Aquela locadora da Rua Cranbourn escrita por Trauma


Capítulo 5
Platonices.




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Ela não se deixou abalar pelo meu comentário. Suas bochechas coraram e ela sorriu, levantando-se e seguindo pra o banho, me deixando ali com a maior cara de idiota do século. Aquele era o efeito que aquela garota causava sobre mim: me deixava com a maior cara de idiota do século.

Deixei-a no banheiro da suíte tomando seu banho e desci, sentando ao lado de Tom, que deu dois tapinhas amigáveis no meu ombro.

— Tá apaixonadão, né, cara?

Não me dei ao trabalho de responder, colocando alguma coisa qualquer pra assistir e me deitando onde anteriormente estava sentado. Não demorou muito pra que ela descesse as escadas com os cabelos úmidos pingando sobre a blusa branca, fazendo com que eu – e provavelmente Judd, talvez os outros dois também – não conseguisse tirar os olhos dos seus peitos. Puta merda, eu sou um punheteirinho nojento.

— Meus olhos tão aqui em cima – brincou, se sentando entre a gente no sofá – E aí? O que vamos fazer agora?

— Dormir – resmungou Danny, jogando-se em sua coxa – Você não tem botãozinho de desligar, não?

Ela negou com a cabeça e se ajeitou para aconchegar Daniel em seu colo, me fazendo rolar os olhos. Abriu um sorriso lindo e me puxou pela blusa.

— Eu gosto de você também.

Piscou e continuou brincando com o cabelo do cara. Continuamos ali conversando e a vi trocando olhares intensos de “quero tirar tua roupa” com o Judd. O que essa criatura queria, afinal de contas?!

— Vou dormir. Boa noite pra vocês.

Subi pro quarto e arrumei meu colchão, para a bonita dormir na cama. Fechei o olho e me cobri, emburrado que nem uma criança mimada que havia perdido seu brinquedo pra adoção. Não sei quanto tempo passei ali deitado pensando na vida e naquela filha de uma puta que havia chegado nela – no caso, à minha vida – há menos de 24 horas e já havia virado minha cabeça.

Depois de algum tempo, senti mãozinhas pequenas parando sobre o meu tronco e um serzinho se deitando atrás de mim. Ela me abraçou forte e entrelaçou as pernas no meu tórax.

— Fica com ciuminho não, tá bem?

Beijou minhas costas e depois subiu na cama. Quando eu me virei para olhar pra ela, já havia dormido. Menina confusa, a menina Amanda. Suspirei, tentando dormir.

(...)

Na manhã seguinte, quando acordei, ela já havia arrumado a cama e posto minha roupa dobradinha em cima dela. Era muito prestativa, de fato.

Quando desci, Amanda lá estava, tomando café com minha mãe e com Zukie sobre o ombro. Essa palhaça estava achando que minha iguana era um papagaio de pirata.

— Bom dia – resmunguei, me jogando ao lado dela e mandando beijo pra mamãe – Os caras já acordaram?

— Ainda não. Dormem feito bebês esparramados na sala – brincou tia Sam, sorrindo e mordiscando uma torrada. Jogou um prato com cereais pra mim e eu fiz careta.

— Hoje é sábado – miei – Onde estão meus ovos?

— Pelo amor de Deus – resmungou Amanda – Deixa de ser criança e come logo.

Colocou a colher sobre meu prato e tomou um pouco do meu leite, o que me fez encará-la. Beijou-me a bochecha e voltou a comer. Quando terminou, recolheu os pratos da mesa e levou pra pia, lavando a louça e correndo de um lado pro outro, arrumando tudo o que via. Era praticamente a gata borralheira.

Quando Jazzie desceu, minha mãe grunhiu algum palavrão.

— Por que você não pode ser que nem a Amanda?! – perguntou tia Sam, chateada.

— Porque provavelmente ela não encheu a cara ontem.

— Na verdade, enchi sim – disse Mandie, ainda animada limpando a cozinha – Com a sua mãe!

— Mãe, você BEBE?! – berrou minha irmãzinha amável, incrédula.

— Eu e minha nova amiga bebemos Margarita.

Tia Sam sorriu e subiu. Jazzie sentou em seu lugar e encarou Amanda.

— Qual é a da Cinderela?

— É minha nova amiga.

— Amiga?

Dei os ombros, ignorando aquele tom malicioso. Quando Amanda terminou de arrumar tudo, pendurou-se em minhas costas.

— Eu quero ir pra locadora!

— Vamos. Eu trabalho hoje.

— Que merda, hein. Você trabalha aos fins de semana.

— Assistindo filmes e comendo twix.

— Posso trabalhar com vocês? – brincou, me puxando pra sala.

Quando foi acordar os garotos, simplesmente pulou em cima de Daniel – que aparentemente era o BFF dela – e começou a fazer um pequeno escândalo.

— Eu quero ir à locadora!

— Problema seu, piranha – resmungou Danny, levando um tapa estalado no meio das costas – Ai, porra!

— LEVANTA!

Bufou, saindo dali e me dando a mão, seguindo pra porta. Chegamos logo à locadora, e ela colocou um desenho qualquer e se sentou na minha cadeira.

— Eu gostei daqui.

— É ótimo pra se trabalhar.

— Eu trabalharia aqui.

— Posso falar com o dono, se você quiser.

— Cê faria isso por mim? – perguntou, e eu quase tive certeza de ver aqueles olhinhos lindos brilharem.

Dei os ombros e ela sorriu, abaixando a cabeça. Mordeu o lábio e voltou a assistir seu desenho. Não sei quanto tempo passamos ali em silêncio, apenas com o barulho das musiquinhas da Disney em volume baixo saindo da televisão. Mas era um silêncio gostoso.

Acho que todos os momentos que envolviam aquela garota eram gostosos. Ela tinha um ímã pra sorrisos e pra gargalhadas e possivelmente pra tudo de bom que uma pessoa pode provocar na outra.

— Ei, sobre ontem... – começou, me fazendo olhar pra ela – Não tem motivo pra você ter ciúme do Judd.

— Por quê? – perguntei, distraído com seus olhos.

— Porque eu sou lésbica.

— QUÊ?!


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