Origens escrita por André Tornado


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Esta história é totalmente dedicada à @SenhoraSolo e é o meu presente de aniversário nesta data especial.
Muitos parabéns! Espero que gostes desta surpresa.

“Atabalhoara essa história de pé, quase de um fôlego, com bruscos gestos de nervoso. Ela mal compreendia, lívida, num indefenido terror. Só pôde murmurar muito debilmente: “Mas…” E de novo emudeceu, assombrada (…)”
In Os Maias, Eça de Queirós, Biblioteca Ulisseia de autores portugueses



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740838/chapter/1

Os dois irmãos fixavam-lhe um olhar misto de aversão e piedade.

Sentiu-se atingida e ferida. Diretamente no peito, como se aqueles olhos tivessem disparado um tiro certeiro que lhe furou o coração. Levou uma mão ao esterno, pressionou os dedos para aliviar a dor imaginária, para se certificar de que não havia ali nenhum buraco, que aquele par de olhos azuis embaciados e o outro par de olhos castanhos opacos não conseguiam enviar raios laser como uma vulgar arma.

Estava feliz e o seu coração batia de contentamento. Acontecera um sobressalto, somente isso, e ela logo se recompôs, rearmou as suas defesas e recuperou as suas convicções. O tiro não existira, logo não tinha o coração aberto, logo podia ripostar pois estava viva e no pleno uso das suas capacidades. Sabia o que tinha feito, sabia que podia ser errado mas também era muito certo. Vidas tinham sido perdidas, milhões de outras tinham sido poupadas e o saldo era favorável.

Alinhou os braços com o corpo, fechou as mãos em dois punhos, serenou a alma. O duplo olhar fulminante, duro, inquisidor, mas impregnado de uma compaixão quente, era difícil de enfrentar, mas ela usava a Força e conhecia alguns truques mentais que lhe permitiam esquivar qualquer golpe traiçoeiro que viesse na sua direção. Estava convencida de que a razão estava do seu lado e iria defender as suas escolhas até ao fim, com sabedoria e certezas.

Preparou-se a aguardou que qualquer um dos irmãos avançasse com as palavras que iniciariam a conversa. Não estava disposta a dar o flanco, nem tão cedo, nem nunca. Iria lutar. Sabia que estava certa! O amor nunca fora uma noção errada.

Durante a viagem para a nave-bandeira do Alto Comando da Resistência imaginara um sem fim de possibilidades que teriam motivado aquela convocatória urgente por parte da general, mas depois limpou a mente de conjeturas e resolveu escutar primeiro, rebater depois. Conseguira aprender a dominar a sua impulsividade com o treino Jedi em Ahch-To.

Isso podia ser um problema, pensou. Não tinha completado o treino, fugira quando uma situação urgente lhe parecera mais importante do que continuar na clausura da ilha. Não se arrependia. Ajudara os seus amigos, salvara Finn e Poe. A comissura dos lábios torceu-se ligeiramente, mas ela conseguiu conter o sorriso que soaria a despeito no ambiente fechado daquela sala. Se não tivesse fugido, não teria reencontrado Kylo Ren. Não teriam lutado os dois, um segundo combate de sabres de luz. Não se teriam apaixonado…

O primeiro a avançar foi o Jedi.

De alguma maneira, não foi inesperado. Rey sabia que ele falaria primeiro.

Olhou para Luke Skywalker, depois para Leia Organa, voltou a olhar para Luke. Ele disse-lhe:

— Rey, nós sabemos onde tens estado. Não te vamos criticar por teres optado por viver no reduto inimigo, embora tivesse sido um choque, particularmente para mim, que tenhas escolhido conviver com aqueles que nos querem destruir. A ideia desesperada de Poe Dameron era apenas isso, uma ideia desesperada. Tu seguiste-a e desapareceste. Ficaste incontactável, depois soubemos que fizeste parte de várias missões da Primeira Ordem, exibida publicamente como a mais preciosa aquisição da organização liderada por Snoke. Um Jedi renegado. É um facto que ajudaste nesse processo a Resistência e, por isso, estamos gratos. Mas os acontecimentos tomaram uma proporção incomportável… para todos, até para ti.

As costas de Rey enrijeceram e ela esticou o queixo. Compreendeu a razão de estar ali, de a terem chamado com tanta urgência através de uma linha de comunicação encriptada, de uma rota secreta, de cuidados excecionais em tempos de guerra. Ela pertencia aos inimigos, diziam-lhe. Ela não se sentia uma adversária, longe disso. Cumpria o plano de Dameron, improvisava novos comportamentos para não denunciar a sua duplicidade e conseguia ajudar os resistentes, entre essa perigosa maneira de viver que adotara.

— Eu também estou a arriscar estando aqui – justificou ela, incomodada e ligeiramente desiludida. Esperava outra coisa, talvez… Não queria uma medalha pelos seus feitos enquanto agente secreta, a atuar em solitário em nome da Resistência junto da Primeira Ordem, mas queria algum reconhecimento. Havia outro detalhe, porém. Ela percebeu, ela não quis perceber.

— Nós sabemos, querida – disse Leia na sua voz rouca. – Esta conversa será… breve. Mas não será fácil, para nenhum de nós. Especialmente… para ti e para mim, querida.

— Devo manter o meu disfarce, mestre – justificou Rey tensa e esquiva. – Estou a conseguir importantes triunfos para a Resistência. Tenho passado códigos com planos de batalha, tenho sabotado fornecimentos de armamento, tenho conseguido novos aliados. E tudo isso com a ajuda de… Vocês sabem de quem. Estamos a colaborar juntos, entendemo-nos muito bem. Somos… Não direi amigos, mas companheiros. Temos um pacto e tem funcionado. Eu não o denuncio, ele não me denuncia. Quem julgam que me tem passado todas as informações que eu depois transmito para a Resistência?

— Precisamente, Rey – concordou Luke num tom mais grave.

Rey engoliu em seco. Definitivamente percebeu. Não queria perceber.

— É por causa de Kylo, não é?

— A vossa ligação… é demasiado estreita. Não pode continuar assim. Deverás regressar para nós. Aqui estarás a salvo, nós iremos proteger-te. Afasta-te da Primeira Ordem e, principalmente, afasta-te de Kylo Ren!

A declaração de Luke foi igual a um murro no estômago. Rey deu um passo atrás. Sentia o corpo formigar de indignação, de deceção, de amargura. Arriscara a vida tantas vezes, vendera a sua alma noutro punhado de ocasiões, assassinara inocentes para manter o engano, convivera com gente vil, concordara com tantas questões que lhe embrulhavam a alma e agora parecia que tudo tinha sido para nada.

Leia meneava a cabeça, a censurá-la com a mesma veemência.

Rey gritou:

— Não tenho culpa de que entre mim e Kylo se tenha criado um vínculo indestrutível depois de nos termos encontrado pela primeira vez, no planeta condenado da Base Starkiller! Lutámos, ele quis-me para sua aprendiza, eu escolhi-te, mestre Skywalker e fui para Ahch-To. Mas a guerra continuou e esse vínculo maldito perseguiu-me até à ilha. Preferi salvar os meus amigos a ficar sentada enquanto assistia à sua perdição. Depois, Kylo voltou a cruzar-se no meu caminho. – Assentou as mãos no peito arfante. – É doloroso, é demasiado forte, esse vínculo. Dói fisicamente, mestre. Ele derrotou-me… – Nesta parte, ela abanou a cabeça e prosseguiu lastimosa: – Tinhas razão, mestre. Não devia ter interrompido os meus treinos, fui facilmente derrotada por Kylo Ren no nosso segundo combate. Fui feita prisioneira, ele propôs-me um acordo para que escapasse à sentença de morte. Aceitei-o.

— Aceitaste mais do que um acordo – recordou Luke.

A Resistência encontrava-se bem informada. Rey recuperou o seu autocontrolo.

— Pareceu-me uma excelente oportunidade de fazer uma atividade útil para a Resistência, ajudar quando já tinha prejudicado tanto – respondeu. – E sim, mestre, lembrei-me da ideia louca de Poe Dameron. Chamou-lhe suicídio. Eu já estava condenada, por isso preferi morrer de pé, em vez de ser executada como uma vulgar criminosa. Por outro lado, segui também… o meu coração.

— Oh… – gemeu Leia, tapando metade do rosto com uma mão.

— Apesar de tu não acreditares, mestre – continuou Rey impante – eu acredito, assim como a general Leia Organa acredita, suponho, que existe ainda um resquício de luz em Ben, que Kylo poderá ser reconvertido ao lado luminoso da Força. Não sou uma Jedi, não completei o meu treino, mas sigo os valores da esperança e da bondade, mesmo depois de na minha vida em Jakku ter experimentado tantas injustiças e solidão. Ele é capaz de gestos benevolentes, de dispensar atenção, de escutar. Vi-lhe nos olhos o brilho da vida. Havia… afeição. Havia… uma espécie de sentimento. Chamei-lhe monstro quando nos conhecemos, tinha acabado de assassinar o pai… Ao ser sua prisioneira vi o homem por detrás do monstro. Foi com esse homem que criei o vínculo, não foi com o monstro. Eu posso salvá-lo!

— Tu amas Kylo Ren – afirmou Luke contrito.

— Sim – admitiu Rey, engolindo a saliva –, eu amo Kylo Ren. Ele é alguém capaz de amar, alguém sensível, carinhoso, com sentido de humor. Porém, lamentavelmente, ele só é assim comigo, quando estamos sozinhos! Talvez seja Ben que gosta de partilhar o seu tempo comigo, não Kylo. Talvez eu já tenha conseguido puxar Ben daquela alma escura.

— O que aconteceu entre vocês os dois? – perguntou Leia num sopro.

As faces de Rey enrubesceram, apertou os lábios.

— Nós apaixonámo-nos, Leia. – Voltou-se para o seu mestre e murmurou: – Luke. Eu amo-o e ele ama-me. O amor vai salvar-nos.

— Dormiram juntos? – insistiu Leia.

— Isso faz alguma diferença? Somos dois adultos responsáveis.

— Rey, o teu envolvimento com Kylo Ren não demonstra responsabilidade.

— Como julgam que tenho conseguido sabotar a Primeira Ordem e ajudado a Resistência? Eu não sou ninguém! Tenho Kylo ao meu lado a fornecer-me o que é preciso para criar pequenas bolsas de esperança no vosso movimento. – Rey nem se apercebeu que criou uma barreira ao definir dois campos antagónicos. Continuou num estado de agitação: – Como julgam que têm alcançado as vossas primeiras e estimadas vitórias?

— Em troca do quê, querida?! – exclamou Leia impávida.

— Não, general, não é em troca do meu corpo… Eu e Kylo somos companheiros e a nossa colaboração é profissional.

— Não é verdade que não sejas ninguém, Rey – disse Luke. – És a minha aprendiza, vais tornar-te num Jedi. Tu… tens uma família, tens uma origem.

A boca de Rey abriu-se, engasgou-se. As palavras família e origem lançaram relâmpagos na sua mente efervescente. Família… Ela sonhava, todos os dias, com essas pessoas sem rosto e que a tinham abandonado. Sonhava no deserto, na ilha, até na base da Primeira Ordem que ela fizera, recentemente, de casa.

Leia cortou a pergunta que ela preparava.

— Existe uma ânsia em ti, fogo e febre – divagou a general, como se falasse para si mesma. – Não existia antes. Sinto, é um pressentimento… Melhor, sei que é verdade. Vocês já partilharam o mesmo leito. Conheces os prazeres do corpo. Ele ensinou-tos quando tu não sabias nada. Entregaste-te virgem nos seus braços… Foi depois da primeira missão em que tiveste de matar em nome da Primeira Ordem. Ele consolou o teu choro, tu aceitaste-o. O homem por detrás do monstro… Depois quiseste que ele fosse o teu mestre. Não apenas nessa fantasia a que chamas de paixão, mas também nos caminhos da Força. Julgas que assim criaste o equilíbrio que salvará a galáxia. O tal vínculo que nasceu entre vocês, completo finalmente, não somente no plano espiritual, mas também no plano físico. Uniram-se e amaram-se. Ou assim julgaste, criança.

A expressão de Luke era de horror contido. Os olhos azuis tristonhos marejavam de lágrimas que ele retinha entre as pestanas. Cofiava a barba longamente, aguardando as explicações dela, o despejar do sofrimento da irmã até que os argumentos se esgotassem.

Rey alegou, ofendida e perplexa:

— O amor é luz, faz parte do lado luminoso da Força. Não entendo o que fiz de errado, Leia. – Disse o nome do mestre num tremor: – Luke… Não é através do amor, da compaixão, da misericórdia que alcançamos a verdadeira essência pacífica e pacificadora da Força? Eu amo Kylo! Eu amo o meu inimigo! E ele ama-me. Diz-me… Diz-me palavras bonitas, confessa-se, abre-me o seu coração. Sei de coisas que ele esconde de Snoke, que sempre escondeu de toda a gente. – Terminou num sussurro, escondendo um sorriso apaixonado, o rosto corado, baixando a cabeça, um suspiro: – Sei de coisas…

Leia gemeu novamente.

— Oh…

A voz de Luke encheu a pequena sala. Estavam os três de pé.

— Rey, escuta-me. Existe um segredo.

O coração dela saltava alegre. Sim, estava feliz, imensamente feliz. Sabia o que era o amor, sentia-se amada e era a melhor sensação do universo. Levantou a cabeça, ainda enlevada no sentimento completo e comovente que nutria por Kylo. Amava-o, sim, amava-o. E haveria de sustentar essa verdade perante qualquer tribunal. Diante de Luke e de Leia, os dois irmãos. Diante do terrível Snoke. Diante do juíz das almas, se preciso fosse.

Nem sequer a guerra na galáxia podia separá-los ou mitigar o que nutriam um pelo outro. Eles haveriam de triunfar sobre os escombros da Primeira Ordem e da Resistência. Uma nova organização interestelar, uma união fraterna de todos os sistemas planetários, prosperidade e paz, um recomeço, ela e ele, a sua prole espalhando a harmonia sobre o caos. Uma nova geração firmada no verdadeiro amor. Sem Jedi, Sith ou Ren. Apenas guerreiros da Força. O equilíbrio.

Luke disse:

— Rey… Tu e Kylo, mestre dos cavaleiros de Ren. Tu e Ben… são irmãos.

O mundo rodopiou numa vertigem cinzenta, preta e branca.

Os sonhos estilhaçados, arrefecidos.

Um futuro esmigalhado, transformado novamente em sombras. Em nada.

As energias foram sugadas por um vórtice subitamente aberto no seu interior, um poço fundo escavado repentinamente naquela alma palpitante e viva. Rey, abalada pela tontura que a atingiu, deixou-se cair de joelhos.

Luke acercou-se dela, agarrou-a pelos ombros para sustê-la, senão ela cairia de costas, desmaiada.

Padawan, deves escutar-me até ao fim.

Os olhos ficaram vítreos, a boca esbranquiçou, empalideceu mortalmente. Rey quedou-se estática, catatónica, inerte, árida por dentro e gelada por fora. A cabeça oscilou positivamente indicando que os ouvidos ainda ouviam e que iria escutá-lo até ao fim. Ela não queria. Nunca quisera perceber, mas sempre tinha percebido. Desde o início… A reunião imposta não era por causa da sua traição, da sua bravura, de todos os seus sacrifícios. Era por causa dela e de Kylo Ren, era por causa do seu amor.

— Han Solo e Leia Organa são os teus verdadeiros pais. Foste deixada em Jakku com apenas cinco anos de idade para que fosses protegida da mesma influência maligna que estava a ser exercida sobre Ben. Eras demasiado sensível à Força, serias uma guerreira extraordinária. Era também fundamental que Ben nunca soubesse da tua existência… E nunca soube. Nem Han sabia que tinha tido uma filha. A gravidez de Leia decorreu numa altura em que eles estavam separados, Han viajava pela galáxia em negócios. E Ben não conheceu a irmã, na época estudava num colégio interno e só voltou a casa dois anos depois. Tu já tinhas nascido e foste dada para adoção. Mas eu e Leia sabíamos. Nunca foste adotada a nosso pedido. Fui eu que te deixei em Jakku… Não te lembras. Perdoa-me. Iria contar-te, mas desististe do teu treino Jedi.

Ela olhou para Leia Organa que derramava lágrimas em silêncio, que, contrariada, limpava com a ponta dos dedos. Detestava que vissem as suas fraquezas e aquele momento não podia ser diferente. Mãos velhas, mãos enrugadas. Dor engelhada.

A sua mãe…

Ela olhou para Luke. O seu tio.

Tudo demasiado estranho. Ela não vira nada daquilo em Takodana quando abrira o baú dos mistérios de Maz Kanata. Porquê? Por que razão se apaixonara por Kylo Ren? Por Ben? Pelo seu irmão… Tragédia!

Rey arrojou-se no chão da sala, escondeu a cabeça nos braços e desatou num pranto. Depois de alguns segundos a chorar em silêncio, os ombros a sacudirem-se com os espasmos provocados pelos profundos soluços, soltou um grito devastador que lhe arranhou a garganta e lhe roubou a voz.

Destroçada e magoada, Rey desligou-se. O corpo ficou mole, o coração quase parou, a alma escondeu-se numa redoma de fino cristal negro. Perdeu os sentidos e desejou morrer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Uma ideia totalmente absurda, Rey e Kylo Ren serem irmãos, mas não resisti a escrever esta suprema tragédia galáctica, a partir também de uma eventual paixão que se desenvolveria entre os dois. Primeiro têm de se amar, serem um casal, para depois acontecer a dramática revelação.

Baseei-me no romance português “Os Maias” de Eça de Queirós em que temos a história, também trágica, do amor que se desenvolve entre Carlos da Maia e Maria Eduarda que descobrem que, apesar do sentimento forte e luxuriante que os une, são irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe.

Nesta história tivemos sempre o foco concentrado na irmandade.
São os dois irmãos, Leia e Luke que conduzem o enredo, pois foram eles que guardaram o terrível segredo e que o devem revelar para terminar com uma situação anómala.
São os dois irmãos, Rey e Kylo Ren, que concluem o drama, um amor proibido que deve ser rejeitado, uma aventura inconsequente que terá de terminar. Ainda que o futuro revelado possa ser brilhante, unificado e num equilíbrio perfeito.


Capa por pandacapuccino em http://pandacapuccino.deviantart.com/.