Maneiras de dizer eu te amo escrita por Cuddly, Maegor


Capítulo 2
Capítulo 2: Primeiras impressões




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—Angelzinha,você tá brava comigo? Saiba que não precisa ficar de mau-humor. Se você quebrou o joelho na hora que pulou do sofá,eu cuido de você.-Sorriu irritantemente.

—Benjamin,eu estou tentando estudar. Diferente de você,eu penso no meu futuro e não gosto de fazer coisas sem pensar nas consequências. Agora me dê licença.-Falei claramente e voltei o foco para o livro e o caderno.

Durante a aula,ele fica citando animais de baixo porte para a professora de ciência. Eu estava me irritando. Eu sou calma com qualquer pessoa no mundo,mas Benjamin consegue fazer eu perder a cabeça. Não sei muito bem oque é isso,mas tem horas que eu me pego pensando nele e isso não é bom.

Eu tenho que focar no meu futuro! Não posso ceder as provocações dele. Eu tenho que pensar em coisas mais importantes que dar atenção para esse garoto! Ele me tira muito do sério!

3... 2... 1... O intervalo chegou e o sinal indelicado bate castigando meus ouvidos. Peguei os fones de ouvido que estavam na minha mochila e os coloco no pescoço,depois coloco minha touca por causa do frio. Fico feliz em pensar que Benjamin não vai mais me provocar,essa rotina só pega durante as três primeiras aulas. A Giulia disse que isso é costume e eu não posso deixar de concordar.

Quando faltava 5 minutos para a última aula acabar,o professor de matemática me dá permissão para guardar os materiais. Eu fico conversando com ele sobre coisas aleatórias,ele deve ter uns 20 anos.

Benjamin estava olhando sério pra cá.

Já na minha casa,Giulia estava comigo no meu quarto pintando minhas unhas. Eu tinha acabado de lavar o cabelo e Giulia prendeu o dela.

Nós estávamos conversando sobre meninos. Mark e Ben mais especificamente. Ela reclamava do Mark com muita rigidez e eu falava do Benjamin,que ele deveria parar com as provocações ou se não eu iria tomar decisões precipitadas.

—Bom,o Benjamin é quase como um inimigo pra mim.-Comentei com um ar de cansada.-Eu não sei mais oque pensar dele! Quer dizer,eu conheço ele desde os oito anos e ele nunca amadurece! Eu acho que vou ter que dar uma palavrinha com ele quanto a isso.-Afirmei e Giulia terminou de pintar minhas unhas com uma cor verde-água.

—Eu sei mas infelizmente não podemos descartar os dois num saco plástico e jogar no lixo. A vontade é grande,mas seríamos presas.-Giulia falou em um tom irônico,o que me fez rir.

Logo fiquei séria novamente.

—Além de ficar me chamando de smurf ele joga bolinhas de papel em mim as aulas inteiras escrito "baixinha" e na aula de ciências fica citando animais de baixo porte para a professora em forma de indireta. Eu não gosto que ele faça isso,eu não o odeio mas odeio oque ele faz.-Desabafei antes de tirar a toalha do cabelo e pegar o pente e o creme.

—Papel...Papel... E se você escrevesse um bilhete pra ele pedindo pra ele parar?-Sugeriu em um tom pensativo.

—Eu acho que você tem razão.-Pela primeira vez fui na onda da Giulia.-Vou descontar toda minha frustração no papel.-Concordei.

—Só não pegue muito pesado,ele acha que você é amiga dele.-Avisou.

—Relaxa. Ele não vai ficar bravo,eu tenho certeza. Só espero que o loiro dê conta do recado,ou se não terei que desenhar.-Ri.

Eu e minha amiga explosiva ficamos de papo. Quando ela foi embora,escrevi o bilhete e fiz até um desenho pra ficar apresentável. No outro dia antes da aula começar,eu coloco aquele bilhete lindo na carteira dele e saí de fininho.

Quando ele entra na sala todo animadinho,ele examina sua carteira e vê o recadinho que eu deixei. Ele abre o bilhete com calma e lê com aquele sorriso,mas devagar o sorriso vai sumindo. Até uma hora que ele olha pra mim,amaça o bilhete e,com muita frustração e raiva em seu olhar,joga o bilhete no lixo com o máximo de força que poderia juntar. Então,vai pisando duro até a carteira,se senta e do nada começa a chorar. Percebi isso porque seu rosto começou a ficar vermelho e ele abaixou a cabeça.

Eu... Ele está chorando? Mas por quê? Eu não deixei claro? Ele nunca deixou claro? Ele está chorando porque adora me fazer sentir remorso. Ele está chorando para fazer eu me sentir mal. Sempre é assim.

Fiquei o encarando durante a aula e,toda vez que ele olhava pra mim,eu disfarçava. Alguns garotos que eram amigos dele tentaram conversar e ele explicava. Eu fiquei com medo de ter fama de coração de pedra e todo mundo ficar bravo comigo,afinal ele é meu quase amigo.

No intervalo,minha amiga gigante de gelo e eu estávamos na escadaria. Ela estava com uma expressão tensa,talvez mais tensa que a minha. Fiz questão de perguntar o motivo pois já estava ficando preocupada com ela.

—O que aconteceu Giulia?-Questionei com a voz protetora que eu sempre tive. Ela respirou fundo e começou a explicar.

—O Benjamin estava chorando hoje no corredor. Ele está lá agora e não quer falar com ninguém. Angel,o que escreveu no bilhete?-Perguntou com o rosto franzido.

—Não era minha intenção.-Foi a única coisa que saiu da minha boca enquanto eu abaixo a cabeça e respiro fundo.

—Angel Smith Parker,oque escreveu naquele bilhete?-Perguntou novamente com a voz mais firme.

—O que eu... Sentia.-Sussurrei e quase não emiti nenhum som.

—Eu devia ter confiscado aquele bilhete! Angel,ele tem sentimentos,sabia? O que escreveu? Que odeia ele? Que gostaria que ele se suicidasse?-Jogou na minha cara algo que eu não fiz. Ou pelo menos,metade dessas coisas eu não fiz.

—Eu não sou fria,eu apenas falei pra ele oque eu penso sobre ele e oque eu gostaria que acontecesse: Que ele se afastasse de mim.-Falei com a voz trêmula.

—Não foi nada tão ruim assim. Mas você não sente nenhum pouquinho de remorso?

—Hum... Não. Ele deve estar fazendo mais um daqueles dramas mexicanos que ele sempre faz só pra mim me sentir culpada.-Menti com a voz ainda trêmula,afinal eu comecei a me sentir culpada nesse exato momento.

—Está bem. Vou fingir que você não se importa.-Falou em voz sarcástica.

Giulia sabe que eu me importo. Mesmo assim,eu não deveria me importar tanto,afinal Benjamin está fazendo tudo isso propositalmente.

—Eu me importo sim! Feliz agora? Está satisfeita? Espero que sim!-Esbravejei e abracei minhas pernas,deixando uma gota escapar dos meus olhos.

—Não chore,o Mark estava comentando comigo que o Benjamin escreveu um bilhete e deixou no meio do seu caderno de matemática ontem.-Falou tentando me confortar. Eu enxuguei minhas lágrimas com as costas das mãos e olhei pra ela.

—Hã? Bilhete?-Levantei uma das sobrancelhas.

—Esquece. Não é nada.-Gesticulou.

—Droga. Isso não está nada bem. Vou tentar fingir que nada disso aconteceu e nunca mais vou falar com o Benjamin por toda minha vida nos próximos 16 anos.-Escondi meu rosto com as mãos,deixando apenas meus olhos visíveis.

—Pode ser menos egocêntrica? Ele se importa com você e te considera como uma amiga! Você iria gostar que alguém escrevesse um bilhete dizendo que te odeia e que não quer mais te ver?-Questionou sarcasticamente com a voz séria e brava.

—Você faz danos físicos no Mark. Ele sente isso,já oque eu fiz é algo que não machuca a pessoa fisicamente,ele apenas irá ficar com um pouco de ranço.-Expliquei mais calma.

—Isso não é nada comparado com oque você fez. Acho que deveria pedir desculpas.-Afirmou segundos antes do intervalo terminar.

Eu fiquei o dia inteiro pensando nisso. Benjamin não olhou na minha cara pelo resto do dia. Eu apenas fiquei de cabeça baixa com os olhos lacrimejando ouvindo as explicações do professor de filosofia. Não conseguia mais parar de pensar no que a Giulia me disse. Talvez esse bilhete não tenha sido uma boa ideia.


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Notas finais do capítulo

Boa leitura!



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