Me chamam de Corvo (Bulletproof) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 20
Quando a vida decepciona, qual é a solução?


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, a vida tá meio louca. Estive na Feira Literária de Maringá esse fim de semana, e só agora estou voltando ao normal!



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Não tinha mais clima para treino, é claro. Cada um foi para sua casa, e eu, Namjoon e Sunghee fomos para o SNUH, de novo. Aquele lugar sempre me deixava mal. Era onde meu tio ficava a maior parte do tempo. Era onde Hoseok tinha morrido, onde Yumi tinha morrido, onde eu tinha ficado em coma e descoberto a verdade sobre Kim Chung Ho. Agora, mais uma infelicidade se acumulava ali. Eu não tinha do que reclamar, era um bom hospital e ajudava muita gente. Era a casa da Michung, era onde Sunghee tinha nascido, era onde Momo teria sua recuperação. Era um bom lugar, mas guardava muitas sombras.

Imaginamos que demoraria para termos notícias, então decidimos visitar a Michung, aproveitando que, daquela vez, o treino estava sendo pela manhã. Pedimos à recepcionista, que também já estava nossa amiga, para avisar ao Sehun que estaríamos lá.

O médico da Michung, outro velho conhecido, foi nos levar.

— Tem uma galerinha querendo te ver, mocinha.

Como sempre, Michung abriu seu radiante sorriso ao nos ver.

— Oi, família. Como vão as coisas?

— Até que vão bem… — eu disse. — Só que… Uma das atletas acabou de ter um acidente.

— Aigoo! O que houve?

— Nossa principal flyer errou o lançamento e caiu fora da elevação — explicou Namjoon. — A sorte foi que ela caiu no tatame, acho que seria pior se fosse no chão.

— Com certeza seria… Mas a competição não está chegando? O Sehun Oppa estava bastante ansioso por isso…

— É essa semana — eu falei, sentando com Sunghee no colo. Estava cansado demais para lidar com aquilo, e o desespero começava a tomar conta.

— E o que vocês vão fazer?

— Teremos que adaptar a rotina de algum jeito — disse Namjoon.

— Sim — concordei. — Mesmo que não tenha sido nada grave, e não acredito muito nessa possibilidade, não posso colocar uma atleta machucada na competição.

— O pior era que a Momo tinha muita participação. Ela estava em todas as partes de elevação, era a única flyer nessa situação. Vamos ter que mexer tudo.

— Eu não posso abrir mão de ter cinco flyers — confessei. Minha cabeça estava fervendo. Tinha uma rotina toda pronta na cabeça, e de repente tudo estava se mexendo. — Vamos ter que colocar a Tzuyu.

— Tem certeza? — perguntou Namjoon. — Tipo, eu sei que a Tzuyu está começando a treinar para ser flyer, mas é muito pouco o que ela sabe…

— Não tem outra opção, Nam. Não tem ninguém que saiba mais que a Tzuyu. Ela sabe pouco, mas pelo menos sabe alguma coisa. Ela ainda tem algum equilíbrio, não tem medo de cair. Tenho certeza que qualquer uma vai ficar com medo. Ela só precisa entrar nas partes de cinco flyers, são só duas.

— E uma tem o mortal. Só pra lembrar que a Momo levou uma semana pra aprender, e é a Momo. Nós temos menos que isso.

— Mas naquela época eram dois treinos por semana. Estamos fazendo mais. Eu acho que ela consegue. Mesmo assim, prefiro deixar ela fora quando puder.

Alguém bateu na porta e entrou em seguida.

— Espero que estejam planejando uma nova rotina com 24 atletas — disse Sehun.

— É o que estão fazendo — comunicou Michung.

— E como é que vai ser? Eu posso ajudar em alguma coisa? — perguntou ele, puxando a cadeira para sentar.

— Deixa eu pensar… — falei, enquanto Namjoon gentilmente pegava a Sunghee do meu colo para me deixar mais à vontade com o novo planejamento. — Primeiro movimento. Tem três lançamentos, e a Momo está em um deles, mais três saltos com spotter, ou seja, salto com uma pessoa atrás sustentando.

— As flyers que lançam são Momo, Joy e Somin, e as flyers com spotter são Sooyoung, Mina e Tzuyu.

— A gente tira um spotter. Coloca de base frontal, só pra fingir. Vamos botar a Sooyoung pra lançar.

— Tô anotando — disse Sehun.

— E na dança? — perguntou Namjoon. — Formação em avião, tinha ficado tão bonitinho...

— Sehun sabe dançar, não sabe?

— EU? — perguntou ele, como se a hipótese fosse um absurdo.

— Ah, sabe sim — entregou Michung. — Ele fazia aula.

— Fazia, Mi… Fazia. Do verbo não faço mais.

— Te coloco na última linha — lancei a proposta. — Só pra fechar o aviãozinho.

— Vocês querem muito de mim, sabe? Espero que eu pegue essa coreo…

— É moleza — garantiu Namjoon.

— E enquanto eu não estiver dançando? Eu não sei fazer nada de Cheer.

— A gente vai te encaixar em algum lugar — eu disse. — Sabe dar estrelinha pelo menos, né?

— Sim senhor.

— Então fica mais fácil. Bom, depois disso temos a primeira parte de stunt com cinco flyers. Preciso que o Sehun faça base frontal em alguém. Deixa eu pensar… Namjoon precisa estar no stunt de trás, com a Tzuyu. É em diagonal e a Momo estava na frente, preciso chegar todas as flyers um stunt para a frente. Sehun pode ficar de base frontal onde tava a Tzuyu.

— Que era o stunt da Momo — lembrou Namjoon.

— Isso. Tá ótimo. O movimento seguinte é com três stunts. Dá pra colocar a Joy no lugar da Momo. A Joy faz scorpion, não faz?

— Se não fizer a gente inventa outra coisa pra ela. Ela tá no meio, pode ser a diferentona.

— Pode, mas eu não gosto disso. Não fica limpo.

— Também acho que não — opinou Michung.

— Talvez seja o jeito — disse Namjoon. — Mas tenho quase certeza de que ela faz scorpion.

— Okay, então. Sehun faz base frontal.

— De novo?

— A não ser que você queira fazer parada de mão com rolamento…

— Base frontal tá ótimo.

Eu ri.

— Continuando. Depois temos os mortais. As quatro vão ter que fazer. Quem não fazia, mesmo?

— Sooyoung — lembrou Namjoon. — Se ela não conseguir o mortal, vai ter que fazer a coligação, e uma das que estão coligadas vai ter que fazer o mortal.

— Agora eu boiei — disse Sehun.

— Depois você vai entender — disse Namjoon. — E depois, bae?

— Aí vem a segunda parte com cinco flyers. Eu preciso que a Tzuyu fique no meio, mexer nisso vai dar muito ruim.

— E você precisa que ela dê um mortal no lançamento. Isso é doideira, hyung.

— Talvez seja, Nam, mas não tem outra opção. Ah, Sehun, você já sabe como está a Momo?

— Ela fraturou a tíbia direita.

— O que é tíbia? — boiei.

— O osso da perna — explicou Sehun, e eu senti um arrepio. Deu pra entender por que ela estava tão mal.

— É… Nem que eu quisesse colocá-la.

— Foi o que eu disse — ressaltou Sehun, também com aspecto de cansado. — Vocês podem visitá-la, se quiserem. Já ligaram para os pais dela, também.



Nós visitamos a Momo, muito para deixá-la tranquila com relação à competição. Precisávamos deixar claro que daríamos um jeito de ir sem ela, e que ela deveria focar em sua recuperação. A mãe dela chegou um pouco depois, e estava meio indignada comigo, mas a Momo disse que foi ela quem errou. Eu não tirei a razão da mãe da Momo... Imagina, se a Sunghee tem uma fratura na tíbia direita, eu processava todo mundo!

Depois que fomos embora (nem pra aula eu tava com cabeça), mandei mensagem para o time dizendo o que havia acontecido. Além disso, comuniquei que Sehun iria entrar no lugar de Tzuyu e Tzuyu ia ficar no lugar da Momo. A rotina reformulada foi enviada depois, e marcamos mais ensaios devido à urgência da situação.

No dia seguinte, começamos a treinar Tzuyu para ser flyer, principalmente com relação ao lançamento. Além disso, Sehun para ser base e para pegar a coreografia. Havia muito trabalho a ser feito.

Eu passei muito tempo com Tzuyu na cama elástica, ensinando-a primeiro a dar o mortal normal, para depois ficar mais fácil de pegar o mortal do lançamento. Eu ainda tinha que descer para dar rumos para a rotina, ver como estavam indo as mudanças. O pessoal dos stunts estava muito confuso com a rotação das flyers na primeira parte de cinco flyers, então eu tive certeza de que precisava mudar o mínimo possível na segunda parte. Isso significava que Tzuyu ia ficar no meio de qualquer jeito. Me animou o fato de que ela pegou o primeiro mortal no primeiro dia de treino, mas só teríamos mais um dia. Só teríamos a quinta-feira, porque não se treina em véspera, e eu escolhi seguir isso mesmo com a situação tão crítica. Antes de ir embora naquela quarta-feira, eu pedi a todos para escutarem o Cheer Mix o quanto pudessem, passando a nova configuração da rotina na cabeça.

Eu precisava que todos estivessem prontos no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

Eita, Sehun, vai lá ser base...
Eita, Tzuyu, vai lá ser flyer...
Tudo se encaminhando, socorro.
E se vocês acham que as tretas acabaram, estão enganados... Pelo menos a próxima é a última.



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