Pov: James

Descemos com nossas vassouras em um beco escuro para não sermos vistos pelos trouxas, Lily parecia mais segura de si e tinha parado de chorar, ela vestiu sua máscara de forte e corajosa o tempo todo. Tentei me aproximar dela e escolher as palavras certas:

—Lily vamos conversar por favor.....-tentei envolvê la em meus braços como fazia quando ela estava nervosa ou triste mas ela se afastou olhando, dessa vez, em meus olhos.

—Não,  por favor Jay tudo ainda está muito confuso pra mim -ela disse com uma voz triste mas firme, apenas consegui assentir com a cabeça e abaixar os braços,  odiava vê-la triste quanto mais sofrendo, mas no momento ela tinha razão,  se fôssemos irmãos teríamos que tomar cuidado com outros que poderiam descobrir sobre esse namoro, sim eu não pretendo desistir dela, de nós.

Katie nos indicou uma cabine telefônica comum na qual eu não acreditava ser possível entrar 3 pessoas,  entramos e ela digitou alguns números,  a cabine nos cumprimentou "Bem vindos Katie Bell, James Sirius Potter e Lily Luna Potter, seu pai aguarda ansiosamente por vocês". Nos olhamos e a cabine despencou e fomos em direção ao solo. Quando paramos e saímos pude ver que estávamos em um átrio enorme onde circulavam várias pessoas com capas que carregavam varinhas, papéis, cartas, além daqueles que surgiam de lareiras pegando fogo e outros que corriam para elevadores.

Não foi só eu que fiquei maravilhado, Lily encarava tudo surpresa e deixou escapar um uau.

—Bem vindos ao Ministério da Magia! -Katie disse animada, nunca a vi sorrindo e isso foi uma coisa que espantou.

Por onde passávamos  as pessoas que nos viam soltavam exclamações de espanto, medo, e admiração. Não entendia muito bem o por que de tudo aquilo mas acho que tinha a ver com aquela marca em nossos pescoços já que todos olhavam diretamente para eles.

—Vamos logo seu pai está morto de preocupação! -Katie falou impaciente- e vocês que estão admirando o desconhecido posso lhes afirmar, estes são os irmãos Potter então continuem a fazer seu trabalho que não tem nada pra ver.

As pessoas que antes duvidavam começaram a tirar fotos e correr para espalhar a notícia,  fiquei meio desconfortável com toda aquela atenção então por impulso segurei a mão de Lily, ela olhou para mim mas não fez objeção,  pelo contrário,  apertou minha mão e juntos seguimos Katie.

Assim que chegamos ao pavimento dos aurores,  todos já sabiam da nossa chegada, as portas estavam fechadas a não ser por uma no final do corredor que se escancarou assim que saímos do elevador. De lá saiu um homem não muito alto, de olhos da cor dos meus e de Lily, ele usava óculos e tinha uma cicatriz de raio na testa. Parecia aflito mas quando nos viu abaixou a varinha e veio correndo até nós. 

Pov: Lily

Estava com medo, apesar de vestir a máscara confiante vista por todos, não conseguia esconder minhas sensações daquele que me conhece desde sempre, Jay reparou no meu desconforto,  não saiu do  meu lado e não reclamei,  não conseguiria me distanciar dele nem que quisesse. 

Quando uma das portas se escancarou,  um homem saiu aflito com a varinha em punho, na hora que vi seus olhos reconheci o homem que se despediu de mim a quase 10 anos na estação de trem,  meu pai. Bem ali, seus olhos lhe entregavam, Jay se parecia com ele, mas sem os óculos e a cicatriz de raio, lembranças que segundo Katie começariam a vir a tona conforme fosse tendo contato com meu passado vieram, me senti um pouco tonta e Jay me segurou, pude ver que o homem veio correndo até mim e segurou meu rosto com as duas mãos:

—Meus filhos, minha menininha, o que está acontecendo Katie?

—Se acalme Harry, Lily deve estar lembrando de seu passado é normal a tontura.

Me recuperei quase que instantaneamente,  não sou fraca, não preciso de ajuda e muito menos de pena vindo do tal Harry ou quem quer que fosse. Sai dos braços de Jay e lhe dirigi um olhar irritado.

—Quem é você? - disse Jay com uma voz firme mas tanto eu como ele já sabíamos a resposta.

O cara enxugou algumas lágrimas e nos olhou com carinho respondendo:

—Sou Harry Potter, casado com Gina Weasley e pai de três filhos.- ele disse estendendo a mão que foi apertada por Jay, ele nos encarava nos olhos completamente fascinado.

Estendi a mão mas o que ganhei foi um abraço inesperado,  não fiz nada pois não sabia reagir muito bem à carinho, muito menos vindo de alguém que não vejo há tanto tempo. James me olhou com reprovação e lhe mostrei a língua dando a mínima pra sua opinião. 

—Venham, vamos entrar em minha sala para conversar, Katie você pode nos deixar a sós e avisar a Gina que eles estão aqui? 

—Claro Harry, acho que a notícia já se espalhou.

—Também, depois da velha cor de rosa espalhar pra Deus e mundo que "os irmãos Potter" estão de volta não esperava menos.- disse fazendo aspas com os dedos em irmãos Potter, estava irritada com toda essa coisa de sermos irmãos e não precisava de holofotes nos mostrando ao mundo. 

Vi que ela ia retrucar mas a encarei e o que ela fez foi me lançar um olhar fulminante que retribui e saiu para falar com minha mãe que como ela disse já devia estar a par das novidades por aqui.

Harry me olhou com um olhar divertido e murmurou baixo apesar de eu conseguir ouvir " tão parecida com o avô". Ele nos examinou e sorriu.

—Por favor sentem - se.

E assim fizemos.

—Harry eu gostaria de me desculpar pelos modos de Lily ela só está nervosa mas...- disse Jay querendo dar uma de santo, comigo não cola querido!

—Mas nada, não tenta ser o bom garoto James que eu sei que você tá tão nervoso quanto eu, só tá querendo parecer compreensível mas a verdade é que vocês- apontei para meu pai- nos exilaram para que ficassem seguros, não nós,  vocês tem medo de nós,  deu pra ver no rosto daqueles bruxos lá no átrio,  nos olhavam com espanto,  até para vocês somos aberrações que ficam caçando e eu já estou cansada de ficar esperando o pior acontecer! 

Não notei o quanto estava com raiva, lágrimas escorriam sem vergonha pelo meu rosto, a marca queimava em meu pescoço e a luz na sala estava oscilando, eu estava exausta, exausta de ter que fingir que aguentava tudo isso, exausta por saber que não poderia mais beijar o homem que eu amo, exausta por ficar calada me sentindo impotente. Meu pai me encarava com o olhar triste e culpado, seus olhos marejados,  James era o único que parecia estar entendendo tudo o que estava acontecendo e, mesmo com tudo que eu estava fazendo, ele me pegou em seus braços e me envolveu, me apertando contra seu peito. Ele não estava com medo de mim, acariciava meu cabelo e me deixava chorar molhando sua blusa. 

Fiquei em seus braços sem querer sair e ele sem se importar,  meu pai acreditava naquele gesto como normal para gêmeos a tanto tempo separados, não falei nada, apenas ouvia a conversa e os batimentos do coração de Jay, como aquilo era familiar, acalmava melhor do que qualquer feitiço ou remédio. 

Pov:James

Depois de parar seu ataque de raiva, Lily se encontrava em meus braços enquanto nosso pai nos contava um pouco sobre nossa infância e nossa família. Eu tinha várias dúvidas e claro, ele as respondia facilmente, Lily não disse nada, ficou o tempo todo só ouvindo e olhando.  

Até agora sabia que tínhamos um irmão mais novo chamado Alvo, ele tinha 14 anos e estudava em Hogwarts,  Harry me explicou também como funcionava a escola e suas casas, contou um pouco sobre seus próprios anos em Hogwarts, contou sobre alguns professores  e diretores, as passagens secretas e o jogo quadribol. Já que tínhamos 16 anos e não poderíamos começar do começo, faríamos uma prova para saber se éramos aptos a entrar no sexto ano, o chapéu seletor iria nos direcionar para as casas. Em nenhum momento ele falou sobre a tal marca e o que aconteceu com Lily então resolvi não insistir,  o momento não era dos melhores, depois que estivéssemos em casa tocaria no assunto. 

Resumindo, ele fez um resumo até bem detalhado sobre o mundo bruxo e por fim recebeu uma mensagem de mamãe falando para que fôssemos para casa pois estava tarde. Estávamos saindo da sala e enquanto Harry ia se despedir de todos me virei para Lily que ainda estava abraçada a mim.

—Você está bem?

—Estou com medo Jay, o que vamos fazer? Somos realmente irmãos não podemos nos amar assim. - ela disse com voz de choro

Aumentei o carinho em seu cabelo e falei baixo para que apenas ela ouvisse:

—Ninguém vai nos separar meu amor,  eu não vou deixar. Eu te amo.

Ela deu um meio sorriso que já me deixou feliz, ela se aproximou do meu ouvido e disse também baixo me arrepiando:

—Eu também te amo.

Eu sabia, e ela também, nada nem ninguém poderia separar o elo que tínhamos, nem sangue, e nem relíquias da morte, passaríamos por isso juntos, eu sabia que de uma forma ou de outra sempre estaríamos ligados. 

Continua.....................................................................................................................................................................