Dores do passado escrita por Mente suicida


Capítulo 5
A morte




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Alguns dias após a volta para casa.

—- Andrew, estou indo para fisioterapia e depois vou para delegacia para saber se temos alguma notícia das investigações. - João abre a porta do quarto do filho.

—- Tá bom pai, pode ir. Vou ficar bem aqui.

—- Filho, você tem certeza que não lembra de nada daquele dia? Você pode ajudar nas investigações. - João estranha a perda de memoria do filho.

—- Não pai, eu não lembro! Feche a porta ao sair.

Depois de tudo que aconteceu, Andrew parece ter mudado algo dentro dele. O garoto não sai do quarto e não para de mexer no computador. Parece que está a procura de alguma coisa. Andrew diz que não se lembra do que aconteceu, mas desde que ele acordou no hospital, ele jurou para si mesmo que iria se vingar de todos que fizera aquilo com ele.

João vai para fisioterapia e de lá, vai para delegacia para saber informações de como anda as investigações da ocorrência que abriu devido ao atentado ao filho. O que ele não imaginava é que a delegacia que está com o caso do seu filho, é a mesma onde o policial e também pai de Cesar trabalha.

—- Calma ai João, você não pode ir entrando assim na sala do delegado - João é abordado por Ricardo, pai de Cesar.

—- Sim, eu posso. O delegado já sabia da minha visita. Agora por favor, saia da minha frente. Sei que você está com medo, pois nós dois sabemos quem fez aquilo com meu filho.

Ricardo sai da frente de João e senta-se a sua mesa. Rapidamente pega o celular e liga para alguém, pois queria certificar-se de que tudo foi feito conforme o combinado.

—- Alô, Silvio? Aqui é o policial Ricardo.

—- Fala ai. - Silvio responde na ligação.

—- Tudo conforme o combinado? Você conseguiu fazer o que te pedir?

—- Sim, senhor. Tudo foi feito com sucesso, agora quando é que você vai cumprir com o trato?

—- Amanhã eu te ligo novamente e marco o dia da entrega, fica tranquilo. Agora preciso desligar. Valeu!

Silvio é o segurança da escola. Possivelmente ele é uma das únicas testemunhas na qual poderia incriminar Cesar, o filho do policial. Por isso, Ricardo logo se aliou ao mesmo para que seu filho não fosse preso e com isso atrapalhasse na sua carreira como policial.

João entra na sala do delegado e só lá, descobre o andamento das investigações. O delegado informa para João que ainda não tem nenhum avanço, pois não existe nenhuma testemunha disposta a ajudar e as imagens das câmeras da escola foram totalmente perdidas (misteriosamente). Os jovens que estavam presentes na festa, são menores de idades e ninguém diz que viu alguma coisa naquele dia. Inclusive o melhor amigo dele, o Johnny. O jovem alega que estava namorando com outra jovem que também confirma as informações.

—- Com tudo isso, senhor. Infelizmente não podemos dar continuidade nas investigações. - O delegado conclui que estará dizendo ao João.

—- Isso é um absurdo, delegado - João fica furioso e dá um pequeno soco na mesa do delegado - Meu filho foi covardemente agredido e a policia não pode fazer nada? Que lei é essa? É a lei da impunidade, é isso mesmo?

—- Modere o tom senhor, eu não quero ser obrigado à lhe prender por desacato a autoridade.

—- Tudo bem delegado - João respira fundo - Eu já estou de saída.

O pai fica revoltado com tudo que ouviu dentro da sala do delegado e ao sair, dar de cara novamente com Ricardo.

—- E aí João, conseguiu algum progresso? - Ricardo pergunta ironicamente.

—- Não! Mas não se preocupe, se a policia não pode me ajudar, eu mesmo vou atrás de justiça.

Antes de voltar para casa, João passa pela escola onde tudo aconteceu. O mesmo decide tirar satisfação das imagens da câmera que sumiu, e nada melhor do que a diretora para explicar isso.

—- Elizabeth, posso chamar você assim diretora? - João a cumprimenta - A senhora já deve saber o motivo da minha visita?

—- Sim, claro, sente-se! Alguma novidade nas investigações?

—- A senhora já deve está sabendo que as imagens das câmeras dessas foram roubadas, certo? Eu só queria saber como isso aconteceu, já basta a irresponsabilidade dessa escola e agora essa? Eu coloquei meu filho nessa escola, pois achava uma das melhores da cidade, mas vejo que me enganei.

—- Eu não sei, João. Realmente não sei. Eu queria muito poder ajudar você, queria dizer nomes a você, mas não posso acusar ninguém sem provas. - A diretora deu a entender que desconfiava de alguém.

—- Então a senhora desconfia de alguém? - João pergunta.

—- Sim, mas é como eu disse. Eu não posso acusar ninguém sem provas.

—- Então me ajude Elizabeth. Eu estou vindo da delegacia agora e ouvir da boca do delegado que ele não pode fazer nada, mas sabemos que aquele moleque, o Cesar tem algo haver com isso. Eu também desconfio de Johnny, ele se afastou muito do meu filho depois do que aconteceu.

—- Então o senhor deveria começar daí, pelo melhor amigo dele. Talvez ele tenha algo a dizer. - A diretora propôs - Mas eu vou lhe ajudar sim. Eu tenho aqui comigo a lista de todos que estavam na festa daquele dia, talvez isso possa ajudar.

João fica satisfeito com a disposição da diretora para ajudar, então o mesmo descarta a possibilidade de processar o colégio. Após um dia cansativo, João volta para casa e encontra o filho do mesmo jeito: no quarto e mexendo no computador.

—- Filho, eu preciso que você faça uma força para se lembrar daquele dia - João senta-se na cama ao lado do filho - Eu sei que é difícil, mas eu preciso que você tente, pois eu não vou me aquietar enquanto não fazer justiça por você.

—- Pai, por favor! Eu preciso que o senhor esqueça todo esse assunto, eu estou bem, estou vivo e isso é o que importa.

—- Não filho, eu quase não aguentei quando te vi naquela situação. Eu não iria aguentar em ter que te perder também.

—- POR FAVOR, PAI. ESQUEÇA ESSE ASSUNTO, POR FAVOR. EU QUERO ESQUECER TUDO AQUILO - Andrew altera a voz - Eu só preciso ficar sozinho pai, me deixe sozinho, por favor.

As palavras que Andrew usou foram muito duras para João, mas ele respeita a decisão do filho e sai do quarto. Isso não quer dizer que ele vai esquecer o assunto.

No dia seguinte, João acorda, come alguma coisa e sai cedo de casa. Ele está disposto a encontrar alguma pista que o leve aos agressores. Então conforme Elizabeth aconselhou, ele começa fazendo uma visita a Johnny. O garoto não esboça medo durante a conversa com João e não solta muita coisa do que viu naquela noite. Após a conversa com Johnny, João vai a procura de Yasmin e consegue algumas confissões, na qual ela revela que Fred e Cesar continuavam a bater em Andrew e solta que foram eles que destruíram o notebook do garoto.

Agora João também estava suspeitando de Fred, isso o faz chegar rapidamente na casa do garoto. João faz algumas perguntas e após sair de lá. Fred liga para o amigo, Cesar. Na ligação, Fred confessa que, está com medo de que tudo viesse a toma, isso desperta um certo medo em Cesar também e como uma criança, ele corre para pedir ajuda ao seu pai, Ricardo.

—- Pai, o Fred me ligou agora e ele contou que o João, pai de Andrew foi na casa dele fazer umas perguntas. Eu não sei o que ele quer, mas estou com medo de que ele descubra que foram nós que batemos em Andrew.

—- Como é que é? Eu pensei que já tinha dado um jeito nesse cara. - Ricardo fica furioso - Não se preocupa Cesar, eu vou dar um jeito nisso.

No dia seguinte, João ainda com a mesma sede de obter respostas, novamente sai cedo de casa, deixando Andrew sozinho trancado em seu quarto. Mas algo faz Andrew sair do quarto quando escuta a companhia tocar. O garoto veste uma camisa, coloca os óculos e desce as escadas devagar devido a perna quebrada.

—- Você aqui? Se for para falar com meu pai das investigações, ele não está. - Andrew finaliza e tenta fechar a porta.

—- Calma lá rapaz - Ricardo coloca o pé na porta, impedindo que Andrew a feche - Eu quero falar com você mesmo. Não vai me deixar entrar?

—- Então seja breve e fale daí mesmo!

—- Ok então... Eu vim te dar um aviso. Nós dois sabemos que você não perdeu memória coisa nenhuma, você está apenas escondendo a verdade, o que eu acho ótimo. Mas seu pai está indo longe demais, então eu vou pedir a você que faça seu pai parar com essa obsessão de querer respostas, ou então.... - Foi interrompido.

—- Ou então o que? Você e seu filho vão nos matar? - Andrew pergunta.

—- Você sabe o que pode acontecer, não sabe? Então não preciso falar. - Ricardo vai embora.

Ricardo entra na viatura, encara Andrew de longe e buzina. Andrew acompanha o caminho que Ricardo faz com o carro até desaparecer esquina a fora. O jovem volta para o quarto e pega o celular para ligar para o pai, mas ele não atende, então Andrew espera o pai chegar para fazer o apelo.

A noite, João chega em casa e é abordado pelo filho. Andrew implora para que o pai pare com essa obsessão. Mas João se recusa ao perceber que seu filho está com medo.

No dia seguinte, João espera Cesar sair de casa para aborda-lo no supermercado. O jovem é recebido por João que o agarra pelo colarinho, fazendo-o diversas perguntas. Cesar, já tinha sido orientado pelo pai que se algo parecido com isso viesse acontecer, era para que o jovem ligasse para pai e foi isso que Cesar fez. Ricardo ao saber do ocorrido, fica furioso e tem isso como uma afronta. O Mesmo pega o celular e novamente liga para Silvio.

—- Preciso novamente dos seus serviços. - Ricardo diz à Silvio.

A noite, João está voltando a pé para casa. Algo em Andrew faz o jovem ir para janela. Da sua casa, o jovem ver quando seu pai é abordado por um rapaz em uma moto. O motoqueiro para na frente de João e faz 5 disparos a queima roupa. Com o senhor no chão, ele pega o celular e a carteira de João, para simular um assalto. Andrew, ao ver seu pai caído na rua, desce as escadas correndo e encontra o pai estirado no chão, todo ensanguentado, mas ainda vivo.

—- PAAAAAAAAI, FICA COMIGO. SOCORROOOO - O jovem grita. - PAI, NÃO FECHA OS OLHOS, FICA COMIGO, POR FAVOOOOOR. - Andrew se ajoelha ao chão e se agarra ao pai.

—- Fi... fi... filho... - João tenta dizer alguma coisa.

—- NÃO PAI, NÃO FALA NADA! MEU DEUS, ALGUÉM ME AJUDAAAAA - Andrew chora e implora por ajuda.

—- Fo... Foi... Segurança da... Es... Te amo - O braço de João cai, anunciando sua morte.

—- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOO. PAAAAAI.


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