Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 4
"Mesmo Aqueles que Deveriam nos Proteger Podem nos Trair"


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Quero agradecer pela recepção calorosa que a história tem recebido, fico contente! Quero também agradecer a Mia -que eu não conheço, mas já considero muito, rs - pela recomendação maravilhosa. Espero que gostem do novo capítulo!



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Jon finalmente se sentia forte o suficiente para sair do quarto, ou talvez cansado demais de ter os mesmos pesadelos, o Rei da Noite e sua lança de gelo atravessando dragões, Daenerys caindo em direção ao gelo fatal, o exército de mortos crescendo exponencialmente. Ele caminhou até o salão principal, onde encontrou todos jantando. As pessoas levantaram para recebê-lo, até mesmo Daenerys, que, pelo que ele soube, estava fingindo ser outra pessoa por questões de segurança.

—Está bem para isso? - Sansa perguntou.

—Não se preocupe. - Jon respondeu. Os olhos dele passaram de Sansa para Daenerys, queria conversar com ela, mas não seria apropriado. Jon sentou-se perto de Gendry que estava ao lado de Arya. E notou que eles conversavam animadamente.

—Vocês se conhecem? -Jon perguntou.

—Sim. - Arya disse. - Gendry me salvou alguns anos atrás.

—Obrigado. -Jon disse. Pensando que aquela era mais uma razão para reforçar os laços de amizade entre os bastardos de Robert e Ned. Sansa deu um olhar de desprezo em direção a Gendry, e Jon entendeu que, para ela, a presença de um qualquer na mesa, trazido por Arya, era uma afronta, mas se não fosse por Gendry ele não estaria ali agora, foi ele quem levou a notícia até a Estwatch, graças a ele Daenerys pode chegar lá a tempo. Depois que o jantar acabou, Jon caminhou em direção a Daenerys.

—Minha rainha, podemos conversar? - Ele perguntou num tom baixo.

—Claro. - Ela disse afastando-se com ele. - Jon não pode deixar de notar o olhar de Lorde Baelish para os dois.

—Por aqui. - Ele afirmou guiando-a para fora do grande salão. Eles caminharam para fora do castelo.

—Jon, sobre o que disse ontem, não acho que seja o mais sábio a se fazer. Deveria esperar um pouco para declarar seu apoio.

—Eu achei que fosse isso o que queria. - Ele perguntou sem entender.

—Eu quero. Acredite. Significa muito para mim, mas Tyrion acredita que eu não estaria segura aqui caso os lordes nortenhos saibam quem sou e do no nosso acordo.

—Eu preciso que você continue lutando comigo. -Jon disse, ele estava preocupado que a rejeição nortenha pudesse significar alguma mudança nas prioridades de luta de Daenerys, mas reconhecia que seu medo ia além disso, ele não queria que Daenerys saísse do seu lado. - Me deixe renunciar, ficar de joelhos na frente de todos, é o certo a se fazer.

—Eu vou lutar, não se preocupe. Por você, pelo meu reino, por Viserion. E eu espero que isso seja suficiente para mostrar ao Norte que podem confiar em mim, que serei uma governante justa, capaz de tudo pelo bem do seu povo. E só então, só depois disso, eu aceito que você não seja mais o Rei do Norte.

—Daenerys... - Ele disse encarando-a, mas foi incapaz de achar as palavras que pudessem expressar toda sua gratidão. O silêncio entre os dois, a proximidade, tudo isso fez com que o peito de Dany arfasse, sua respiração estava instável. Então Jon colocou suas mãos na cintura dela, puxando-a para mais perto e, em seguida, os seus lábios encontraram os delas.

Ela rapidamente se envolveu no beijo, ergueu seus braços e os passou ao redor do pescoço de Jon, aproximando-os ainda mais. Jon passou uma de suas mãos pelos cabelos prateados de Dany, baixando assim o capuz de sua capa, a mão dele percorreu os cabelos da rainha, e ele pode ouvir um suspiro de satisfação.

Quando finalmente pararam, buscando por ar, Jon inalou o ar frio antes de falar: -Precisamos ser mais cuidadosos. - Não queria que as pessoas reconhecessem Dany, não queria que falassem sobre o envolvimento deles, isso tornaria tudo ainda mais complicado.

—Eu não me importo. - Daenerys respondeu passando a mão no rosto de Jon, seus dedos seguiram pela cicatriz no rosto do nortenho, Jon então sentiu suas pernas fracas e cambaleou um pouco, sentindo uma dor aguda, que parecia pronta para rasgar seu peito.

—Jon! - Daenerys disse tentando segurá-lo. - O que houve? O que está sentindo?

—Estou bem. - Ele disse se esforçando para manter-se de pé. - Talvez eu tenha ficado longe da cama por tempo demais.

—Venha, vamos levá-lo de volta para o seu quarto. - Ela afirmou parecendo genuinamente preocupada.

Daenerys guiou Jon até seu quarto e, em seguida, chamou meistre Wolkan para atendê-lo, ela permaneceu no quarto até que o meistre disse que Jon não corria nenhum risco, fora apenas um esforço para qual não estava pronto e que com mais um pouco de descanso ele estaria novo em folha, quando Jon finalmente dormiu ela seguiu para o quarto que lhe fora designado, situado no outro lado do castelo, a mesma área na qual dormiam Sansa, Bran e Arya. Ela estava se aproximando do seu quarto quando dois homens a abordaram.

—A rainha dos dragões, Daenerys Targaryen, sozinha em Winterfeel. Vossa Graça não sabe que é perigoso andar sozinha? - Um deles perguntou. Havia algo em seu olhar que fez com que Dany entende-se que precisava sair dali o mais rápido possível.

Ela tentou passar pelos homens, mas ele se puseram na sua frente. Apesar do desconforto, ela permaneceu firme.

—Por favor, deixem-me passar, estou tentando voltar para os meus aposentos.

—Vamos acompanhá-la. - Um dos homens disse colocando a mão em seu ombro.

—Tire a mão de mim ou vai se arrepender. - Ela afirmou. - Posso muito bem continuar sozinha.

—Nós insistimos, sua graça. - O outro homem falou debochando.

—Sou convidada do Rei de vocês, creio que não desejam ter suas cabeças exibidas nos muros.

A observação de Dany, surpreendentemente fez um dos homens rir. O homem mais corpulento avançou em sua direção e tentou jogá-la no chão. Dany se esquivou dele o máximo que pode, mas então estava encurralada entre as paredes de pedra.

—Acha que ficará louca como o pai com um pau na boca? - Dany entendeu o que estava prestes a acontecer e gritou o mais alto que pode, as lembranças dos seus primeiros dias em Khalasar vieram a tona, ela jurou que aquilo jamais aconteceria.

—Não deveríamos fazer isso. - O outro homem disse puxando uma adaga. - Vamos apenas fazer o combinado.

—Que diferença vai fazer? - O homem que prendia Dany na parede perguntou passando a mão no rosto dela. - Ela vai terminar morta de todo jeito, podemos ao menos nos divertir um pouco.

Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa o homem mais afastado caiu de joelhos, gritando de dor, atrás dele, estava Arya com a espada em uma mão e a adaga ensaguentada na outra. O homem corpulento soltou Dany e puxou a faca em direção a Arya, mas ambos que qualquer um dos dois pudesse agir Fantasma apareceu, o lobo voou por cima do homem, derrubando-o no chão. Em poucos segundos elas viram o sangue jorrando do pescoço destroçado do homem.

—Quem te mandou fazer isso? - Dany perguntou ajoelhando-se ao lado do primeiro que ainda agonizava. -Quem? - Mas era tarde demais, a luz imediatamente deixou seus olhos.

…………………………..x…………………………………

Jon acordou agitado, tinha adormecido sem nem mesmo terminar de se despir, e agora acordara de um sonho estranho, estava andando pelo castelo, e tinha atacado alguém. Era a primeira vez, desde que voltou da batalha contra os caminhantes, que seus sonhos não eram dominados pelos mortos, mas embora estivesse grato sabia que havia algo de estranho com aquele sonho. Ele então ouviu o uivo de Fantasma ecoar pelas paredes de Winterfell, havia algo de errado, tinha certeza. Levantou-se da cama num pulo, o lobo uivou novamente e ele se apressou pela porta, nem ao menos se deu ao trabalho de colocar uma camisa. Quando chegou ao local onde estava o lobo encontrou Daenerys sentada no chão, tanto o lobo quanto a rainha estavam sujos de sangue,  ao lado deles, dois corpos jaziam, que estavam sendo examinados por Arya.

—Dany… o que aconteceu? - Ele perguntou se aproximando da rainha. -Você está bem?

—Eles me atacaram. - Ela disse atônita.

—Quem te atacou? Você está bem? - Ele perguntou pegando-a nos braços.

—Não é meu sangue. Arya e Fantasma me salvaram, mas acho que ele está ferido. Jon, Fantasma, há algo de errado com ele. -Dany disse. As frases delas não se amarravam bem, ela tremia nos braços de Jon.

Jon encarou Fantasma que lhe deu um olhar de anuência e ele entendeu que o lobo estava agitado por outra razão.

—Ele está bem, não se preocupe. - Jon disse enviando um olhar de agradecimento ao lobo. Depois disso ele olhou para a irmã com o mesmo sentimento, estava orgulhoso de quão forte Arya se tornou.

—Arya, por favor, chame Davos e Tyrion. -Jon afirmou. - Me encontrem nos aposentos de Daenerys. E peça para alguém recolher esses corpos.

Jon seguiu com Daenerys para o quarto, escoltados por Fantasma.

—Tem certeza que está bem?- Ele perguntou passando as mãos no rosto dela. Estava consumido pelo medo de perdê-la, pelo ódio daqueles homens. Não podia pensar na ideia deles colocando suas mãos em Daenerys.

—Tenho. - Ela diz abraçando-o. - Agora eu estou bem.

Jon sentiu o rosto de Daenerys em seu peito nu e passou as mãos ao redor do corpo dela, ele então depositou um beijo no topo do cabelo da rainha.

—Eu sinto muito.

Eles observaram enquanto Fantasma deitou-se perto da fogo que esquentava o quarto. Dany então se afastou de Jon e sentou-se na cama.

—Jon, alguém aqui tentou me matar. - Ela disse.

—Eu sei. - Ele falou. A constatação era difícil de engolir, pesava em seu coração. -Não conte isso as pessoas erradas, nós vamos descobrir o que aconteceu, e eu te juro que vou pessoalmente matar quem deu essa ordem. -Ele afirmou olhando para Daenerys.

—Vossa graça, o que aconteceu? - Tyrion perguntou entrando no quarto, seguido por Arya, Davos, Brienne e Sansa.

—Dois homens me atacaram. - Ela conta, mas não dá mais detalhes, pretende sim contar a Tyrion, mas em outro momento, quando estiverem a sós.

—É por isso que ela não deveria estar aqui. - Sansa diz. -Não é seguro para ninguém, principalmente  para ela.

—Daenerys vai ficar aqui pelo tempo que quiser. - Jon disse. -E a segurança com relação a ela deverá ser reforçada. - Ele falou. - Ela não vai embora, e eu não permitirei que seja atacada.

—Isso não é necessário. Eu posso cuidar de mim mesma. - Daenerys disse. Jon queria dizer que reconhecia a força de Daenerys, mas isso não fazia dela boa em combate, ela não sabia lutar num combate físico.

—O único jeito de mantê-la segura é tirá-la de Winterfell. - Sansa insistiu.

—Concordo com Lady Sansa. - Tyrion disse.-Podemos nos preparar para partir minha rainha?

—Daenerys… -Jon pediu encarando-a.

—Conversaremos depois. Eu preciso tomar um banho, sair dessas roupas ensanguentadas.

Duas serventes foram chamadas e preparam um banho para Dany, Arya permaneceu com ela, a pedido de Daenerys, o que deixou Jon mais tranquilo.

—Lady Brienne, - Jon disse. -Gostaria que estivesse a serviço da rainha Daenerys nos próximos dias. - Ele disse. A mulher olhou para Sansa que acenou a cabeça positivamente, o gesto não passou despercebido por Jon, mas isso não o incomodou.

—Claro sua graça. - A mulher respondeu.

Sansa e Brienne deixaram o local, restando apenas Jon, Tyrion e Davos na frente dos aposentos de Daenerys.

—Alguém tentou matá-la. - Jon contou. - Daenerys me contou que algo que eles disseram deu a impressão de que havia sido combinado, que eles receberam ordens para isso.

—De quem era esses homens? - Davos perguntou. - Talvez soldados do Vale?

—Você acha que pode ter sido Baelish? - Jon perguntou.

—Seria uma ótima forma de voltar às graças de Cersei. Além disso, metade do castelo acordou, mas ele não deu as caras. - Tyrion observou.

—Eu vou matá-lo! - Jon disse avançando.

—Não. -Davos o parou. -Não dessa forma. Precisamos dos homens do Vale para a luta que está por vir, só precisamos encontrar uma forma de nos livrar de Baelish sem perder seus homens.

Arya permaneceu no cômodo com Daenerys enquanto ela foi banhada e vestida pelas serventes, a nortenha notou que a rainha tinha o olhar fixo numa das paredes, mas não estava de fato olhando para ela, era como se estivesse muito além. Arya observou o modo como Fantasma não se moveu quando Jon foi embora, permanecendo ao lado de Daenerys, ela se perguntou que efeito a mulher de cabelos prateados tinha no irmão e seu lobo. E, mesmo que só por um segundo, aquilo lhe trouxe memórias negativas de quando a mulher vermelha pareceu enfeitiçar Gendry, mas as comparações paravam ali. Daenerys não era Melisandre, de forma alguma, havia algo de doce em seu olhar, Arya podia ter perdido muito nos últimos anos, sua capacidade de olhar para o mundo cinismo fora totalmente perdida, mas ela sabia que os olhos não podiam mentir.

Lembrou do modo como Jon amparou Daenerys ao encontrá-la no chão, ensanguentada. Ele estava claramente interessado na rainha, mas o interesse ia além da aliança que tanto desejava. Arya sabia disso. 

—Obrigada. - Daenerys disse para Arya depois que as garotas as deixaram a sós.  -Eles teriam me matado se você não tivesse aparecido.

—Fantasma teria chegado de qualquer forma. - Arya disse.

—Você é muito parecida com Jon. - A rainha observou. - Ele também não lida bem com agradecimentos.

Arya na verdade não ligava para os agradecimentos de Daenerys, salvaria a vida de qualquer pessoa que se encontrasse naquela situação, não foi nada especial.

 -É uma ótima lutadora. - Daenerys disse.

—E você deveria tentar aprender a se defender.

—Eu quase sempre estou protegida. Tenho um exército de Imaculados, um exército de Dothraki, meus dragões...

—Mas nenhum deles estão aqui agora, estão? - Arya questionou. - Eu sei que você libertou povos com seu exército e seus dragões, e que travou mais batalhas nesses últimos anos que a maioria dos homens em toda uma vida, e eu admiro isso, mas você não pode baixar a guarda, nunca. Se tem algo que a história nos ensina, e que deveria ensinar a você, principalmente, é que mesmo aqueles que deveriam nos proteger podem nos trair. Jaime Lannister era da Guarda Real do seu pai e o apunhalou pelas costas. Meu pai era a Mão do Rei e acabou com cabeça num espeto nos muros do castelo de Cersei em Porto Real. Não é um jogo qualquer o que você esta jogando – Daenerys a encarou parecendo surpresa com as palavras duras de Arya. 

—Eu sei, o jogos dos tronos é um jogo mortal. - Daenerys pontuou.

—Um daqueles homens tinha um saco de moedas no bolso, mais do que receberia por ser um soldado. Se eu tivesse que apostar a minha espada, diria que alguém os pagou para te matar.

—Quem faria isso? - Daenerys questionou.

—Bem, quase qualquer nobre nortenho que soubesse sua verdadeira identidade.

—Eles sabiam que eu era, alguém os contou.

—Isso nos deixa com a opção óbvia: Mindinho.

O que Arya não disse foi de sua outra dúvida: o quanto Sansa Stark sabia ou não sobre os atos de Mindinho? Arya ainda não tinha engolido a história da carta escrita a Robb. Embora estivesse o tempo todo tentando dizer a si mesma que a irmã fez o que precisou fazer para sobreviver, ela também sabia que preferiria morrer do que trair a família. Enquanto saia do quarto, deixando Daenerys sob a vigilância de Fantasma, ela não pode deixar de ouvir a voz do pai a recriminando por duvidar da irmã.

Ela encontrou Jon caminhando pela escuridão do corredor, provavelmente indo até o quarto de Daenerys.

—Obrigada. - Jon disse abraçando-a. Embora a ideia de precisar de uma aprovação a desagradasse, ela não podia negar o efeito que o ato de Jon tinha sobre ela.

—Você deveria ser mais cauteloso. - Ela disse. - Logo todos vão saber quem ela é, todos vão saber o que há entre vocês dois. E ai ela vai estar correndo ainda mais riscos.

—Não há nada acontecendo. - Jon diz.

—Você não é bom mentiroso Jon. Nunca foi. Além disso, eu vi o modo como você reagiu ao vê-la mais cedo, e você a chamou de “Dany”. E o Bran também já insinuou que existe algo entre vocês. Eu sei que não é assunto meu, mas apenas quero que você tenha cuidado, porque Sansa pode ser um pé no saco, mas tem razão quanto à isso: Daenerys precisa ir embora o quanto antes, ela não está a salvo aqui. 


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