Akame ga Kill! escrita por Kath Klein


Capítulo 6
Mate o Demônio


Notas iniciais do capítulo

Música: A Demon's Fate (Destino de um demônio) por Within Temptation



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 Akame Ga Kiru!

Por Kath Klein

Mate o Demônio

 

Tatsumi desviou os olhos dos túmulos de Sayo e Ieyasu para observar Akame que estava abaixada ao lado. Ela finalizava a inscrição em uma pedra do túmulo de Chelsea, ou de pelo menos parte dos restos mortais da companheira. A chuva não dava trégua um só instante. Na verdade, parecia que chovia cada vez mais forte, o que era bom já que acabaria com qualquer rastro dos dois da fuga da capital e levava a zero a possibilidade dos Jaegers tentarem persegui-los.

Ele olhou para trás, sobre o ombro direito, reparando mais adiante apenas o contorno da antiga sede dos Night Raids que havia sido parcialmente destruída pelo Dr. Stylist. Apenas uma lamparina que eles haviam encontrado era o que lhes dava iluminação. A noite sem lua e sem estrelas também não ajudava.

Voltou-se para frente e observou Akame que se levantava devagar. Ouviu ela soltar um suspiro antes de se virar para ele, fazendo os dois finalmente se encararam. Mesmo sob pouca iluminação dava para ele ver o rosto triste dela. Sim… agora era apenas tristeza que percebia nos olhos dela.

Quando havia a encontrado logo depois de ter achado parte de Chelsea, a viu transfigurada. Ela não chorava, não gritava, não tremia. Estava com o rosto sério. Sombrio. Engoliu em seco lembrando-se do que ela havia feito ao grupo de soldados que protegiam a praça onde a cabeça de Chelsea estava exposta. Akame tinha se tornado um verdadeiro demônio. Por alguns instantes, jurava que conseguia ver aquela energia sinistra de Murasame tanto em volta da perigosa katana quanto de Akame.  A jovem havia se tornado extensão de sua teigu.

Lembrou-se quando Akame havia lhe contado melhor sobre as armas imperiais, sobre elas serem advindas de demônios. Depois daquela conversa procurou saber mais sobre Incursio e não teve como não procurar saber sobre Murasame, a espada de um só corte. Uma das mais letais armas imperiais. Najenda havia o pego  lendo sobre a arma de Akame e acabou lhe contando que todos os usuários daquela Teigu em especial sempre eram assassinos sanguinários e terríveis. Verdadeiros demônios para a humanidade. Quando ele falou sobre Akame, a general apenas sorriu de lado e lhe disse que Akame só tinha rosto de anjo, que tivesse cuidado para não despertar o pior dela.

Desviou os olhos da jovem a sua frente e pensou que quando a encontrou pela primeira vez, havia realmente a comparado a um demônio, vendo-a degolar e cortar ao meio os guardas que protegiam a família de Aria. Ela se movimentava naquela velocidade sobrehumana cortando-os, mutilando-os, degolando-os sem um pingo de expressão em seu rosto. Levou uma mão no peito onde ainda tinha guardado a estátua do ídolo que havia ganhado do monge de seu vilarejo e foi o que o salvou daquele demônio em forma de mulher.

Franziu a testa observando-a com cuidado. Como poderia ser tão fascinante e tão perigosa ao mesmo tempo. Às vezes pensava que Akame era como o sol. Lindo de se admirar. Olha-la, admirá-la era como se sentisse o calor do astro rei, trazendo alento e aquecendo sua alma. Assim como a luz do sol dava a segurança a todos pelo dia claro onde tudo parecia menos sinistro e perigoso. No entanto, às vezes pensava que se aproximasse demais dela, seria queimado por suas chamas. Por tamanho poder que emanava. Sim… era uma ótima comparação a Akame. Seus olhos avermelhados tinham a cor da crepusculo. Ela era com um sol entre as trevas. E ele estava louco em querer se queimar.

You'll burn this time

Você vai queimar nessa hora

Seeing the violence

Ao ver a violência

It's speeding my mind

Acelerando a minha mente

No one is saving you

Ninguém está te salvando

How can you find a heaven in this hell?

Como você pode encontrar um paraíso nesse inferno?

‘Acho que aqui ela vai descansar em paz, né?’ Akame falou com a voz fraca, quebrando o silêncio entre eles. ‘Apesar de que aqui parece ser muito calmo. Ela sempre gostava de agitação.’ Completou resignada.

Tatsumi sorriu de leve com a observação. Isso era verdade. Chelsea não era uma das pessoas mais calmas que havia conhecido.

‘Eu gosto de acreditar que depois que as pessoas se vão deste mundo…’ Ele começou a falar encolhendo os ombros de leve. ‘Elas chegam em um outro lugar. Um lugar melhor. Que não exista tanta loucura e maldade como este.’

Akame permaneceu em silêncio alguns instantes e fazendo o rapaz sentir-se constrangido pelo olhar intenso dela sobre ele. Começou a sentir o rosto esquentar e obrigou-se a quebrar o contato direto com os olhos rubros.

‘Eu também.’ Ela falou por fim, fazendo com que ele voltasse a fitá-la. ‘Preciso acreditar nisso… ou acho que enlouqueço. Preciso acreditar…’ Abaixou os olhos. ‘Que todos que eu matei... que todos os que eu vi morrer... que todos meus companheiros mortos… enfim… preciso acreditar que eles estejam num lugar muito melhor do que aqui.’

Tatsumi franziu a testa. Lembrava-se de quando Bulat, Leone e os outros falaram sobre a vida ser uma só. Dela ser o bem mais precioso que deveria ser conservado por cada um. Que era para ele se manter vivo, custe o que custasse. Enfim… para ele esquecer a idéia de encontrar qualquer teigu que fosse capaz de trazer Sayo e Ieyasu de volta à vida.

Lembrava-se daquela ocasião com um gosto amargo na boca. Todos riram… menos Akame. Pensou que a morena havia sentido pena em zombar dele como os outros, mas agora observando-a depois dela confessar que pensava o mesmo, começava a entender que provavelmente, também zombaram dela antes. Não… eles não zombariam de Akame… Todos tinham e têm muito medo de Akame. Ela transmitia a eles sentimentos muito diferentes do que ele transmitia. No fundo, parecia que ninguém o levava muito a sério.

‘Não sabia que pensava assim também…’ Ele falou por fim, balançando o corpo de leve e sorrindo de lado.

‘É preciso acreditar em algo, não?’

‘Acho… Acho que sim.’

Voltaram a ficar em silêncio, apenas ouvindo o barulho da chuva que caía. Ora mais fraca, ora mais forte.

Akame olhou em volta e não teve como não pensar que fora justamente ali que eles haviam conhecido Chelsea. Pensou que estava ficando sentimental demais, isso não era bom. Precisava voltar a encontrar o seu prumo. Coração mole não era uma boa característica para assassinos como eles. Seu coração a guiava para o caminho correto, mas nunca esteve tão sensível com agora. Ele sempre fora duro, claro, nítido. A morte fazia parte do seu cotidiano.

‘Melhor irmos. Estamos distantes de onde os outros nos esperam. Desviamos demais do caminho que deveríamos seguir.’ Ela falou e se abraçou, tentando aplacar um pouco o frio que sentia. ‘Boss deve estar preocupada. Meu receio é que ela mande alguém atrás de nós.’

Tatsumi negou com a cabeça. ‘Acho difícil. Já está noite. Ela não vai arriscar a segurança de mais outra pessoa do grupo.’ Comprimiu os lábios por um segundo sem desviar os olhos da jovem a sua frente. ‘Susanoo gastou muita energia na transformação para eliminar aquele esqueleto gigante. Mine ainda está se recuperando, assim como Leona. Boss também está esgotada por conta da transformação de Susanoo. O único que está bem é Lubbock. Mas ela não o afastaria do lugar por conta das linhas dele serem um ótimo alerta de aproximação de inimigos.’

Akame arregalou os olhos de leve, surpresa pela percepção de Tatsumi. Ele tinha toda razão. Pelo jeito o ex-caipira que havia sido obrigado a entrar no grupo revolucionário andava bem perspicaz. Mais até mesmo que ela. Sorriu de forma realmente orgulhosa por perceber mais uma vez como ele havia amadurecido.

Tatsumi reparou no primeiro sorriso dela depois do acontecido e sentiu o rosto novamente esquentar, encolheu os ombros mais uma vez e desviou os olhos. ‘Hum… pelo menos é isso que eu acho.’

‘Você está certo.’ Falou fazendo-o ficar mais encabulado. ‘Pelo visto está pensando melhor que eu.’

‘Hum… então… eu acho… eu acho que podemos pelo menos esperar essa chuva passar para tentar voltar.’ Ele virou-se para trás rapidamente, e depois voltou-se para ela apontando com o polegar para a antiga sede deles. ‘Podemos ficar lá pelo menos até amanhecer. Será mais fácil a viagem de volta.’

Ela inclinou o corpo para poder observar a construção parcialmente destruída. Depois voltou a olhá-lo. ‘Acho que sim.’ Concordou por fim.

Akame caminhou até a lamparina que eles haviam pego para ajudar na iluminação. Seus olhos vermelhos cravaram novamente sobre a pedra onde ela havia cravado o nome da ex-companheira. Chelsea era uma boa parceira, não fora justo a forma como acabou, principalmente por conta do orgulho. Vingaria-a. Kurome não tinha perdão. Esperava pelo menos que a irmã caçula tivesse a decência de não transformar o corpo da jovem ruiva em um fantoche. Trincou os dentes, se Kurome fizesse isso… não saberia nem o que seria capaz de fazer com a irmã. Balançou a cabeça com força tentando lançar para longe aqueles pensamentos macabros.

‘Está tudo bem?’ Ouviu a voz preocupada de Tatsumi. Levantou o rosto e assentiu com a cabeça respondendo de forma silenciosa antes de começar a caminhar em direção a antiga sede dos Night Raids.

Tatsumi seguiu atrás dela. Também estava esgotado. O dia tinha sido difícil demais, em todos os aspectos. Era melhor que eles se recuperarem. Sabia dos planos de Najenda de seguirem para o leste o quanto antes para a cidade de Kyoroch onde era a sede a religião Caminho da Paz.

‘Acho que deixei algumas roupas…’ Akame comentou assim que entrou no local,  finalmente deixando de sentir a chuva batendo no corpo. Sentiu um calafrio e tentou relaxar os músculos do pescoço. Era melhor se trocar de uma vez ou capaz de ficar resfriada. Ela caminhou até um dos móveis da sala e deixou Murasame em cima dela.

Tatsumi entrou em seguida já acendendo as luzes do local. ‘Vou fazer o mesmo. Depois… bem… a gente pode ver se tem algo para comer. Já faz um tempo que não cozinhamos juntos. Sinto falta disso.’ Ele falou deixando Incursio no móvel onde Akame havia colocado Murasame. ‘Você ultimamente tem preferido apenas cozinhar com Susanoo.’ Disse com a voz jocosa e como bem imaginou Akame tinha levado ao pé da letra sua falsa reclamação.

‘Não é isso!’ Ela falou, voltando-se para ele. ‘Você precisa treinar… Susanoo apenas faz as coisas mais rápida. Eu tenho apenas ajudado-o no que posso. Não consigo acompanhar  o ritmo dele na cozinha. Fico apenas observando e aprendendo.’

Tatsumi riu e colocou as mãos a frente. ‘Hei! Eu sei. Só estava brincando.’

‘Não é um bom momento para brincar.’ Ela resmungou voltando a caminhar em direção ao seu antigo quarto.

‘Akame!’ Tatsumi a chamou, fazendo-a voltar a se virar para ele. Ela levantou o queixo perguntando silenciosamente o que ele queria. O rapaz coçou a cabeça sem graça e desviou os olhos dela. Sabia que estava com o rosto vermelho. ‘Não estava brincando quando falei que sinto falta em cozinhar com você. De estar ao seu lado.’

Akame mordeu de leve o lábio inferior e encolheu os ombros. ‘Hum… eu também.’ Disse por fim, virando-se e se afastando dele. Sabia que estava com o rosto vermelho também.

Leave it behind

Deixo para trás

Hearing your silence

Ouvindo seu silêncio

It screams our goodbye

Nosso grito de adeus

Cannot believe it's an eye for an eye

Não consigo acreditar, é olho por olho?

Let us go to waste

Vamos para o limbo?

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Eliminar… Eliminar… Eliminar…

Sentiu um forte tapa na cara fazendo-a cair no chão com a boca sangrando. Estava com vários machucados pelo corpo.

‘Levante-se!’ A voz era assertiva e mortal.

Não conseguia. Estava com o corpo todo dolorido. Machucado. Estava beirando ao desespero e já sentido o bolo na garganta e os olhos arderem na iminência de começar a chorar de dor e agonia. Sentiu a afiada lâmina perto do pescoço, obrigando a levantar o rosto e observar o seu algoz.

‘Se não se tornar digna de ser uma assassina do império, nunca mais verá sua irmã, Akame-chan. Entendeu isso?’

Ela responderia com um gesto com a cabeça, se a lâmina não estive tão perto de seu pescoço pronta para decapitá-la. Gozuki a olhava com o rosto sério.

‘Seu potencial é infinito. Use-o para matar.’ Falou finalmente afastando a katana do pescoço dela e fazendo-a voltar a respirar.  ‘Levante-se!’ Ordenou chutando a arma da garota que rolou parando a frente dela. ‘Nosso treinamento apenas começou.’

Akame cuspiu sangue e estendeu a mão pegando a empunhadura de sua katana.

‘Lembre-se, Akame, se não se tornar um demônio assassino nunca voltará a ver sua irmã.’

Ela franziu a testa e ergueu-se mesmo sentindo todas as partes do corpo gritarem de dor. Levantou o rosto, encarando “papai” que voltava a empunhar a katana que tinha nas mãos de forma a reiniciar o duelo.

‘Se eu estivesse usando Murasame ela teria corrompido todo o seu corpo no primeiro corte. Tem sorte por não usá-la agora, mas não terá essa sorte sempre, Akame-chan!’ Gritou avançando na direção dela e tentando acertá-la.

Akame arregalou os olhos e sentiu a força do impacto da arma de seu mestre, segurou a empunhadura de sua arma com as duas mãos e deu alguns passos para trás tentando aguentar as estocadas furiosas dele contra ela.

‘Anda, Akame! Vamos! Você é muito mais do que isso!’ Gozuki gritava enquanto tentava golpeá-la e irritando-se mais ainda por ver a garota apenas se protegendo e tentando se esquivar de seus golpes. ‘Vamos Akame! Ou vou ter que trazer a cabeça da sua irmã para finalmente você entender o que precisa fazer?!’

Ela arregalou os olhos com a ameaça. Trincou os dentes sentindo a raiva começar a circular seu corpo. ‘Não toque… na minha irmã.’ Ela sibilou entre os dentes.

Gozuki riu com gosto, sem parar um só instante de tentar acertá-la. ‘Pois no seu aniversário de 13 anos na próxima semana vou trazer a cabeça da sua irmã de presente!’ Falou, golpeandoa-a tão forte que a fez a jovem sentir seus pés serem arrastados alguns centímetros pelo chão de terra onde treinavam.

‘Não!’ Ela gritou. Flexionou os joelhos e apertou mais forte a empunhadura da espada. Não dava para continuar com aquele inferno. Avançou na direção dele. Estreitou os olhos vendo que Gozuki tentava acertá-la pela direita, girou o corpo, fazendo com que ele apenas cortasse parte dos seus longos fios que ficaram para trás. Aproveitando-se do instante de desnorteio de seu instrutor, assim que completou o giro do seu corpo, abaixou-se de leve tocando uma das mãos no chão para usar de apoio para golpear de forma forte as pernas dele que perdeu o equilíbrio e caiu no chão, sem conseguir acompanhar os movimentos dela. Akame mal se levantou e estava para ferí-lo mortalmente na altura do peito.

‘Eliminar…’ Ela sussurrou vendo tudo vermelho a sua frente. O que queria era acabar com aquele desgraçado.

E era isso que conseguira fazer se Gozuki não tivesse se protegido no último instante. Os dois se encararam com fúria atrás de suas espadas. Akame por cima dele que estava de costas no chão de terra.

Gozuki ergueu uma perna para acertar a garota, que vendo o movimento dele, saltou para trás, evitando de ser atingida. Ele se levantou rapidamente temendo um contra ataque dela.

Encararam-se em silêncio, com as armas a frente de seus rostos, prontos para reiniciar o combate, até que o homem abaixou a arma e sorriu de lado para a garota.

‘Sabia que de anjo você só tem essa carinha. Desde que coloquei os olhos em você sabia que tinha um demônio por dentro.’

Ela franziu a testa com aquela conversa mole, não tinha saído da posição defensiva.

‘Não vou matar sua irmã…’ Ele falou fazendo-a finalmente começar a relaxar, mas ainda olhava com desconfiança.

Gozuki inclinou a cabeça e levantou o braço esquerdo ao lado do corpo, dando de ombros. ‘Não a materei pois sei que com ela poderei domar o demônio que você logo se tornará, Akame-chan…’ Informou, finalmente dando as costas para a garota e afastando-se dela.

Akame observou-o se afastando e caiu de joelho exausta. Respirava com dificuldade, enquanto sentia o corpo tremendo.

‘Kurome…’ Sussurrou o nome da irmã finalmente encolhendo-se mal conseguindo aguentar a dor dos ferimentos e machucados que estavam espalhados por seu corpo. Agora sozinha podia finalmente chorar de desespero, dor, medo e saudades.

‘Levante-se!’ Ouviu a mesma ordem mas não era a voz de Gozuki.

‘Eu  não aguento mais esse inferno!’ Ela gritou entre os soluços.

‘Levante-se.’  Novamente a mesma ordem. ‘Se morrer… ela morrerá! Só está viva porque você ainda está viva.’

Akame abriu os olhos e viu a imagem turvada pelas lágrimas o ser envolto de luz. Piscou algumas vezes tentando acreditar no que enxergava. Deveria estar tendo uma alucinação.

Ergueu o corpo devagar, ficando de joelhos no chão e olhando assustada para a figura alada a sua frente. Estendeu a mão para tocá-lo mas a energia aumentou obrigando-a a fechar os olhos. Quando os abriu, estava novamente sozinha.

Angels have faith

Anjos tem fé

I don't want to be a part of his sin

Eu não quero ser parte desse seu pecado

I don't want to get lost in his world

Eu não quero me perder em seu mundo

I'm not playing this game

Eu não estou jogando esse jogo

Akame se levantou da cama que estava dormindo. O corpo estava suado e tremendo, ainda com as reminiscências do maldito pesadelo. Levou uma das mãos ao rosto e balançou a cabeça de leve enquanto tentava tranquilizar a respiração acelerada.

Trincou os dentes quando percebeu que seu rosto estava molhado. E não era de suor e sim de lágrimas.

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Tatsumi abriu os olhos sentindo os primeiros raios solares que invadiam seu quarto. Fitou o teto e soltou um suspiro. Franziu a testa de leve sentindo algo em cima do seu peito. Abaixou o rosto e arregalou os olhos surpreso em ver a bela cabeleira negra por cima de si.

Sentiu o rosto esquentar de forma que pensou que todo o seu sangue havia migrado para suas bochechas. Tentou se mexer e ouviu um resmungo da jovem que dormia sobre o seu peito. Ficou estático. Mal respirando se fosse possível.

Balançou a cabeça de leve. Não tinha bebido ontem. Quer dizer, não tinham bebido muito ontem. Fora apenas uma garrafa de vinho que ele havia encontrado no antigo depósito. Era apenas para eles se aquecerem por conta do frio. E relaxarem um pouco também.

Arregalou os olhos novamente e verificando se estava de roupas. Soltou um suspiro aliviado vendo que tanto ele quanto ela, estavam vestido. Não tinham feito nada. Seria uma merda que a primeira vez que transasse com uma garota, que transasse com Akame, tivesse amnésia por conta de uma maldita garrafa de vinho.

Tentou recapitular o que tinha acontecido na noite anterior. Eles tinham cozinhado um assado que fora o que conseguiram encontrar nos armários e na dispensa. Não fora nada tão bom quanto antes, mas deu para forrar o estômago. Não conversavam de forma entusiasmada como antes por conta dos acontecimentos. Mas apenas em estar ao lado da jovem de olhos escarlate fazia com que ele se sentisse bem pra caramba.

Tomaram uma garrafa de vinho. Akame fora reticente em tomar, informando que era fraca para bebidas, mas aceitou no fundo para tentar relaxar um pouco e conseguir dormir melhor. Tomaram a garrafa inteira no final. Não era muito. Já tinha bebido muito mais que aquilo.

Exatamente. Se lembrava perfeitamente quando ela havia desejado boa noite depois de um bocejo e se levantou afastando-se. Ele arrumou rapidamente a cozinha e subiu. Lembrava-se ainda de ter parado em frente a porta da assassina por alguns segundos mas desistiu de falar qualquer coisa para ela e caminhou até seu quarto. Estava exausto também. Tirou as botas, casaco e se deitou. Dormiu. Fim.

Como é que agora Akame estava no seu quarto deitada na sua cama, dormindo sobre o seu peito? Ela tinha invadido o seu quarto a noite e se deitado ao seu lado?

Engoliu em seco, sem saber o que fazer direito. Tentou se mexer novamente e ouviu outro resmungo. Não queria acordá-la. Por fim, respirou fundo soltando o ar devagar. Levantou a mão direita e afagou de leve a cabeça que pesava sobre o seu peito. Sorriu e fechou os olhos. Era melhor tentar não achar explicações. Não importava como ela tinha vindo parar ali ao seu lado, era melhor aproveitar.

Continuou a afagar os cabelos dela de forma carinhosa. Sempre gostou de sentir o perfume deles e sentia vontade de sentir os fios negros entre seus dedos. Era sua oportunidade. Não desperdiçaria.

Pensou que eles levariam uma baita bronca de Boss pelo sumiço. Mas logo não teve como evitar de aumentar o sorriso pensando que apesar de tudo, tinha valido a pena. Era um momento que ele queria ficar sozinho com Akame. Depois de terem enfrentado Kurome e perdido uma companheira. Queria no fundo estar exatamente onde estava, com Akame nos seus braços.

Inclinou mais a cabeça conseguindo depositar um beijo no topo da cabeça da jovem e inalando de perto o perfume dos cabelos dela. Era mais embriagante que o vinho que havia tomado na noite anterior. E olha que era uma aquisição de Leone. A loira entendia de bebida alcóolica como ninguém.

When the shadows remain

Quando as sombras permanecem

in the light of day

na luz do dia

On the wings of darkness

Nas asas da escuridão

He'll retaliate

ele voltará de novo?

He'll be falling from grace

Ele vai estar caído da graça

'Til the end of all his days

até o fim de todos os seus dias

Sentiu que o pequeno corpo da jovem se mexeu. Ela levantou devagar de cima dele, sentando-se na cama e levantando os braços para cima para se espreguiçar de forma dengosa.

Tatsumi apenas a observou com admiração. Ergueu o corpo também sentando-se na cama.

Akame abriu os olhos e fitou o rapaz. Inclinou a cabeça de leve reparando que ele a olhava intensamente, depois desviou o olhar.

‘Bom dia.’ Finalmente ele a cumprimentou.

‘Bom dia.’ Ela respondeu sem encará-lo ainda. Encolheu os ombros. ‘Não estava conseguindo dormir. Estava muito frio.’ Tentou explicar.

‘Ah.’ Tatsumi soltou decepcionado. Endireitou o corpo incomodado com a explicação dela. Talvez esperava que ela falasse que estar ao lado dele lhe acalmava, lhe dava segurança enfim… alguma outra coisa que não fosse apenas o fato de aquecê-la.

‘Hum…’ Ela murmurou. ‘Eu podia pegar mais cobertas… mas…’ Encarou-o e sorriu de leve com as bochechas rosadas. ‘Estar ao seu lado me deixa mais tranquila.’

Não teve como ele não abrir um sorriso, apesar de sentir o rosto quente de embaraço. ‘Que bom.’

Akame se levantou e olhou para a janela. ‘Amanheceu e a chuva já passou. Melhor voltarmos o quanto antes.’ Coçou a cabeça sem graça. ‘Acho que vamos receber uma bronca, né?’

Ele deu de ombros. ‘Acho que sim. Melhor a gente estar preparado.’

Ela balançou o corpo de leve com as mãos para trás. Parecia uma menina. ‘Melhor a gente dizer no final a verdade. Não sou boa em mentiras.’

‘Falar a verdade?’

Ela concordou com a cabeça. ‘Mas pode deixar que eu assumo a responsabilidade do desvio da missão.’

Tatsumi novamente se incomodou com a postura dela. ‘Eu já falei que faria de qualquer forma o que fizemos. Não…’

‘Sim! Eu sei.’ Ela o interrompeu e inclinou a cabeça de leve. ‘Mas a decisão de voltar só no dia seguinte ao ponto de encontro, eu assumo então. Certo?’

Ele se ajeitou novamente na cama. Passou a mão pelos cabelos tentando inutilmente arrumá-los. ‘Ah sim… e vamos falar que dormimos juntos também?’ Falou ironicamente, sarcástico.

Akame deu de ombros. ‘Ela não precisa saber mas tudo bem se contar. Afinal, somos amigo.’

Amigos?! Isso ele realmente não queria ouvir. Merda! Quem mandou falar merda? Akame não entendeu o sarcasmo e respondeu, como sempre. Deveria ter ficado calado. Levantou-se da cama quase bufando e pronto para calçar as botas.

‘Ah então você dorme com seus amigos?’ Não segurou a língua novamente.

‘Quando estou muito triste sempre dormia com Tsukushi-chan.’ Respondeu sorrindo de leve para ele que levantou o rosto encarando-a.

‘Tsukushi-chan?’

‘Sim.’

‘Humph… pelo menos não é com o tal Green-kun.’

Ela desviou os olhos dele e encolheu mais os ombros. ‘Tsukushi-chan foi minha melhor amiga. Ela é muito importante para mim. Assim como Kurome e você.’

‘Gosta de mim como um irmão?’

‘Mais novo.’

Balde de água fria. Gelada. Não! Literalmente se sentiu acertado por um bloco de gelo na cabeça.

‘Claro.’ Soltou. Caminhou até o casaco que estava jogado na cadeira e o pegou vestindo com brutalidade. Sentia-se um idiota. Não conseguia nem disfarçar que tinha levado um soco no estômago.  ‘Vamos… antes que Boss…’ Foi interrompido por um ronco alto. Arregalou os olhos e voltou-se para Akame que sorria agora completamente sem graça.

Ela coçou a cabeça. ‘Eu sempre acordo com fome.’

Tatsumi rodou os olhos. ‘Vamos comer alguma coisa e depois partimos.’

‘Será que dá para fazer Korokke?’ Ela perguntou caminhando atrás dele que já havia saído do quarto com passos pesados. ‘Ah! Não temos batatas…’

‘Exatamente.’ Ele respondeu. ‘Vamos fazer o melhor… o que dá para fazer.’

Akame parou de caminhar, observando-o se afastar com os passos duros. Estava bem zangado. Soltou um suspiro e sorriu de leve, mas logo fechou o sorriso e abaixou os olhos. Era melhor se afastar de Tatsumi. Tudo que ela amava de uma forma ou outra morria ou apodrecia. Era melhor que ele se mantivesse afastado dela. Era o melhor para ele, mesmo que fosse o mais dolorido para ela.

From the ashes of hate

Das cinzas do ódio

It's a cruel demon's fate

É o destino cruel de um demônio

On the wings of darkness

Nas asas da escuridão

He's returned to stay

Ele voltou para ficar

There will be no escape

Não haverá escapatória,

'Cause he's fallen far from grace

Pois ele está caído longe da graça

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‘Hei, Tatsumi!!! Não vai se levantar?!’ O rapaz ouviu a voz zangada de Mine. Passou a mão no rosto ainda com as reminiscências de mais um pesadelo com os companheiros que haviam perdido. Gostaria de ter convivido mais com eles. Conhecê-los melhor. Aproveitado mais a companhia deles. Lutar mais ao lado deles contra aquele Império podre. Sheele, Bulat, Chelsea… Se ele pelo menos fosse mais forte… Não teve como não levar seus pensamentos para aquele maldito sentimento de culpa e fracasso.

‘Eu já vou.’ Respondeu alto sabendo que a jovem de cabelos rosa escutaria estando ela fora da barraca onde dormiu.

Seguiam em direção a Kyoroch, a leste da Capital. Assim que ele e Akame voltaram e depois de terem que se explicar para Boss, o grupo já partiu para a missão seguinte. Mine e Leone estavam se recuperando bem. Todos estavam se recuperando de suas dores. A viagem seria cansativa e a pé. Era um bom tempo para o grupo superar a perda de mais um companheiro.

Levantou-se da esteira que dormia e abriu a barraca. ‘Foi mal. Acabei dormindo mais do que deveria.’ Desculpou-se.

Logo seus olhos foram até Akame que já estava acordada. Ela estava com um lenço no pescoço. Estava linda como sempre. Balançou a cabeça de leve, era melhor começar a vê-la como uma irmã. Mais velha. Aquela que estaria no fundo sempre pronta para salvar o irmão caçula das confusões que se metia.

‘Finalmente estamos entrando em Kyoroch, a sede do Caminho da Paz. É melhor que todos fiquem juntos.’ Mine alertou a ele que assentiu com a cabeça.

‘Eu sei...Eu sei…’ Ele falou caminhando em direção a elas enquanto batia nas bochechas para acordar e ter foco. O foco agora era a missão. ‘Precisamos derrotar o mal que há por aqui. Assim a força revolucionária poderá começar a agir, certo?’

‘Exatamente.’ Boss se aproximou do rapaz junto com Leone, Lubbock e Susanoo. ‘Não podemos nos demorar mais.’

‘Sim!’ Ele concordou olhando para o horizonte a frente dele. Possivelmente teriam que enfrentar os Jaeger ou outro inimigo, mas precisavam seguir. A revolução estava para acontecer e precisavam eliminar a influência do Império em Kyoroch.

Caminharam até próximo aos arredores da cidade. Najenda pediu para reunir o grupo e colocar  todos a par de cada parte da missão.

‘Meus informantes já alertaram que os Jaeger estão na cidade, então precisamos ter cuidado.’ A experiente ex-general começou a falar. Deu um longa tragada no seu cigarro, retendo por alguns instantes a fumaça nociva em seu corpo para depois liberá-la devagar pela boca. ‘Eu e Susanoo permaneceremos aqui enquanto cada um fará reconhecimento pelo local. Coletem informações sobre o comparsa do ministro Onest, Borick.’

‘Najenta-san!’ Lubbock chamou a atenção dela.  ‘Eu sou o que está em melhores condições física, então sou o mais adequado para verificar perto da Igreja que é o lugar mais perigoso.’ Falou de forma firme.

Najenda estreitou os olhos nele. ‘Tem certeza?’

‘Absoluta.’ Falou sorrindo de lado e cruzando os braços sobre o peito. ‘Pode deixar aquela área comigo.’

Najenda deu mais uma tragada. Ele tinha lá sua razão. ‘Está bem.’ Concordou por fim. ‘Seu rosto ainda não foi reconhecido na Capital. Isso também é uma vantagem.’

‘O meu também ainda não foi!’ Tatsumi se adiantou. Queria dar tudo de si para a missão. ‘Também posso recolher informações na cidade.’

‘Se Esdeath estiver por perto vai te reconhecer.’ Akame falou cruzando os braços e levando um olhar atravessado do rapaz. ‘Ou um dos Jaegers. Não pode usar Incursio para reconhecimento.’

‘E vai querer agora que eu fique escondido?’ Perguntou entre os dentes. Por mais que soubesse que ela o protegia, que a intenção dela era apenas preservá-lo, doía de forma insana no seu orgulho  que ela o visse dessa forma. Merda! Ela nunca o veria como um homem que poderia estar ao lado dela. Ele nunca seria capaz de um dia estar a altura dela! ‘Já lhe falei que não sou covarde!’ Gritou mais alto do que gostaria, extravasando sua irritação.

‘Orgulho não o manterá vivo.’ Ela rebateu, fazendo novamente trincar os dentes.

‘Covardia irá me matar por dentro!’ Rebateu de volta, batendo no peito e fazedo-a arregalar os olhos com a colocação.

What have you done?

O quê você fez?

Is this what you wanted?

É isso que você queria?

What have you become?

O que você se tornou?

Your soul's not forsaken

Sua alma não está abandonada

You're walking alone

Você está andando sozinho

From heaven into hell

Do paraíso para o inferno

‘Akame está certa.’ Boss interviu mas sentiu que o rapaz tinha ficado mais incomodado ainda. Entendia o espírito dele. ‘Você pode ir para o outro lado da cidada. Mais afastado dos centros. Será melhor ir com alguém. Leone vai cobrir o mercado central que também é uma área chave, importante e perigosa.’ Najenda ponderava suas opções. Olhou para Akame e franziu a testa. O melhor era mandá-la junto com o rapaz, sabia que a assassina era sua melhor opção. Correção: Ela seria sua melhor opção a um tempo atrás, mas depois do incidente na última missão onde os dois juntos haviam sido insubordinados não era boa idea.

‘Mine poderia ir com Tatsumi. O rosto dela não é conhecido por estas redondezas. Além disso, eles cobririam um parte da cidade mais tranquila.’ Akame sugeriu.

‘Maravilha!’ Tatsumi soltou. ‘Vou com Mine!’

Mine arregalou os olhos de leve. Franziu a testa, irritada. ‘Eu não vou ser babá de ninguém.’

‘Eu não preciso de babá!’ O rapaz soltou e a olhou atravessado. ‘Pare de gritar comigo.’ Ordenou a jovem que ao ser pega de surpresa pelo rompante dele, manter-se calada.

‘Acalmem-se todos!’ Najenda interviu. ‘Estamos entrando numa importante missão.’ Alertou o grupo. Soltou um longo suspiro, jogando a bituca no chão e pisando em seguida. ‘Tatsumi e Mine cobrem a área mais afastada do centro e da Igreja. Akame…’ Chamou a assassina que desviou os olhos de Tatsumi que a encarava e fitou Boss. ‘Tenho uma missão para você. Quero que verifique algumas informações.’

‘Certo.’ Ela concordou, assentindo com a cabeça.

‘Todos entenderam?’ Najenda perguntou observando o grupo e vendo todos assentiram. ‘Ótimo.’ Soltou satisfeita. ‘Mantenham-se vivos.’ Recomendou como sempre fazia para seus soldados. Esperava que todos voltassem bem.

Tatsumi e Mine partiram em seguida. A jovem falava sem parar dando recomendações para o rapaz sobre se manter focado e alerta. Lubbock logo se afastou deles, andando daquela forma relaxada com os braços para cima e as mãos entrelaçadas atrás da nuca. Assobiava de leve tentando não ouvir a voz de Mine.

Akame observou os companheiros se afastando em direção a cidade. Tatsumi olhou para trás sobre o ombro esquerdo e a encarou, mas logo voltando a olhar para frente caminhando de forma decidida e parecendo ignorar as recomendações de Mine que seguia ao seu lado.

‘Hei…’ Akame ouviu lhe chamarem e virou-se para o lado desviando os olhos dos companheiros. Fitou Leone que a observava com os olhos estreitos e os braços cruzados. ‘O quê realmente aconteceu entre você e Tatsumi?’

‘Nada.’

Leone inclinou o corpo a frente para que seu rosto ficasse na altura do da amiga. ‘Você é uma péssima mentirosa.’

A morena sentiu-se incomodada. ‘Eu já contei o que aconteceu. Eu me desviei da missão. Fui imprudente e emocional…’

‘Hei!’ Leone chamou novamente sua atenção. ‘É reconfortante saber que você ainda é capaz de ser emocional… mostra que você é humana! Não pense que alguém lhe recriminou por isso.’

Akame desviou os olhos da amiga que observou Najenda que estava logo atrás com Susanoo conversando em voz baixa. Deveriam estar traçando alguma coisa juntos. Balançou a cabeça de leve. ‘Encontrar-se com Kurome me deixou mais desnorteada do que eu mesma gostaria de admitir, Leone.’

‘Ela é sua irmã. Todos sabiam do risco incluindo você na missão.’

Akame levou uma mão no rosto e fechou os olhos. ‘Preciso manter o foco, Leone. Estou saindo dele.’

‘O que aconteceu entre você e Tatsumi?’ Repetiu a pergunta.

Akame abriu os olhos e voltou a fitar a amiga. ‘Nada.’ Tentou mais uma vez a mesma resposta.

A loira rodou os olhos. ‘Ele e você estão se evitando, mas nenhum consegue tirar os olhos um do outro.’

Akame abaixou os olhos. ‘Não aconteceu nada.’

‘Você está mentindo. Você dormiu com ele não foi?’ Foi direta, para variar.

Akame endireitou o corpo. ‘Qual o problema em dormir com um amigo?’

Leone arregalou os olhos surpresa. ‘Vo-vocês transaram?!’

‘Como?! Não!’ Akame respondeu rapidamente com as mãos a frente do corpo e sentindo o rosto esquentar. ‘Não… claro que não, Leone.’

‘Não mesmo?’ A loira perguntou de forma maliciosa. ‘Tá na cara que Tatsumi está com os hormônios aflorados e louco para transar com você. Esdeath deve ter ensinado algumas coisinhas para ele.’ Falou e soltou uma gargalhada.

Akame bateu a mão no rosto. ‘Você não presta, Leone.’

A loira continuou a rir, mas depois ficou séria e passou um braço pelo ombro da amiga puxando-a para perto de si. ‘Fica esperta senão é capaz da Mine tentar ajudá-lo a superar o trauma em relação a isso. A madame gelo deve ter feito coisas terríveis com o pobre rapazinho.’ Disse, piscando para ela.

‘Não estou entendendo.’ Akame falou com sinceridade.

‘AH! Como você é lenta, Akame!’ Leona gritou, rodando os olhos. ‘Mine vive implicando com ele, mas quando você e Tatsumi desapareceram ela estava uma pilha de nervos preocupada. Já te falei que amor e ódio são faces de uma mesma moeda, né?’

‘Ela estava preocupada como amiga, não? Você também.’

Leone abriu um sorriso malicioso. ‘Tatsumi se tornará um homem de valor daqui a alguns anos e realmente será interessante, mas agora é ainda muito rapazote. Não faz muito o meu tipo.’

Akame olhou para a amiga de soslaio e sorriu balançando a cabeça de leve. Mas logo soltou um suspiro. ‘Preciso me afastar de Tatsumi.’ Leone fechou o sorriso, prestando a atenção na amiga. ‘Vai ser o melhor para mim e para ele.’

‘Você gosta dele, não?’

A jovem baixou os olhos. ‘Um demônio não deve gostar de ninguém… ou acabará matando-o.’

‘De que merda você está falando?’

Akame afastou o braço dela de si. ‘É o único destino possível de um demônio.’

Now that you know

Agora que você sabe

Your way in this madness

Você caminha nessa loucura

Your powers have grown

Seus poderes cresceram

Your chains have been broken

Suas correntes foram quebradas

You've suffered so long

Você já sofreu por tanto tempo

You will never change

Você nunca vai mudar

~*~*~KK~*~*~KK~*~*~KK~*~*~KK~*~*~KK~*~*~

Akame caminhava em direção ao cemitério de Kyoroch. Najenda tinha solicitado que ela encontrasse dois informantes. Mastigava o final do seu jantar. Estava com um apetite bem grande nas últimas horas. Ainda bem que Susanoo estava com eles e poderia preparar de forma rápida aquela quantidade enorme de comida que ela tanto gostava.

‘De acordo com que pesquisamos seguindo ordens de Najenda-san, pode existir uma passagem subterrânea neste cemitério que leva diretamente da sede da Igreja até a mansão de Borick.’ Um dos informantes explicava para Akame que prestava atenção ao relatório.

‘Se acharmos esta entrada vamos direto até ao porão da mansão de Borick.’ Akame ponderou de forma satisfeita antes de dar uma mordida no pedaço de carne.

‘Isso pode ser um pouco difícil.’ Um dos rapazes falou. ‘Tentamos diversas vezes descobrir esta passagem sem sucesso. Você não será capaz de encontrar tão rapidamente. Esta área é enorme como você pode ver.’ Falou estendendo os braços e mostrando a vasta extensão do cemitério.

‘Além disso, também pode haver várias armadilhas protegendo esta entrada.’ Alertou o outro rapaz. ‘Precisa ter cuidado.’

Akame observava o local a procura de alguma pista. Seria muito importante encontrar aquela passagem, diminuiria e muito os riscos em uma ofensiva contra o aliado de Osnet.

Ouviu o barulho de uma lâmina golpeando e franziu a testa virando-se para trás, já preparada. Ouviu uma risada conhecida e estreitou os olhos para o vulto que ainda se escondia a sombra. Ela viu os corpos dos dois informantes caírem no chão sem vida.

Angels have faith

Anjos tem fé

I don't want to be a part of his sin

Eu não quero ser parte desse seu pecado

I don't want to get lost in his world

Eu não quero me perder em seu mundo

I'm not playing this game

Eu não estou jogando esse jogo

‘Obrigado pela ajuda.’ Ouviu a voz irônica do inimigo. ‘Achou que poderia ser esconder, doce Akame-chan?’ Ele perguntou se aproximando com as cabeças dos dois informantes nas mãos escorrendo sangue pelos pescoços degolados.

‘Ibara!’ Ela finalmente reconheceu o assassino do Império. Nunca tinha trabalhado com ele e os outros do grupo ao qual ele pertencia. Depois que a Elite dos Sete se desfez, havia trabalhado como assassina por pouco tempo com Kurome apenas e nunca quis trabalhar junto com outros assassinos. Muitos a consideravam esnobe por ser considerada a número Um do Império, mas no fundo, ela apenas não gostava de trabalhar em equipe. ‘Você está aqui em  Kyoroch?!’

‘Hummmm…’ Ele soltou satisfeitíssimo. ‘Se lembra de mim então? Quanta alegria! Quando estávamos no esquadrão de assassinos não podíamos conversar… Que pena, não?’

‘Eu esperava que minha batalha contra os quatro demônios de Rakshasa fosse a última antes do assassinato do primeiro ministro.’ Ela comentou. ‘Humph… pelo visto o ministro Onest tem mais interesse do que imaginávamos em manter o aliado dele em Kyoroch vivo.’

‘Perspicaz como sempre, doce Akame-chan.’

Ibara sorria sem tirar os olhos da jovem. Era realmente uma pena que não pudessem se aproximar quando estavam no mesmo lado. Adorava-a. Achava-a tão linda e tão terrivelmente mortal. Tinha tentado de tudo para rastreá-la e finalmente estar agora a frente dela. Todos os assassinos Imperiais tinham como principal objetivo um confronto contra Akame da espada encantada.

‘Você foi uma garota má que traiu o Império… merece uma punição.’ Falou jogando na direção dela as duas cabeças dos informantes que rolaram no chão. ‘Vou adorar ser eu mesmo a lhe dar esta lição de obediência.’

Akame trincou os dentes vendo as cabeças dos informantes, flexionou os joelhos pegando impulso e avançando em direção a ele, enquanto retirava Murasame da proteção. ‘Eu vou acabar com você.’

‘Pode tentar a vontade!’ Ele falou erguendo suas mãos e fazendo seus dedos se alongarem formando estacas para atacá-la com fúria.

Akame desviou das investidas contra ela, saltando por cima dele e pousando no chão as costas de Ibara. Tentou golpea-lo porém ele conseguiu desviar do golpe de Murasame. O corpo dele parecia feito de borracha possibilitando que fizesse movimentos bizarros e sobre humanos.

‘Uhhhh!’ Ibara gritou ironicamente.

Akame arregalou os olhos quando viu o abdômen do inimigo que antes havia se movimentado de forma surreal, parecia agora projetar algo contra ela. Saltou para trás evitando novamente que aquelas estacas que surgiam a partir do corpo do demônio a atingissem.

Chegou ao chão, sem tirar os olhos de Ibara que ainda ria como louco enquanto seu corpo se contorcia com o retorno daqueles tentáculos. Parecia que dançava de forma bizarra a frente dela.

‘Nós, os quatro demônios de Rakshasa, não apenas passamos por um treinamento intenso mas também fomos criados com a água do rio Kraken que tinha atrás do templo nas montanhas. Então podemos controlar cada parte do nosso corpo.’

‘Humph…’ Ela soltou. ‘Quanta bizarrice. O império transformou você num monstro.’

Ibara trincou os dente. ‘Do que está falando?’

Ela inclinou a cabeça de leve, analisando-o. ‘Quando eu o conheci pelo menos era mais apresentável.’

E realmente era mais humano. Era um homem forte e apessoado, lembrava-lhe muito Guy, o rapaz que vivia junto de Green tentando achar pedras preciosas. Muitas ele vendia para gastar com bebidas e prostitutas mas lembrava-se do dia que ele havia feito uma joia para Cordélia quando havia pedido-a em namoro, mas a jovem havia rejeitado-o. Por fim, ela é quem havia ficado com a pulseira que a ex-companheira rejeitou. Green lhe deu como demonstração de afeto. Pena que teve a joia confiscada pelo Império. Não valia muito, era mais valor emocional.

Ibara trincou os dentes. ‘Mas agora sou muito mais poderoso!’

Akame deu de ombros. ‘Mas assim nunca vai conseguir uma namorada. Está feio de dar dó.’

‘Ahhh!’ Ele gritou irado tentando acertá-la.

Ibara atacava Akame com fúria. Seus braços cresciam de forma anormal tentando socá-la de forma rápida e forte. A assassina de olhos vermelhos se protegia dos golpes com os escudos em seus antebraços e com Murasame. Detestava aquele tipo de ofensiva idiota de tentar golpear o inimigo a esmo. Sempre chamou a atenção de Tatsumi com relação a isso.

‘Esta espada é bem sinistra!’ Ibara gritou entre seus golpes.

Enquanto Ibara tentava ainda acertá-la com aqueles golpes, ela tinha tempo de avaliá-lo.

‘Murasame… é perfeita para você.’ Gritava com admiração enquanto observava a adversária. Sempre fora fascinado por ela. Revoltava-se não ser capaz de se aproximar dela quando estavam no mesmo lado. ‘Acho que podemos aproveitar muito o nosso reencontro, não é? Toma, Toma, Toma…’ Continou berrando e satisfeito vendo que conseguira cortar as roupas dela. Adoraria deixá-la nua na sua frente. Sorriu pensando nisso, sabia que ela era perigosa, mas começava a gostar da ideia de deixá-la a mercê dele.  ‘O que achou disso, doce Akame-chan?!’

Ela estreitou os olhos, tinha que dar um jeito de sair daquela situação idiota. já estava irritando-se com olhar brilhante do idiota para ela e conseguindo perceber toda a perversão que passava pela mente dele.

Homens… enquanto tivessem aquele tipo de distração, nunca se tornariam bons assassinos. Não era a toa que os inimigos mais poderosos deles eram mulheres.

‘Vamos nos divertir muito ainda, doce Akame-chan!!!’

When the shadows remain

Quando as sombras permanecem

in the light of day

na luz do dia

On the wings of darkness

Nas asas da escuridão

He'll retaliate

ele voltará de novo?

He'll be falling from grace

Ele vai estar caído da graça

'Til the end of all his days

até o fim de todos os seus dias

Já era hora de agir. Desviou do golpe a esmo de Ibara e ergueu Murasame para a direita do seu corpo, enquanto se aproximava de seu alvo. Quando o idiota se encontrou a distância de sua lâmina, a abaixando  para golpeá-lo.

Como imaginou Ibara conseguiu segurar a lâmina com com as duas mãos juntas a frente, impedindo o corte. Os braços estavam como antes alongados. Pareciam feitos de borracha. Tinha um sorriso enorme no rosto acreditando que ela estava agora a mercê dele. Tiraria a perigosa espada dela e Akame voltaria a ser uma flor frágil pronta para ser colhida.

‘Eu te falei, recebemos um treinamento intenso.’ Ele a alertou mais uma vez. ‘Vamos lá!’ Gritou puxando Murasame com força e Akame soltou sua arma. ‘Arma imperial confiscada!’

Murasame voou para o alto e Ibara segurou sua empunhadura com a mão direita. Sorria sinistramente para ela enquanto apertava a arma imperial de Akame entre seus dedos. Levantou-a acima de sua cabeça mostrando para a assassina que agora a arma que antes era dela, passava a ser dele. Logo ela passaria a ser dele.

Akame ergueu o corpo e estreitou os olhos. O idiota realmente não tinha ideia do que tinha feito. Era burro demais. Não é a pessoa que escolhe a Teigu, é a Teigu que escolhe seu usuário.

From the ashes of hate

Das cinzas do ódio

It's a cruel demon's fate

É o destino cruel de um demônio

On the wings of darkness

Nas asas da escuridão

He's returned to stay

Ele voltou para ficar

There will be no escape

Não haverá escapatória,

'Cause he's fallen far from grace

Pois ele está caído longe da graça

Como previsto, Murasame rejeitou quem a estava empunhando. A energia sinistra da perigosa katana se expandiu, envolvendo em sua aura negra tanto a arma quanto a mão de Ibara que olhou assustado para o que acontecia.

‘O que há com esta espada?!’ Perguntou em pânico observando que a energia começava a migrar para seu braço como se quisesse corromper todo o seu corpo.

Como parte do seu plano, Akame percebeu a distração. Correu até o inimigo e saltou a frente dele, posou sentada nos ombros de Ibara e segurou a cabeça dele entre seus joelhos. Assim como também segurou a cabeça dele com suas mãos, virando-se rapidamente. Em um ser humano comum seria o fim, pois quebraria o pescoço dele com a virada rápida e forte de sua cabeça. Porém, sabendo os poderes elásticos de Ibara, isso não o deteria. Por isso girou mais do que o comum, fazendo o pescoço elástico desse mais do que uma só volta. Isso o deixaria desnorteado o suficiente para ela dar o golpe final com Murasame.

Ibara sentindo a dor de ter o pescoço torcido e com receio do poder da espada, soltou-a fazendo-a cravar no gramado do cemitério.

Akame saltou dos ombros do adversário em direção a sua arma imperial, pegando-a em seguida.

Com o pescoço torcido e sua mobilidade reduzida, Ibara olhava aterrorizado para a jovem. ‘Não me diga que… esse era o seu plano… Deixar eu pegar sua teigu?’  Falou com dificuldade, ainda com a cabeça retorcida, em que sua fase estava virada para suas costas.

Akame ergueu o corpo devagar, sabendo que o inimigo agora estava inofensivo. Soltou um suspiro, olhando-o com desdém, mas sem desviar os olhos dele. Ela diferente de seus inimigos, nunca considerava uma batalha ganha até o inimigo realmente estar morto.

‘Você chamou a Murasame de sinistra…’ Começou a explicar e repousou a espada sobre seu ombro de forma despretensiosa. ‘Achei que você não iam se dar bem.’

Ibara levantou suas mãos até sua cabeça e começou a girá-la tentando fazer com que ela voltasse para o lugar correto. Trincava os dentes de dor pelo movimento.

‘Como se atreve…’ Falou virando-se para ela com os punhos fechados e trincando os dentes de raiva pela petulância daquela que antes estava a mercê dele. ‘Como você se atreve?!’ Gritou irado, partindo para cima dela para golpeá-la e estraçalhar-la com suas mãos. Agora só queria ver a vida de Akame se esvair por elas.

Akame franziu a testa, flexionou os joelhos e foi de encontro ao adversário. Ibara tentou acertá-la com o braço direito que foi cortado de forma rápida por Murasame. Tentou a perna esquerda e também teve o membro mutilado. Tentou o braço esquerdo numa última tentativa de acertar em cheio a assassina que não perdoou, cortando-lhe tanto o braço esquerdo quanto seu corpo na altura da cintura, literalmente deixando-o apenas com a cabeça e o parte tronco que caiu se contorcendo no chão perto dos outros membros esquartejados por Murasame.

‘Murasame definitivamente não gostou de você.’ Akame falou quando deu o golpe final.

Ibara respirava com dificuldade sabendo que seriam seus últimos segundos de vida, enquanto fitava a lua acima deles, a única fonte de luz do cemitério.

Akame cortou a espada no ar, limpando-a do sangue do adversário abatido antes de colocá-la na proteção.

‘Talvez seja uma boa hora para o seu regozijo, Ibara.’

Ibara riu mesmo cuspindo sangue e virou a cabeça com dificuldade para fitar sua algoz. Sorriu para ela.

‘Que mulher perigosa… você é realmente um demônio com cara de anjo…’ Soltou com um sorriso contente no rosto, observando-a. ‘Se eu pudesse… seria capaz de me prostrar a você, doce Akame-chan.’ Confessou sem esconder sua satisfação por ter sido abatido por ela. Como sempre sonhou. Não gostaria de ter sido abatido por qualquer outro assassino revolucionário que não fosse a doce assassina de olhos escarlates.

Akame se virou para ele e no fundo não pode deixar de sentir pelo adversário. Conhecia a história de Ibara. Conhecia-o antes de se tornar aquele monstro cheio de cicatrizes, com aquele poder que havia distorcido seu corpo e aquela mente insana.

Havia percebido que de uma forma macabra, parecia que todos os assassinos imperiais procuravam um combate contra ela esperando que suas vidas fossem finalizadas. Todos morriam com satisfação. Encolheu os ombros e trincou os dentes, irritada pensando que esse seria sempre o seu destino. Sempre matar. Era o que no fundo todos esperavam dela. Era apenas o que todos procuravam nela.

Ouviu um barulho e saiu de seus pensamentos, saltando para trás e evitando que as cortantes penas a atingissem. Levantou o rosto observando a figura alada de um anjo a sua frente, iluminado pela lua. Arregalou os olhos sentindo o peito doer. Aquilo… aquela figura…

Angels have faith

Anjos tem fé

I don't want to be a part of his sin

Eu não quero ser parte desse seu pecado

I don't want to get lost in his world

Eu não quero me perder em seu mundo

I'm not playing this game

Eu não estou jogando esse jogo

‘Hum… Então um ataque surpresa não funciona com você.’ Ouviu a voz do ser alado e estreitou os olhos nele. Não teve como não engolir em seco. Tinha que eliminar aquela sensação de déjà vu. Ela sempre fora atacada de surpresa por tudo quanto era tipo de inimigos. Homens, monstros, demônios… anjos não seria uma novidade, ou não?

Balançou a cabeça de leve, tentando voltar ao foco.  ‘Um membro dos Jaegers?’ Perguntou, voltando a sua sanidade e lembrando-se de uma arma imperial chamada Mastema. Ela tinha origem desconhecida mas havia rumores que havia sido as asas arrancadas de um anjo caído antes que este se transformasse num demônio, ficando assim conservado o aspecto de asas angelicais. Eram apenas lendas como tantas que rondavam as origens das teigus.

‘Exatamente.’ Ele confirmou. ‘Finalmente a conheci pessoalmente, Akame dos Night Raids.’ Falou observando-a erguer o corpo. Era exatamente conforme haviam falado sobre ela. Uma mulher impressionante e muito perigosa. Sorriu de lado, Esdeath teria muito problemas com ela. Só um demônio era capaz de derrotar outro demônio. Tinha encontrado quem poderia ser capaz de derrotar a general Imperial. Tinha visto o poder que havia circulado aquela espada e percebeu a ligação incrível entre Murasame e Akame.

Akame empunhou Murasame pronta para iniciar o embate contra ele. Não era isso que Run tinha em mente. ‘Minha intenção era apenas conhecer suas habilidades, Akame.’

Ela franziu a testa sem entender. ‘O que realmente quer comigo?’

‘Pude dar uma olhada no poder incrível de Murasame.’ Ele continuou a planar no ar, os dois se encarando. ‘É uma arma impressionante…’

Run inclinou a cabeça de leve e aumentou o sorriso.  ‘Assim como sua usuária.’ Completou fazendo-a arregalar os olhos de leve. ‘Até breve… Akame-chan.’ Despediu-se de maneira bem petulante.

Ela o viu bater suas imponentes asas e dar a volta, voando para o alto e sumindo no horizonte. Levou uma das mãos até o rosto e fechou os olhos. Inferno. Que sensação incômoda era aquela? Respirou fundo e soltou o ar devagar. Não era hora daquele tipo de frescura.

When the shadows remain

Quando as sombras permanecem

in the light of day

na luz do dia

On the wings of darkness

Nas asas da escuridão

He'll retaliate

ele voltará de novo?

He'll be falling from grace

Ele vai estar caído da graça

'Till the end of all his days

até o fim de todos os seus dias

Baixou as mãos e endireitou o corpo, voltando a observar por onde o ser alado havia sumido. Pensou que os quatro demônios de Rakshasa e os Jaegers ao mesmo tempo. Eram inimigos muito poderosos para serem enfrentados ao mesmo tempo. Soltou um suspiro, esperava que todos seus companheiros estivessem bem.

Sentiu um calafrio percorrer sua espinha e virou-se para o lado, arregalou os olhos vendo outra figura alada a poucos metros de distância, porém circulada por aquela aura fraca branca. Deu um passo a frente e levantou a mão na direção dela porém ela já havia  desaparecido. Balançou forte a cabeça tentando fazer com que os fantasmas que a assombravam desaparecem. Tinha que se manter lúcida! Tinha que focar na missão.

‘Tatsumi… espero que esteja bem.’ Não teve como não pensar por fim. Era uma merda admitir que estava mais preocupada com o rapaz de olhos verdes. Mais do que gostaria de estar. Mais do que deveria estar.

From the ashes of hate

Das cinzas do ódio

It's a cruel demon's fate

É o destino cruel de um demônio

On the wings of darkness

Nas asas da escuridão

He's returned to stay

Ele voltou para ficar

There will be no escape

Não haverá escapatória,

'Cause he's fallen far from grace

Pois ele está caído longe da graça

 

 


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Notas finais do capítulo

Como eu já havia avisado, usei um pouco do que li em Akame ga Kill Zero, mas usei licença de fanfic para acrescentar algumas coisas, assim como os acontecimentos no episódio 18 do anime Akame ga kill.

Acrescentei sim algumas coisas que parecem não fazer sentido da história, mas na minha mente louca são detalhes para a minha continuação do anime. Simplesmente pq não aceitei bem aquele final, então resolvi fazer uma continuação...



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