Prologo.

— não era oque parecia... – Olhos verdes me encaravam com magoa, eu não consegui focar em seu rosto, apenas olhos e seus cabelos caindo sobre bochechas brancas e sedosas onde jaziam lagrimas.

— Isso tudo foi um erro, eu sabia que não devia... – ela se virou e a vi de costas, cabelos mognos avermelhas caindo em cascatas em suas costas pequenas, ela vestia um vestido de verão azul de alças, seus ombros estavam ao alcance da mão, eu quis toca-la, mas um barulho ensurdecedor chegou até mim junto com um clarão me despertou.

...

Bati com força no despertador que me acordara, a dor de cabeça veio junto com o mesmo sonho de 4 anos, quando não sonhava com isso não sonhava com nada, ele sempre antecedia a grande dor de cabeça. Me virei na cama vendo o corpo nu ao meu lado, pele branca e longos cabelos loiros, minha esposa Tanya.

Me levantei e fui para o banheiro ligando o chuveiro tomando duas aspirinas antes de entrar na agua quente não me demorando muito no banho, assim que sai me encarei no espelho, era um reflexo familiar e estranho ao mesmo tempo, desde o acidente eu não sabia mais quem eu era, a impressão que eu tinha era a de olhar uma pessoa parecida comigo, mas completamente diferente, analisei a fina e quase imperceptível cicatriz que descia da linha dos cabelos na testa até a sobrancelha agora um pouco falhada, olhando meu olhos azuis acinzentados  procurando preencher o grande buraco negro em minha mente, por algum motivo eu tinha uma grande lacuna, uma perda de memória estranha era como se eu tivesse vivido um período inteiro de cegueira, eu sabia que tinha vivido algo do qual tinha esquecido.

Há 4 anos me lembro de acordar em uma cama de hospital sem fazer ideia de quem eu era, onde estava e oque tinha acontecido. O médico me contara que eu havia sofrido um grave atropelamento e quase morrera, por um milagre não morri, tive que reaprender a conhecer minha família, foi difícil no inicio, mas a maioria das minhas lembranças haviam voltado, em sua maioria infância, juventude e o começo da vida adulta, como faculdade, e agora eu conseguia levar uma vida relativamente “normal”, aprendi a conviver com todos do meu passado, principalmente minha esposa Tanya – a muito custo – mas uma coisa continuava a me intrigar, em certa noite no hospital me lembro de acordar com um calor em minha mão, logo depois quando abri um pouco os olhos longos cabelos cor de mogno saiam do quarto e um barulho de discussão, logo depois Tanya entrou no quarto e adormeci novamente por conta dos medicamentos.

Desde aquele dia eu sonho com belos olhos verdes, cabelos cor de mogno e perfume de lírios. Mas oque mais me incomodava era essa sensação de vazio tremendo dentro de mim, como se tivessem me tirado alguma coisa.

Deixei de me encarar no espelho e me troquei, colocando um conjunto de roupas sociais, Tanya ainda dormia tranquilamente nua em nossa cama, peguei meu casaco pesado, era novembro e o tempo já esfriava lá fora com a chave do meu carro e sai de casa desviando das caixas de mudança até o carro para fazer a única coisas da qual eu me lembrava completamente mesmo depois do acidente, ser médico. Era minha profissão que me mantinha centrado, tanto que tínhamos nos mudado de Portland para Seattle apenas para que eu pudesse me dedicar mais ao que me fazia mais feliz, eu era um pediatra excepcional e queria me tornar o melhor, assim que recebi uma proposta de emprego no grande Seattle memorial aceitei e fiz as malas nos mudando rapidamente, tendo a vantagem de estar próximo a minha família novamente, meu celular vibrou no meu bolso antes de ligar o carro, era uma mensagem de Alice, minha irmã.

De: Pitoco

Para: Ed Chatonildo

Bom Dia Edinho!!!
Vamos Tomar café da manhã juntos?

Sorri para o apelido horrível que eu odiava, mas era impossível ficar bravo com a pitoco, respondi rapidamente a mensagem e aguardei a resposta que sabia que seria rápido.

De: Ed Chatonildo
Para: Pitoco sem noção

Já disse que odeio esse apelido!!! L
Bom Dia...
Onde?

De: Baixinha Sexy
Para: Ed Carrancudo

Eu sei que odeia, por isso chamo haha!
Belle Epicurean; 1206 4th Ave

Alice era um ser que foi feito e jogado o molde fora com certeza!

De: Edward com pensamentos horríveis
Para: Alice Eca!!!

Saindo de casa agora, nos vemos lá.

Dei partida em meu volvo e segui até o endereço indicado com ajuda do gps, caminhei pelas ruas molhadas da chuva da madrugada ainda pensando em belos e grandes olhos verdes, não muito tempo depois cheguei no meu destino e vi o porshe amarelo canário escandaloso de Alice parado no meio fio mais a frente do meu carro, sai do meu carro e fui em direção ao pequeno café de esquina, modesto e de decoração intimista, algumas mesinhas redondas e cadeiras de fero na calçada me fazendo pensar nos autênticos cafés de paris, lá dentro uma pequena fila de pessoas em frente ao balcão com vários pães e salgados e tortas doces já era possível ser vista através das janelas de vidro, e mais pequenas mesas lá dentro, uma delas ocupada por Alice e seu copo de café. Entrei no café e segui até sua mesa.

— Edzinho!!! Finalmente você chegou – ela pulou e me abraçou

— oi baixinha, sim finalmente nos mudamos, Tanya queria a casa pronta antes de virmos – ela fez uma breve careta quando mencionei o nome de Tanya, elas nunca foram amigas, mas nos últimos anos não se suportavam. Quando ia repreende-la ela mudou de assunto rapidamente.

— Já pedi por você espero que não se importe – ela se sentou me puxando junto. – Agora me fala, preparado para assumir seu posto no hospital?

Alice assim como eu e seu marido também era médica, obstetra para ser mais exata, mas de vez em quando se aventurava no mundo da moda, sua segunda paixão, sendo assim era sócia de nossa cunhada Rosálie em um ateliê muito famoso entre as famosas ultimamente em Seattle já perto de abrir sua segunda filial em New York, Jasper era um ótimo cardiologista, meu amigo desde a faculdade conheceu minha irmã na época de residência e nunca mais largou, eles estavam casados a 5 anos.

— Preparado baixinha, e como andam as coisas com Jasper e a loja? – os pedidos chegaram, uma salada de frutas com granola para ela e croissant de chocolate pra mim com uma belas xicara de cappuccino, ela me conhecia bem.

— Ah vão bem, Jasper esta bem centrado em um teratoma que vai tentar retirar essa semana então esta um poço de concentração e a nova filial esta quase pronta, Rose esta ficando direto lá em NY agora que esta tudo em pé de acabamento, mas como tenho minhas mãezinhas aqui vou apenas 1 vez por semana, e isso tem deixado Emm em um mal humor extremo, ele me culpa pela falta de sexo dele acredita? – ela riu bebericando seu café – humm eu amo o café daqui, venho sempre que posso.

— É um lugar realmente confortável – me limitei a dizer observando em volta quando vi de relance uma pessoa pequena e de longos cabelos mogno cor de cobre entrando em alguma porta atrás do balcão, tentei me mexer para ver atrás da porta mas a mesma foi fechada, como era possível, eu tenho certeza, eram os mesmos cabelos.

— Tudo bem Ed? – Alice perguntou com ar de riso – Esta procurando alguém?

— Não... eu achei que... não é nada – voltei a atenção para meu café – do que falávamos mesmo? – ela ia me responder quando fomos interrompidos por uma voz infantil e lindamente musical.

— Tia Aliceeeee! – tudo que vi foi um ser pequeno se atirar nos braços de Alice, tudo que eu podia ver da criança eram os extremamente longos e muito cheios cabelos ruivos acobreados, o mesmo tom que os meus ok! Isso era estranho, seus cabelos caiam sobre suas costas pequeninas e delicadas e seus bracinhos branquinhos como neve enroscados no pescoço de minha irmã.

— Oi meu amor, eu não sabia que você vinha aqui hoje! – Alice disse em um tom meio nervoso.

— A mamãe teve que vim aqui hoje tia, dai eu vim também – ela dizia acariciando o rosto de Alice, eu me vi encantado por aquela criança de dicção perfeita e tom carinhoso, alguma coisa me puxava para ela.

— E você não tem creche hoje meu coraçãozinho? – perguntou minha irmã acariciando o rostinho que eu ainda não tinha visto.

— Tenho tia fadinha, mamãe vai me levar agorinha, eu fugi dela quando te vi – ela disse a ultima parte sussurrada como um segredo.

— Sua mãe vai querer brigar com agente baixinha – Alice disse rindo com ela – Querida eu quero que você conheça uma pessoa importante pra mim – Alice disse me olhando travessa, finalmente ela virou a pequena menina em seus braços, ela não devia ter mais do que 3 anos, era incrivelmente linda, rostinho branco de bochechas rosadinhas, a boquinha em forma de coração vermelha como se houvesse batom ali e seus olhos foi oque mais me assustaram, era como se eu me olhasse através de um espelho sem tirar nem por, azuis acinzentados ali, meu espelho me encarando com um sorrisinho e bochechas mais rosadas do que antes. – Esse é meu irmão mais velho Edward, diga oi pra ele.

— Oi Tio Ed – ela disse baixinho

— Oi pequena tudo bem com você? – consegui formular, mas sem tirar meus olhos daquele pequeno anjo, ela falou alguma coisas no ouvido de Alice.

— Por que você não da um abração no tio Ed e um beijo também? – ela saiu do colo de Alice e veio em minha direção meio incerta, esticou os bracinhos pra mim que logo a peguei no colo ela passou os bracinhos pelo meu pescoço e depositou um pequeno beijo em meu rosto antes de encostar o rosto em meu ombro, a apertei em meus braços e não queria solta-la nunca mais na minha vida, parecia que aquele serzinho pertencia a aquele lugar, pude ver Alice passar a mão no rosto e desviar o olhar.

— Que abraço gostoso Tio Ed – ela riu e me soltou descendo do meu colo cedo demais.

— Eu também achei princesinha! Qual é seu nome lindinha? – ela corou lindamente, mas antes que me respondesse ouvimos alguém chamando e ela fez carinha de culpada.

— Lily! – era uma voz tão conhecida e estranha ao mesmo tempo, mas descia pelo meu peito como caramelo quente, não percebi mas meu coração acelerou de repente de forma intensa, Alice se levantou da cadeira com cara de quem aprontou.

— Mamãe desculpa, eu queria da um beijinho na tia Lice – a menininha riu sem vergonha para a pessoa atrás de mim, comecei a me levantar para cumprimentar a mãe daquela criança linda.

— A meu amor, não assusta mais a mamãe assim não, vamos se despede da sua tia agente tem que ir pra escolinha – ela fez que sim com a cabeça e pulou nos braços da minha irmã de novo – Alice por que não disse que vinha eu... – ela parou de falar assim que me encarou, percebi o tremor que passou por seu corpo – eu... eu...

— Você se lembra que eu te falei sobre meu irmão Edward não lembra Bells – ela ainda me encarava e era mutuo, ali na minha frente eu estava revivendo meu sonho, aqueles grandes olhos verdes e longos cabelos cor de mognos – Ed essa é Isabella, minha melhor amiga, dona do café – ela disse e deu um risinho.

— Prazer Isabella! – quando nossas mãos se tocaram senti uma corrente elétrica passar entre nós ela logo puxou a mão da minha, notei seus olhos marejados.

— Prazer Edward, Alice me falou muito de você – ela sorriu minimamente – Vamos Lily, se não vamos nos atrasar – sua voz estava pesada.

— Mas mamãe deixa eu ficar com a tia Lice – ela suplicou com as duas mãozinhas juntinhas em frente ao corpo.

— Não florzinha, hoje a tia vai trabalhar e você tem aula, vamos – sorriu pra menininha que assentiu tristinha.

— Tchau tia fadinha – ela beijou a tia e veio me dar um abraço – tchau tio Ed, volta pra me ver! – ela beijou meu rosto e foi para o colo da mãe que a pegou rapidamente e saiu sem se despedir, ainda pude ver pelo vidro elas entrando em um Prios preto e saindo dali.

— Alice, você já tinha me apresentado sua amiga alguma vez? – perguntei me sentando de novo. Ela me acompanhou e terminou seu café.

— Não, por que? Você já conhece ela Ed? – ela perguntou com cara de arteira.

— Sei la, deixa pra lá... vamos? – perguntei  ela pegou sua bolsa, colocou um nota em cima de mesa e saímos de lá, comigo mais confuso do que jamais estive em anos.

....