Não sei o que papai pretende me levando para a casa do amigo... Não sei, não entendo nada. O que vou fazer lá?

— Quando vamos chegar? — perguntei, cansada de tanto andar.

— Calma, querida. Vai dar tudo certo — falou pra mim com tanta convicção.

Amo o papai, éramos pobres, do subúrbio... mas era feliz mesmo assim. Para o encontro, escolhi meu melhor vestido... Hello Kitty. Será que vou brincar com a filha desse amigo dele? 

— Chegamos.

Papai estava sério. Ele tem cara de sério, mas desse vez estava bem mais. 

A gente entrou num prédio pequeno, também da periferia. Subimos pelas escadas... não aguento mais andar.

— Calma, querida. Só mais um pouco.

O quarto era o 33. Papai apertou a campainha e um sujeito feio, parecido com aqueles homens que cortam árvores... vi isso no desenho do Pica-Pau.

Papai está chorando. Por quê?

— Não a faça sofrer... ela só tem 11 anos.

— Eu te paguei pra ter o que quero, não para ter o seu palpite.

Fiquei com um frio na barriga. Papai foi embora... o homem fechou a porta e...