Mirror of the soul escrita por Miss De Lua


Capítulo 5
5. Quando fogo encontra veneno


Notas iniciais do capítulo

Sobre o título: Não deveria fazer sentido pela lógica, mas conforme o capítulo for se desenrolando, a explicação aparecerá.
Uma dica: o veneno em questão é super charmoso, dotado de uma malignidade exuberante. Alguém conseguiu adivinhar? Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741351/chapter/5

Dumbledore rumava pelo corredor escuro e frio do orfanato naquele dia. Logo depois fizera o mesmo das anteriores vezes que já pisara ali, bateu duas vezes na velha porta antes de abrir a mesma. A única diferença era que o jovem sentado ali em uma perfeita postura aparentava mais maturidade. Os cabelos continuavam escuros, com certeza havia crescido desde as férias passadas, mas os olhos continuavam um mistério de emoções.

— Olá Tom. — saudou fechando a porta atrás de si.

Os olhos de Tom Riddle se fixaram no bruxo mais velho e o avaliaram. Suas feições continuaram a mesma, mas ele assentiu em retorno.

—Professor Dumbledore, — sua voz era suave com um timbre firme — não esperava lhe encontrar antes de amanhã.

O professor fez um sinal displicente com a mão, tirando de dentro das suas vestes uma lista.
Estendeu em direção ao menino, nunca quebrado o contato visual.
Tom não recuou quando sua mão se fechou envolta do papel, tendo cuidado para não ter contato físico com o homem.

— Não poderia lhe deixar sem sua lista de materiais para este ano Tom. Mas preciso lhe explicar o motivo de não te-la recebido antes. — Riddle o encarou sem demonstrar reação, o que já era esperado do professor. — Quis vir pessoalmente pois tenho um pedido para lhe fazer.

Quase automaticamente Riddle ergueu a sobrancelha, se inclinando para frente na cama esperando.
Mas os olhos de Dumbledore vaguearam em volta do simples quarto, soltando alguns suspiros quando percebia o simples estado do ambiente. Ali era frio e úmido e em seu íntimo, Dumbledore desconfiava que combinava com o morador que ali habitava.

— E do que se trata? — uma leve menção de irritação apareceu em seu tom, mas poderia passar despercebida por outra pessoa que não conhecesse bem o sonserino.

— De uma pessoa — agora o bruxo mais jovem parecia levemente interessado — Que suponho precisar de ajuda então achei que um dos melhores alunos de Hogwarts poderia realizar tal feito.

Tom Riddle assentiu minimamente com a expressão vazia. Tudo no jovem parecia incompreensivelmente perfeito, e era onde Dumbledore sabia ser o erro.

— O senhor não acha que estamos um pouco atrasados? — sua voz estava baixa e persuasiva. Ambos equilibrados.

— E estamos. Mas nada que não possa ser reparado, não para alguém tão inteligente, sim?

Tom apertou a mandíbula enquanto o aperto no papel se firmava. Dumbledore pareceu ignorar ou não ver a ação, batendo com os dedos distraídamente no nariz torto.

— Como seria útil? — a voz equilibrada do sonserino o trouxe de volta.

Dumbledore o observou por trás dos óculos seriamente. Aquele seria uma ideia que poderia dar errado mas o bruxo confiava demais no otimismo para se deixar abater. A única certeza que tinha era que precisava continuar procurando respostas para Meredith, e que se quisesse que isso acontecesse precisava por hora tirar a jovem bruxa do jogo.

— Você poderá ir comprar seu material hoje mesmo e encontrar uma jovem que estimo muito. — o bruxo sorriu pensando na menina — Ajude-a a comprar o necessário e lhe explique sobre Hogwarts, nada que um monitor não faça.

Tom Riddle por dentro estava surpreso mas não deixou a máscara cair. Seu cérebro rapidamente ligou as informações e o raciocínio foi lógico. Mas uma questão pairava no ar, questão esta que o garoto tomaria cuidado.

— Uma nova aluna suponho.

— Ah sim! Seu nome é Meredith, mas acho que ela mesma poderá lhe explicar. Agora preciso que me faça este favor. — ambos os bruxos se encararam brevemente. O mais velho viu uma pintada de irritação nos olhos do outro, pontada esta que só ele poderia ver. — Ela estará no Cabeça de Javali.

Tom franziu o nariz ao ouvir o nome do bar. Como um sonserino, não frequentava lugares tão insignificantes como aquele mas via que seria o jeito.
Ele assentiu ao olhar de Alvo e finalmente se levantou olhando firmemente para o próprio.
Este juntou as mãos em frente ao corpo e sorriu calmamente quando as palavras foram proferidas.

— Espero que encare isso como uma chance. Ah o destino é tão indomável!

Tom borbulhava de raiva por dentro ao olhar o sorriso do velho e suas charadas. Sua maior vontade era cruciar seu professor ali mesmo e não parar. Talvez parasse, quando este estivesse sangrando por todo corpo e depois recomeçaria a tortura até que perdesse a voz de tanto implorar misericórdia.
Um sorriso sem emoção surgiu na face do garoto enquanto voltava a fitar o homem.

— Irei tentar senhor.

Dumbledore assentiu enquanto dava as costas para o menino. Tom cerrou os dentes ao ver as costas do homem e a sua deixa, o ignorando.
Quando o bruxo mais velho fora embora, Riddle puxou a varinha do bolso e ficou a girando pensativamente. Se sentiu estranhamente aliviado ao segurar a lista de material que precisaria para seu sexto ano em Hogwarts, aquilo era uma certeza que retornaria à escola.
Mas esse sentimento foi esquecido e o aborrecimento o atingiu ao olhar pela janela empoeirada do quarto e ver que já era quase tarde, foi então que se lembrou. Precisava encontrar com uma garota que não sabia quem era, muito menos o que faria em Hogwarts. Quantos anos teria? Seria uma sangue ruim?
E aquelas perguntas o deixaram louco de raiva. Odiava não ter a sabedoria das coisas, pois afinal, tudo se resumia à sabedoria e poder.
  Já Dumbledore acabara de aparatar em Godric Hollow minutos depois da saída do orfanato. Tinha muito o que pensar e o que fazer, principalmente agora que uma nova ameaça despertava.
Caminhando até a antiga casa que morava, sua mente brilhante trabalhava em diversas idéias. Uma delas era ter dado uma ajudinha ao destino ao entrelaçar os caminhos de Riddle e de Helinor. Uma hora ou outra ambos se conheceriam, isso era fato. Mas para o bem ou para o mal, não havia certeza. Qual seria o resultado de colocar uma bruxa poderosa ao lado de um possível bruxo poderoso?
Dumbledore não havia pensando em uma resposta quando chegou em frente à velha casa que um dia fora o lar da família Dumbledore. A busca agora havia começado, mas primeiro precisava ajudar Meredith da forma que não ajudara Ariana. E para isso, precisava entender a irmã como nunca entendera antes. E tudo começava ali, onde  o princípio de sua dor nascera.

•••••••••••

Meredith acordara aquela manhã com as patas do bode contra sua porta, assim como havia sido os dias anteriores.
Não podia acreditar na inteligência do bode - mesmo que achasse que Aberforth fosse responsável por tal importuno matinal - e menos ainda que já faziam seis dias que estava no passado. Pensando naquele fato, se sentiu estranhamente conformada. Pensou que seria mais difícil a convivência com o bruxo, mas estava errada. Aberforth era uma boa pessoa como Dumbledore havia dito, - as vezes grosseiro - além de não ser inconveniente. O bruxo sabia que a menina viajara do futuro, e que a mesma tinha um propósito para tal feito. Então era aquilo, ele sabia, sabia e sabia. Mas nunca perguntara, apenas escolhia ignorar o fato de ter uma viajante do futuro habitando sua casa. Ele não se metia em sua vida e ela não se metia na dele. Funcionava bem.
Além dele, o bode era outra companhia que servia como um despertador toda manhã. Depois de um tempo, Meredith passara a se acostumar com os olhares intensos e inteligentes do animal.
Assim como se acostumara com a menina fo retrato, seus sorrisos meigos e sinceros quando passava. Ariana Dumbledore. Havia descoberto certa noite em que perguntara ao bruxo, o mesmo apenas grunhiu o nome e se retirara para o quarto furioso.
Aquela manhã saiu do quarto provisório - Aberforth havia concordado hospeda-la depois de gritar algumas obscenidades para o irmão mais velho. Então arranjara um quarto pequeno que Meredith desconfiou ser para visitas. - e saiu para o andar de cima.
O bar estava vazio e ela agradecia por isso. Dois dias atrás a menina se decidira que precisava de socialização, então perguntara ao anfitrião se seu café da manhã poderia ser tomado no bar. Quando recebera um sim desinteressado, Meredith se sentiu agradecida.
Então lá estava ela, encarando Aberforth colocar a bandeja com sanduíches e uma taça de hidromel sobre a mesa.

— Bom dia senhor Aberforth. — sorriu tranquilamente levando a taça aos lábios.

Aberforth suspirou a encarando. Era estranho olhar para ele e não associa-lo à Dumbledore.

— Dia Meredith. — resmungou se voltando para outra mesa, já limpando a mesma. — Finalmente se levantou.

Meredith revirou os olhos perante a fraqueza do homem. Seis dias atrás ela teria achado aquilo um insulto, mas já convivera tempo suficiente com Aberforth Dumbledore para saber quando realmente ele estivesse a insultando. Porque para Meredith, uma semana era tempo o suficiente para saber pequenos detalhes em alguém como este.

— Seu bode deve levar o crédito por isso.

— Aprecio tal feito.

Ela riu suavemente enquanto olhava pela janela do bar. A rua estava pouco movimentada naquele horário, o que a dava uma sensação de solidão. Precisava socializar logo, ou então enlouqueceria. Seus olhos caíram no bruxo enquanto mordia um dos sanduíches e percebeu que teria que se contentar com as conversas curtas com o homem.
Um pigarro foi ouvido e a bruxa levantou os olhos, o encarando em seguida com uma expressão entediada. Foi então que ela percebeu algo errado.
A menina parou o sanduíche a poucos centímetros da boca esperando a próxima frase do bruxo.

— Tudo bem. — ele jogou o pano que usava para limpar as mesas no ombro — Dumbledore me pediu para lhe informar algo.

E seu coração acelerou de uma forma louca. Para Meredith era peculiar a forma como mil idéias poderiam surgir dentro de segundos, assim como aquele sentimento de ansiedade poderia crescer tão rápido em seu estômago.
Depositando o sanduíche de volta na mesa rapidamente, grudou os olhos em Aberforth enquanto ele lhe dava as costas e continuava seu trabalho.
E ela esperou. Poderia ter contado um minuto desde o anúncio, e aquilo a estava deixando frustada. Por que ele tinha que fazer aquele maldito suspense?

— Então, — bateu a mão na mesa em forma de protesto — qual é o problema?

Aberforth resmungou algo abandonando o pano. Meredith pela primeira vez naquele dia parou para observar o homem. Sua postura estava tensa, e a forma como ele nunca olhava para amba deixava isso claro.
Sua garganta de repente se fechou ao imaginar o que estava por vir. Ele a expulsaria?
O próprio a tirou de seus pensamentos ao puxar uma cadeira em sua frente e se sentar. A menina o encarou enquanto sua bandeja com sanduíches era empurrada para o lado.

— Você começa Hogwarts amanhã, por isso precisa comprar a lista de matérias hoje. — os olhos azuis se fixaram nela como se estivesse a analisando.

Meredith compreendeu imediatamente e um sorriso surgiu. Enfim mataria a curiosidade de saber como a escola era naquele tempo e como uma boa aluna pertencente a Corvinal, estava extasiada para voltar as aulas.

— É uma ótima notícia. Posso ir agora mesmo, só preciso...

— Ainda não terminei garota. — a cortou projetando uma careta. — Meu irmão me mandou a sua lista, aqui está. — buscou entre as vestes o ítem e quando o achou, a ofereceu — E tem mais uma coisa, então preste atenção. Você não pode ir sozinha ao Beco Diagonal, não me pergunte o motivo, ele não me disse.

A bruxa revirou os olhos enquanto movia os olhos da lista para Aberforth. Sua frustração aumentou ao notar os vários livros e afins que precisaria comprar, o que com certeza era mais do que os poucos galeões que havia trazido. Meredith soltou a respiração sentindo o êxtase se esvair.

— Você virá comigo? — pediu com a voz suave — Por favor?

— Preciso cuidar do bar. — ela apertou os olhos em sinal de irritação — Mas meu irmão fez o favor de designar alguém para lhe ajudar com esta tarefa.

Aos poucos a frustração foi diminuindo graças a noção de que finalmente conheceria alguém além de Aberforth. Sem contar o fato que poria os pés pra fora do bar, onde veria cores novas e respiraria um ar que não estivesse cheirando à madeira. Dumbledore finalmente havia acertado.

— Quem é?

— E você acha que eu sei? — Aberforth riu divertidamente enquanto se levantava. A conversa acabava por ali. — Apenas esteja pronta, ele chega daqui a pouco.

Ela piscou desnorteada. Ele? Dumbledore havia designado um homem para ajuda-la? Talvez fosse alguém que trabalhava para o ministério?
O som da bandeja sendo arrastada atraiu sua atenção. O bruxo já caminhava em direção ao balcão, levando consigo seu café da manhã quase intocável.
Meredith achou melhor não se aterrorizar com as possibilidades da visita, e logo se pós a começar o exercício físico que era subir as escadas.

— Meredith?

Parou descendo dois degraus para ter a visão de um Aberforth parecendo tímido. Ela sorriu com esse pensamento o vendo cruzar as mãos em frente ao corpo.

— Tome um presente de boas vindas. — e tirando a varinha de dentro das vestes, murmurou algo.

Algo pesou em sua mão e quando moveu os olhos naquela direção, viu uma pequena bolsinha marrom.
Curiosa a abriu para ver em seguida alguns galeões. Seu sorriso cresceu mais ainda, sentindo a gratidão a envolver.

— Obrigada senhor Aberforth.

— Não perca seu tempo menina. Vá logo antes que eu a coloque para limpar o chão! — esbravejou parecendo constrangido.

Ela riu voltando a subir os degraus enquanto sua cabeça fervia com pensamentos. O mais importante era quem poderia ser o homem que a acompanharia, e como Dumbledore o havia convencido.
Quando chegou ao seu quarto, Meredith concluiu que Dumbledore poderia ser bom em várias coisas. Mas na arte do suspense, não havia bruxo mais habilidoso para tal coisa.

                                                     ••••

Sentada olhando para as mãos entrelaçadas sobre a mesa era a exata localização da bruxa naquele momento. Fazia algum tempo que estava ali, tentando conter o fluxo de pensamentos pessimistas enquanto tentava planejar o que faria a partir dali. Deveria ser simples aquela atividade, no futuro gostava de comprar o material mesmo que todo ano fosse igual. Mas então se lembrou de onde estava - no passado ironicamente— e suspirou enquanto levava a caneca de hidromel aos lábios.
Aberforth havia se recolhido alegando que não havia mais clientes - o que não era nenhuma mentira - mas ainda sim Meredith sentiu que o bruxo não queria se meter naquela reunião.
Instantaneamente a bruxa se lembrou da suposição que havia feito. Poderia Dumbledore ter designado alguém do ministério para a ajudar? Não! Quis socar seu cérebro até que ele entendesse que Dumbledore era de confiança, mesmo que não tivesse certeza.
A varinha descansava ao seu lado na mesa, a lembrando de que agora em diante dependeria dela se quisesse usar magia. Não era uma opção ruim... Mas depender de uma varinha para a garota, era o mesmo que depender de uma muleta. Sem graça, inútil e humilhante.
Meredith respirou fundo quando uma pequena faísca de raiva apareceu dentro dela, e a própria sabia que aquilo não pertencia a ela. Toda aquela irritação por ser comum aos demais, por ser normal, por ser Meredith Helinor, e não Morgana Le Fay. Pois era ela, ou pelo menos uma parte escondida no lado escuro da sua alma. O sentimento foi tão rápido quanto veio, a deixando tonta por alguns segundos e alheia a tudo o que acontecia.
A caneca escorregou da sua mão, se partindo em pedaços no chão. A porta do bar abriu.
Com algumas respirações, Meredith conseguiu se estabilizar, praguejando enquanto estendia a mão pronta para concertar o estrago quando uma voz se proclamou:

— Presumo que seja Meredith.

Em fração de segundos sua cabeça virou para a direção da entrada, e então a tontura retornou.  Talvez não fosse a velocidade excessivamente rápida em que virou a cabeça, ou o susto que levara. Não, não poderia ter sido nada disso, e afirmou isso depois de encarar o belo rapaz que a encarava com uma perfeita sobrancelha erguida. E seus olhos, um par meio acastanhado misturado com verde? Meredith não tinha certeza da cor exata que seus olhos eram, mas sabia que eram profundos como o lago negro de Hogwarts. Os mesmos olhos que a encaravam fixamente, a levando ficar nervosa como uma tola.
Um segundo mais tarde - o que ela odiou - abaixou a mão lentamente com medo do que poderia ter feito se o belo garoto não avisasse de sua chegada.

— Devo presumir que esteja em seu estado normal senhorita? — sua voz profunda e mansa chegou aos seus ouvidos, a arrepiando.

Com um pouco de atraso Meredith pegou a sugestão de uma possível ofensa naquele timbre perfeito. Fechando as mãos com força, a garota se recompôs odiando o fato da beleza do jovem a ter desorientado.

— Devo responder que sim senhor. —  e abrindo um sorriso inocente, se esforçou para parecer calma.

O jovem - alguém do ministério, ela desconfiava - estreitou os olhos em sua direção enquanto avançava em passos firmes para frente.  Suas mãos estavam voltadas para trás, o que o dava uma pose elegante contrastando com a blusa social preta que usava e o belo cabelo escuro - como a noite sem estrelasperfeitamente alinhado.
Quando se pôs em sua frente Meredith viu que ele era mais alto que ela alguns centímetros e mesmo assim algo da forma que a encarava fazia seu estômago revirar, não de uma forma boa. Mas em seu rosto um pequeno sorriso que não chegava aos olhos se destacava.

— Então preciso dizer que é um prazer conhece-la.

Mas não era isso que seus olhos a diziam. O pressentimento só aumentou quando ele suavemente puxou sua mão e depositou um beijo ali, sempre com os olhos focados nos delas. O arrepio voltou ao sentir seus lábios bem desenhados contra sua pele e ela desviou o olhar para sua varinha em cima da mesa. Não pense nos lábios dele! Por Merlin, é um garoto.

— Fico feliz que pense assim senhor... — puxou a mão rapidamente quando ele afastou o rosto.

— Riddle. Tom Riddle. — e o sorriso sumiu quando viu Meredith se afastar até a varinha.

Tom Riddle. Aquele nome era estranhamente familiar para ela, e inconscientemente quis repetir em voz alta para ver o belo som que as palavras faziam.

—... Certo, então Tom Riddle, Dumbledore mandou você?

A expressão de Riddle se tornou uma máscara do mais puro e congelante gelo, para combinar muito bem com os olhos que pareciam gritar irritação. Mas apenas por um segundo, segundo este que Meredith jurou não ter acontecido.

— Sou um dos monitores de Hogwarts senhorita Meredith, uma das minhas obrigações é ajudar aqueles sem senso de orientação nos primeiros meses. — ela era experiente demais para reconhecer o tom de sarcasmo gotejando igual veneno naquela boca bem desenhada — Algo que a senhorita com certeza vai precisar.

O fogo da raiva queimou no peito da garota, louco para se libertar. Ainda era recente a raiva de Morgana e Meredith se preocupou que aquele sentimento desse as caras novamente naquele momento. Mas sua parte má, aquela obscura que ela tentava a todo custo esconder estava gritando para que a liberasse e aí sim, o garoto Riddle veria quem não teria senso de orientação. Com certeza seria ele logo depois das inúmeras azarações que ela lançaria.
Mas reprimindo tudo aquilo dentro de si como tantas outras vezes, apenas sorriu o mais suave possível e respirou fundo pronta para o que diria.

— É senhorita Helinor para você.

  Riddle continou a encara-la por mais alguns segundos, a avaliando. Meredith continuou sorrindo, pegando lentamente a varinha e a empunhando. O movimento não passou despercebido pelo jovem e este desceu o olhar pelo corpo da garota até fixar as orbes no chão.
Helinor sentiu a queimação no peito aumentar, trincando o maxilar ao sentir a quentura se apoderar de suas bochechas. Queria poder gritar para que Tom  Riddle tirasse aquele par de céu sem estrelas de si mesma. Mas atrasou, ele foi mais rápido.

— Cuidado onde se mete senhorita Helinor.

E apontou com a cabeça para a porta.
Meredith o encarou deixando a confusão transparecer, abaixando os olhos até o chão para não demonstrar o sentimento. Então percebeu os cacos perigosamente perto dos pés, suspirando aliviada ao entender a frase do rapaz. É claro que era isso, onde ela se meteria para entrar em problemas?
Uma risada lhe escapou e a mesma só se intensificou ao perceber a cara inexpressiva do garoto. Ele parecia uma estátua, daquelas bem bonitas que vira em um museu no futuro. Um deus grego.

Então Tom Riddle, vamos as compras!  — ignorando os cacos de vidro no chão e rezando para Aberforth não a esganar mais tarde, caminhou até parar ao lado de Tom — Acho que terá que me mostrar as lojas, por onde começamos?

Um sorriso pequeno apareceu no rosto de Riddle, mas não acalmou aquela sensação dentro de Meredith. E naquele momento a impressão de que algo grande estava prestes a se iniciar a acertou. Como se ela, Meredith Helinor, estivesse prestes a pular dentro de um furacão que mudaria mais ainda sua vida...

—  Sei exatamente por onde começar, apenas me siga.

( ... E então,ela pulou.)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso mesmo Brasil! Nosso amado Tom Riddle finalmente apareceu e daqui para frente contaremos com sua ilustre presença.
Será que mereço comentários? Adoraria saber o que estão achando da história, assim como o relacionamento da Meredith com o Aberforth. E o que falar do amado bode?
Até a próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mirror of the soul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.