O diário de Noriaki escrita por Hiero


Capítulo 3
Eu saí do véu do desespero


Notas iniciais do capítulo

Oiê!

Temos um capítulo novo, depois de um tempinho matutando (e esperando pra ter a aprovação do autor de umas tirinhas que inspiraram o registro do sonho)! Quero agradecer a algumas pessoas pelas ideias que montaram esse capítulo: Roy, Mason, Isa e Tales. Obrigada pelo apoio!
Eu fiquei tentando postar a foto do desenho do Nori e do JoJo dentro do capítulo 2, mas não ia de jeito nenhum. Quer saber? Vai na capa da história mesmo!



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1 de janeiro de 1981

Hierophant: 

Eu passei um tempo sem escrever. Desculpa. É que, nesse tempo todo, a família foi viajar, nos pouquinhos dias de férias que a gente tem em dezembro. A gente foi no dia 26 e voltou hoje. 

Eu bem que falei que queria te levar na bagagem, mas acabei esquecendo de te pegar... e só fui perceber isso quando a gente tava bem longe de casa. É. Não vou contar tudo o que me aconteceu nesse tempo todo, porque é muita coisa, mas eu quero contar as coisas importantes.  

Pra começar: a gente foi pra Nara. Aquela cidade que tem os cervos, sabe? Fica bem, bem longe de onde eu moro, mas ainda é no Japão. Primeiro a gente pegou um avião até Osaka, uma cidade que fica perto, e daí foi uma hora e pouco no avião até lá. E, caso você esteja curioso: não, não foi a primeira vez que eu andei de avião. A gente viaja bastante, já fomos até pra Hong Kong!  

(Aliás: o banco do meu lado ficou vazio no voo, acho que o cara que ia sentar lá não apareceu no fim. Eu deixei o Hierophant Green sentar ali, e ninguém me encheu o saco. Foi muito mais legal assim) 

Depois desse voo, foi mais quase uma hora do aeroporto de Osaka até Nara, de carro. É, foi bem cansativo. Mas a viagem valeu a pena! A gente foi ver os cervos no parque, vimos uns templos bonitos, e o papai até me levou num fliperama (eu ainda sou melhor que ele no Space Invaders, hehe) num dia. Também deu pra gente voltar pra Osaka nos dois últimos dias, e daí que aconteceu a coisa mais legal dessa viagem... vou contar tudo agora! 

O negócio é: mamãe tem uma amiga, que ela me contou que conheceu quando as duas tinham a minha idade. Elas eram muito juntas uma da outra, mas daí um dia essa amiga se mudou pra essa cidade aí de Osaka, que a gente foi visitar. A mamãe me falou que já tinha ido muitas vezes aí pra ver essa amiga, e nessa nossa viagem ela quis ir de novo, afinal Nara fica bem pertinho. O papai topou, porque essa moça é bem amiga dele também. 

Além disso tudo que eu acabei de contar, essa moça tinha uma filha. Eles queriam que eu conhecesse ela (coitados... querem tanto que eu tenha um amigo!), e daí que ficou a dúvida que eu tive de deixar pra mim mesmo: será que ela também tinha um Stand?  

Pera aí, acho que lendo essa frase aí de cima você também ficou com uma dúvida. Como que eu aprendi a escrever esse nome, que antes eu escrevia "estende"? Bom, eu não vou estragar a surpresa, mas teve alguém que me ensinou. Agora, vou continuar de onde eu parei. 

Essa menina, filha da amiga da mamãe, se chama Suki. Suki Tanaka. A amiga, mãe dela, se chama Yoko, e o pai se chama Damo. E meio que, assim que a gente chegou na casa dos Tanaka, tanto a mamãe quanto a amiga dela praticamente puxaram os filhos pro filho do outro... ou seja, eu e a Suki-chan fomos meio que obrigados a conversar. 

Você já deve saber como eu fico nessas horas. Eu nem olhei na cara da menina. Ficou um silêncio meio estranho ali, mas ela quis quebrar o gelo. 

"É, hm, Kakyoin... você quer jogar algum jogo?". Ela me chamou pelo sobrenome... pensei que também não estivesse muito feliz com aquele encontro.  

Se ela estava tentando ser legal comigo, eu ia retribuir, ora. "Ahhh... você tem algum videogame?" 

"Não, nenhum. Mas eu tenho jogos de cartas, ou tabuleiro. Você sabe jogar shogi*?" 

"Pode ser", eu disse. Nessa hora eu achei que ela fosse levantar e pegar o tabuleiro, mas o que ela fez foi diferente. E, naquela hora... eu me senti muito mais confortável. 

Ela tinha um Stand. E, posso dizer? Ele era lindo.  

Era todo cor-de-rosa, com olhos azuis que pareciam duas joias, até brilhavam. Tinha um rosto em formato de coração, parecia que ele era dividido em duas partes. No meio dessas duas partes, tinha a boca dele. Ele usava um laço de fita grande atrás da cabeça (que se parecia com o que a Suki-chan mesmo usava), de onde saíam também dois pedaços grandes da fita, e parecia que tinha um cachecol no pescoço. O corpo dele parecia uma nuvem em forma de vestido, e ele não tinha pés.  

Na mão dele tinha um buraco, e dali saiu uma fitinha cor-de-rosa. A Suki-chan pegou essa fita e fez um quadrado com ela, como se fosse de massinha. E daí... desse quadrado, praticamente brotou o tabuleiro.  

Só que, do contrário daquela vez com o JoJo, eu não gritei de emoção. Eu só fiquei olhando. Eu tinha visto gente que conseguia ver o Hierophant... mas não outras pessoas, com seus próprios amigos. Eu nem sabia que essas pessoas também existiam! Quantas será que deve ter por aí? Talvez, se todo mundo se juntasse, ninguém ia ficar sozinho!  

E eu fiquei olhando e olhando e olhando. Ela criou cada pecinha de shogi. Quando ela chegou no rei, que era a última que ela fez, ela olhou pra mim. E percebeu que eu tava lá, com a maior cara de bobo, olhando pra ela.  

"Você... você tá vendo meu Stand? O Ace of Hearts?", ela perguntou, parecia que tava surpresa. Nome bonito, esse que ela tinha dado... 

"Eu achava que só eu tinha um desses...", eu disse. 

"Deixa eu ver o seu!?" 

Chamei o Hierophant pra ela ver. 

"Ah, ele é fofo! Parece uma melancia!", e daí ela riu. Primeiro o JoJo e agora ela... será que ele se parece tanto assim com uma melancia? Eu ainda acho que ele tá mais pra alienígena. Afinal de contas, ele é verde e tem um cabeção.  

"Obrigado, eu acho... o seu parece algodão-doce", eu respondi. "É por causa dele que você conseguiu fazer esse tabuleiro todo?" 

"É sim", ela disse. "O meu Stand faz essa massinha rosa que sai da mão dele, daí ele me dá e eu modelo pra virar o que eu quiser. Só que só funciona se eu souber como aquela coisa funciona... uma vez eu tentei fazer uma boneca que fala que apareceu na tevê. A boneca sozinha deu pra eu fazer, mas ela não fala, porque eu não sei como que um brinquedo consegue falar." 

"Ué, então por que você fez o tabuleiro e as pecinhas agora, em vez de ir buscar um? Você não tem tabuleiro de shogi?" 

"Eu tenho um, mas eu só queria treinar pra deixar as coisas que eu crio melhores. Mas e o seu Stand, o que ele faz?" 

"Ah, o Hierophant Green? Eu não sei direito ainda... ele é meu amigo e eu ando com ele por aí, mas eu nunca vi ele usar nenhum poder muito louco." Naquela hora, eu tinha esquecido daquela história com as esmeraldas. Ou pode ser que eu não contei porque ia ter de falar que me zoavam na escola... nem eu sei. 

"Todo Stand tem alguma habilidade. Algum dia você vai descobrir a sua... agora, vamos jogar?" 

E a gente jogou. No final, sobraram bem poucas peças de pé dos dois lados, e eu ganhei. Eu não costumo jogar shogi, mas gosto muito de como você tem de pensar bem nesse jogo. A Suki-chan fez umas jogadas meio simples na minha opinião, pra falar a verdade. 

"Parabéns!", ela me falou depois que o jogo acabou. Já gostei dela, só por não ficar brava de ter perdido. "Você jogou muito bem, Tenmei! Posso te chamar de Tenmei?" E eu acho que, só com essa partida, mais ela saber que eu tenho Stand também, ela já ficou bem mais confortável, hein... 

"Obrigado, Suki-chan. E pode sim! Eu ia falar que meu nome é Noriaki, porque é assim que... é... meus amigos me chamam," (eu não ia dizer na cara dela que não tenho amigos), "mas acho que você foi mais rápida..." 

"Então você prefere Noriaki? Beleza. Vou te chamar de Nori.”

”Aaahhhh, não, não precisa! Me chama do que quiser!”

”Mas eu quero te chamar de Nori. Não se preocupa não.

"Tá bom, se você diz...”

”Ei, eu tive uma ideia! Cê quer sair um pouco daqui de casa? Tem um parquinho aqui do lado, a gente podia conversar melhor sobre o que a gente descobriu enquanto jogava..." E daí ela piscou pra mim. Eu já tinha até entendido o que ela queria fazer, e por isso eu topei. 

Daí ela foi falar com a mãe dela e com a minha, pra pedir permissão. Elas deixaram numa boa. Até achei estranho a mamãe concordar tão rápido, mas acho que é porque era um dia bom pra ela. Ela e a Yoko-san parecem bem próximas. E daí que a gente foi mesmo até o parquinho, onde a Suki-chan explicou a ideia dela.  

"É, aqui é um campo aberto... eu queria tentar te ajudar a descobrir o que o seu Stand faz! Lá dentro ia fazer muita bagunça, daí aqui estamos nós. Só que antes... você sabe o que vai dentro de um saco de pancada?" 

"É uma pegadinha ou você quer saber mesmo?", eu perguntei. 

"Eu quero saber. Pra fazer ele com o Ace of Hearts, senão vai ficar vazio." 

"Entendi. Acho que vai aquele algodão que vai dentro de ursinho de pelúcia... deve ficar bem leve." 

"Pro que a gente vai fazer, isso dá pro gasto! Beleza, então..." E ela usou o Stand dela pra fazer o tal do saco de pancada. Rapidinho, ele ficou pronto. "Agora você chama o seu Stand!"  

Chamei. Não falei tão alto, porque era lugar público. De gente achando que eu sou maluco, já me basta o pessoal da escola e a... melhor mudar de assunto, chega de coisa triste aqui. Pelo menos hoje. 

É engraçado como eu nunca preciso dizer pro Hierophant o que ele tem de fazer: ele só vai e faz. Ele sabe o que é pra fazer antes de até eu saber, tipo naquela história dos meninos que eu te contei lá no começo do diário. 

Enfim, nessa hora que eu chamei ele pra atacar, eu não sabia muito bem o que ele tinha pensado em fazer. E o que ele fez foi: ele transformou os braços dele numas cordinhas estranhas e, com essas cordinhas, arrancou o saco de pancada daquele negócio de metal onde ele fica parado, e isso era algo que eu realmente não sabia que ele sabia fazer. Será que dá pra usar isso pra pegar os doces que ficam mais em cima no armário? Ainda não testei. 

A Suki-chan sorriu.  

"Não te disse? Todos os Stands têm habilidades! O Ace of Hearts não faz isso aí, não...", ela falou, e deu uma risadinha. "Então o seu Stand vira corda. Legal!" 

Ela parecia meio entediada, porque o meu Stand era só um monte de corda. Daí que eu pensei em fazer a coisa com as esmeraldas também, talvez impressionasse ela mais? Não sei. Só sei que eu fui lá e fiz (eu preciso inventar um nome pra essa coisa, pra não ficar chamando ela de coisa toda hora. Acho chato). Daí ela pareceu mais satisfeita, acho.  

"Ah, boa! Esmeraldas! Se fossem de verdade, será que alguém ia comprar?" 

"Eu não quero vender o meu Stand, não!", eu gritei. 

"Ô, bobinho, era só brincadeira!", ela falou de volta. "Ninguém vai vender nada aqui. Eu só tinha pensado nisso e feito essa piadinha idiota." 

"Tudo bem! Eu que peço desculpa por não perceber."  

Depois disso ela teve uma ideia. Ela me disse “ô, por que você não tenta transformar o braço dele numa corda... e fazer ele pegar num galho daquela árvore ali, daí ele te puxa?”. Vou te contar que a ideia me deu medo, mas eu fiz. 

E foi divertido! Eu pensei que, pra quem tava vendo de fora, parecia que eu tava voando... deve ter sido engraçado! 

Enfim, ficou nisso. Até perguntei se ela não queria treinar nada, mas ela me falou que era só isso, e que "algum dia ainda marcava uma briga de Stand". (Aliás, foi nessa hora que eu perguntei como que se escrevia isso. É por isso que agora eu tô escrevendo certo!)  

Depois a gente foi embora pra casa dela, e já era hora de nós voltarmos pro hotel. Só que, antes da gente sair, eu ouvi uma coisa que me deixou bem contente: a família da Suki-chan ia mudar pra Sendai ainda nessas férias! Mamãe já tinha até passado pra amiga dela o nome da escola que eu estudo, porque ela tava procurando uma pra colocar a Suki-chan... será? Eu vou contar se deu certo, hein! Finalmente eu achei alguém, e agora vai ser pra valer!!!  

Ah! E feliz ano novo! 

Noriaki 

(P.S.: hoje agora é dia 3, e ela vai estudar aqui mesmo. Mamãe me contou!) 

*** 

16 de janeiro de 1981 

Hierophant: 

Hoje o dia não foi muito interessante, e eu queria mesmo te contar de um sonho que eu tive essa noite. Foi muito ruim e me deixou com medo, acho que eu devia desabafar a respeito pra alguém... bem, lá vou eu.  

No começo, era só eu sozinho. Num quarto com paredes bem brancas. Era um quarto? Eu não sei. Mas era um espaço bem grande, e eu tava parado e sozinho lá. Lembro que eu disse “tem alguém aí?”. Não ouvi nenhuma resposta.  

Só que, depois de um tempo ali sozinho, eu ouvi um barulho. Era alguém respirando, de um jeito bem pesado. Eu não ouvia os passos dessa tal pessoa. Virei pra ver e era um rapaz. Ele andava tão devagar que tava quase se arrastando, e eu pensei que ele podia estar machucado.  

Eu fui atrás dele pra ver o que tava acontecendo, porque o que sempre me disseram era que eu tinha de ajudar quem precisa de ajuda, quando eu pudesse. E, naquele meu sonho, o tal daquele moço nem conseguia andar direito. 

“Ô moço!”, eu falava no sonho. “O que que aconteceu? Você tá bem?”  

“Mas o que... uma criança? Menino, você... você tem de fugir! Esse lugar é perigoso demais pra você! Tem um...” Ele parou de falar um pouco, e cuspiu fora alguma coisa. Alguma coisa vermelha. Não sei o que era, mas pensei que talvez fosse... sangue? “Tem um homem perigoso atrás de mim. E dos meus amigos. Ele me pegou, e me deixou assim...”  

Daí, pela primeira vez, eu olhei pra ele direito. Só que não deu pra eu ver como era o rosto dele, porque ele olhava pra baixo o tempo todo.  

Ele tinha um cabelo bem vermelho, igual o meu, num corte moderno, bem bonito. Usava um uniforme de escola, mas aquele modelo que os meninos mais velhos usam, e o dele era verde em vez de preto. Devia ser aluno novo, eu acho. Em que escola será que ele estudava?  

Depois desses detalhes, tinha a coisa que mais me chamou a atenção nele. Ele tinha um buraco. Um buraco enorme, na barriga, todo cheio de sangue em volta, e esse sangue também tava caindo no chão, fazia um caminho vermelho por onde ele passava. Ele tentava cobrir o buraco dele colocando o braço na frente, mas eu só olhava mais e mais pra lá. A única coisa que eu conseguia pensar era que ele precisava de ajuda.  

“Moço!”, eu falei pra ele. “A gente precisa te levar pro hospital! Minha mãe é médica, ela vai saber cuidar de você!” (Isso eu não contei antes, mas é verdade. Mamãe é médica. Naquela história que eu te contei, ela disse que a gente não tinha ido no hospital que ela trabalha porque ela não queria que comentassem nada sobre isso, no trabalho dela. Agora que eu contei, vou continuar!)  

“Não. Não perde seu tempo comigo... eu já praticamente morri. Mas você ainda precisa se salvar! Vai embora! Você precisa ir embora daqui, antes que...” E ele parou de falar. De onde eu tava olhando, pareceu que ele tinha perdido a força nas pernas, e não conseguia mais nem ficar naquela posição de antes.  

Foi aí que eu fiquei desesperado mesmo, e comecei a tentar correr pra chegar mais perto dele. Tava pensando em arrastar ele, sozinho, até achar alguém que ajudasse. Mas parecia que o tempo tinha parado. Eu não conseguia me mexer. Gritei por ajuda, mas era só eu e o moço ali.  

E eu não sabia nem o nome dele. Foi nessa hora que eu pensei em perguntar. Não sei por quê. Eu só queria saber quem era aquele cara que apareceu do nada, sangrando um balde e com um buraco na barriga, na minha frente. 

“Ei... qual é o seu nome?”, eu perguntei pra ele. 

Ele fez um esforço enorme pra levantar a cabeça e olhar pra mim, pela primeira vez. E foi aí que eu vi.  

A história é que ele tinha uma mecha de cabelo comprida, enrolada, separada do resto do penteado. Essa mecha caía bem no rosto dele, parecia quase colada (será que não atrapalhava ele?). E era uma mecha igualzinha à que eu tenho no cabelo, e à que a minha mãe tem. Agora que eu reparei, o corte de cabelo dele era igualzinho ao meu. Será que...? Não. Não, era loucura demais. Não tinha como ser. 

A boca dele tremia, ele tentava falar comigo. “Ka...” foi tudo que eu ouvi sair da boca dele, e, naquela hora, o sonho inteiro mudou.  

O moço sumiu. Não tinha mais paredes brancas. Eu parecia que tava voando pra trás, num lugar muito alto. Tinha prédios, devia ser no meio da cidade grande. Não parecia Sendai (essa é a cidade onde eu moro, e aqui tem um bairro que tem o meu sobrenome!**), podia ser Tóquio. Eu consegui ver uns fios verdes no ar, bem finos. E uma propaganda daquele refrigerante, o 7-UP, por algum motivo. 

Ouvi alguém falando meu nome (na verdade, meu sobrenome). Era uma voz de homem, bem grossa. Ele disse depois “ele foi jogado longe, de repente!”. Jogado longe? OK, o que é que tava acontecendo ali? Eu ainda não entendo essa parte do sonho. Quem me jogou longe? 

Daí, eu parei de voar. Eu senti minhas costas baterem em alguma coisa, e ouvi um barulho muito alto. Senti cheiro de ferro e o gosto de sangue na boca, que eu cuspi assim que percebi o que era. Eu tentei muito gritar, fosse de medo ou pedindo ajuda, mas não saiu nada. Aquela mesma voz gritou meu nome de novo, eu vi tudo virar água... 

E daí que eu acordei. Não gritei, mas ainda tinha medo, acho que eu ainda tava tremendo. O Hierophant saiu como se eu tivesse chamado ele, e me abraçou igual ele tinha feito naquela história do jantar. Eu pisquei um monte de vezes, só pra ter certeza de que aquela era a vida real.  

É, eu tava bem. Mais ou menos. Além do susto do sonho, minha barriga começou a doer muito, assim, de repente. Eu tentei ignorar a dor, porque, afinal, eram duas da manhã e eu que não queria ir e acordar mamãe... eu sei bem o que ela ia me falar, viu.  

No final, não era nada, e eu passei o resto do dia bem. Mas agora, que eu te contei esse sonho, fiquei pensando... qual era o nome daquele moço? Eu só tinha ouvido a primeira sílaba. “Ka”. “Ka” do quê?  

Não é o que eu tô pensando, é? Acho que não. Mas se bem que... era um sonho, e o cabelo dele era igual o meu... enfim. Sonhos são estranhos.  

Noriaki 


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Notas finais do capítulo

* Shogi é um jogo japonês, muito similar ao xadrez ocidental.
** Kakyoin é o nome de um bairro da cidade de Sendai. A wiki de JoJo diz que é justamente desse bairro que vem a referência para o nome do nosso amigo protagonista.

Alguém reparou na data do segundo registro? Fica aí o segredinho escondido...

Algumas curiosidades: o nome Suki é “amor” em japonês. Eu descobri que não é um nome de verdade, mas se o Araki chama os personagens dele de “Daiya” e “Kaato”...
Damo e Yoko são referências a músicos, Damo Suzuki e Yoko Kanno (obrigada, Isa).
Tanaka é referência a Oyasumi Punpun, porque eu morro se não enfiar uma dessas.

O capítulo do sonho recebeu inspiração de desenhos encontrados no tumblr notsodaily-smolkakyoin (aviso que o primeiro é gore pra carai): https://notsodaily-smolkakyoin.tumblr.com/post/171096199911/you-have-to-run-please-go-home-your-parents e https://notsodaily-smolkakyoin.tumblr.com/post/169781453836/prone-to-nightmares

É isso aí! Nos vemos no próximo registro!



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