Dangerous Girl escrita por WeekendWarrior


Capítulo 13
I Can Fly




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1 mês depois

— Ninguém nunca antes fez um bolo assim pra mim – declarou Carmen.

— É um bolo simples – proferi cortando a massa de chocolate.

— Sim, eu sei. Mas não importa se é simples, você sabe que isso significa muito pra mim, Jake.

Sorri ao fitá-la me encarando com aqueles olhinhos acesos, quais diziam “obrigada” sem nem ao menos proferir uma única palavra, porém mesmo assim não seria necessário.

Aproximei-me e beijei-lhe a testa num ato de carinho e cuidado.

— Se acostume, faremos bolos em todos seus aniversários.

Carmen abriu um enorme sorriso.

— Obrigada. Eu vou adorar! – exclamou me abraçando de lado, mas logo aprumou-se na mesa e fitou ansiosa o bolo que fizemos juntos, devo confessar que parecia delicioso.

— E o primeiro pedaço vai para a aniversariante.

E a entreguei o generoso pedaço em seu pires, depois me servi.

— Novamente obrigada, Jake – falou já saboreando o bolo.

Apenas meneei a cabeça.

— Não há o que agradecer.

— Há sim, mas vamos falar menos e comer mais desse bolo.

Quando olhei novamente para o prato de Carmen, o pedaço já havia acabado.

— Ainda me pergunto para onde vai tanta comida – falei rindo.

— Nem eu sei! – revelou já se servindo de outro pedaço.

Alguns pedaços de bolo depois nos sentamos na sala para matarmos o tempo juntos. A abracei pelos ombros trazendo-a para mim.

— Tenho dezoito anos agora.

— Já é uma mocinha – brinquei fazendo-a rir.

— Sim, mais ou menos isso. Mas... você sabe, o ano letivo está no fim.

A fitei por um segundo de cenho franzido.

— Quer ser mais direta, por favor?

A garota suspirou abaixando o olhar para minhas pernas.

— Você ponderou meu pedido? – levantou o olhar para encarar-me – Bom, você sabe... Sobre partirmos. Jake, eu te disse, sair daqui é o que mais quero. Não quero correr o risco de ter de esbarrar em James ou... sei lá!

Só pelo simples mencionar do nome deste homem, meu peito infla-se de ódio e sem perceber fecho minhas mãos em punho. Soltei o ar pesado de meu peito.

— Carmen, o que você está me pedindo é algo impensado e um tanto arriscado. Eu tenho estabilidade financeira aqui.

— Sim, eu sei! Não estou dizendo que devemos partir amanhã mesmo, mas assim que a oportunidade certa aparecer. Não precisamos ter pressa, mas também não podemos nos demorar demais.

Ela me encarava de um modo que era impossível dizer não, pois me separar de Carmen seria algo simplesmente impossível na atual situação que me encontro. Ela é, literalmente, meu tudo. Meu falar, andar, respirar, o motivo de querer chegar cedo em casa apenas para encontrá-la no ambiente e ser agraciado por um beijo toda vez.

Eu posso me acostumar facilmente com isso, com essa vida, com essa rotina e com tudo que ela tem e quer me oferecer. Sei que Carmen pode e vai me oferecer tudo que tem e eu farei o mesmo, em dobro se assim for possível. Farei tudo que estiver ao meu alcance para vê-la sorrir no final do dia.

Me mudo de cidade quantas vezes ela quiser, deixo de lado meu medo e apreensão e recomeço tudo de novo. Talvez Carmen seja minha segunda chance e eu seja sua salvação.

— Tudo bem, meu amor – balbuciei beijando o topo de sua cabeça – Assim que tudo entrar nos eixos, como o fim do ano letivo e minha possibilidade de lecionar em outra cidade aparecer, nos movimentaremos para a mudança.

Recebi um abraço apertado de minha garota em agradecimento.

— Obrigada! Obrigada!

Por fim sorriu-me lindamente, depois a face séria caiu sobre o belo rosto enquanto encarava-me com afinco.

— O quê foi? – indaguei encabulado.

— Sabe, eu estava pensando... 

— Pensando no que?

Ela riu sapeca.

— Me indagando se um dia você me apresentará à sua família, aos seus pais.

Pensei por um segundo sorrindo de canto.

— Por quê não? – indaguei-a.

— Isso é sério?

— Talvez. Bom, faz muito tempo que não os vejo, mas se isso realmente fosse acontecer, deveríamos esperar um tempo, não? Você estar com uns vinte e quatro anos.

Carmen gargalhou.

— Vou esperar ansiosa por isso.

— Eu também, Carmen, eu também.

Logo a garota acomodou-se inerte no sofá.

— Infelizmente você nunca chegará a conhecer meus pais, bom, refiro-me ao meu pai, pois minha mãe, não desejo vê-la tão cedo...

— Não precisamos falar disso – a interrompi suavemente.

Ela assentiu tristemente e sorriu por menos de um segundo. Vê-la desse jeito, tristonha, era o que menos queria, muito menos no dia de seu aniversário.

— Lembrei-me algo – falei me levantando.

— Lembrou-se do que?

— Venha.

Fomos até o quarto, Carmen sentou-se na borda da cama enquanto eu abria o guarda-roupa e dali tirava uma caixa.

— Feliz aniversário – proferi entregando-lhe seu presente.

Os olhos da menina brilhavam em conjunto do enorme sorriso.

— Oh, jake, não era necessário! Mas obrigada – riu animada.

Pôs o pacote sobre a cama e o abriu.

— Espero que goste, não sou muito bom com essas coisas, na verdade, foi a atendente quem escolheu praticamente.

Logo ela tirava dali um vestido preto de gola alta e manga, qual continha um comprimento adequado. Preto foi uma cor que nunca vi Carmen vestir e era uma de minhas preferidas, então apenas cheguei na loja dizendo que gostaria de comprar um vestido preto para uma adolescente um tanto “peculiar”, por fim, comprei este.

— Jake, é lindo! – disse indo até o espelho e colocando o vestido na frente do corpo – É tão bonito... – virou-se em minha direção – Não foi caro, não é? Não quero dar-lhe despesas desnecessárias.

Aproximei-me dela sorrindo de canto.

— Não se preocupe com isso. É um presente, é seu.

— Obrigada. Eu adorei, de verdade.

— Que bom que gostou, fico feliz.

Ela sorriu e virou-se novamente para o espelho para admirar o vestido mais uma vez.

— Você é maravilhoso, Jake – fitou-me através do espelho – Obrigada.

— É seu aniversário, afinal... Temos até meia-noite para aproveitar.

Virou-se para mim mais uma vez.

— Sério? Vamos fazer algo?

— O que você quiser.

Ela pareceu pensar por alguns segundos, depois sorriu-me lindamente.

— Gostaria de ir à praia. Faz muito tempo que não visito o Steel Pier.

— Então iremos até lá.

A garota jogou-se em meus braços sorridente, mas logo separou-se indo até ao lado da cama pegar seu par de tênis e calçá-los.

— Vamos agora, não? – parou o que fazia para fitar-me.

Assenti feliz ao vê-la alegre e animada.

— Sim, agora.

A brisa da tarde era gostosa, o som das ondas ao nosso redor juntamente da falaria sem fim. Crianças fazendo algazarra, pessoas entre burburinhos, corpos indo de lá para cá, uma movimentação sem fim. Eu, por escolha própria não viria a um lugar deste, mas Carmen parecia adorar a multidão, o aglomerado.

— Olhe lá Jake! – apontou para a roda gigante – Vamos! – meteu-se na minha frente andando de costas – Por favor! – implorava de mãos juntas.

— Tudo bem, Carmen. Vamos na roda gigante.

A menina deu um pulo de alegria e saiu correndo gritando:

— Vou pegar nossos lugares na fila!

Meneei a cabeça e parti para comprar as fichas. Logo eu voltava para o lado de Carmen, quem esperava ansiosa na fila do brinquedo.

— Faz tanto tempo que não vou num desses – falou se referindo à roda gigante – É algo tão calmo, mas perigoso.

E sem perceber, a definição também servia para ela mesma. Sorri internamente.

— Você tem sorte que não tenho medo de altura – falei a entregando a ficha.

— Mesmo que tivesse, eu lhe obrigaria a ir comigo.

Rimos e logo percebemos que era nossa vez de entrar. Adentramos a pequena cabine aberta, em seguida subimos lentamente em direção ao topo.

— Está com medo, Jake? – indagou-me risonha.

— Medo do que? Que você vá me empurrar para fora?

Ela gargalhou.

— Não duvide – brincou – Olhe, logo estaremos no topo. Tomara que pare lá em cima, bem no alto!

E foi o que aconteceu, no momento que chegamos no topo, alguém entrava ou saía do brinquedo, o que nos fez ficar alguns minutos ali, onde tinha uma bela vista de toda a praia e oceano, era bonito, eu devia admitir.

Fui interrompido de meus pensamentos por Carmen puxar meu rosto para si e beijar-me fortemente. Sua língua sinuosa enroscava-se na minha de maneira árdua, enrolava-se e explorava. Suguei sua língua e adentrei seus cabelos com meus dedos, ela gemeu e sorriu ao receber uma mordida no lábio inferior.

— Eu te amo – sussurrou.

— Eu te amo.

— Obrigada por hoje, eu adorei.

Acariciei-lhe o belo rosto.

— Eu que lhe agradeço, meu anjo.

Ela sorriu de canto e apoiou sua cabeça em meu ombro.

Descemos do brinquedo algum tempo depois e ficamos a caminhar pelas barracas que ali tinham, alguns pequenos comércios. Estava absorto admirando os itens quando sinto Carmen entrelaçar seus dedos nos meus, abaixei meu olhar para a garota, qual parecia fitar algo, logo vi que ela encarava uma mulher.

— O quê foi? – perguntei.

— Aquela mulher ali, não parou de te encarar um segundo só. Tive de mostrar que você é meu.

Meneei a cabeça suspirando. Ah, se ela soubesse que não havia mais nenhuma outra mulher que me interessasse a não ser ela... Porém não tirei minha mão da dela, deixei-a ali, junto da minha, a sensação era boa e já estava na hora de admitir para mim mesmo que era o certo, nada nos impedia agora, nada mais.

 

E a partir daquele dia nossas mãos não se separaram mais, nossos dedos se cruzavam diariamente, nos amávamos diariamente, dizíamos o que sentíamos e o que queríamos. Brigávamos, discutíamos, Carmen chorava e eu cedia.

Carmen fez-me cruzar linhas inimagináveis para mim, fez-me ver o que não via, sentir o que não sentia e querer o que achei que nunca um dia almejaria. Ela, literalmente, deu-me uma segunda chance de viver e eu dei a sua primeira e melhor chance, um recomeço para ambos.

Fui salvo e nem menos percebi, minha alma foi acordada e percebi que ainda poderia ser amado e amar. E eu amei, eu a amei mais que tudo, a amei do começo ao fim, do fim ao recomeço.

Eu a amo...

 

E deitado, aconchegado em seus braços adultos, porém, ainda jovens, divagava por tudo que havíamos passado para chegarmos até aqui, neste lugar, juntos. Foram-se quase uma década e tudo soava-me como um sonho, um sonho bem vívido.

Tê-la todo dia ainda era a melhor coisa que me aconteceu na vida, ter o seu amor, ter o seu carinho. Ter cedido à Carmen, talvez tenha sido a melhor escolha de minha vida, afinal.

Ouvia seu coração bater calmo, o calor de seu corpo chegando ao meu, nunca me cansaria disso, de tê-la, de simplesmente tê-la e agora legalmente. 

— Jake, – balbuciou meu nome chamando-me – acho que já está na hora de buscarmos Jeremy.


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