Come Home escrita por Leh Linhares


Capítulo 6
Capítulo 5 — A Partida




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Pov. Jon Snow

Não sei exatamente como lidar com essa notícia. Não sou um Stark, não totalmente, saio do cômodo de Sansa atordoado. Ando por toda a Winterfell pensando no que devo fazer, se devo contra a Daenerys sobre a novidade ou se é melhor manter segredo.  Mesmo depois de pensar muito não consigo chegar a conclusão nenhuma,a verdade é que não quero herdar todo o trono.

A única coisa que consigo pensar é que apesar de ter odiado como cresci, agora me pego desejando poder voltar a ser o zé ninguém que sempre fui. É verdade que não tive pais, que nunca pertenci realmente a lugar nenhum, mas talvez isso tenha sido uma benção não uma maldição como sempre achei. E se Daenerys me odiar quando descobrir? Pior, e se o meu povo me odiar? Sou justamente aquilo que eles mais odeiam e se ficar com Daenerys, minha suposta tia, tudo só piorará.

 Já passam de três da manhã e os únicos acordados no castelo, além de mim, são guardas, que me encaram sem muito entender meu recente desespero. Não consigo decidir se vou para os aposentos de Dany ou se volto para os de Sansa. Não penso muito a respeito só ando e quando percebo já estou em frente à porta do quarto da minha antiga meia-irmã, bato suavemente a porta e aguardo.

— Jon? — Ela diz ao abrir a porta e eu só entro no quarto já me sentando na sua cama. O quarto dela sempre foi capaz de me fazer sentir seguro, estar perto dela por mais que eu não goste de admitir é um dos modos mais fáceis de me tranquilizar. Mesmo que a gente não tenha crescido assim ela é minha irmã, uma irmã que eu ganhei de fato depois de reviver e mesmo eu não sendo  filho do homem que eu sempre chamei de pai, ela continuará sendo minha irmã, amiga e ultimamente conselheira.

— Preciso da sua ajuda. O que eu faço com essa nova informação? Conto pra Dany? Conto pra todos? Não sei se eles vão lidar bem e com toda essa guerra, mas não sei se é justo esconder isso da Daenerys depois de tudo que nos passamos juntos, de tudo que temos...

— E o que vocês têm? — Se não a conhecesse juraria que a pergunta era fruto de ciúmes, mas levando tudo em consideração seu tom deve ser por conta do histórico da Daenerys, afinal é uma Targaryen, não que eu também não seja, mas é diferente. Sansa não conhece a mãe dos Dragões.

— Nós... bem... temos algo. Eu gosto dela como não gostava de ninguém há muito tempo.

— Então, foi por isso que você se submeteu a ela? — Sansa parece irritada de um jeito que nunca tinha visto ela estar.

— Não... não. Me chateia ouvir isso vindo logo de você, nunca colocaria a vida do meu povo em risco por uma mulher. Tomei essa decisão, porque julguei ser a melhor na guerra.

—Faz sentido, não sei porque pensei nisso... Claramente a hora está afetando minha sanidade. Sobre contar ou não, acredito que não é o melhor momento para contar ao povo, isso gerará segmentação do nosso exército, o que não é bom. Sua posição antes disso já era delicada colocando isso na balança será impossível que você continue como líder, é melhor que essa notícia seja revelada após a guerra. Isso se for o que você quiser. Você quer?

— Ser Rei de Westeros?

— Sim.

— Não, só consigo pensar que quero voltar a ser o bastardo que sempre fui. Sempre reclamei do vazio que era minha vida, mas quando eu pedia para ter algo não era isso que eu queria. Não quero ser Rei de todo esse país, não queria ser Rei nem do Norte, só aceitei o título pelo bem de todo o povo, mas talvez seja esse meu fardo. Talvez eu só precise aceitá-lo pelo bem de todos.

— Você sabe que não precisa ser Rei se não quiser... No futuro eu digo. Nós podemos fugir juntos, ir para algum lugar que ninguém nunca vá nos encontrar.

— Eu pensei que você amasse o poder.

— Amo ter controle sobre mim mesma, mas odeio ter tantas responsabilidades e tão pouco tempo de ser feliz. Odeio não me ser permitido fazer as únicas coisas que desejo e que me fariam feliz.

— Posso dizer que sinto o mesmo. Há tanto que fazer para a guerra ainda. Preciso contar tudo a Daenerys não seria justo se eu não contasse.

— Jon não acho que seja uma boa ideia, precisamos dela no nosso lado. Você mais do que ninguém sabe disso. Precisamos dos dragões, contar a ela pode colocar tudo a perder.

— Ela vai lidar bem com a notícia, eu sei...

— Jon você acabou de conhecê-la, não sabe do que ela é capaz. Jon, por favor, pelo nosso povo, por mim não conte nada agora, espere a guerra terminar. Talvez... Talvez não exista a  quem contar depois. — Seu olhar é tão desesperado que eu acabo concordando. De fato precisamos do exército e dos dragões de Daenerys se queremos derrotar o Rei da Noite, não posso simplesmente arriscar isso. Não sei como fui tão burro de não pensar nisso antes.

Três dias se passaram desde a queda de parte da muralha, hoje nós marchamos para o norte com o objetivo de derrotar o Rei da Noite ou pelo menos mandá-lo de volta para o lado de lá d muralha. O medo em todos os soldados é nítido, a maioria nunca lutou com inimigos não vivos e o medo por mais que em exagero possa ser ruim na medida certa é capaz de garantir a sobrevivência de muitos. Busco usá-lo em cada discurso que uso, é hora de lutarmos. Olho para todos os meus soldados, Sansa está entre eles, mesmo eu já tendo pedido mil vezes para ela não se unir a luta. Por que ela é tão teimosa?

Vi suas habilidades e por mais que estejam bem melhores do que há meses atrás não é suficiente para uma guerra ainda mais uma com os caminhantes, mas ela não me escuta, tem horror de ser deixada para trás. Prefere a ideia de morrer junto a todos do que sozinha em um suposto local seguro, mas essa é a questão ela não precisa morrer.

Posso usar as mil desculpas que já dei, que preciso que alguém cuide de Winterfell caso todos nós morramos na guerra, mas a verdade é que a amo. De um jeito loucamente estranho, que eu mesmo não compreendo, quero mantê-la segura, quero tirá-la daqui, sempre achei que fosse um sentimento de irmão, mas depois de tudo o que eu descobri,  não tenho mais essa certeza. E às vezes posso jurar que não estou sozinho nesse sentimento, não que eu vá tentar algo de qualquer maneira, mesmo não sendo minha irmã de sangue, ela será sempre uma irmã de alma. Além do mais, já estou comprometido a Daenerys, minha verdadeira parente, e outra mulher que também amo.

Pela última vez me aproximo de Sansa, decidido a fazê-la mudar de ideia:

— Podemos conversar?

— Depende. Você vai tentar me convencer a não lutar de novo?

— Por favor, essa é a última vez. — Pego seu braço e a direciono há um lugar mais vazio;

— Tente. — Fala a ruiva teimosa.

— Sansa, você é a nossa verdadeira líder precisamos te manter segura.

— Você já tentou essa.

— E se todos os Starks morrerem? Precisaremos de você.

— Essa também.

— Eu te amo e não quero correr o risco de te perder. —Digo rápido, numa intensidade que me surpreende. Não sei se deveria ter dito isso, tenho medo de assustá-la.

— O quê?

— Você é minha amiga, Sansa, conselheira, minha rainha. Apesar de você ter se submetido a mim, eu sinto que não foi exatamente uma escolha, estamos conectados de um jeito,  que eu nunca entendi e pensar em te perder na guerra é assustador demais. Eu não falaria nada se achasse que você está preparada, mas não está. Sua luta ainda precisa melhorar muito e se eu consigo ver isso os caminhantes também vão e eu simplesmente não posso lidar com te perder. Eu já perdi tanto: nunca conheci meus pais, perdi nossos irmãos, amigos, a mulher que eu amava, não posso perder outra.  Por favor vá para o Vale com a Brienne fique lá até que tudo se acalme, não é covardia admitir que não é bom o suficiente para a luta ainda.

— Acho que vou me arrepender disso, mas vou para o Vale com uma condição.

— Qualquer coisa.

— Me beije.  —dou um bejo na bochecha dela, mas claramente não era isso que ela queria. Ela vira o rosto e nossos lábios se tocam  é mágico e estranho ao mesmo tempo. Uma sensação completamente diferente dos beijos de Daenerys, mas aprofundo o beijo e por alguns instantes esqueço de quem eu sou e porque não poderia beijá-la. Naqueles pouco segundos só existem eu e ela, logo depois nos afastamos Sansa não sorri apenas olha pra mim e sussurra:

— Volte pra mim, Jon, volte por mim, Jon...”

Não sei o que eu sinto por ela, mas claramente não é um amor de irmãos.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que eu disse que não ia demorar, mas a vida complicou tudo. Não sei nem se alguém ainda está lendo, mas o que posso garantir é que não abandonei, talvez eu demore a postar novamente, mas uma hora um capítulo novo virá.

Reviews? Se alguém ainda estiver por aqui manda um oiii



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