Dangerous Girl escrita por WeekendWarrior


Capítulo 5
Pretty Baby


Notas iniciais do capítulo

Sintam-se à vontade para expressar suas opiniões. Obrigada.
Boa leitura. xx



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Ela é uma adolescente, apenas uma adolescente, apenas alguns anos a separaram da infância. E eu aqui, um homem vivido, caído e levado pelos encantos de uma ninfeta. Era só o que me faltava!

Não posso deixar levar-me, preciso tentar esquecer o calor de seu corpo e o gosto de sua boca, a maciez de seu corpo, seu cheiro e… Maldição!

Apoio minhas mãos no volante e tombo a cabeça ali, cansado. Preciso tirar essa maldita de meus pensamentos, preciso parar de pensar nela, parar de pensá-la nesse modo nada inocente, parar de desejá-la.

Porém sinto-me mais atormentado que antes, muito mais. Carmen não tem aparecido para as aulas, não a vejo nas ruas, a garotinha simplesmente sumiu, deixando-me com sua última lembrança; o gosto de seus lábios.

Remoí cada ato e palavra daquela noite em que a garota apareceu para mim, toda cheia de si e entregue. Tudo leva-me a pensar que já esteve com homens mais velhos, que algo a tormenta, que precisa de ajuda. Ou devo apenas estar louco… Deus, como preciso vê-la.

Solto um último suspiro e saio do carro, pego minha pasta de couro e ando em direção ao prédio decadente. Atravesso o campo repleto de alunos e lamparinas fluorescentes. Subo as escadas lento e tomo o rumo para a sala dos professores.

Enquanto atravesso o mar de alunos e seus olhares impiedosos, penso em quão bom seria poder ter um outro acesso a tal sala. Ajeito minha gravata e num ímpeto levanto meu olhar e lá está ela. Encostada num armário em sua típica saia expondo as pernas pálidas. Porém a garota não está sozinha, tem a companhia de um garoto, o mesmo tem o braço apoiado no armário ao lado de seus cabelos compridos. O olhar lânguido encontra o meu e seu sorriso se desfaz, encara-me séria, extremamente linda.

A fito enquanto posso, é como uma miragem, sinto-me aliviado ao vê-la, ao saber que está bem e que está aqui. Essa última semana pensei nela mais do que o normal, quando levantava-me até a hora de deitar-me. Sinto-me envergonhado.

Logo estou longe do alcance de seu olhar, perco-a de meu ponto de vista e não atrevo-me a virar o rosto para fitá-la. Vendo-a, a única coisa que penso é em seus lábios nos meus, numa atitude maliciosa e errônea. Simplesmente erroneamente bom.
 

Durante a aula seus olhos me queimaram por exatamente cinquenta minutos. Lambia os lábios, fitava-me sem pudor, por sorte sentava-se no fundo e seu cheiro não chegava a mim. Fazia o possível e impossível para não fitá-la, mas era irrealizável, meus olhos iam para os seus como um ímã é puxado pelo metal.

Não haviam sorrisos nem tentações, apena um olhar vazio e ao mesmo tempo cheio de promessas. Indagava-me o que se passava em sua mente enquanto eu estava ali, na frente, tentando explicar a matéria.

Na hora que o sinal bateu para a próxima aula, saiu com os demais alunos, não ficou, não fitou-me, sumiu em sua saia curta de pregas vermelhas. Suspirei cansado e apoiei-me no quadro.

 

Havia ficado até mais tarde, tinha algumas provas para corrigir, faria metade aqui e metade em casa. A sala de aula vazia dava-me conforto, sem a falaria parecia outro local.

Peguei a trigésima prova e meus olhos pularam de questão em questão, marcando as certas e as erradas, por fim lançando a nota.

— Já é bem tarde professor Watson.

Virei-me para avistar a zeladora na porta, a senhora sorria-me. Instintivamente constatei o horário em meu relógio de pulso, havia ficado quase uma hora aqui.

— Tem razão, Maria – disse já guardando minhas coisas – Boa noite – acenei e sorri ao passar por ela que entrava com seus acessórios de limpeza.

— Boa noite, sr. Watson.

Passei pelos corredores irreconhecivelmente vazios e abri a grande porta que dava para a frente e estacionamento do colégio. Meus olhos passearam em busca de meu carro, mas meu olhar foi direcionado para outra coisa. Lá estava ela, de costas, sentada num banco de concreto, mesmo de costas eu sabia que era ela.

Soltei o ar de meus pulmões e segui pelo gramado em sua direção. As luzes fracas das lamparinas velhas iluminavam-na mal, deixando-a com um ar suspeito.

— Carmen?

Ela virou-se calmamente para me fitar, encarou-me por alguns segundos então passou a mão nos olhos enxugando as lágrimas que só agora percebi.

— Está chorando?

Ela levantou e veio até mim, fazendo com que eu fitasse melhor seu pálido rosto de olhos úmidos.

— Você me perdoa, Jake?

— Pelo que?

— Por aquela noite.

Meneei a cabeça confortando-a.

— Está tudo bem, já passou.

Ela assentiu em silêncio, fitava seus pés, parecia frágil, não encarava-me.

— Aconteceu algo? – indaguei-a.

Seu olhar subiu para o meu, mas quando senti seus braços rodearem-me a cintura num abraço e sua cabeça apoiar em meu peito, fiquei sem reação.

— Me perdoe, Jake. Não queria te magoar, por favor, me desculpa. Não se afaste de mim.

— Do que está falando, Carmen? O que aconteceu? – perguntei alisando seus longos fios.

— Aconteceu tudo. Não quero ir pra casa.

A garota abraçou-me forte, seu cheiro chegava forte a mim, era doce, um perfume doce. Seus dedos pressionavam minhas costas por sobre a camisa social. Num ímpeto minha mão acariciava seu cabelo, não conseguia, nem queria afastá-la.

— Algum problema, Carmen?

Ela encarou-me ainda abraçada a mim.

— Todos os problemas, mas não quero falar sobre isso agora.

— Tudo bem, você quem sabe.

A menina fitou-me por alguns segundos.

— Eu não conheço você – falou calma, se afastando do abraço – mas vejo que você é bom e quero estar com você. Posso ser sua amiga?

Franzi o cenho quase sorrindo.

— Claro, Carmen.

Ela sorriu e me abraçou de novo.

— Eu sei que você me quer e é errado, então você se nega e nega a mim, então aí vejo o quão você é bom, Jake.

Franzo o cenho e afasto-a para fitá-la nos olhos verdes minutos atrás lacrimosos. Ela me sorri inocente como se não tivesse feito nada.

— O que você…

— Não precisa dizer nada. Eu te entendo, se priva de seu desejo para manter-se intacto. Não posso dizer que faço o mesmo… – ela deu de ombros – Talvez seja por isso que sou tão má. Não sei segurar ímpetos.

— Não sabe do que está falando, Carmen.

Ela se aproximou, ficando na ponta dos pés para fitar-me de perto.

— Eu sei, sim – sussurrou quase em minha boca, então se afastou. Alcançou sua mochila e pegou em minha mão, guiando-me – Vem, vamos.

Guiava-me pelo gramado, não atrevia desgrudar minha mão da sua, chegamos no estacionamento. Para abruptamente, vira-se e encara-me séria. Sinto-me desnorteado, estou sonhando? Seus dedos são delicados e macios em minha mão, ela perece quente em torno do vento frio que assopra, tudo nela parece ser morno.

— Promete que nunca vai se afastar de mim? – indaga fitando-me firmemente.

— Por que isso agora, Carmen? Aconteceu algo?

 Promete? Promete que não vai me deixar que nem eles?

Me aproximo um passo mais perto, segurei o ímpeto de lhe tocar o rosto.

— O quer você quer? O que está fazendo comigo?

Ela sorri lindamente.

— Apenas prometa que não se afastará.

Meneio a cabeça.

— Nem que eu quisesse eu conseguiria, Carmen.

Mais uma vez ela me abraçou, sentia seu peito colado a mim, o corpo curvilíneo e morno colado ao meu. Abracei-a e a pequena suspirou calma.

— Desculpe por sumir, não queria te preocupar, apenas fiquei com raiva de você.

— Raiva de mim?

— Sim, por negar-me – afastou-se – Mas entendi que é o certo, foi sensato sr. Watson. Perdoe-me por ser tão má.

— Você é impossível, Carmen.

A garota sorriu mostrando a fileira perfeita de dentes brancos, ajeitou a mochila no ombro direito e movimentou as pernas pálidas de modo infantil.

— Vai me levar pra algum lugar? – indagou.

— Pra sua casa?

Ela virou os olhos.

— Não, não quero.

— É tarde – falei abrindo a porta de meu carro.

A menina deu de ombros.

— Isso nunca foi problema pra mim e você bem sabe – encarou-me sugestiva.

Sorri meneando a cabeça.

— Entre no carro.

Logo se acomodava ao meu lado, não fazendo questão de esconder as coxas expostas pela saia que havia subido. Não sabia se era bem um ato inocente ou uma tentativa torpe de sedução, deduzi que fosse uma junção de ambos.

— Você é daqui mesmo? – perguntou virando-se para mim enquanto dirigia.

— Não, sou do Mississipi.

— Percebi um sotaque diferente. Você explica a matéria muito bem, sabia?

Ri da afirmação.

— Obrigado, ninguém nunca me disse isso antes.

— Aposto que não te disseram muitas coisas, não é? – fitei-a de relance tentando entender o tom de sua questão. A garota me encarava séria.

— Talvez tenham, Carmen.

— E que você é muito bonito, já lhe disseram?

Meneei a cabeça sorrindo, a garota tinha o dom de me desconcertar.

— Algumas vezes.

— Pois deveriam ter dito mais vezes. Eu, como sua amiga, posso falar, não? – tocou-me o ombro – O acho belo, não com pinta de galã, mas atraente.

— Obrigado, Carmen.

A garota gargalhou.

— Fiquei te esperando por quase uma hora, apenas chorando, achei que não fosse me perdoar.

Seu tom alegre havia sumido e havia apenas tristeza e melancolia.

— E essas mudanças de humor? São normais?

— Completamente normais o psiquiatra disse.

Encarei-a de relance, a menina agora ria, estava brincando.

— Achei que fosse sério – proferi rindo.

— Sou normal, sou uma adolescente como tantas outras.

Não Carmen, você não é como as outras adolescentes, disso tenho total certeza. Nada disse.

— Pare de perambular pelas ruas para continuar falando comigo, leve-me logo pra casa – proferiu fitando-me.

— Pois não.

Guiei-a para sua residência. Carmen indicava-me o local que era um tanto afastado de minha casa. A menina morava num bairro residencial, típico de famílias grandes e felizes que faziam uma grande ceia de Natal.

Estacionei em frente uma casa branca com um amplo jardim.

— Chegamos ao inferno – falou num tom cômico.

— Não parece o inferno para mim, a casa é bem bonita.

— As pessoas lá dentro fazem do lugar um inferno – virou-se para me olhar – Mas nada demais, nada que eu deva lhe perturbar com.

A garota ficou a fitar-me na quase penumbra do carro, abraçou-me de lado.

— Obrigada, Jake.

Afastou-se e saiu do carro, deu um pequeno aceno e sumiu porta adentro.

Por um segundo fiquei inerte dentro do automóvel ainda sentindo o aroma doce pairar no local, minha camisa cheirava a ela, doce e pecaminosa.

Parti rumo a meu apartamento, mas lá chegando o sono demorou a vir.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. xx



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