DC Multiverse Movies escrita por Andrew Ferris


Capítulo 6
Por baixo do tapete




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Clark deita em sua cama pensativo. Ele sente uma forte aflição com todos os pedidos de ajuda que ouve e todas as vozes traiçoeiras pela cidade e por todo o mundo. Depois de controlar o impulso de sair voando por aí, ele toma um banho demorado e se troca para ir trabalhar. No Planeta Diário, Perry aguarda em frente à sua mesa, onde Kyle também aguardava sentado e sorridente.
— O que houve? - Pergunta Clark sem entender a expressão dos dois.
— Sua matéria ficou incrível, Kente, as duas. Faz tempo que não vejo uma matéria a essa altura, e olha que vendemos bem essa tiragem. Com a matéria da Lois na página oito, conseguimos o que planejamos para essa edição, que foi superar a meta trimestral - Clark sorri satisfeito antes de olhar para Rayner, que desenha distraído em sua prancheta.
— Eu agradeço, senhor White, mas agradeceria ainda mais se o fizesse para Kyle, foi ele quem deu a ideia.
— Foi mesmo, senhor Rayner? -Indagou Perry encarando o jovem.
— Sim senhor - Perry olha os arredores como se procurasse por algo grande, então torna a olhar para os dois funcionários.
— O que acha de assumir um posto fixo no jornal quando terminar seu contrato?
— Isso seria genial, senhor - Afirmou Rayner se levantando para apertar a mão do patrão.
— Ótimo. Continue seu serviço que você alcança as estrelas - Incentivou Perry se retirando de volta à própria mesa.
— Valeu mesmo, Clark. Não sei nem como agradecer, cara - Exclamou Rayner sorridente.
— Só se esforçe - No horário de almoço, Lois senta na mesma mesa que Clark em um restaurante próximo dali, os dois se olham por um breve momento antes de sorrirem.
— Foi muito bacana o que você fez pelo estagiário, e nem precisava.
— Estive pensando em como poderia ajudar as pessoas sem precisar destruir as coisas - Declarou Kent suspirando de cansaço e dando uma olhada no telejornal que passava em uma televisão próxima a eles.
— Vai desistir mesmo? - Pergunta Lois segurando as mãos do Homem de Aço com calma e entrega.
— E você é contra isso.
— Eu vou te apoiar independentemente do que você escolher, embora pense que não seja sua melhor escolha.
— Eu não pretendo desistir, mas não sei o que fazer - Clark presta atenção no jornal, onde uma matéria sobre a questão das fronteiras internacionais e a missão do Superman é exibida, sendo que Lex Luthor aparece em outro monólogo apoiando políticos.
"Todos nós queremos construir um mundo melhor, mas de que adianta se esse mundo não for como uma máquina, com cada engrenagem fazendo o que deve fazer?" Lex sai de cena e uma senadora aparece cumprimentando seus colegas de trabalho antes de ajustar o microfone e começar a falar "Nós sabemos que o Superman também deve pensar assim e pedimos que, onde quer que ele esteja, possa comparecer amanhã em uma comissão com grandes autoridades políticas nacionais e internacionais para discutirmos o futuro". A matéria termina e Clark olha para Lois cheio de determinação.
— Acho que agora sei o que fazer. Se desse jeito não funciona, vou tentar o deles - Os dois se beijam rápido antes de Clark largar seu prato de comida e ir em direção à saída, seguido por Lane.
— Onde vai?
— Vou dar uma volta.
— Eu não posso ir junto? - Pergunta a jornalista cheia de vontade.
— Será uma volta aérea - Logo cada um segue seu caminho, com Clark trocando de roupa em um piscar de olhos para se transformar no Superman. Em Gotham, Bruce e Alfred estão sentados entorno de uma mesa larga observando uma série de papéis e arquivos em computadores.
— Parece que esses arquivos sequer existem - Afirmou o mordomo espantado com a quantidade de informações que pairam sob a tela a ponto de fazê-lo bocejar.
— Eu sei que está aqui em algum lugar - Comenta Wayne olhando algumas fotos na tela de seu notebook, até achar uma pasta fantasma em um servidor particular - Encontrei.
— O que exatamente o senhor encontrou?
— Uma série de documentos fora dos registros de domínio público indicando desvio de dinheiro da Lex Corp para um setor privado chamado Cheque-mate. Parece que o dinheiro investido por Lex saiu dessas contas públicas, se misturou a dinheiro limpo doado por instituições e foi direcionado para investimentos em engenharia reversa, sendo que nos altos consta que setenta por cento do dinheiro foi investido em equipamentos para alas médicas e equipamentos afins.
— O que a fábrica que o senhor invadiu tem a ver com essa história, patrão? - Questionou Pennyworth intrigado com as montanhas de livros acumulados à sua frente.
— Aquela fábrica foi abandonada por declaração legal de falência há cinco anos, mesmo período no qual pequenos e médios empresários por todo os Estados Unidos declararam falência. Acho que o dinheiro deles foi embora com a fábrica, um centro de investimento ilegal que resultou em tráfico internacional de armas e drogas. Um "investimento no crime". Alguém queria mesmo ferrar com Gotham.
— Vai expor essa gente, senhor?
— Sem dúvidas. Só que do jeito do Batman.
— Cuidado senhor, está entrando em um caminho perigoso.
— Você sabe que sempre fui precavido - Declara Bruce guardando os documentos de volta em uma pasta - Essa noite muitas luzes serão apagadas.
— Torço para que uma delas não seja o senhor - Assim que sai da batcaverna, Alfred prepara um lanche agridoce e toma uma poltrona para si em uma das salas na mansão, ligando a televisão logo em seguida. Depois de trocar de canal algumas vezes, Pennyworth resolve deixar no noticiário, cuja matéria é o retorno do Batman que havia sido confirmado pela polícia de Gotham.
"Essa questão do Batman é uma coisa complicada, e tem muito a ver com o que vamos tratar em nossas próximas audições", afirma um senador revelando sua indignação com a situação de Gotham City. "Se queremos construir cidades melhores para nossos filhos, como podemos aceitar malucos fantasiados correndo soltos pela madrugada para assombrá-los?", relata outro. "Os olhos de deputados e senadores estão voltados para Gotham e a volta de seu vigilante mascarado, que tem trazido dor de cabeça a todos, inclusive às máfias ativas da cidade". A noite chega e as pessoas saem de seus trabalhos. Algumas se cumprimentam, outras são ignorantes ou simplesmente tem pressa. Chove no céu de Gotham, mas isso não impede crianças de brincar ou homens perigosos de sair de suas casas com revólveres frios e carregados nas cinturas sujas ao passo que secam suas mãos suadas e tremulantes prestes a enfrentar algo que não sentem a muito tempo, a tenebrosa sorte que era passar outra noite inteiro sem ter encontrado com o Morcego de Gotham. Um desses homens é Victor Valentin, um poderoso vereador que mora nos prédios altos e suntuosos de Gotham, responsável por uma fortuna líquida de mais de oitenta milhões de dólares. Ele está em sua sacada fumando um charuto com a mão restante segurando um copo cheio de uísque para aliviar os nervos logo após ter ingerido um comprimido para ereção. Assim que toma um gole de sua bebida, no entanto, ele se depara com uma sombra se aproximando de maneira intimidadora dele, empurrando tudo o que estava em seu caminho para bem longe.
— Eu sei quem você é e o que você fez, Valentin. Aquele dinheiro deveria estar nas mãos de crianças e idosos, mas graças a você e outros restos de merda cuspidos da cidade, bons homens em desespero são forçados a entrar no mesmo caminho corrupto que vocês dispuseram em suas rotas diárias.
— Eu tenho advogado e sei dos meus direitos. Se pensa que bou temer um cara vestido de morcego você se enganou feio, otário. Essa cidade está na palma da minha mão - Exclamou o sujeito de maneira arrogante antes de virar seu copo em um gole.
— Mão? Que mão? Essa aqui? - Em um movimento, Batman quebra todos os dedos da mão do político, que geme desesperado ao ver seus dedos cada um virado em uma direção diferente - Ou seria essa? - Em outro movimento tão rápido e decidido quanto o anterior, Batman quebra a mão restante, segurando o homem que agora urina apavorado na calça pelo terno, aproximando seus rostos com seriedade - Se pensa que sua laia vai escapar de mim para sempre, avisa para seus superiores que a vez deles está chegando - Batman solta o sujeito e pula da varanda, deixando um batarangue cravado em uma mesa e o homem derrotado largado pelo chão. O dia amanhece e Superman pousa suavemente no solo de Washington, se dirigindo ao senado, onde alguns soldados o escoltam prédio adentro. Ao chegar em um grande salão cheio de líderes mundiais e seus tradutores, o Clark dentro de Superman respira tenso antes de seguir para a frente dos presentes, enquanto os guardas deixam o salão, restando somente políticos e representantes de causas sociais no recinto. Na bancada estão três representantes de Estado, o prefeito de Metrópolis e um pouco atrás Lex Luthor, que parecia entediado com a audição que sequer havia iniciado.
— Gostaria de agradecer sua presença neste dia tão importante para nosso país e para o mundo - Declara a senadora se apresentando.
— Eu que agradeço a oportunidade de estar aqui na frente de tantas pessoas importantes - Declara Superman se voltando aos embaixadores e deputados da bancada.
— Primeiro vamos relembrar a causa que originou esse evento, senhoras e senhores - Ressaltou a senadora se levantando com algumas folhas na mão - Este é um relatório oficial de dois anos atrás quando houve a primeira visita alienígena à Terra, do General Zod, procurando pelo Superman - Todos voltam suas atenções à mulher em pé - "Ás duas horas e sete minutos da tarde, a nave extraterrestre pousou sobre os céus da cidade de Metrópolis, pouco antes de iniciar um ataque com uma arma desconhecida afetando a gravidade e atmosfera do planeta". Em outro trecho, temos que "O indivíduo conhecido apenas como Superman parou a máquina no Oceano Pacífico, cessando a hostilidade contra o planeta. Entretanto, a mesma preocupação do indivíduo em defender a população não é vista quando, sem razão aparente, ele permitiu que uma segunda nave atingisse a cidade já debilitada pelo ataque inicial dos seres kriptonianos". Neste momento um murmúrio se instala no senado, o que deixa Superman mais tenso ainda, já que ele consegue ouvir nitidamente todas as conversas ao seu redor, embora estivessem em muitos idiomas. O mero fato de saber que todos comentavam a seu respeito o deixa sem chão e sem palavras. "Não bastasse seu comportamento e conduta duvidosos, o Superman iniciou um combate com seu igual kriptoniano destruindo trechos da cidade que não haviam sido atingidos pelo raio da nave, inclusive sob a suspeita de usar suas habilidades sobrehumanas contra a própria população na tentativa de conter o alienígena Zod, destruindo assim a torre da Wayne Entreprises e trinte e oito edifícios com civis em horário de trabalho". Ela pausa para encontrar o olhar do Superman, que estava longe dali, recordando tudo que acontecera em Metrópolis naquele dia. "Além de ser responsável pela derrubada de um edifício da Luthor Corp ainda em construção, Superman e seu igual destruíram um satélite comercial de valor estimado em doze milhões de dólares, repostos por instituições públicas". O que tem a dizer sobre isso, Superman? - Todos ficam em silêncio para ouvir o que o kriptoniano tinha a dizer, exceto Luthor, que sequer presta atenção no desenrolar dos fatos.
— Tudo que fiz foi para salvar o mundo, mesmo que tenha sido responsabilizado pelo que aconteceu - Ele respira e engole uma lágrima - Reconheço minha culpa na destruição de Metrópolis e sei que nada posso fazer para recompensar o que fiz, os danos que causei ou as famílias que destruí, mas como refugiado abrigado na Terra e por me considerar tão humano quanto qualquer um de vocês me apresento ás suas leis e seu governo para agir de acordo com suas diretrizes - Um repórter fixa a câmera no exato momento em que o Superman se ajoelha perante o senado e se vira para repetir o mesmo na frente da bancada. Todos ficam estupefatos e sem reação, alguns a ponto de se levantarem e aplaudir a ação do kriptoniano, que se levanta devagar tentando controlar sua pulsação acelerada, até que dezenas de políticos começam a falar ao mesmo tempo, gerando um alvoroço que ninguém poderia prever.
— Este órgão público reconhece e aceita a disposição do indivíduo nomeado como "Superman" para se subjulgar nos conformes da democracia dos Estados Unidos da América. Se o indivíduo estiver concordar, há um decreto assinado por cento e noventa países discutido por meses a fio que determina as regras para envolvimento do Superman em eventuais incidentes nacionais e internacionais, representando os valores correspondentes ao mundo que o abrigou. Neste contrato estão as especificaçõs regidas, dizendo que não deve agir a menos que um dos membros representantes de estado autorize sua ação. Caso contrário deverá ficar fora de circulação. A partir deste dia, as mesmas regras que são aplicadas aos soldados, desde cadetes a generais, e mesmo a qualquer pessoa física e civil e exclusivo a este ser que se apresenta, farão dele um legítimo ser humano e defensor da pátria norte americana - A senadora anda até o Superman e coloca o acordo na mesa, entregando uma caneta ao kriptoniano, que assina sem dizer uma palavra sequer.


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Notas finais do capítulo

Conhecemos um pouco mais de Clark e sua moral que aos poucos se constrói em torno do que ele precisa ser, mas será que ele fez a escolha certa?



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