“Lembro de ter 12 ou 13 anos e começar a sentir minhas primeiras cólicas, naquela época minha mãe costumava colocar uma pequena quantidade de álcool em meu umbigo e me deitava em seu colo e fazia carinho em meus cabelos, era incrível que ela usasse o mesmo remédio quando eu sentia qualquer outro tipo de dor ou se estava com medo, mas sempre funcionava, mais tarde quando tive minha filha pude entender que o verdadeiro remédio não era o álcool ou qualquer outra coisa, mas aquele carinho em minha cabeça e o som da sua voz me dizendo que ficaria tudo bem. Oque eu não daria para poder ouvir isso agora mais uma vez.”

 ...

— Pode entrar Edward – Abri a porta da loja – Eu vou fazer um café pra gente, sente-se por favor – eu tentava de todas as formas ganhar tempo, adiar o inevitável, eu sabia que isso poderia acontecer um dia, mas no fundo tinha esperança que a calmaria continuasse.

— Obrigado – disse baixo quando coloquei a xicara em sua frente – será que você poderia... me contar o queestá acontecendo? – Ele parecia um garotinho assustado.

— Do que exatamente você se lembra? – Eu ainda tentava ganhar tempo, mesmo sabendo que já não havia para onde correr.

— Eu vi o vídeo, era meu aniversário acho... – seus olhos perderam o foco – eu lembro... nos dois numa livraria, encontros, praia e logo depois um grande clarão – Ele focou em meu rosto novamente, agora seus olhos pareciam querer transbordar a qualquer momento – É verdade Bella, Lizzie é minha filha? – Agora eu podia sentir as lagrimas caírem de meus olhos, não conseguia falar me limitei a balançar a cabeça.

— Eu... eu sabia... quando conheci, revi sei lá você, aquela garotinha, algo nela mudou muita coisa dentro de mim – ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

— Eu sinto muito – Consegui dizer.

— Oque aconteceu, por favor Bella, eu preciso saber, durante todos esses anos parecia que tinha um pano preto em frente meus olhos – ele se sentou novamente e segurou minha mão, aquele toque quente e familiar me envolveu da mesma maneira que a anos atrás, era como se nunca houvéssemos ficado separados, como se tivessem se passado apenas algumas horas, respirei fundo e limpei as lagrimas que insistiam em cair, era hora de arrancar essa pedra da minha vida.

— Eu só sei oque vi Edward – me levantei e abracei meu próprio corpo na esperança que aquele gelo que me consumia por dentro passasse – Nós nos amávamos, ou pelo menos eu te amava muito – Nós tivemos momentos ótimos Edward, saímos, no final estamos juntos á quase um ano, morávamos praticamente juntos, por que quando você não estava na casa do seus pais estava comigo em meu apartamento, naquela época eu havia perdido o emprego se lembra? -  Ele fez que sim com a cabeça – Por causa de Tanya, ela não aceitava seu relacionamento comigo, decidimos sumir por uns tempos, ir para a casa de praia dos seus pais, esfriar a cabeça -  ele me olhava atentamente agora.

— Eu já sabia de Lizzie, mas seu aniversário era dali uma semana e eu queria fazer uma surpresa – mais uma lagrima – mas ai...

FLASHBACK ON

Voltávamos da praia naquela tarde,  nós sorriamos, era nosso pequeno paraíso, ele me beijou apaixonadamente, mas quando entramos na sala tivemos uma surpresa ao encontrar ali os pais de Edward e Tanya sentada chorando no sofá.

— Oque significa isso Edward? – Um homem parecido com Edward mas com cabelos loiros se levantou e me olhou como se fosse um alien.

— Pai, mãe? Oque vocês fazem aqui? – Tanya parecia chorar mais a cada minuto, eu nunca havia a visto tão de perto ou conversado com ela, mas sabia que era uma pessoa problemática pelo que Edward havia me contado, mas ela era muito bonita, parecia uma modelo.

— Eu que te pergunto isso filho, você some sem dar explicações, não nos vemos a meses -  Como assim? Edward morava com eles, como era possível não se verem em meses? Tentei decifrar o rosto de Edward, mas eu só via confusão, ele percebendo que era observado apertou minha mão com força.

— Nada esta acontecendo pai -  tentou se justificar

— Como nada Edward? Oque você espera que seus pais pensem quando sua esposa aparece em casa, GRÁVIDA dizendo que você decidiu abandonar ela e seu filho pra ficar com uma adolescente qualquer? -  Eu juro que senti o chão se partir embaixo de meus pés.

— Grávida? – ele parecia ter perdido a cor, Tanya não tinha barriga nenhuma, provavelmente estaria de poucas semanas, eu sentia o ar fugir de mim, tudo não havia passado de uma mentira, eu fui enganada este tempo todo, oque eu faria agora, oque seria de mim? De nós?

Minhas mãos foram automaticamente pra minha barriga, Tanya não perdeu esse movimento e parece ter cessado de seu choro, um brilho estranho passou por seu rosto, rapidamente tirei minhas mão dali, agora mais do que nunca eu deveria proteger meu pequeno segredo, a minha volta eu podia ver eles discutindo, a jovem senhora no sofá chorava discretamente e Tanya me olhava com ódio, mas pra mim eram apenas discussões mudas, não ouvia nada a minha volta, até que tudo voltou tão rápido que me senti tonta e me sentei.

— Não foi essa a educação que eu e sua mãe te demos Edward! Você nem parece mais o homem que criei para ser, parece um adolescente irresponsável e imaturo! – Seu pai esbravejava.

— Eu sou um homem, tanto que peço que não se meta em meus problemas conjugais! – Edward tentava falar baixo e manter a calma -  o senhor não sabe metade do que acontece em minha vida particular!

— Por favor, não briguem, vamos conversar e resolver isso juntos – Sua mãe tentou acalma-los, mas parece que eles a ignoraram.

— Não sei mesmo aparentemente, oque te deu na cabeça garoto, ficar de casinho com uma garota qualquer, que não tem onde cair morta, não vê que ela apenas quer seu dinheiro?

— NUNCA MAIS OFENDA BELLA NOVAMENTE!!! -  Edward perdeu a calma.

— Parem... – Eu começava a perder o controle sobre mim mesma.

— E sua esposa grávida Edward, quem vai defender? – “esposa grávida... esposa... grávida...”

Tudo escureceu de repente.

Acordei em um quarto familiar, era o quarto que Edward e eu dividíamos quando vinhamos aqui, o pai de Edward media minha pressão, não havia mais nenhum indicio do homem feroz que vi anteriormente, apenas um rosto sereno e calmo, Edward andava de um lado para o outro no quarto, parou quando notou que estava acordada.

— Oque aconteceu? – tentei levantar, mas fui impedida pelo mais velho.

—  A senhorita teve uma queda de pressão, agora pode me dizer se tem algum histórico de doenças crônicas ou se sofre de algum problema cardíaco? – eu ainda alternava meu olhar de um para o outro.

— Não que eu saiba – respondi baixinho, eu me sentia envergonhada, uma intrusa naquela família, e triste pela minha situação, grávida sem emprego e uma destruidora de lares.

— Ótimo – ele guardou seu equipamento e olhou mais uma vez de Edward para mim antes de suspirar profundamente – Vou deixar que conversem um pouco – e se retirou do quarto, me sentei na cama sem conseguir encara-lo.

— Por que? – perguntei baixo tentando controlar as lagrimas – por que fez isso comigo? – ele parecia desesperado mexendo nos cabelos violentamente.

— Bells amor, não é nada disso que esta pensando, não foi nada mentira – ele tentou segurar minha mãos e eu perdi a calma.

— O que não foi mentira Edward, a parte que você disse que estava separado, a que disse que morava com seus pais ou da sua esposa grávida? -  Ele tentava me acalmar – Pelo amor de Deus Edward, ela esta grávida! – Eu já gritava.

— Eu não sei como isso aconteceu, eu bebi muito uma noite e acordei do lado dela, mas não dormi com ela, eu me lembraria disso! Por favor amor, acredita em mim – tentou me abraçar.

— Não Edward, não me toque! – me levantei da cama calçando os sapatos que estavam no chão e colocando tudo que identificava como meu dentro de uma mala, Edward me seguia escada a baixo, parei na sala onde os três agora em pé observavam a briga – Sr e SraCullen, eu realmente sinto muito, eu juro que não sabia de nada, me perdoem – peguei minha mala no chão e sai porta a fora, eu só queria desaparecer.

— Espera Bella, me deixa explicar, não foi nada disso! –parei bruscamente no meio da rua.

— Espera, não era o que parecia – Ele tentou me tocar novamente e virei de costas, eu precisava dar um fim nisso tudo, e não conseguiria fazer isso olhando em seus olhos.

— Isso tudo foi um erro terrível, eu sabia que não devia... – Não consegui terminar de falar as palavras, um grande arrepio frio e agourento passou por minha espinha, olhei para trás e um carro vinha em alta velocidade, senti um empurrão que me lançou na guia da calçada, mas ele não teve tempo de sair, tudo oque consegui fazer foi gritar o mais alto que pude e logo seus pais e mulher apareceram.

FLASHBACK OFF

Lágrimas caiam de seus olhos, e eu sabia que ele revivia as imagens em sua cabeça.

— Você ficou em coma por 3 meses, eu ia visita-lo, ficava esperando estar sozinho para me esgueirar e te ver um pouquinho, na esperança de que você acordasse e pudéssemos resolver isso de uma vez.

PDV EDWARD

Ela se virou de costas pra mim e eu via seu reflexo na janela, seu rosto banhado em lagrimas, ela se abraçava forte.

— Um dia você acordou e eu estava lá... – Suas palavras eram sombrias.

FLASHBACK ON

Minha cabeça doía descontroladamente, onde estava, que barulho irritante de maquinas eram esses, o cheiro de álcool queimou meu nariz, meu corpo doía, tentei me mexer e senti um peso em minhas mãos, como se fazia para abrir os olhos?

— Edward? – uma voz doce e suave me chamava, eu não conhecia aquela voz – Edward, está acordado? – Fiz um esforço para ver de quem era a voz, consegui abrir lentamente os olhos e vi uma bela e delicada mulher com olhos chorosos e rosto vermelho me olhando ansiosa, ela tocou meu rosto, seu toque era leve e caloroso, aquele rosto tão estranho era tão familiar pra mim.

— Quem é você? – Perguntei, seu rosto se transformou, sua mão saiu de meu rosto, eu estava cansado, não conseguia me manter de olhos abertos, desmaiei novamente e quando voltei a abrir os olhos Tanya estava sentada a minha frente lendo uma revista qualquer.

FLASHBACK OFF

— Naquele momento eu soube que o melhor era sumir, você não se lembrava de nada sobre nós, na verdade pouco se lembrava, era como se você houvesse voltado a anos atrás mentalmente, o médico disse que você poderia nunca mais recuperar a memória. -  Ela se sentou a minha frente novamente.

— Mas... por que você não me contou antes sobre Lizzie sobre agente? – Tudo poderia ser diferente -  E o bebê de Tanya?

— Depois de tudo oque havia acontecido  no hospital sua esposa me pegou saindo de seu quarto, e ela deixou bem claro que era melhor me afastar de você, que aquela seria uma segunda chance para vocês e o filho de vocês, e que se eu não sumisse bom... ela me deu bons motivos – Riu sem humor.

Eu estava confuso, com raiva, triste... meu corpo era um turbilhão de emoções, me levantei andando de um lado para o outro.

— Eu não sei oque fazer agora, eu preciso de um tempo, é muito pra assimilar, me desculpe – sem dar tempo para ela dizer mais nada e me retirei de lá.

....

 Bati na porta branca imaculada ouvindo o entre, Alice largou os papeis que analisava quando viu meu rosto, me sorriu triste pegando o telefone.

— Ângela cancele minhas consultas de hoje por favor, as que forem urgentes peça para o Dr° Volturi atender e não me interrompa por favor – ela saiu de trás de sua mesa e me guiou até o belo sofá da sala.

— Alice ... – me permiti chorar em seu ombro.

— Está tudo bem meu irmão, estou aqui, só me diga oque precisa – sempre fomos muito próximos, apesar de ela ser a mais nova era sempre ela quem me socorria.

— Me ajude a entender tudo isso, parece muito surreal, como você sabia esse tempo todo? E o bebe que Tanya esperava? – ela se afastou de mim e respirou fundo.

— Edward, você não se lembra, mas me contou tudo sobre Bella, logo que se conheceram, estava tão apaixonado – ela sorriu sem olhar para algo especifico – já tinham tantos planos juntos, nos encontramos juntos algumas vezes e logo nos tornamos amigas.

—  Quando tudo aquilo aconteceu todos ficamos arrasados, mamãe e papai não sabiam que você e Tanya estavam separados, mamãe havia acabado de se livrar de uma doença do coração e você tinha medo de abalar sua saúde mais uma vez, estava esperando um momento melhor para contar, eu disse que você deveria ter feito isso logo, mas você tinha medo.

— Oque aconteceu, para que eu me separasse afinal? -  Ela voltou a focar em mim e pegou minha mão.

— Eu sei oque me contou apenas, uma noite você nos ligou dizendo que Tanya estava internada em estado grave, eu nunca gostei muito dela, mas ficamos preocupados, quando chegamos ao hospital te encontramos arrasado, nos contou que Tanya tomou chá de maconha, ela fez um aborto, mas como a gravidez já estava demasiada avançada quase morrera no processo.

Então imagens vinham em minha mente.

FLASHBACK ON

Coloquei Tanya em nossa cama, eu não havia tido a coragem de confrontá-la até então, mas eu não podia mais deixar isso passar, ela se mantinha calada, mas agora eu já não conseguia achar traços da minha esposa doce e carinhosa, o rosto daquela mulher era duro, malicioso, vil.

— Tanya oque você tinha na cabeça? – não agüentei e questionei, ela bufou irônica e nada mais disse – Quem é você afinal? Não te conheço mais – Acusei

— Ah me poupe Edward, você nunca me conheceu querido – seu sorriso debochado me assustava.

— Por que você fez isso? Matar uma criança inocente, era meu filho também Tanya! Você não tinha o direito de fazer isso sem me contar! – ela riu em escárnio.

— Até parece, que eu ia estragar meu corpo por um fedelho qualquer – A ira dentro de mim era tão grande que cheguei a levantar a mão para lhe dar um belo tapa, mas parei no meio do caminho – A criança nem era sua seu idiota – aquilo me quebrou no meio.

— Oque? – pronunciei sem fôlego.

— Era de um outro idiota qualquer que me satisfez por uma noite – ela riu mais uma vez de minha cara – ou você acha mesmo que passando tantas noites fora eu iria desperdiçar minha beleza aqui nessa casa te esperando voltar?

— Eu estava terminando minha residência cirúrgica Tanya, para dar pra VOCÊ uma vida melhor – gritei.

— Você é rico seu estúpido! – se levantou

— Vagabunda mentirosa! – peguei duas malas no closet e comecei a encher com roupas

— Aonde você vai Edward? – Perguntou tentando puxar as malas de minha mão

— Você é doente se acha que vou ficar com um monstro que nem você – a empurrei e voltei a fechar as malas.

— Espera Edward, nós podemos ter nosso bebe, você não iria querer criar um bastardo, vamos fazer um Cullen legitimo! – tentava me alcançar.

— Tanya, faz uma coisa descente na vida e esquece que eu um dia existi ok? – sai para a garagem jogando as malas no banco traseiro e arrancando com o carro em seguida.

FLASHBACK OFF

— Tanya tentou se matar depois daquilo, mas conhecendo aquela víbora como eu conheço agora eu duvido que tenha uma tentativa real – Falei me lembrando – E eu voltei a morar na mesma casa, até que ela pudesse se estabelecer, com medo de que as noticias piorassem a saúde de nossa mãe.

— Você estava começando a sair com Bella, mas não contou por que achou que era uma coisa de semanas, e você mais ficava no apartamento de Bella do que em casa de qualquer maneira, e quando não estava lá estava em plantões dobrados – completou Alice – e sobre o bebe de Tanya, ela não estava grávida de verdade, eu sou obstetra, sei reconhecer uma grávida a quilômetros, ela disse que perdeu a criança com o susto de seu acidente, mas aquela cobra não me engana mais – ela disse.

— Por que nunca me contou sobre Bella, sobre Lilly? – questionei, não tinha nem mais a capacidade de chorar.

— Bella apareceu na minha porta, no dia em que você acordou no hospital.

FLASHBACK ON

PDV ALICE.

Eu corria para fechar as janelas, a chuva caia intensamente aquela noite.

— ALICE – Jasper me chamou.

— Estou aqui amor – Fechei a ultima janela e fui atrás dele, parado em frente a porta e estático – Oque foi amor, esqueceu o dinheiro da pizza? – Ri e peguei minha carteira indo para a porta, mas parei diante da cena a minha frente, uma Bella completamente molhada a tremendo de frio estava parada a minha porta com uma pequena mala em mãos.

— Oi... me desculpe, eu sei que não deveria ter vindo incomodar, mas eu não tenho pra onde ir – disse baixinho me tirando do transe.

— Meu Deus Bella, entra, pelo amor de Deus – a puxei pra dentro fechando a porta, logo Jasper apareceu com uma toalha seca – Venha querida, vamos colocar você dentro de uma banheira quente antes que pegue uma pneumonia – ela nada disse.

...

— Alice, como ela esta? – encontrei Jasper preparando um chá e um sanduíche em uma bandeja,dei um rápido selinho nele e fui até a geladeira colocando também um copo de suco – Triste, assustada, mas principalmente se sentindo enganada – Disse frustrada, por mais que eu tentasse explicar o lado certo dos fatos, Bella – com ajuda de tanya – enfiou na cabeça que o melhor era ficar longe dele.

— De tempo ao tempo pequena, as coisas irão se ajeitar – ele acariciou minhas costas e beijou meus cabelos, peguei a bandeja e segui para o quarto, Bella estava sentada na cama com as mão em cima da barriga e chorava silenciosamente.

— Oque vai ser de nós agora Alice – Me sentei em sua frente colocando minha mão em cima da sua.

— Nós?  - Perguntei surpresa.

— Nós – ela tirou sua mão e colocou a minha sozinha em cima de sua barriga, que era quase plana, mas já podia sentir a região rígida.

— Ai meu Deus, ele sabia? – podia sentir meus olhos cheios de lagrimas

— Não tive tempo de contar e agora não faz mais sentido contar, seremos apenas nós dois agora – ela enxugou as lagrimas e levantou a cabeça – e você tem que me prometer que não dirá uma só palavra sobre isso, com ninguém Alice – ela me encarou seria.

— Mas Bella, ele é o pai, merece saber... – ela me interrompeu.

— É melhor assim Alice, deixe ele reconstruir a vida dele e eu a minha, não quero nunca mais falar sobre ele, me prometa por favor? – pediu.

— ok, mas com uma condição... você vai ficar aqui durante sua gravidez! – disse já me levantando e colocando a bandeja em sua frente – ela tentou relutar

— Não posso Alice, é muito abuso...

— Mas nem pensar! Você não tem pra onde ir mesmo, e eu quero ficar perto do meu sobrinho ou sobrinha, você não vai conseguir nenhum emprego grávida – coloquei a xícara em sua mão – agora trate de se alimentar bem, e esse assunto não esta aberto a discussão! – encerrei o assunto e a deixei com sua refeição.

...

Cheguei em casa de mais um plantão cansada, encontrei Bella com os pés no colo de Jasper jogando cartas com ele, sua barriga de 8 meses estava enorme, não sabíamos o sexo, a criança se recusava a abrir as perninhas.

— Own que cena mais linda! Espera preciso de uma foto! – Rapidamente peguei meu celular e bati uma foto, com Bella fazendo careta – Oi meu amor 1 – disse beijando meu marido – Meu amor 2 – beijei bella no rosto – e oi meu grande amor – beijei a grande barriga e senti um chute em resposta.

— Ei! – disseram juntos.

— Me desculpem, mas minha sobrinha em primeiro lugar – riram concordando, tirei meu casaco e sapatos, Jasper logo os pegou levando para o armário – Como foi seu dia mamãe? – Tirei meu aparelho de pressão da bolsa, Bella vinha apresentando alguns picos de pressão nos últimos meses, então todos os dias eu media.

— Bem, apenas minha costas que estão doendo o dia todo – ela disse se arrumando no sofá.

— Temos que ficar de olho, pode ser a qualquer momento agora Bella – ela acariciou a barriga com carinho.

— Eu sei – Me ajeitei melhor, tinha que dar a noticia pra ela, mesmo que ela tenha dito  que não queria mais falar sobre ele.

— Bells...

— Hum? – Voltou a atenção pra mim.

— Ele foi embora – sua feição mudou para surpresa e depois raiva, ela se levantou com dificuldade.

— Alice eu disse que nunca mais queria ouvir falar sobre ele!

— Eu sei, mas você tem o direito de saber – fui atrás dela na cozinha que pegava um copo de água – Eles acharam melhor o levar para Los Angeles, lá tem um neurocirurgião especialista em traumas – ela largou o copo na pia.

— Melhor pra ele e pra nós Alice, agora chega desse assunto, eu sei que é seu irmão mas não quero mais falar sobre ele – ela começou a fazer o caminho de volta mas parou de costas pra mim.

— Bella, por favor me escute... – ela se curvou para frente, foi ai que vi a água no chão – Ai meu Deus sua bolsa! – ela me olhou em pânico – JASPERRR!!!! – Calma querida, vai ficar tudo bem – JASPER CADE VOCÊ CRIATURA? – gritei de novo ele apareceu ofegante – Vai nascer pega o carro.

...

— Ela é tão linda – Eu babava em cima do berço branco.

— Sim ela é linda, e é a cara dele – disse sorrindo a pegando no colo e me entregando em seguida.

— Sim, definitivamente é um pedacinho dele! – Bella foi até a cômoda no quarto e tirou de lá um pequeno envelope e me entregou.

— Eu não quero isso, pensei em usar, mas eu não posso – devolvi o bebe para ela e abri o envelope, lá tinha um cheque, pouco mais de meio milhão.

— Jesus Cristo Isabella! Aonde arrumou todo esse dinheiro? – perguntei assustada

— Sua cunhada me deu para sumir, como se eu precisasse de mais esse motivo – ela suspirou – não posso usar isso, seria o mesmo que assumir tudo aquilo do que ela me acusou, eu vou conseguir vencer sozinha Alice – disse determinada.

...

— Lizzie, não faça essa bagunça toda! – Bella ria enquanto nossa princesa batia em seu potinho e jogava purê de maçã para todos os lados, a campainha tocou – Eu abro – disse.

— Ok pequena bagunceira, vamos lá ver se sua mãe precisa de ajuda – limpei suas mãozinhas e a peguei no colo, já na sala Bella abria a porta para um homem de terno e gravata – Quem é Bella?

—Um advogado – disse simplismente

— Pois não posso ajudar Sr...

— Uley, Sam Uley senhora, eu vim para falar com a senhorita Swan  - Disse o homem.

— Pois não, sou eu mesmo – ela disse e o convidou para entrar.

— Senhorita Swan, eu vim da parte de sua tia Charlote Swan – Bella olhou confusa – Tia avó para ser mais exato senhorita, sabe de quem se trata? – perguntou se sentando no sofá.

— Eu já ouvi falar dela, mas não me lembro de conhecê-la pessoalmente, depois que meu pais morreram eu fiquei em abrigos até os 18, nunca ninguém me reclamou, achei que todos estavam mortos – disse pegando uma pasta que ele estendeu.

— Bom eu era advogado pessoal de sua Tia, ela te procurou durante anos menina, mas ficou muito doente a alguns anos e como ela não tinha filhos ou parentes deixou tudo oque tinha em seu nome, a uma missão para que eu a encontrasse, bom ela morreu a alguns meses, então tudo que esta ai é seu – cheguei ao lado dela que abriu a pasta cheia de papeis, com a escritura de 2 casas, apólices de seguro, ações e uma conta bancaria.

— Mas não pode ser, como assim é tudo meu? – ela perguntou abismada.

— Tudo seu, a casa em New York no valor de um milhão e meio, uma pequena casa avaliada em 800 mil aqui em Seattle, o seguro de vida no valor de 6 milhões, as ações em algumas pequenas empresas e a conta bancária, então o patrimônio todo tem um total de... – ele parou olhando para cima como se calculasse com a mente – 23 milhões e mais uns quebrados, deve estar um pouco mais, ações sobem e descem todos os dias – Bella parecia catatônica.

— Mas... Mas... – Não conseguia falar.

...

— Oque acha Alice? – O belo espaço vazio ainda era sem forma, mas eu já podia ver varias possibilidades.

— Olha eu gostei bastante, mas com o tanto de dinheiro que você tinha achei que seria algo maior – disse sinceramente.

— Aquele dinheiro chega a ser obsceno Alice, nunca poderei gasta-lo facilmente, ainda achei que foi muito – sua face era culpada.

— Bella – Segurei em seus ombros – Você merece muito mais do que isso! Não se menospreze por favor, se sua tia deixou tudo aquilo pra você aproveitem, pense em Lizzie! – ela suspirou e sorriu.

— Vou tentar.

FLASHBACK OFF

Meu irmão encarava as mãos no sofá.

— Eu nunca contei por ela, mas eu não agüentava mais, e quando vocês voltaram eu vi que mamãe estava bem e você não merecia viver mais assim irmão.

Ele beijou meu rosto.

— Obrigada Alice – se levantou

— Aonde vai? – perguntei quando chegou na porta.

— Tentar recuperar minha vida Alice – e saiu.

CONTINUA...