Mirror of the soul escrita por Miss De Lua


Capítulo 4
4. A ajuda vem vindo


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada quero agradecer a Alyssa Rosier Black pelos comentários, muito obrigada! Esse capítulo é dedicado à você, então espero que goste.
Sobre o capítulo: a partir daqui Meredith oficialmente reside no passado, dando início a uma longa jornada pela frente. Então vamos ao capítulo, boa leitura!



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Quando enfim aquela troca de olhares inconvenientes se prolongou por tempo demais, Meredith piscou. Simples assim, e rapidamente. seu cérebro parecia não querer processar os fatos que ali aconteciam, e que infelizmente eram reais. Tão reais quanto a dor nas costas que sentia aumentar.
Foi questão de tempo até ter uma varinha apontada direitamente para seu pescoço, com tal força que a fez engasgar. Lágrimas chegaram até seus olhos devido a grande força de vontade para não tossir, além de tentar não entrar em pânico.
Ela não podia ser irracional. Precisava ser prática, como sempre fora.

— Quem é você? E por que aparaceu do nada aqui? — grunhiu o bruxo sem desgrudar a varinha de seu pescoço.

Meredith o encarou firme. Seus olhos ardiam devido as lágrimas que estava segurando.

— Por favor abaixe a varinha. Direi tudo o que precisar, mas abaixe a varinha. — uma lágrima rolou pelo rosto teatralmente — está me machucando senhor. Por favor.

Aberforth a encarou por alguns segundos - mais do que Meredith acharia que faria - e aos poucos foi afastando a varinha de sua pele. Mas ainda a apontava em sua direção, com os olhos em alerta a cada movimento que ela fizesse.
Respirando fundo ela se mexeu. Não muito, mas o suficiente para apoiar as mãos no chão. O Dumbledore mais novo seguiu seu movimento com os olhos estreitos em sua direção, sem mencionar a varinha firmemente em seu punho.

— Você tem cinco segundos para me dizer quem é e o que quer.

Meredith arregalou os olhos quando percebeu a seriedade no tom do homem. Ela apertou as mãos ao lado do corpo enquanto permanecia no chão, o encarando.

— Sou Meredith Helinor e preciso da sua ajuda. — sua expressão não se alterou e mais uma vez as palavras voaram de sua boca — Eu... Partir de muito longe, não acho que consigo voltar. Aliás, onde estou?

— Hogsmeade.

— Perto de Hogwarts? — a pergunta lhe pareceu boba, mas precisou arriscar — No ano de 1943, certo?

Aberforth a observou perplexo. A jovem surgira do nada em sua frente - aparatava, melhor dizendo - lhe pedindo ajuda e logo depois com uma possível ignorância quanto ao ano em que estavam. Isso sim, — pensou abaixando a varinha lentamente - deveria ser considerado loucura.
Mas ele assentira em concordância a vendo suspirar.

— Quando disse que partiu de muito longe o que queria dizer exatamente?

Meredith arriscou se levantar do chão já que ele abaixara a varinha. Ela se colocou de pé junto com sua bolsa.

— Não acho que entenderia senhor Dumbledore. —proferiu o vendo arregalar os olhos. — E antes que pergunte, sei quem é. E por isso precisa acreditar em mim quando eu disser que tudo se esclarecerá depois que eu encontrar uma pessoa.

O homem piscou parecendo mal humorado. Seguindo o olhar da menina, viu que a mesma encarava a velha cadeira de madeira com um olhar desejoso. Foi então que ele deduziu que sua jornada até ali deveria ter sido cansativa. Teve certeza quando a menina precisou se apoiar no balcão da cozinha para se firmar.

— Muito bem garota. Você me explicará tudo, mas prefiro que esteja sentada. — indicou a velha cadeira e de bom grado Meredith cambaleou até ela. — Afinal não quero ter quer enterrara ninguém quando você desmaiar e bater a cabeça no chão. Enterros são caros. — e ele virou as costas indo ascender a lareira no canto da sala.

A menina observou enquanto Aberforth terminava o trabalho, em seguida virando novamente em sua direção.
Não se importou com a cadeira desconfortável, se sentia extremamente esgotada. E ainda assim agarrava a bolsa com o resto das forças que tinha. Logo depois passou distraidamente a mão por dentro da bota que usava, sentindo sua varinha ali.

— Esse é o Cabeça de Javali, certo?

E ele assentiu movendo a varinha para mais perto dele. Naquele momento Meredith quis chorar. Não estava com medo, apenas se sentia arrependida. Cansada. Perdida. E por um momento de loucura, desejou que o irmão de Alvo Dumbledore a atacasse.
Seria mais fácil, em sua opinião. Um feitiço e tudo acabaria bem. Sem maldição, sem Morgana e sem ela.
Porque - ela quis ri do seu momento lunático - não existia Meredith sem existir Morgana. Ela estava fadada a viver assim, então por que não poderia simplesmente ter um fim em seu pesadelo?

— Sim. — e aquilo a tirou de seu devaneio.

Aquela era a resposta que mudara sua vida poucos minutos atrás. Ou seriam décadas?

— Preciso que me ajude. Mas para isso, precisa se comunicar com alguém.

— Quem é o felizardo? — a pergunta tinha sido irônica.

Meredith pressionou a mão contra a bolsa e decidiu se controlar. Não podia falhar e não iria. Não dessa vez.

— Seu irmão, Alvo Dumbledore.

A expressão de Aberforth se contraiu e seus olhos se estreitaram.
Não sabia o motivo, mas naquele instante o ambiente havia mudado.

— Não faço favores para alguém que precise do meu grande irmão.as últimas palavras foram ríspidas e Meredith pôde jurar sentir o tom amargo na voz do bruxo — Se precisa da ajuda dele, garanto que não terei como ajudar.

— É claro que tem! — exclamou elevando o tom — O senhor precisa pedir que ele venha me ver, simples assim. Então irei embora, juro que irei. — mirou os olhos azuis do homem impacientemente. — Será que faria isso por uma jovem perdida?

A expressão de Aberforth não mudou e isso deixou a garota irritada. Estava sendo difícil conseguir bons resultados sem entregar a verdade de bandeja, mas isso - divagava mentalmente - era sua culpa.

— Antes que eu a ajude preciso saber toda a verdade.

Meredith quase bateu o pé em protesto pela teimosia do homem. Ela não estava sendo convincente? Podia jurar que estava se esforçando para fazer sua expressão de inocência.
Mas ela jurava muitas coisas, e a maioria não passavam de mentiras.

— Contarei tudo como prometi anteriormente, mas com a presença de Alvo Dumbledore. — retorquiu com a voz firme.

Mais uma vez ambos os bruxos se olharam, mas desta vez o desafio estava no ar. Quem seria o primeiro a cumprir com a palavra? Meredith só esperava que não fosse ela.

Foi então que o Dumbledore mais novo virou-lhe as costas. A menina deixou que um sorriso vitorioso aparecesse em sua face enquanto contemplava os movimentos do outro.
Aberforth murmurou algo, e antes que Meredith arrumasse uma resposta pensando que as palavras foram dirigidas a ela, percebeu pela primeira vez que havia alguém a observando. Era um quadro encantado, e nele uma garota loira aparentando meiguice sorria.
Ela piscou para Meredith antes de virar e - nesta altura a viajante estava pasma - caminhar até o que deveria ser o final do quadro, sumindo de vista pouco depois.
O bruxo mais velho a encarava com uma expressão zombeteira, ajeitando os óculos com divertimento. Meredith achou melhor não comentar o fato que era era a primeira expressão que ele demonstrava, além de hostilidade.

——Muito bem Meredith, você terá a sua visita. Mas que fique claro que acabou de estragar sua vida.

— Eu?

— Você não menina. — riu amargurado enquanto contemplava o quadro vazio com melancolia — A pessoa de quem precisa. Se você soubesse... Se soubesse quem realmente é meu irmão, não pediria sua ajuda.

A jovem achou melhor não responder, já sentindo o peso das palavras. Aberforth não gostava do irmão? O que ele queria dizer? Onde ela estava se metendo?
Sem mais respostas, Meredith ficou ali por um tempo, acompanhada de um silêncio desconfortável e um bruxo perdido em pensamentos.
E quando ela pensou que o momento não poderia ficar mais constrangedor, um bode apareceu ao seu lado.
Quis reclamar com o dono do bar os olhares do animal, mas se sentiria envergonhada. Então permaneceu ali, agarrada a bolsa tentando proteger seus pertences do olhar intenso do animal.
Minutos passaram quando enfim era possível ver uma sombra no final do quadro.
A loira retornara com um sorriso no rosto, e logo depois um homem apareceu. Alvo Dumbledore estava à sua frente mais jovem e a encarava com um ar sonhador em seus olhos. Ela o observou sorrir de forma tranqüila enquanto os olhos azuis se fixavam em sua pessoa. Após segundos de silêncio, foi o bruxo em questão que proferiu:

— Acho que há muito o que explicar.

E mesmo temendo Meredith assentiu. A partir dali não haveria mais volta, e aquele sentimento doentio de encontrar prazer em horas como aquelas, apareceu. Aquilopensou nervosa - não sabia se pertencia à Morgana ou a ela.

                                                  ♦

    Já era noite quando Meredith acabara de relatar toda a confusão que era sua vida. Percebendo que havia demorado mais do que deduzira, culpou Aberforth pelos comentários que interrompiam sua narrativa.
A menina não tinha passado da metade da história quando o Dumbledore mais novo voltou resmungando para o andar de cima, provavelmente temendo deixar o bar sozinho por muito tempo.
Logo depois a história se seguiu normalmente - sem interrupções - mas com alguns olhares do retrato na parede. O que mais a deixou desconfortável fora a calma que Dumbledore aparentou em todo o momento, deixando apenas as emoções transparecerem através dos olhos azuis.
Quando enfim chegou ao fim, se sentiu aliviada pelo término de toda desgraça contada e sua garganta agradeceu, já que desde que Aberforth subira, alguns gritos de possíveis bêbados poderiam ser ouvidos. O resultado foi aumentar o tom de voz, divertindo Alvo.

— Devo dizer que é uma história impressionante. — e seus olhos brilharam com algo parecido com o entusiasmo — Mesmo que triste.

— Então o senhor irá me ajudar?

Dumbledore se calou olhando para ela por cima dos óculos engraçados. Havia uma diferença deste Dumbledore para o que habitava o retrato do seu tempo. Além de estar vivo, este parecia mais jovem e mais difícil de entender. Além do fato de seu cabelo não ser grisalho.

— Mas é claro senhorita Helinor. Mas antes a farei entender do que precisa para que eu a ajude certo? — Meredith assentiu extasiada — Não sei se é do seu saber mas, o mundo bruxo está enfrentando uma ameaça assim como o mundo trouxa. — aqui seus olhos brilharam em decepção — Isso pode garantir um ótimo plano para a senhorita. Hogwarts está bem protegida contra esta ameaça e por isso não seria incomum uma jovem transferida, além de que as aulas ainda não começaram. A senhorita teria uma semana para se preparar.

— O senhor quer que eu vá para Hogwarts? — a incredulidade fora estampada em seu tom.

Dumbledore assentiu lentamente enquanto lançava um sorriso para a menina do quadro.

— Acho — levantou o dedo voltando os olhos para a morena — Que não irá querer conviver com meu irmão enquanto não achar o que procura.

Meredith refletiu enquanto pensava logicamente. Com certeza não poderia viver ali sem se estressar com o bruxo ou o bode. Talvez pudesse arrumar um quarto no caldeirão furado? Mas por quanto tempo? Hogwarts daquele tempo não deveria ser tão ruim.

— A ideia é aceitável mas não posso perder o tempo que me resta professor. — suspirou sentindo cansaço. Deveria estar ali à horas.

— Quem disse que irá perder? Hogwarts deste tempo tem muito mais para lhe oferecer do que imagina senhorita.

Dumbledore sorriu e Meredith assentiu derrotada. Lá no fundo gostara da ideia, teria algo parecido com o que já teve. Estaria rodeada de pessoas e assim não se sentiria sozinha, e até quem sabe Dumbledore poderia lhe ajudar mais ainda.
De repente uma questão surgiu em sua mente e a menina estreitou os olhos em direção ao bruxo.

— O senhor sabia que eu viria?

— Algumas coisas são melhores ficando no desconhecido Meredith.

Ela revirou os olhos enquanto ele sorria novamente. Precisava se acostumar com o humor do velho bruxo.
A gritaria recomeçou no andar de cima novamente e Dumbledore soltou uma risada.

— Agora tenho que resolver sua estadia aqui antes de ir para Hogwarts e não se preocupe, Aberforth é uma boa pessoa. - ele se levantou e Meredith fez o mesmo.

— Voltará antes do início das aulas?

O bruxo grisalho colocou a mão em seu ombro e a encarou como se estivesse vendo sua alma. Era ridículo.

— Deixarei tudo por conta de Aberforth, ele ficará feliz em ter alguma responsabilidade. — por apenas um segundo seus olhos se desviaram para o retrato. — Até lá, pensarei em uma forma de lhe ajudar a encontrar a cura para a maldição. Talvez eu já saiba por onde começar.

Meredith sorriu verdadeiramente se sentindo grata. Estava esgotada mentalmente e fisicamente e por isso quase chorou de gratidão.

— Não se preocupe professor Dumbledore, quando chegar em Hogwarts serei discreta. Não é como se eu quisesse que todos saibam quem sou. — se lembrou de avisar ganhando um assentir de cabeça do homem.

Dumbledore pegou sua varinha e a sacudindo, fez aparecer uma um rolo de pergaminho em cima da mesa.
Meredith murmurou um accio pergaminho e o mesmo voou para sua mão.
O olhar de Dumbledore passou de choque para pensativo. Meredith soube que ele estava pensando na extensão de seus poderes sem o uso da varinha.

— Não poderá fazer isso quando chegar em Hogwarts.

— Eu não farei. — prometeu abrindo o que tinha em mãos.

Lá alguns tópicos estavam destacados. Meredith notou que a maioria eram informações sobre a escola daquele tempo, e do funcionamento da mesma.
Notou também que algumas informações sobre a guerra bruxa estavam inseridas.

— Apenas algo para lhe ajudar . — o bruxo lhe disse ajeitando a roupa chamativa. — Agora devo partir.

Ela o olhou e assentiu brevemente. Dumbledore sorriu uma última vez, para ela e para a menina do retrato, e seguiu o caminho das escadas. Então Meredith lembrou que ele precisava convencer o irmão a dar abrigo para a viajante, vulgo ela.
A jovem despencou na cadeira novamente parando para raciocinar.
Ela havia viajado no tempo. Ela tentaria parar a maldição. Ela voltaria a uma Hogwarts desconhecida. Ela conviveria com um bruxo nada humorado e seu bode peculiar. Ela estava perdida.
Meredith gemeu sentindo o cansaço a vencer. Mais tarde voltaria a estudar o caderno de Dumbledore, assim como as notas que ele lhe dera. Mas por hora apenas encostou a cabeça na mesa e sentiu seus olhos pesarem, caindo no sono logo depois.


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Notas finais do capítulo

Observação final: Meredith é muito cautelosa com quem compartilha seu segredo, por isso ela não confia cem por cento em Dumbledore, mas não é nada pessoal. Outra coisa é que Aberforth ganhará um destaque " maior " nas cenas que se seguirão. O spoiler é que ele vai ser importante na nova vida da nossa protagonista.
Curiosos? Tem muito mais pela frente... Até a próxima!



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