Me chamam de Corvo (Bulletproof) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 19
Jin Coach


Notas iniciais do capítulo

Preciso começar esse capítulo com a maravilhosa notícia de que a extra que Jenny tava fazendo finalmente começou a ser postada! Leiam, gente, é muito engraçada. Eu dei só uma mãozinha na parte mais literária e na capa, com a qual estou in love.
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Receber seis mortos em casa poderia ser considerado minimamente normal. Receber a versão adolescente — e, pior ainda, casada com Yoongi — da minha filha... nem tanto. Foi uma situação até engraçadinha, a interação entre elas. A bebê reagiu às aparições, o que nos fez perceber que, tal como Yonseo, ela era médium. Os fantasmas não sabiam disso, porque a Sunghee mais velha era de uma outra realidade na qual ela nem chegava a nascer. Disseram que tinha muita história para ser contada, e que nunca teriam tempo para tal. Mesmo assim, valeu a visita, mesmo que imaginar Yoongi e minha bebê casados ainda fosse extremamente estranho. Antes de ir embora, Yumi reforçou algumas coisas sobre o Cheer e disse que manteria contato.



Sehun passou o fim de semana lá em casa para ajudar o Namjoon, já que eu ficaria em função do curso. Foi um intensivão com aulas em todos os horários de manhã e de tarde. Teve teoria, onde aprendemos sobre tipos, nomes e pontuação de movimentos, sobre categorias de times e essas coisas… Até quantas batidas por minuto deve ter um Cheer Mix. E teve prática, reforçando os saltos e stunts em todas as posições. Fiz as provas práticas e teóricas para ser aprovado. Cheguei em casa com meu diploma na mão.

— Não me chamem mais de Jin. Agora eu sou “Jin Coach”.



Realmente, preparar uma rotina, treinar um time, cuidar de um bebê, de uma casa e ainda focar nos estudos, tudo ao mesmo tempo, não era nada fácil. Minhas sortes eram 1) que o PD tinha me dado a licença e eu não precisava trabalhar 2) que o time estava colaborando e 3) que o Namjoon estava fazendo de tudo para me ajudar, mesmo sem ter nenhuma obrigação. O Sehun não ficava tão atrás. Ele tinha nos apoiado desde o início porque queria ver o time crescer, mas a relação com a gente se estreitou muito desde que começamos, principalmente por causa da Sunghee. Ele não era só um presidente, muito menos só um médico. Era um amigo que praticamente fazia parte da família.

O time optou por focar no Nacional e deixar o Champions Cheers de lado. No começo, ficamos treinando só os movimentos que queríamos encaixar, já que precisaríamos da música para colocar tudo junto, e Namjoon ainda a estava desenvolvendo.

Ele queria começar com uma música impactante, mas deixando a mais impactante para o final. Decidimos perguntar ao time se alguém tinha sugestões.

— Eu tenho — disse Jiwoo, mexendo no celular. — Descobri duas músicas nesse fim de semana, acho que devemos usar.

Jiwoo deu play na primeira música. De cara, era uma batida interessante, que eu conhecia de algum lugar. De repente, eu ouvi a voz de Yoongi.

— Bultaoreune.

Enquanto a música continuava, eu olhei para Namjoon, tentando entender o que raios estava acontecendo. Fire era uma antiga composição, guardada em nossa gaveta por muito tempo, mas nunca foi gravada. Mesmo assim, ouvimos a música cantada pelos nossos falecidos amigos, em alta qualidade, até o fim do primeiro refrão.

— Tem outra — disse Jiwoo.

Ela tinha um jeito parecido, mas era inédita aos nossos ouvidos. Mesmo assim, a primeira fala era do Nam.

— All the underdogs in the world.

— Quando você gravou isso? — perguntei.

— A day may come when we lose.

— É… Eu não gravei.

— But it is not today.

— Mas é a sua voz.

— Today we fight.

Yoongi fez seu rap. A música era bastante interessante, mas eu ainda não conseguia entender como era possível ela existir e, menos ainda, como Jiwoo tinha acesso àquilo. Eu só acreditei que algo muito louco estava acontecendo quando apareceu a minha voz, sendo que eu nem conhecia aquela música. Tentei ignorar aquela loucura toda e prestar atenção na sugestão. Ela era realmente boa para ser colocada em uma rotina. Comecei até a pensar o que poderíamos fazer de movimento. Namjoon, pelo visto, achou o mesmo.

— A gente precisa colocar essa! — disse ele, animado.

— A gente precisa colocar as duas — corrigi. — São músicas maravilhosas para uma rotina. Vocês não acham?

Nossa galera concordou. Abri para novas sugestões do que poderíamos fazer, já que queríamos autorais, e todas elas eram muito boas. Marcamos o dia na Big Hit para as gravações que faltavam, e depois Namjoon fez o mix. Começamos a passar a rotina do Nacional.

A rotina começava com as três flyers principais (Momo, Joy e Somin) fazendo lançamentos enquanto o restante fazia ginástica estática. Era o começo de Fire. Em seguida, vinha B-Day na dança com motions em movimento. O refrão de Boombayah foi nosso bloco de dança finalizando com bloco de salto. Depois vinha a segunda parte de Fire com cinco stunts em diagonal. I Got a Boy marcava uma queda em berço que vinha antes de ginástica com carreira cruzada. A última música era Not Today, que abria com três stunts, passando por quatro stunts com mortal, até chegar a cinco stunts com liberty, avião e um belíssimo lançamento com mortal de arrasar. O fim era uma pirâmide maravilhosa.

Os treinos durariam sete meses, por isso eu coloquei alguns desafios no caminho, como elevação com troca de pés, elevação única máxima, elevação em 90° e mortal coligado. Nada disso superava a dificuldade do mortal que as cinco flyers tinham que fazer dentro do lançamento no final. Prova disso foi que todo mundo ficou apavorado com a minha demonstração na cama elástica. Os equipamentos novos, em geral, estavam fazendo toda a diferença. Fomos mudados para um tipo de salão que estava parado no bloco F para ter espaço para as duzentas placas de tatame, dois colchões grossos, dez colchões finos e mais a cama elástica, que também não era nenhum brinquedinho, além do cercadinho da Sunghee, para ela ficar à vontade sem nos atrapalhar. Ficou mais fácil ensinar as flyers a fazer os mortais. Momo, é claro, foi a primeira a conseguir… E pasmem, Namjoon foi o primeiro aprender a fazer flic flac.

O avanço dos meses trouxe algumas mudanças óbvias, como o crescimento da Sunghee, a reforma lenta da casa e o avanço nos períodos, e outras não tão óbvias assim, como o namoro de Sehun e Yonseo, que aliás ganhou certa vaga na recepção de certa empresa de entretenimento que proporcionou certa bolsa de estudos na Faculdade de Música da SNU. Era plano ela entrar no time assim que começasse a cursar.



Tudo estava indo muito bem na rotina, até que aconteceu o maldito acidente naquela terça-feira. De todas as pessoas que eu poderia perder naquele momento crucial de uma semana antes da competição, Momo estava no final da lista. Mesmo assim, o destino escolheu a minha melhor flyer para errar o mortal e cair fora do berço. Ela gritou na mesma hora e a rotina toda parou para ver o que tinha acontecido. A galera do stunt (incluindo eu mesmo, que estava de spotter) e as meninas da turma dela ficaram alarmados para tentar ajudá-la. Minha primeira reação foi mandar Namjoon ligar para o Sehun imediatamente. Pedi para todos se afastarem, porque mexer nela poderia agravar a situação. Além disso, ela precisava respirar. Me abaixei ao lado dela e segurei sua mão, enquanto ela se queixava de dor. Pedi que ela focasse na respiração. Eu parecia calmo naquela hora, mas na verdade eu estava em pânico, não porque sabia que era o fim da minha rotina de sete meses, mas porque eu não queria que nada de ruim acontecesse com os meus atletas.

Sehun chegou um pouco depois, trazendo dois paramédicos e uma maca. Momo foi colocada na maca com cuidado e levada para o SNUH. Assim que sumiram do nosso campo de visão, todos olharam para mim, como se eu devesse dizer o que seria de nós dali em diante. E eu não sabia responder.

— E agora, Jin Coach? — perguntou J.Seph.

— Essa é uma excelente pergunta.


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Notas finais do capítulo

Ferrou, bicho.
Tudo que eu escrevo acontece, espero que essa desgraça não se manifeste no meu time (se bem que uma de minhas atletas já está para desistir). Ah, é, tem isso também, né... Agora eu sou coach, tipo o Jin. O coaching vem do além quando você menos espera huehuehue.



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