Denso Como Sangue escrita por PhantonRed


Capítulo 1
O Colega de Quarto


Notas iniciais do capítulo

Olá, sejam bem vindos à DCS, meu nome é Red e eu sou novo no Nyah!, mas não sou novo em escrever histórias.
Uma pequena introdução: Denso Como Sangue trata de transtornos psicológicos, com o tema central a busca de Kenny e Ethan por segredos do passado dos dois.
Por favor, não leia se você não gosta de temas pesados como suicídio e auto mutilações, eu não incentivo essa prática e quero mostrar a angústia de quem a utiliza e que essas pessoas precisam de ajuda.
Obrigado e espero que gostem.



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5 de Agosto, início do ano escolar...

Meu nome é Kenneth Winston Lee, e eu sou um suicida.

Era um dia normal em San Francisco, mais precisamente no Reformatório Saint Patrick, um reformatório para pessoas desajustadas como eu. Eu era uma sombra naquele lugar, falava pouco, saía pouco, estava como sempre, apenas observando o movimento daqueles malucos. Eu prefiro andar sozinho. Não por medo da morte, mas por não querer arrumar inimigos por andar com quem não devo, afinal de contas, meu porte nada musculoso não ajuda a intimidar ninguém.

Meus olhos verdes, herdados da minha mãe eram a única coisa que chamavam a atenção alheia, o resto? Bom, devo admitir que vieram do meu gene Y da qual a única coisa que me permiti saber foi seu nome: Elliot... eu nunca o conheci, mas sentia um vazio no peito por ele ter me abandonado sem nunca ter me olhado nos olhos. Meus braços eram finos e cheios de cicatrizes finas, culpa dos meus ataques de ansiedade e mutilação constantes. Minhas coxas um pouco mais grossas e as panturrilhas torneadas eram a prova viva que preferia correr à apanhar.

Eu andava com meus fones de ouvido pelo corredor, ouvindo os irritantes risos e gargalhadas dos outros alunos, entrei na sala e me sentei, esperei que o sinal tocasse e o professor chegasse seguido de muitos alunos correndo. Ele começou apresentando um garoto atlético e louro, ele era alto e musculoso, mas não em demasia, eu não estava interessado, mas por um mínimo de respeito eu tirei o fone de ouvido.

—Classe, este é Ethan Farlane, ele tem 18 anos e foi detido por vandalismo. - disse apresentando Ethan, o mesmo acenou com a cabeça e pude ver seus olhos de um azul tão claro que pareciam refletir o céu - Senhor Farlane, pode sentar do lado do Senhor Lee.

Oh, merda...

—Então você é Kenneth Lee? - perguntou arqueando a sobrancelha, apenas afirmei com a cabeça - Que coincidência, sou seu colega de quarto... - fiquei primeiramente chocado quando ele disse isso, o encarando com espanto - Relaxa, eu não mordo não. - riu Ethan e suspirei pesado, merda, justo o troglodita bonitão... - Ouvi muito sobre você por aqui.

Concordei com a cabeça, lembrando de uma frase do Paul McCartney:

"Os boatos sobre minha morte foram totalmente exagerados".

—Os boatos sobre minha fama são totalmente exagerados. - digo com indiferença, Ethan abriu e fechou a boca se contendo em dizer algo.

—Parafraseando Paul McCartney? - perguntou rindo - Então você não é um terrorista que explode coisas? - nego com a cabeça irritado.

—Não. - digo seco.

Ethan me encara um pouco constrangido com meu tratamento seco, ajeito a touca e começo a copiar a matéria de Biologia (era minha segunda área de ciências favorita, depois de exatas).

[...]

O dia passou de forma rápida e sem muita enrolação por parte dos professores, Ethan praticamente me seguiu o dia todo me fazendo perguntas e nos conhecemos um pouco melhor. Ele era de Los Angeles, era de touro, gostava de nachos, mas não de queijo cheddar, era fanático por futebol europeu e torcia para o Manchester United, time da terra natal de sua mãe, Emma Roney, o que rendeu algumas piadas sobre se ele se chama-se Wayne, teria nome de jogador de futebol. Depois do almoço eu estava exausto, já não aguentava mais ouvir sua voz e tive que implorar para que Ethan ficasse em silêncio, já que eu não era de falar. Quando saímos da última aula fomos arrumar as coisas, meu quarto é bem comum, mas não era um templo.

—Caramba. - murmurou ele ao abrir a porta do quarto, se deparando com um ambiente de total caos - Vamos ter um grande trabalho aqui, onde tem um balde?

—Você quer limpar meu quarto? - pergunto indignado.

—Nosso quarto. - disse dando ênfase no "nosso" - Esse lugar tá uma zona, na moral, como você sobrevive nesse chiqueiro? Tá imundo! - disse e o encaro zangado - Como você faz quando precisa de algo e não encontra?

—Eu procuro. - digo com minha cara de "não é óbvio?".

—Vai, levanta essa bunda mole daí e me ajuda a limpar esse antro.

Ele não vai limpar tudo isso, vai?

[...]

Sim, ele limpou todo o quarto, até o pó dos livros ele me fez tirar, ele perguntava de onde eu tirava aqueles livros, me limitei a dizer a verdade: eu os roubava da escola, mais precisamente quando acontecia a limpeza anual da escola, onde eu pegava os livros que ficavam para ir fora na lixeira. Minha mãe quase me matou quando descobriu o que eu fazia. Ethan e eu limpamos cada canto do quarto, o que foi cansativo e constrangedor, porque ele arrancou a camiseta e ficou apenas de bermuda limpando o chão enquanto eu colocava meus CDs de rock no lugar, ele era muito mais musculoso que eu.

Quando terminamos de organizar e limpar, Ethan respirou fundo sentindo o ar se apossando de seus pulmões.

—Não é muito melhor assim? - o encaro de canto, fuzilando com o olhar.

—É, uhul, tô adorando. - digo irônico, meu mau humor era nítido.

—Qual é, Kenny, por que você é tão rabugento? - perguntou com as mãos na cintura.

"Talvez porque eu tenha um colega de quarto idiota", pensei indo na direção da outra porta do quarto, a do banheiro.

—Vou tomar um banho quente... - aviso quando passo por ele - Ou vai me seguir até aqui? - pergunto e ele apenas da uma risada fraca negando com a cabeça.

Porra de cara chato! Como foram me arrumar alguém tão irritante? Foi então que eu parei por um segundo, Ethan disse que tinha vindo de Los Angeles... Por que alguém viria de Los Angeles para San Francisco só por causa de um reformatório? E se me lembro bem, minha mãe disse uma vez que o senhor Cromossomo Y era de lá. Será que ele conhecia algum Elliot?

Me assustei quando ele bateu na porta e resmunguei um "já vai" mau humorado, eu queria só alguns segundos para pensar... Saí do banheiro enrolado em uma toalha e sentei na cama, Ethan me encarou preocupado com a minha cara de defunto.

—Tudo bem? - perguntou e apenas neguei com a cabeça.

—Não é nada. - digo tenso - Coisas minhas...

Ethan concordou com a cabeça e entrou no chuveiro, fiquei observando o serviço que fizemos no quarto azul acinzentado, não ficou tão ruim.

—Vai ser um longo ano. - murmurei indo me vestir.


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Notas finais do capítulo

Esta história também está disponível no site Spirit Fanfics, em 26 capítulos, mas, para que não ocorram spoilers, não vou disponibilizar o link aqui.