Capitulo 1.

Acordei com o barulho estridente do despertador as 6h da manhã, obrigando meu corpo a levantar da cama quente e convidativa vesti meu robe cutucando o corpo pesado ao meu lado.

— humm – resmungou ainda na mesma posição

— Acorda, vai se atrasar – fui em direção ao banheiro tomando um rápido banho e me trocando em seguida por um conjunto de jeans pretos skinny e camisa social também preta, fiz uma leve maquiagem e deixei meus cabelos cor de mogno caindo em cachos naturais até abaixo da minha cintura deixando meus sapatos peep toe ao lado da porta para vesti-los antes de sair e segui para a porta em frente a minha a abrindo devagar, vendo meu bem mais precioso ressonando ali na pequena cama rosa de dossel, o espelho do meu passado, me sentei na cama ao seu lado acariciando seu rostinho branco como porcelana ganhando um sorrisinho com o carinho.

— Mamãezinha? – resmungou abrindo os olhinhos logo em seguida.

— Bom dia bonequinha! – desejei dando um beijo e um abraço nela – Vamos levantar, você tem aula hoje meu amorzinho – ela sorriu mais e se sentou na cama.

— Faz panqueca pra mim mamãe? – pediu com os olhinhos pidões, como se eu fosse capaz de resistir a esses olhinhos de mar tempestuoso.

— Faço meu amor, mas você tem que levantar bem rapidinho e ir escovar esses dentões – ela fez uma careta pra mim e cruzou os bracinhos.

— Mamãe eu não tenho dentões, são pequenininhos ó! – ela sorriu para constatar o fato, eu ri da ruguinha em sua testa e a abracei forte.

— Estou brincando minha flor, te amo muitão – ela sorriu e deu um beijo estalado em minha bochecha – agora vai escovar os dentinho que a mamãe vai deixar sua roupinha aqui na cama e você veste e me encontra na cozinha combinado?

— Combinado! – se levantou e seguiu em direção ao banheiro que tinha em seu quarto, separei uma meia calça grossa rosa, um jeans azul claro e blusa de gola alta rosa, colocando suas botas de pelinho interno ao lado da cama para ela, apesar dos poucos 3 anos e meio Lily era uma garotinha muito inteligente, até demais as vezes e já sabia se virar sozinha na maioria das coisas como se vestir e escovar os dentes, eu ainda dava banho nela e a ajudava a comer dependendo do que fosse servido, mas desde sempre foi muito independente e procurava fazer tudo por ela mesma.

Fui direto para a cozinha preparar o café, liguei a cafeteira e fiz as panquecas preferidas da minha princesa, com gotas de chocolate, ovos mexidos e achocolatado em seu copinho com tampa, logo ela desceu vestida e com uma escova em mãos, terminei de arrumar a mesa e peguei a escova passando em seus longos cabelo cor de cobre, muitas lembranças em minha mente enquanto fazia esse simples gesto, terminei de penteá-los e os deixei soltos mesmo, servi seu café e já estava servindo café em outra xicara quando o belo espécime de homem entrou em minha cozinha, 1.90m e puro musculo bronzeado.

— Bom dia Bells – desejou me dando um selinho – Bom dia pestinha! – fez cocegas em minha filha que riu, os dois se davam extremamente bem e eu sorria vendo a cena.

— Bom dia tio Jake, a mamãe fez panquecas com chocolate pra gente – disse mostrando o seu prato, entreguei o café a ele.

— hum que delicia em mamãe! – aceitou o café.

Jake era como o sol em minha vida, depois de tudo oque tive que enfrentar sozinha com a Lily ele era tudo aquilo oque eu não tinha pedido a Deus e tinha ganhado, quando nos conhecemos inicialmente éramos apenas amigos e eu ainda estava grávida de Lily e com um buraco em meu peito, não estava pronta para iniciar nenhum relacionamento, mas ele esteve lá comigo em cada passo difícil da minha vida, no parto de Elizabeth, quando eu quis jogar tudo pro alto e correr atrás do meu passado e quebrei a cara, quando me formei e quando dei o salto mais alto da minha vida e abri meu café confeitaria, nos aproximamos muito e quando me permiti ter uma chance de ser feliz e começamos a sair as coisas aconteceram naturalmente e estávamos nesse relacionamento sério a 1 ano, mas ele passava tanto tempo na minha casa que já era quase um casamento. Eu sabia que não amava Jake, e ele também sabia disso, existia um carinho enorme e gratidão, mas meu amor sempre pertenceu a outra pessoa e isso era o motivo de nossas raras brigas.

—  Eu tenho plantão de 72h hoje então não venho pra cá, mas vou te ligar nos meus intervalos, estou livre por 2 horas no fim da tarde amanhã, nós poderíamos jantar oque acha? Mesmo restaurante? – perguntou já se levantando e pegando seu jaleco e valise no sofá.

— Claro, seria ótimo Jake – ele deu um beijo na testa de Lily e um selinho em mim.

— Então ótimo, até mais tarde – ele saiu rumo ao hospital, Jake era um ótimo cirurgião geral e amava seu trabalho. Assim que ele saiu coloquei a louça na lavadora e fui arrumar a bolsa da minha pestinha para a escola.

— Vamos Lily? – a chamei já colocando seu casquinho de frio e o meu, quando estava acionando os alarmes da casa meu celular tocou, era minha melhor amiga Alice  - Oi Allie

— Bells, já levou a Lily pra escola? – ela perguntou animada, oque não era comum de Alice, uma pessoa não muito matinal.

— Bom Dia pra você também amiga, estou ótima e Lily também – fiz drama enquanto trancava a porta.

— Ai desculpa amiga! – disse chateada.

— Não Allie, estou saindo de casa agora mesmo por que? – perguntei desconfiada

— É que eu estou com saudade da minha afilhada bellzinha, você podia trazer ela aqui no café pra mim dar um abraço nela... – Ai tinha coisa...

— Mas Alice você viu ela ontem mulher, não dá pra esperar até depois da aula não? – entrei no carro colocando o sinto.

— E minha saudade tem hora pra aparecer? Eu não sou tão desnaturada assim, por favorzinho Bells – Pela sua voz podia jurar que ela fazia seu famoso biquinho pidão, suspirei, eu tinha que ir no café de qualquer maneira agora pela manhã.

— Ok Allie, mas não se atrase vai ser bem rápido ou vamos nos atrasar, sorte sua que tenho que deixar a maquina de café concertada ai, nos vemos daqui a pouco – ela deu um gritinho de felicidade e se despediu rapidamente.

— Era a tia Lice mamãe? – perguntou minha filha de sua cadeirinha.

— Sim meu amor, vamos ver ela lá no café rapidinho antes de ir pra escolinha ok?

— Ebaaa, eu já estava com um montão de saudade dela mamãe – começou a pular na cadeirinha.

Chegamos em 10 minutos no café e tirei minha filha da cadeirinha e chamei através do vidro um dos funcionários que veio correndo.

— Bom Srt° Swan, precisa de ajuda? – era um menino muito bonzinho que trabalhava comigo a quase um ano e nunca deu problemas.

— Bom dia Seth, me ajuda a levar essa maquina de café pra dento por favor – ele logo pegou a maquina nos braços e seguimos para dentro do café, pude ver Alice que acenou pra mim, mas antes que fosse lá me chamaram na cozinha, alguns sacos de massa foleada francesa tinha chegado, mas parecia que duas não estavam de acordo ao pedido, depois de resolvido me virei e percebi que Lily havia sumido do meu lado, pude sentir minhas pernas falharem por um momento, sai em sua procura.

— LILY – disse alto o suficiente para se sobressair as vozes dos clientes, pude ouvir sua risada e logo encontrei a fonte Alice estava ali e me olhava como quem pedia desculpas, se levantou rapidamente e minha filha me olhou com cara de culpada também.

— Mamãe desculpa, eu queria da um beijinho na tia Lice – a pestinha riu sem vergonha nenhuma.

— A meu amor, não assusta mais a mamãe assim não, vamos se despede da sua tia temos que ir pra escolinha – ela pulou para o colo de Alice, só então percebi uma pessoa se levantar na frente de Alice, e aquele cabelo desengrenhado eu reconheceria até debaixo de uma burca, pude literalmente sentir meu coração perder uma batida e minhas pernas virarem gelatina. – Eu... eu – e não conseguia mais falar, eu sentia uma força dando nós em meu estomâgo.

— Você se lembra que te falei do meu irmão não lembra Bells – de relance pude ver Alice murmurar um desculpe sem som, e ali eu sabia que ele de nada se recordava de mim, o pai de minha filha estava ali bem diante de mim e apesar do brilho de reconhecimento em seus olhos tempestuosos eu sabia que para ele éramos apenas duas estranhas em sua vida feliz e perfeita – Ed essa é Isabella, minha melhor amiga, dona do café – Alice nos tirou de nosso transe.

— Prazer Isabella – ele estendeu sua mão e quando toquei a minha na sua pude sentir a corrente elétrica, a velha eletricidade que corria por todo meu corpo sempre que reconhecia seu toque quente e macio, senti a familiar ardência em meus olhos e larguei sua mão rapidamente, meu coração estava despedaçado, destroçado mais uma vez, eu tinha que sair dali o mais rápido possível.

— Prazer Edward, Alice me falou muito de você – tentei sorrir sem sucesso – Vamos Lily, se não vamos nos atrasar! – eu já sentia o bolo se formar em minha garganta, eu não demoraria muito a desabar.

— Mas mamãe deixa eu ficar com a tia Lice! – pediu Lily

— Não minha florzinha, hoje a tia vai trabalhar e você tem aula – sorri pra ela que me olhou triste e concordou

— Tchau tia fadinha – usou o apelido que criou quando tinha um aninho e deu um beijo nela e abraçou o pai, aquilo era demais pra mim, vê-los ali naquele abraço cumplice, me senti a pior das mulheres por tê-los privado disso por todos esses anos, sabendo que oque ele mais desejava um dia na vida era ter um filho. – Tchau tio Ed, volta pra me ver! – deu um beijo em seu rosto e a peguei no colo saindo dali o mais rápido que eu pude, peguei meu carro e dirigi para a escola de Lily, assim que a deixei em sua sala entrei de volta no abrigo do meu carro e me permiti soltar tudo oque estava segurando, tentei me acalmar um pouco e dirigi de volta para minha casa, tinha tantas coisas pra fazer e coragem nenhuma, meu celular tocava insistentemente durante o caminho, mas não tinha condições de atender ninguém aquela hora e assim que cheguei em casa entrei correndo desativando o alarme e subindo direto para meu quarto onde me joguei na cama e chorei anos de amargura e tristeza.

— Bells – ouvi ao longe, levantei a cabeça nem havia percebido que tinha caído no sono, olhei no relógio faltava pouco para que tivesse que buscar lily na escola – Bells – ouvi me chamarem de novo, desci até a porta e a abri era Alice ali me olhando com cara de pena.

— Alice, não estou com cabeça para conversar agora – ela entrou mesmo sem eu ter dado passagem.

— Bells me desculpa, eu sei que fui longe demais hoje – ela me olhava com remorso – mais eu não podia mais ver tudo isso acontecendo diante de meu olhos e Lily crescendo sem o pai dela...

— VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO ALICE! – a interrompi – Depois de tudo oque eu passei, você viu! Você estava lá quando toda aquela merda aconteceu... – eu não conseguia falar, coloquei minha mão na boca e chorei me agachando no chão, eu não tinha forças para se quer ficar em pé.

— Bells, me escuta... – não deixei que ela falasse de novo.

— Por que agora Alice? Por que agora que eu estava seguindo com a minha vida! Ele nem se lembra mais de mim, não se lembra dela, por que reabrir essa ferida – perguntei , ela se abaixou a minha altura e segurou meu rosto – você me prometeu, nunca contar...

— Bells, ele esta se lembrando – ela sorriu também chorando agora.

— Oque? – perguntei incrédula.

— Ele tem sonhos, ou pelo menos acha que é sonhos... fragmentos de memória, eu ouvi ele te chamando enquanto dormia na ultima viagem que fizemos e o jeito que ele te olhou hoje... ele esta voltando – ela agora chorava como eu.

— Do que adianta Alice, ele é casado com aquela mulher... aquela – não consegui terminar – é melhor assim, cada um do seu lado.

— Eu não vou deixar você sofrer e remoer essa culpa sozinha mais, já chega disso Isabella! – disse brava e me abraçou, gritei de frustação e tristeza, Alice ficou comigo pela próxima quase uma hora, quando me lembrei que tinha que buscar Lily.

— Deixa, eu busco ela e levo pra minha casa, ela não pode te ver assim, pela manhã levo ela no café pra você, é melhor descansar – ela me ajudou a tomar um banho e me colocou na cama me dando um remédio pra dormir, logo eu apaguei exausta sonhando com momentos felizes de quatro anos atrás.

Eu tentava fugir do meu passado, só não imaginava que o meu passado viria correndo para mim em pouco tempo, eu estava preparada pra isso?