Existências escrita por Aleksia Kyle
Notas iniciais do capítulo
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Foi durante o Kangetsukai[1] que Sakuya Hitsune conheceu o jovem Indra Õtsutsuki. Duas crianças que se encantaram durante uma brincadeira e outras pelos arredores do santuário de Aramatsuri-no-miya[2].
Energia não era o que lhes faltava. Hagoromo Õtsutsuki os via correndo durante as festividades e lembrava-se de quando era criança juntamente com sua Haori. O amor deles havia terminado de forma trágica e não pode contar a amada sobre os sentimentos que nutria por ela. E ali, no meio de dezenas de pessoas que vinham adorar a Deusa do Sol, Hagoromo torcia para que seu filho pudesse formar uma família com a bela jovem de olhos esverdeados e cabelos rosados iguais as flores que sua Haori era apaixonada.
Com seus olhos afiados ele sabia que seu primogênito amaria aquela criança pela eternidade. Anos se passaram e ele pode acompanhar as transformações de um romance infantil ao amor de um homem e uma mulher, mas naquela época ele não pode perceber o ódio que nascia no coração do jovem Indra que distanciava Sakuya de seu filho.
Sakuya sabia desde tenra idade que era designada ao Santuário de Ise[3], mas tinha esperanças de que Indra a reclamasse como sua esposa antes de se transformar em uma miko de Amaterasu. Desde muito nova teve que aprender a arte de ser uma miko e quando seus ponderes divinatórios começaram a aflorar ela chorou copiosamente.
Indra jamais a tomaria como sua mulher. Ela não conseguiria retirar de seu peito o ódio que crescia a cada dia. Ela tentou pará-lo algumas vezes, mas fora inútil.
Ela até mesmo conseguiu se encontrar com a sombra negra que manipulava a mente e o ser de Indra, virando-o contra o pai e os ensinamentos basilares do ninshu.
— O que pensa que está fazendo, Sakuya?
— Indra!
— Responda-me!
— Você tem que se afastar dessa sombra... ela não lhe fará bem algum, Indra!
— A única pessoa que deve se afastar de mim é você, Sakuya!
— O que?
Aquelas foram às últimas palavras que trocaram. Com olhos enevoados Sakuya correra pela floresta para longe de Indra, a cada passada mais perto da vida que nunca desejou para si.
Tsukuyomi[4] era a sua única companhia, até suas pernas fraquejarem diante dos primeiros raios de Amaterasu. Ali, em pleno templo ela jurou que dedicaria sua vida a deusa do Sol e que não retornaria nunca mais a ver seu amado Indra.
Ao longo dos anos se esquivou de todas as noticias sobre o Õtsutsuki, mas naquela manhã quando recitava uma das canções de adoração a sua Kami ela ouviu gritos dos lavradores que haviam ido fazer preces aos deuses do vento e da chuva no santuário de Kazhimoni-no-miya[5], a qual Sakuya também devia coordenar.
Em meio ao alvoroço soube que Indra tinha se rebelado totalmente contra Hagomoro e seu próprio irmão Ashura, que havia herdado os poderes do Rikudõ Sennin. Sakuya então lembrou de todas as visões que teve nos últimos anos e em meio aos relatos dos lavradores ela acabou tendo sua última visão com Indra.
Anos após aquela premonição, Sakuya finalmente a viu tornar-se real em seu leito de morte. Ali estava Indra Õtsutsuki a velando com os olhos tingidos de vermelho, em meio ao seu último suspiro ela ainda pode ouvi-lo dizer “Não importa quantas vidas teremos, mas em uma delas ainda viveremos juntos e te farei a mulher mais amada deste mundo”.
Ao final dessas palavras a segunda vida de Sakuya Hitsune chegou ao fim. Uma vida amando unilateralmente um Õtsutsuki, tendo apenas Amaterasu e Tsukuyomi como suas únicas testemunhas.
[1] Festival de admiração da Lua cheia, realizada em setembro no templo dedicado a deusa Amaterasu.
[2] Santuário independente dedicado ao lado energético de Amaterasu.
[3] Santuário xintoísta dedicado à deusa do Sol – Amaterasu.
[4] Deus da Lua
[5] Este santuário e todos os outros que foram descritos aqui estão dentro do Santuário de Ise. Há vários santuários independentes dentro do santuário principal para a deusa Amaterasu.
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