atacá-la na mesma velocidade. As duas katanas se chocavam com violência faiscando energia.

Akame estreitou os olhos, observando a investida de Izou a sua direita, diferente do que estava fazendo antes, não se defendeu com Murasame, abaixou-se de leve fazendo a lâmina passar por cima da sua cabeça, deu um rolamento para frente e se levantou golpeando fortemente Izou com uma cotovelada na altura do estômago do homem que trincou os dentes de dor. Logo levantou o braço batendo com força com o cabo de Murasame no rosto dele que deu dois passos para trás com o nariz quebrado e sangrando.

Não deu tempo para ele se recuperar e aproximou-se dele já pronta para desferir um ataque mortal no adversário que no último instante, girou o corpo fazendo a lâmina de Murasame cortar o ramo que ele tinha na boca. Ele completou o giro e com as duas mãos segurando o cabo de Kousetsu para golpear com força Akame que defendeu-se com Murasame.

O impacto das duas armas foi tão forte que Akame sentiu seus pés arrastam-se alguns metros pelo chão e teve que firmar as pernas para parar. Estreitou os olhos em Izou que cuspiu o que tinha sobrado do seu ramo.

‘Está mais rápida.’ Ele comentou.

‘Você também… Kousetsu também está mais forte.’

Ele sorriu de lado. ‘Está vendo como não entende nossa armas, Akame-chan. Kousetsu está mais forte porque tem sido alimentada todo dia com sangue. Uma vez que você nega isso a Murasame, não tem como ela conseguir estar à altura de Kousetsu.’

‘Humph… Quanta besteira.’ Ela murmurou, avançando sobre ele para tentar um novo ataque. Tinha que achar uma brecha na defesa dele.

As katanas voltaram a se chocaram diversas vezes em velocidade absurda devido aos golpes incessantes dos adversários um contra o outro.

Akame percebeu que Izou levantou a perna esquerda tentando acertá-la com um chute alto, colocou o braço a frente fazendo com que o escudo de seu braço recebesse o impacto e firmou as pernas. Tentou golpeá-lo novamente pela direita e como previa ele usou sua katana para se proteger do ataque, pressionou Murasame contra Kousetsu, como se medisse força com ele e assim como imaginou, Izou que era mais alto que ela se prostrou a frente. Ela diminuiu a força que fazia contra a katana dele, e deixou-se cair de costas no chão, fazendo com que Izou desequilibrasse e caísse na direção dela, levantou as pernas e golpeou-o novamente no abdômen jogando-o para trás de si e fazendo-o voar de encontro a um dos pilares do túnel.

Ela completou a cambalhota, se levantando rapidamente e avançando na direção de Izou que mal conseguiu erguer o corpo e foi acertado por uma voadora alta  no rosto, caindo no chão com o rosto sangrando cada vez mais. Não conseguiu nem se levantar, e sentiu o empunhadura de Murasame bater com força nas suas costas. Ele arfou sentindo o ar lhe fugir pelos pulmões.

Akame deu alguns passos para trás e esperou que ele se levantasse. O homem ergueu o corpo e segurou Kousetsu a frente com as duas mãos e rindo de forma lunática.

‘Está lutando sujo, Akame-chan. Isso não parece um duelo de samurais.’

‘Estamos longe de honrados Samurais, Izou. Somos apenas dois assassinos sujos.’ Ela comentou. ‘Mas se quer uma luta limpa… prometo não ser uma menina má, e apenas usar Murasame, se é este o seu desejo.’

Ele trincou os dentes percebendo o tom debochado dela. Sabia que estava em desvantagem. Akame apesar ainda da aparência de menina tinha crescido muito como lutadora. Precisava ter cuidado. Estreitou os olhos nela e se aproximou fazendo os dois espadachins voltarem a se golpearem de forma rápida e mortal. Ora defendendo-se ora atacando o adversário.

Akame percebeu a respiração mais pesada de Izou, ele estava chegando ao limite de cansaço, não aguentaria por muito tempo acompanhá-la nos movimentos e foi exatamente o que aconteceu. Num ataque mais furioso dele pelo lado esquerdo, Akame girou parcialmente o corpo apenas para desviar da lâmina de Kousetsu e fazendo-o se desequilibrar devido a força que colocava naquele golpe que atingiu o nada, completou o giro e assim que ele conseguiu voltar ao seu equilíbrio, ela viu a brecha para atingir a jugular dele que espirrou sangue tanto pelo pescoço talhado quanto pela boca.

Izou finalmente soltou Kousetsu que caiu no chão já banhada pelo sangue de seu próprio dono.

Akame observou as marcas de Murasame consumindo o corpo de Izou que virou-se para ela e sorriu de leve com o rosto e o corpo todo banhado de sangue.

‘Impressionante…’ Ele falou entre os dentes, tentando controlar a dor dos ferimentos mortais e da corrupção da perigosa katana.  Estreitou os olhos na lâmina de Murasame que estava suja com o seu sangue e riu de forma falhada. ‘Agora sim… sua teigu será mais poderosa, Akame-chan… Não negue a ela sangue. Não faça i-isso…’ Foi interrompido quando seu coração foi envolvido pelas trevas e esmagado finalmente caindo de costas morto no chão.

Akame soltou um suspiro observando-o. ‘Você realmente era doente, Izou.’

Caminhou até ele e abaixou-se pegando a empunhadura de Kousetsu. Como imaginou, nenhuma arma daquele tipo a rejeitava, no fundo parecia que todas chamavam por ela. Era melhor destruí-la. Não sabia se Izou era doido por si só ou se Kousetsu fora a fonte de sua loucura. Jogou a espada para cima, e segurou a empunhadura de Murasame com as duas mãos, assim que Kousetsu caía, golpeou fortemente a espada que se quebrou ao meio, fazendo as duas partes  cravarem no chão.

Franziu a testa observando a energia que envolvia a teigu danificada e logo depois ela se transformou em pó caindo por terra. Cortou Murasame no ar, para limpar o sangue de Izou e a recolocou na sua proteção prendendo-a na cintura fina. Desviou os olhos para o corpo estirado e ensanguentado de Izou e soltou um suspiro. Levantou os olhos para o túnel mal iluminado e começou a correr por onde Lubbock havia seguido. Esperava chegar a tempo de ajudar o amigo.

Correu por quase cinco minutos quando ouviu ruídos de lutas e destravou Murasame com o polegar da sua proteção. Esperava que o plano de Najenda tivesse dado certo e o rato do Burick tivesse colocado o rabo entre as pernas assim que percebesse que a sede da organização religiosa estivesse sendo atacada e corresse para escapar pelo túnel. Apressou o passo e logo encontrou Lubbock lutando contra um grupo de soldados.

Segurou a empunhadura da perigosa katana e a puxou avançando em direção aos soldados que faziam a proteção de Burick. Ergueu a espada a sua esquerda, abaixando-a de forma rápida e cortando um dos homens ao meio. O sangue espirrou por todos os lados. Ela saltou para o lado e girou o corpo com a espada a sua frente já atacando um segundo que se aproximava dela e que estava armada também com uma espada.

Akame atingiu a espada dele com tanta força que a quebrou fazendo o coitado olha-la em pânico e horror antes de ser decapitado por Murasame.

‘Akame-chan!!!’ Lubba soltou feliz em ver a amiga.

Os dois pararam de costas um para o outro observando os inimigos que os rodeavam.

‘Desculpe a demora.’ Ela murmurou para ele.

‘Chegou na hora do show.’ Lubba rebateu, puxando suas cross tails. ‘São um pouco mais de quinze. Moleza para a gente.’

Ela estreitou os olhos no grandão que vestia um terno branco muito do cafona, tinha um cigarro nos lábios, óculos que escorregava pelo nariz e uma foice que repousava de forma relaxada no seu ombro direito. Atrás dele estava o gordo do Burick se borrando de medo.

‘Cuide de eliminar o alvo.’ Akame recomendou, sem tirar os olhos de Holimaca.

‘Pode deixar comigo.’ Lubba falou já solicitando que suas cross tails avançassem em parte do grupo, simplesmente cortando os corpos dos soldados em vários pedaços que caíam ao chão em pilhas ensaguentadas.

Akame flexionou os joelhos e correu em direção a Holimaca, um dos soldados se colocou a frente dela atirando, mas ela desviou dos projéteis com facilidade, até se aproxima o suficiente para com um só corte de baixo para cima, dividisse tanto a arma quanto o atirador ao meio ao mesmo tempo.

Holimaca  saiu da sua posição relaxada tentou acertá-la com a enorme foice. Ela virou o corpo evitando de ser atingida com a afiada lâmina, e já investiu contra ele com Murasame que conseguiu se proteger com a longa haste de sua arma.

Ela deu um passo para trás, ganhando espaço para voltar a usar Murasame contra o altão que defendia-se de forma eficiente dos ataques rápidos de Akame. Os dois se afastaram brevemente.

A jovem percebeu que Lubback dava cabo dos outros soldados sem dificuldade. Ouviu o grito deles desesperados enquanto estavam sendo envolvidos pelos fios mortais da arma imperial do rapaz e espremidos até suas vidas serem eliminadas.

Holimaca girou a grande arma em torno do seu corpo e avançou em direção a pequena jovem a sua frente que saltou esquivando-se do ataque, ele bateu com tudo no piso fazendo com que parte do chão fosse levantado com a imensa força.

Akame deu uma cambalhota no ar e tocou seus pés em um dos pilares do túnel, flexionou os joelho pegando impulso e literalmente voou na direção do adversário que por muito pouco não fora cortado ao meio por ela. Assim que ela tocou o chão fez um rolamento, evitando todas os golpes do altão. Levantou-se rapidamente e já se aproximou de frente tentando golpeá-lo aumentando sua velocidade e finalmente se deu satisfeita com o pequeno arranhão que fez no braço esquerdo dele.

Ela deu um passo para trás com um sorriso satisfeito e aterrador para ele que não entendeu de imediato a situação. ‘Eliminado.’

Holimaca olhou para a mancha de sangue aumentar sujando seu terno branco, sentiu o corpo ser invadido por um terror imenso e sentindo uma dor dilacerando.

‘O-O que foi isso?!’ Ele gritou desesperado. ‘Foi apenas um arranhão.’ Falou soltando sua foice e se abraçando em pânico.

‘Holimaca!’ Burack gritou chamando seu fiel guarda costa que suncumbia ao corrupção de Murasame.

O porco não teve nem tempo de entender direito o que aconteceu com Holimaca, quando seus pescoço foi envolvido pelos fios de Cross tails e Lubboch os puxou com força, elevando o corpo pesado do homem e enforcando-o.

Akame observou Holimaca dar seu último grito de dor antes de finalmente morrer. Olhou para o corpo de Burick que assim que Lubba recolheu seus fios, caiu pesadamente sobre o chão.

‘Alvo eliminado. Missão concluída.’ Falou satisfeita.

Up we rise | up we rise | in the shadows

Até nós ascendemos | até nos elevamos | nas sombras

Ele piscou para ela. ‘Agimos nas sombras nesta missão mas fomos perfeitos.’

Akame balançou a cabeça de leve, sorrindo. ‘Sempre agimos nas sombras, Lubba.’ Falou começando a caminhar para fora daquele túnel mal iluminado.

O rapaz foi atrás dela. ‘Digo… não estamos nos holofotes como Susanoo e tal… mas eliminamos o alvo.’

Akame ergueu uma sobrancelha e olhou de esguelha para ele. ‘Você está falando que Boss não pode assistir seu desempenha na luta, é isso?’

Ele levantou os braços, entrelaçando os dedos atrás da nuca. ‘Exatamente. Então pelo menos faça um relatório bem detalhado e exaltando minha performance, certo?’

‘Lubba… não acha melhor se declarar para ela de uma vez?’ Sugeriu.

‘É exatamente isso que vou fazer assim que esta revolução acabar.’

Akame aumentou o sorriso. ‘Ah! Vai pedi-la em casamento, então?’

Ele meneou a cabeça. ‘Acho que sim. Acha que ela aceitaria?’

Ela deu de ombros. ‘Se não perguntar, nunca saberá.’ Disse de forma simples.

‘Você é simplista demais.’ Lubba resmungou. ‘Hum… e você?’

‘O que tem eu?’

‘O que pretende fazer quando a revolução acabar? Casar? Ter filhos? Viajar pelo mundo comendo todo o tipo de prato de carne existente?’ Brincou.

Up we rise |  into the night

Até nós ascendemos |  na noite

We’ll never die | in the shadows

Nós nunca vamos morrer  | nas sombras

We can break | out of these days

Podemos quebrar | fora destes dias

Darkness will blaze | in the shadows

Escuridão arderá em chamas | nas sombras

Akame fechou o sorriso que tinha no rosto e soltou um suspiro. ‘Vou continuar nas sombras.’

Lubbock franziu a testa, sem entender. ‘Como assim, Akame-chan?’

Ela encolheu os ombros de leve.  ‘Este é o único destino para mim.’

Our kingdom will come

Nosso reino chegará

When our dreams can grow wild

Quando os nossos sonhos possam crescer livremente

Up we rise | into the night

Até nós ascendemos | na noite

We’ll never die | in the shadows

Nós nunca vamos morrer | nas sombras

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Izou é um personagem do mangá Akame ga Kill e que não apareceu no anime. Eu tinha que criar um personagem para enfrentar a Akame nesta parte da história onde ela mal apareceu, então achei mais conveniente usar um personagem que já existia no mangá que estava dentro do perfil que eu queria para ser o oponente dela.



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