Me chamam de Corvo (Bulletproof) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 25
EPILOGUE Pt. 3: Sunghee VS Sunghee


Notas iniciais do capítulo

Agora sim nosso último capítulo. Eu amo!



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MSHON~

Eu já esperava que ele fosse meio que tentar me impedir. Por isso, eu abri minhas asas e fui com tudo para a sala da Eva, trancando a porta com diamante em seguida.

— Opa, tudo bom? — murmurou ela.

— Não, tá tudo na merda, mãe. Me leva pra ver a outrazinha.

— Outrazinha — Eva riu. — Legal esse apelido que deu pra você mesma. Tô ansiosa pra ver como vai ser isso. Entra no espelho.

Falando assim, parecia até que eu ia virar a Alice. Não seria nada mal. Bom foi bem parecido, na verdade.



Eu não via Sungheezinha desde a visita em massa. Foi a primeira e única vez que a vi, e ela era um bebê. Minha opinião sobre ela não estava lá essas coisas, mas ver ela no spa fazendo as unhas igual uma dondoca não foi muito engrandecedor. Eu fiquei sentada esperando ela me notar com a minha maior cara de indignada. Quando ela notou minha presença, deu um jeito de dispensar a galera ao redor dela por um tempo, o que achei ótimo.

— Oi. Você é…

— Min Sunghee. E você é Kim Sunghee. Que bom que a gente sabe.

Sungheezinha revirou os olhos, o que achei uma completa falta de educação.

— O que tá fazendo aqui? Sabe que hoje é meu aniversário, né?

— NOSSO aniversário. Então você sabe que eu não viria aqui se não tivesse um bom motivo.

— Que seria...?

— A sua falta de consideração com o Yoongi.

— Quem é Yoongi?

— O seu marido!

— Ih, tá viajando bonito… Pode falar minha língua? Se puder ser rápido, é melhor.

— O Namjoon não te deu educação, não, garota? Porque ele me educou muito bem.

— Ele me educou, sim. Miane, estou um pouco nervosa com a festa. Estou com medo de me atrasar.

— Aish, isso é mais importante que sua festa. Como não sabe quem é Min Yoongi se ele sempre te visita?

— Ah, você tá falando do Suga? Bem que disseram que ele tinha vários nomes. Só conheço esse, foi mal. Mas… Tá… Deixa eu tentar te entender… Que falta de consideração é essa que você tá falando? E que história é essa de marido?

— É, na verdade é bem complicado de explicar, mas… Você é casada com o Suga. E ele ficou muito chateado de ver você se pegando com o Samha.

— Pera, quando ele viu isso?

— Ah, faz uns dez minutos no máximo.

— Huuum, então quer dizer que ele me observa sem eu estar sabendo.

— Pera, você tava escondendo isso dele? Há quanto tempo você tem alguma coisa com o Samha?

— Dele só não. De todo mundo, minha flor. Meus pais nem sonham, e já faz uns dois anos.

— Aigoo, é mais grave do que eu pensava. Olha, eu sei que é estranho, mas… Você não pode ficar com o Samha. Não depois de tudo que o Yoongi… Que o Suga fez por você.

— O que ele fez por mim? Sentou algumas vezes e bateu papo, grande coisa. O Samha sempre esteve comigo em todos os momentos, sempre foi meu melhor amigo, me ajudando quando eu precisava. O Suga só aparecia quando estava tudo bem e depois sumia. Ele é legal, mas… Não é pra tanto. E mesmo que fosse, ele está morto, e eu estou viva, então é impossível. Você casou com o Suga, moça, mas eu não.

— Nós somos a mesma pessoa!

— Não exatamente. Tanto que eu estou viva e você está morta. Nós somos pessoas diferentes, mulher!

— A gente tem o mesmo DNA. E o amor tá no DNA! Você nasceu para ser apaixonada por ele.

— Se eu tivesse nascido pra ser esposa do Suga, eu seria, mas não é o caso. Eu amo o Samha, e você não pode mudar isso. Desculpa, mas não pode!

A coitada parecia toda gentil agora. E era racional, ela. Mas não me convencia.

— Eu sei que pra você faz sentido o que tá dizendo — expliquei. — Mas não é bem assim que a banda toca. Você ainda não conhece sua essência, e quando conhecer, vai descobrir que está errada. E outra… Acho que é até compreensível você gostar do Samha e se envolver com ele, até mesmo esconder do Jin e do Namjoon, mas não devia ter escondido isso do Suga. Você não faz ideia de como o magoou, e não vai poder consertar isso. Sei lá o que você sente por ele, mas seja o que for, ele merecia um pouco de consideração por todas as vezes que saiu do mundo dele para vir no seu só pra te ver. Isso não é grande coisa pra você, mas para nós é. Muitas vezes o Suga desmaiou depois de vir te ver, porque isso gasta muita energia, mas ele nunca desistiu de você. É mesmo uma pena que tenha sido tudo em vão.

— Sinto muito por isso. Sinto mesmo, ele é bem legal… Mas eu só queria entender… Por que é minha obrigação fazer alguma coisa por ele.

— Ele investiu em você!

— E onde VOCÊ entra nisso? Se somos a mesma pessoa, você não devia fazer alguma coisa por ele? Você está no mesmo plano, é muito mais fácil para você amá-lo e demonstrar amor.

— É muito mais complexo que isso…

Bateram na porta.

— Senhorita, temos que adiantar, ou não vai dar tempo.

— Tudo bem. Me desculpe, eu estava emocionada. Podem voltar.

Eu investi só mais alguns minutos observando a tarde de princesa da minha outra eu, enquanto tentava absorver alguma ideia do que fazer.

~MSHOFF

 

MSGON~

Eu estava no meu quarto chorando. O tempo da raiva tinha passado. Era o momento de ficar triste comigo mesmo. Tinha aprendido com Michung que as emoções se compartilham, e eu não queria dividir aquele tormento com ninguém. Eu não estava triste simplesmente porque não teria minha Sunghee. Estava triste porque eu fui tolo ao acreditar que um dia poderia tê-la. Era óbvio que era impossível dessa vez.

Depois de algum tempo, eu ouvi alguém destrancando a porta pelo lado de fora. Não precisei nem olhar para saber que era a Sunghee Noona, usando uma chave de diamante. Odiava quando ela fazia aquilo, por isso passei a ir para a Casa Daegu quando queria ficar sozinho. Mas lá teriam as crianças me perguntando por que eu estava daquele jeito, teria a Minji tentando me consolar, e eu não queria. Não estava disponível para catarse.

Eu escolhi esperar por ela. Sabia que ela viria, e estava até preocupado com o resultado da experiência no Primeiro Mundo, mas não ousei perguntar. Estava abalado demais para qualquer coisa. Ela trancou a porta e sentou na cama, do meu lado.

— Como você está?

— Como pareço estar? — perguntei, com um fio de voz, e fechei os olhos como alavancas para libertar a próxima porção de água salgada. Eu tive muita coisa para dizer na hora da raiva, mas naquele momento, eu não precisava dividir mais nada. Ela sabia muito bem da minha situação, e não podia fazer nada. Ninguém podia, e eu não me senti disposto a gastar saliva com o que não era nenhuma novidade. Só queria tentar convencer a mim mesmo. — Eu perdi. Todo o tempo, todo o amor, eu perdi.

— Você ainda tem a mim.

Eu mantive meus olhos fechados. Às vezes eu me sentia mal pela minha relação conturbada com a noona. Eu sentia que ela estava completamente apaixonada por mim, o que também estava sendo uma novidade naquele dia. Ela nunca tinha dado sinais muito claros de que via em mim seu Yoongi, mas de repente ela dizia explicitamente. Eu não tinha exatamente a mesma sensação. Eu me sentia atraído por ela o tempo todo, todas as suas atitudes chamavam a minha atenção, e não era raro que eu sentisse vontade de beijá-la ou dizer que a amava. Eu a amava, ela era a Sunghee, em essência. Mas eu não me sentia livre para ter nada com ela, porque isso a destruiria, e a companhia dela era importante demais para que eu me sentisse sozinho.

— Você está certa. Você é tudo o que eu tenho agora.

Não demorou para que eu sentisse os dedos dela entre os fios do meu cabelo. Ela sempre fazia isso, e como eu amava aquela sensação. Durante 15 anos, aquele tinha sido nosso beijo. Me lembrava da linha passada, da dimensão dela, quando ela secou meu cabelo depois que eu peguei chuva. Tinha acontecido exatamente no mesmo lugar, mas na outra dimensão. No outro tempo. Um tempo em que era a ignorância de Jungkook que nos mantinha separados. Não era o caso. Jungkook não estava nem aí, aquela nem era sua filha, e mesmo se fosse, ele sabia que éramos, de fato, um casal. O que nos impedia era mais forte do que a vontade de qualquer pessoa. Era uma diferença que realmente a destruiria.

Pensando nesses aspectos, fui surpreendido quando ela beijou meu rosto. Acontecia, às vezes, mas era muito mais raro. Sua mão desceu do meu cabelo, contornou meu rosto e parou no pescoço que ela beijou. Aquilo era novo. Pior, aquilo devia ser proibido. Eu abri meus olhos devagar, pronto para recriminá-la.

— Sunghee…

Ela me ignorou, e eu odiava quando ela me ignorava. Começou a distribuir beijos delicados pelo meu rosto, enquanto eu tentava gentilmente segurá-la. Emoldurei seu rosto, tentando ser um obstáculo que pudesse lembrá-la do perigo que aquilo representava, mas ela continuou e me beijou na boca, tão leve quanto os outros beijos.

— Sunghee! — eu protestei e segurei seus ombros para afastá-la de mim. — Para com isso! Vai te machucar.

— Eu não ligo.

— Mas eu ligo. Eu não posso perder você. Eu não posso perder a única parte sua que me resta!

Sunghee Noona segurou meus pulsos e usou sua força para puxar meu braços para os lados do meu corpo enquanto se aproximava completamente de mim, rapidamente colocando nossas testas e narizes em contato direto. Eu podia ver as constelações dentro de suas íris.

— Confia em mim.

— Sunny… — eu protestei como uma criança resmungona.

Ela soltou meus pulsos e segurou meu rosto com tal firmeza que poderia-se supor que ele corria o risco de cair.

— Confia. Em. Mim. Min Yoongi. Você confia em mim ou não?

Eu não confiava que era seguro ir adiante… Mas eu confiava nela. Eu não sabia o que iria acontecer, mas me entreguei cegamente. Minha boca avançou para seu beijo, minhas mãos avançaram para seu corpo, e eu podia finalmente tê-la. Não a minha Sunghee ou a Sunghee de quem quer que fosse. Acreditei que ela era puramente Sunghee, fosse Min, Jeon ou Kim. Dentro de qualquer uma corria o mesmo sangue, que era o sangue da única garota que eu amava profundamente.



Eu me lembrava de ter caído de sono na minha cama, com ela do meu lado, então esperei vê-la quando acordei. Abri meus olhos e pisquei algumas vezes, visualizando, por enquanto, apenas meu quarto escurecido. A luz vinha de fora, do restinho do dia, da lua que chegava e das estrelas que a acompanhavam. Tinha dormido a tarde toda, o que já era de se esperar. Não senti Sunghee em meus braços, mas soprei longe para acender todas as lamparinas.

— Aigoo — murmurei, me sentando de lado. — Não, não, não… Aigoo…

Comecei a chorar instantaneamente, enquanto minhas mãos começavam a se encaminhar para aquele monte de cacos de porcelana. Eu mexi nos cacos lentamente, como se ainda pudesse encontrar um pouco de Sunghee ali. Fechei meus olhos o máximo que eu podia, como se isso pudesse fazer a dor passar, enquanto me curvava para a frente, porque não tinha força para me sustentar. A dor estava acabando comigo enquanto eu chorava sem nenhum intervalo. O som da minha voz lamuriante ecoava no quarto vazio e evidenciava a ausência de qualquer pessoa que não fosse eu. Evidenciava a existência da solidão à qual eu chegava mais uma vez. Solucei sobre aquele monte de cacos molhados ignorando a ardência nos meus olhos. Eu pensei que tinha experimentado a dor mais forte no momento da minha morte. Depois, no momento da minha catarse. Não. A dor mais forte era o resultado da perda do amor mais puro que tinha se tornado equivalente ao ar do Primeiro Mundo. O amor que eu duvidei, por muito tempo, que pudesse existir. O amor sem o qual a minha existência tornava-se o completo vazio sem nenhuma razão de existir. O amor que tinha se partido em incontáveis cacos de porcelana… Porque eu havia sido tolo novamente. Eu havia permitido aquela relação proibida com o único fragmento de amor que me restava. Eu me permiti brincar com aquele pedaço precioso e frágil de fôlego. Eu assumi o risco de quebrá-la, um risco que eu não me atrevi a assumir durante quinze anos. Eu me deixei levar pelo encanto daquele brilho. E, finalmente, a perdia por ter tomado uma decisão ingênua demais.

Eu sempre julguei Baekhyun por ter matado Jungkook, por ter continuado a maldita bola de neve. Na segunda vez, dois conseguiram se salvar, mas eu ainda o julgava. Julguei Baekhyun por ter assassinado seu amor sem saber quem ela era… Mas eu me tornei pior. Eu assassinei meu amor sabendo que poderia estar fazendo isso. Eu extingui minha razão de existir, extingui o poderoso e magnífico brilho que dava sentido a todos os meus dias, por mais que eu me recusasse a enxergar. Eu merecia ser punido.

Eu peguei um caco qualquer e apertei minha mão. Eu gritei, sem saber a qual dor eu estava respondendo, mas nenhuma das duas parou. Mantive minha mão fortemente fechada, mesmo quando ela começou a tremer em seu próprio reflexo. Meu corpo parecia ser mais inteligente do que eu. Eu não parei de chorar nem por um minuto. O sangue começou a pingar sobre os cacos, e até o sangue me fazia lembrar dela. O amor estava no DNA. Concluí, então, que meu corpo não era mais inteligente do que eu. Ele guardava uma grande reserva de amor inútil que só sabia me fazer sentir dor. Eu queria que todo aquele amor inútil escorresse para fora de mim por meio daquelas feridas, mas sabia que era impossível. Eu teria que conviver com aquela dor, que fazia parte de mim a partir daquele momento sombrio em que eu compreendia que a minha existência ainda dependia do amor solitário e doloroso que se espalhava em todos os fragmentos do meu ser.

De repente, em meio ao meu incessante derramamento de sangue, suor e lágrimas, pensei ter ouvido um piano. Provavelmente era Jungkook em algum lugar, mas o som me fez olhar ao redor. Havia um manequim no quarto, e eu não o tinha notado antes. O manequim vestia o terno azul que eu tinha usado na dimensão anterior. Vi de longe que havia um bilhete alfinetado ali. Dei uma última olhada para aquele monte de desgraça sobre a minha cama e me levantei. Cheguei perto do manequim e li o bilhete.

“Aproveite a festa. E não se atrase”.

Não me atrasar. Isso me lembrava do maldito Samha. Mas a roupa fina, que era toda conhecida por mim, tinha um novo acessório: um relógio de bolso.

— Como o coelho branco — notei.

Olhei para os cacos na cama e depois de volta para o relógio. Entendi que algo importante estava para acontecer. Me vesti rapidamente, sem abrir mão do cuidado com a ferida e com a elegância. Depois de dar uma última olhada no espelho e garantir que tudo estava no lugar, guardei o relógio e saí do quarto.

A Casa do Juízo estava estranhamente vazia. Caminhei até a Sala da Eva para projetar, mas encontrei Hoseok saindo de lá esbaforido.

— Tá indo pra onde? — ele perguntou.

— Para a festa, ué.

— A festa é para o outro lado. Vem, estamos atrasados.

— Como assim? — perguntei, já indo atrás do apressado. — Me explica essa história direito, Hoseok.

— Explico. Os três estavam indo para a festa, passaram pela ponte, um motorista veio bêbado na contramão e jogou a Ranger dentro d’água. Então a festa mudou de local — disse ele, antes de abrir as portas do salão.

Encontramos uma festa muito parecida com a da linha anterior. Era o mesmo local, a mesma decoração e QUASE as mesmas pessoas. Abel, Minji e Baekhyun eram novidades que me faziam lembrar que eu estava em meu segundo ciclo de existência, em uma situação diferente. A orquestra não era mais de amigos de Géssyca. Eram os meus filhos. Bom, alguns deles. Tocavam lindamente o Danúbio Azul, enquanto a multidão de pessoas se reunia para ver o que acontecia no círculo central. Eu e Hoseok subimos para o corredor superior e observamos Jungkook dançando com Sunghee. Que Sunghee? A única. Ela não era a Sunghee Noona, que tinha reencarnado, deixando sua marca e todas as suas impressões sobre o que viu na vida anterior e sobre o que viu neste ciclo na Sungheezinha, que tinha morrido no acidente de carro e não era mais nenhuma inha. Ela era a Sunghee. A minha Sunghee.

Ela dançou com seu pai de sangue, de quem lembrava muito bem graças às memórias do ciclo passado (e de quem sentia muita falta). Depois, com Hoseok e Jimin, os oppas com quem ela nem tinha convivido naquele ciclo, mas ainda eram os oppas que lhe ensinaram tantas coisas no passado. Depois, com seus pais adotivos, recém-chegados como ela. O que era uma novidade naquele momento era que, na festa anterior, Namjoon e Jin Hyung ainda não sabiam muito bem dos sentimentos, e dessa vez eles já chegavam casados, pais adotivos que a criaram bem, apesar de toda a influência que não vinha de Abraxas, mas de uma sociedade manchada. Aquelas eram as duas únicas danças que estavam nos planos dos três para aquela noite. Por último, foi a vez de Taehyung, que tinha sido como um irmão mais velho da primeira vez, mas, graças à diferença de mundos, havia sido substituído pelo próprio primo. Ou era o que eu achava, né…

No fim das danças, eu me aproximei da escada que dava no círculo. Sunghee me procurou no meio da multidão e virou até me encontrar no topo. Uma parte de mim tinha medo daquela reação, mas a outra parte já sabia que ela sorriria para mim. Era ela, uma menina cheia de DNA que a fazia ser apaixonada por mim. Era a mesma Sunghee que tinha me prometido que o amor não dependia de nada a não ser o fato de sermos Yoongi e Sunghee, condenados a carregar o sangue de quem sofre pela separação e se felicita com o reencontro. O sangue de quem foi destinado a pertencer um ao outro.

Minha vontade era correr, mas eu desci civilizadamente como pedia a festa. Passei o olho pelos nossos filhos que observavam com olhinhos atentos na orquestra. Ao redor, o Juízo, as pessoas queridas que havíamos conhecido no Primeiro Mundo, e as pessoas não menos queridas que havíamos conquistado com nosso bom trabalho. Pessoas que se importavam conosco. Lancei meu olhar para Jungkook e flagrei seu sorriso aprovador, na certeza de que ele tinha todo o conhecimento de que precisava para não nos fazer sofrer pela segunda vez. Finalmente, olhei para ela, quando a orquestra de Daegu já começava a tocar nossa música. Pensei em dizer alguma coisa, mas decidi apenas dançar com ela, como da primeira vez.

Sinceramente? Fazia muito tempo que eu não me sentia tão feliz. Eu dançava com ela, e meu coração dançava comigo. Estávamos juntos novamente, como nos velhos tempos. Eu não tinha dúvidas de que ela era a mesma. Senti ao tocar sua pele que ela se lembrava de mim, se importava comigo e me amava. E eu a amava também. Eu sentia minhas mãos tremendo e tentava segurar o riso bobo de quem volta a amar. Ela não tentava nem disfarçar: abria aquele sorriso brilhante que me fazia derreter.

Depois de dançar, exatamente onde começaria a encenação, eu a beijei e o som dos aplausos foi como a chuva que começa de repente. Só tinha uma coisa melhor que reencontrá-la: Reencontrá-la com todas as pessoas que se importam conosco ao redor, torcendo pela nossa felicidade.

— Eu te amo — ela disse, finalmente.

— Eu te amo — eu disse, desacreditado, como se só naquele momento conseguisse concretizar que aquilo tudo era real.

E então, eu acordei.

Tudo havia sido um sonho.

Acordei sobre os cacos de porcelana ainda dispostos sobre a minha cama com a certeza de que jamais a teria de volta, que a existência não era incrível como o país das maravilhas…

Ah, peguei vocês! Esses últimos três parágrafos foram mentira. A eternidade seria incrível dali em diante!

~MSGOFF


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Notas finais do capítulo

Aaaaah se não tivesse trollagem não era Suga! Muahahahah (mentira, era sim, tem nada a ver uma coisa com a outra).
Espero que vocês tenham caído na trollagem e que tenham aproveitado mais essa fic. Em breve vou postar Me Chamam de Rei, a gêmea sombria dessa aqui... Que não tem nada a ver com a série Bulletproof, a não ser algumas relações entre personagens.
Até lá!



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