Henrique foi buscar as crianças na escolinha, Lucas ficou irritado por ter esperado demais seu pai:
— Mas porque esqueceu de nós?
— Eu não esqueci de vocês, já falei que estava no restaurante com uma amiga e acabou que perdi as horas
— É sua namorada, papai? - Perguntou Giovana
— C-claro que não, é apenas uma velha amiga que não via a tempos e vocês dois param de fazer tantas perguntas.
Não entendia como crianças de tão pouca idade conseguia ser tão inteligentes e perguntar sobre absolutamente tudo. Giovana tinha apenas 4 anos e Lucas tinha 7.
— Quando vamos ver a mamãe? - perguntou Lucas
— Ah, ela provavelmente vai buscar vocês no sábado de manhã.
— Aaaaaaaah mas tá muito longe
— Lucas, já só faltam 4 dias, quem quer tomar milkshake?
Giovana deu um pulo do banco de trás e começou a gritar:
— EU QUERO, EU QUERO DE MORANGO
Apenas queria manter as crianças ocupadas com seus milkshakes para poder pensar em como aquele encontro foi maravilhoso, ele sabia que algo de bom aconteceria, mas jamais pensou que seria reencontrar ela.
— PAAAAAAAI
— O que???
— Nossa faz anos que estamos te chamando - resmungou Lucas, o mais dramático, mas precisa confessar que era muito parecido com ele.
— O que vocês querem?
— A gente queria conhecer sua amiga - Respondeu inocentemente
— Ah, não sei se vai ser possível, ela é dançarina e provavelmente deve ser muito ocupada fazendo apresentações.
— Ela é dançarina? - os olhinhos de Giovana brilharam - Ela poderia me ensinar a dançar, eu queria tantoooo ir para o balé
Henrique nunca quis colocar Giovana no balé, pois teria que se dedicar a isso junto com sua filha, levá-la para as aulas, ir aos eventos e a achava muito nova para tal também.
— Eu posso conversar com ela filha..
Henrique sabia que jamais pediria tal coisa para Ana, ele era tímido e não queria ter que dizer para sua filha que ela não quis, pois seu pai foi um babaca com ela no passado.
Foram para casa, ele deu banho nas crianças, às vezes pensava se não tinha que pedir ajuda de alguma baba, talvez sua irmã poderia ajudá-lo a cuidar das crianças, fica pesado para ele às vezes saber administrar sua vida pessoal com o trabalho. Ligou para sua irmã Nathalia:
"- Oi mano, que bom que ligou, estava com saudades.
—Hey, eu e as crianças também estamos, quando você vem de Florianópolis?
Sua irmã era nutricionista e estava em Florianópolis fazendo trabalho voluntário em orfanatos.
— Próxima semana eu chego e também tenho uma surpresa.
— Não diga que o Elias te engravidou, pelo amor de todos os deuses. (Elias era seu cunhado)
— Não - riu ela - não estou grávida, relaxa irmãozinho, eu tenho que ir, uma criança nova chegou e está subdesnutrida, precisamos fazer exames nela e eu tenho que montar alguma dieta para ela ficar forte. Te amo, beijos.
— Tudo bem, eu também, beijos."

Achava sua irmã incrível, era tão forte e era lindo de se ver essa vontade de ajudar o próximo, sem esperar algo em troca, com certeza a Nath é uma das melhores pessoas que ele conhece e agradece por ser sua irmã.
Tomou um banho demorado, pensando naquele lindo cabelos loiros que o atormentavam de uma maneira maravilhosa por anos, queria encontrar ela de novo. Por isso, foi pegar o número dela, só que tinha um problema, ele tomou banho e acabou saindo seu número
— Não, não tô acreditando nisso, por favor me diz que é mentira, porra mano - Não sabia nem onde ela trabalhava ou fazia suas atuais aulas.
Henrique ficou muito bravo, tentou dormir, mas não conseguia tentando lembrar os números, por que não anotou em outro lugar? Porque não perguntou onde ela fazia suas aulas? Estava se sentindo mais uma vez, a pior pessoa do mundo, com ódio de si mesmo por ser tão burro. Estava irritado e foi para a sacada do seu apartamento, olhando a cidade lá de cima se perguntando em qual daqueles prédios poderia estar ela..