Fate - Heroes Down escrita por Kamihate


Capítulo 2
Capítulo 01 - A Bruxa Cruel




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“Eu não tenho motivos para estar aqui. Era isso que eu pensava, aquela época, aquelas pessoas, aquela guerra, nada daquilo parecia conveniente para mim. Depois do longo jogo em Rokkenjima eu decidi abandonar os tabuleiros, eu não conseguia mais ter motivação para vencer esmagando meus oponentes, mas por que será? Eu nunca senti essa solidão aterrorizante, desde que ela foi despedaçada, parece que nenhuma batalha ou aposta fazia mais sentido, poderia jogar eternamente com Battler, mas o meta mundo estaria negro, eu não conseguia deslocar minha mão para mover uma única peça por vontade própria, eu não podia mais se quer ser chamada de bruxa, e quando eu finalmente aceitei meu destinado imundo e inevitável, eu apareci nessa terra, no ano de 2045. Soube que houve um grande incidente em 2013, onde o mundo se tornou um lugar devastado, os magos então saíram das sombras e decidiram reconstruir tudo do zero, mas ainda assim a humanidade se encontrava afundava no chão, não vejo graça em me divertir em um cenário já destruído, por que eu lutaria com esses servos? Soube que eles vieram de universos paralelos, eu também vim de um, é claro, então proteger esse mundo faria algum sentido? Os vencedores da guerra do Santo Gral podem ter um desejo concedido, mas eu não estou mais em meu universo, não estou mais apta a escolher que caminho trilhar a partir da minha própria vontade, então o que eu poderia querer? Ah, certo... Acho que voltar aos meus dias de crueldade e diversão poderia ser uma boa escolha, entretanto, sei o que acabarei escolhendo no final. Acho que anos ao lado daquelas pessoas me tornou essa desgraça.

— Você já planejou alguma coisa? – Meu mestre era um homem de quarenta anos que parecia ser um fracasso na terra, sua aparência não era das melhores, ele tinha a barba comprida, um rosto magro e sem estrutura corporal para lutar, ele parecia não emanar muita mana, apesar de se intitular um dos magos mais fortes do mundo, acho que isso era antes do mundo cair em ruínas, comparado a uma bruxa eterna como eu, em menos de um minuto eu o venceria em uma guerra mágica, mas sentia nele uma presença avassaladora, sua aparência era apática, mas por que então ele me parecia ser tão perigoso? Ele certamente era igual a mim, alguém que escondia bem suas intenções, Nabucco Anthony, você é um grande mistério.

— Eu realmente não estou aqui para pensar em nada, você quem dá as ordens.

— Oras, não seja tão chata! Você e eu sabemos que é mais forte, nem se eu treinasse por mais 500 anos poderia chegar ao seu nível de magia, eu diria que você é a serva mais forte dessa merda de guerra, então colabora um pouco.

— Estou aqui justamente pra lutar, se me pedir para obliterar meus inimigos agora, é isso que farei. Sinceramente gostaria de acabar logo com isso. – Eu estava sentada em uma cadeira na cozinha daquela casa no meio do nada do meu mestre, apreciava um chá de ervas que ele havia feito, aquilo nem se comparava ao chá dos meus servos, mas de alguma forma estava bom. Ele afiava duas adagas em uma lima sentado no chão, não entendia porque alguém com o nível mágico dele precisava disso.

— Você é bem direta né? Haha, gosto disso! Mas sabe, não é bem assim. – O homem continuava com seu trabalho enquanto mantinha um cigarro na boca, aquilo realmente me enfurecia.

— E como é, então?

— Bom, antes de tudo, sei que está me perguntando aqui porque eu estou amolando esses brinquedos, sei que parece estranho, mas gosto mais de lutar com meus punhos do que com magia, acho que me acostumei com as guerras que fui antes haha.

— Guerras? Já participou de outra guerra do santo gral?

— Quem dera, as guerras que estive foram bem piores, elas não envolviam grandes desejos ou a destruição do mundo, era verdade, a mangitudade das mesmas era menor, mas ter que ver companheiros morrendo em sua frente, dia após dia, eu prefiro muito mais uma guerra onde apenas meia dúzia vão perder. Eu fui um soldado por 20 anos, quando pensei que ia me aposentar, me aparece isso. Paciência né! – O homem sorria o tempo todo, nada podia me enojar mais do que aquilo junto ao seu hábito de fumar sem parar, eu havia pegado mesmo o azar do Battler, não tinha outra explicação.

— Então você, que é considerado um mago SS, luta usando adagas? Não poderia ser mais cômico.

— Pois é, mas gosto é gosto né? Aliás, vamos lá pra fora, quero te mostrar minhas habilidades.

— Você pretende lutar com sua serva?

— Oh, vamos lá! Todos sabemos que não sou capaz de te matar, e você não pode me matar. Só quero te mostrar que sou digno de você, Frederica Bernkastel.

— Uma pergunta: Você já sabia que me invocaria e quem eu era?

— Uma resposta: Talvez.

— Você ao contrário, não é nada direto. Outro hábito para eu odiar.

— Outro? Quer dizer que odeia mais coisas em mim? Que cruel!

— Não era disso que me chamavam?

— Ah sim, a bruxa cruel, mas pra mim você parece uma garota adorável e impaciente.

— Eu acho que você pode retirar das regras o fato de que ‘não posso te matar.’

— Bem, então tem que tentar né? – Esse maldito estava me provocando? Bem, não faria mal mostrar a ele um pouco do meu poder. Fazia tempo que eu não lutava, mas 1% da minha força era capaz de mostrar ao meu mestre que não sou qualquer garota com aparência frágil por aí.

Estávamos do lado de fora de sua casa, o céu estava claro com a lua cheia o preenchendo, daquele local podia ver várias constelações, por um lado, estar em uma casa de campo podia ser um bom refúgio para se esconder dos outros servos, mas também nos tornaria vulneráveis, penso eu que em uma cidade as chances de sermos atacados seria menor, devido ao número de pessoas ao nosso redor, alguns servos e mestres devem possuir o bom senso de evitar adicionar inocentes na lista de mortes nessa guerra, o que não era o meu caso, vencer era tudo que importava em um tabuleiro, o resto era apenas consequência, mesmo depois de várias peças derrubadas, a vitória era uma só. Eu me afastei do meu mestre e comecei a analisar o que ele podia fazer, de fato ambos concordamos que ele não tinha chance contra mim, mas o que era esse desconforto que sentia? Ele ficou parado em minha frente com suas duas adagas, ele devia ser muito louco ou imprudente ao ponto de querer me enfrentar com aquilo. Eu não sentia nenhuma presença naqueles arredores, eu daria uma pequena demonstração do meu poder e depois já voltaríamos para o que importa, eliminar os outros servos o mais rápido possível.

— Eu não vou ser piedosa por ser uma serva, eu acho que você sabe mas, invocou alguém que não tem compaixão por seus adversários. – Ele continuava imóvel movendo apenas a adaga de sua mão direita enquanto a girava com seus dedos, nisso ele parecia ser habilidoso.

— E eu pedi para que fosse? É bom que seja assim, posso confiar em uma serva como você, mesmo parecendo uma garotinha do primário mimada. – Nabucco ficou em posição de ataque, mas não se moveu, ele estava esperando eu fazer o primeiro movimento, e depois de ouvir tais provocações que não me afetaram em nada, não podia deixar de cumprir suas expectativas.

— Se for muito pra você, me avise que uso 2%. – Criei um grande gato preto espectral do meu lado, ele era um conjunto de sombras materializadas e com poder plasmal que ao ser chocado contra qualquer superfície, causaria o dano de uma bala de canhão. Com um único movimento com minha mão direita, fiz com que o gato avançasse em direção a Nabucco, que não parecia nada surpreendido.

— Eu gosto de gatos sabe, isso fica complicado pra mim. – Quando minha projeção o atacou, ele fez um rápido movimento com sua adaga da mão esquerda fazendo com que a sombra se jogasse para trás, eu tinha controle total mental sobre a mesma, a fiz atacar novamente enquanto ele se virava, mas mais uma vez repeliu o golpe com sua adaga, como se estivesse brincando.

— Não mais do que eu. Não lide com o que você não consegue, jovem. – Eu dividi o gato em mais quatro gatos de sombra pequenos, eles possuíam olhos vermelhos e começaram a se mover rapidamente em torno de Nabucco, ele estava completamente cercado.

— Então estamos brincando de bichinhos aqui? Eu não tenho mais idade pra isso ‘ojou-sama’. – Apesar de sua aparente despreocupação, ele mantinha seus olhos focados nos quatro gatos que se moviam todos em lados opostos, dois para o lado direito e dois para o esquerdo, o fechando em um círculo negro, um ataque seria o suficiente para finalizar essa batalha, e foi o que fiz, ordenei que um dos gatos atacasse, ele conseguiu rebate-lo como previ, mas em seguida, ordenei que os outros três atacassem, como eu disse, não tinha piedade por meus adversários, sendo mestre, Deus ou quem quer que seja. Uma enorme explosão aconteceu dentro do círculo onde ele estava sendo mantido, eu pensei que havia exagerado, mas ele não era alguém que morria com isso, se eu estivesse certo, ele havia conseguido bloquear dois dos três gatos que o atacaram, eu olhei através da fumaça, mas não vi ninguém por lá.

— Não é certo que um mestre seja mais forte que um servo, não acha? – Ele apareceu atrás de mim e fez um movimento com sua adaga da mão direita, meu ombro esquerdo havia sido cortado, eu dei um salto para trás, meus gatos haviam desaparecido, eu não sei como ele escapou daquilo mas eu agora sabia que não podia só usar 1% da minha força.

— Você tem coragem, moleque. – Eu materializei uma foice roxa com minha mana, ela tinha 20 vezes mais poder que os gatos pretos, bastava apenas um golpe, e agora não iria me conter mesmo que isso o matasse. Avancei sem pensar, eu era mais rápida, comecei a desferir vários golpes segurando a foice com ambas as mãos, eu podia voar, e isso já era uma vantagem enorme, ele, no entanto, parecia desviar com facilidade, ele estava usando toda sua mana acumulada em seus pés, agora que eu havia notado. Sabendo disso, golpeei o chão e fiz uma enorme cratera, ele saltou, e nesse momento, era onde eu daria o xeque.

— Não gosto de ser chamado de moleque por uma guria que nem peitos tem. – Ouvir isso fez aumentar a força do meu golpe em direção a ele, fiz um corte transversal enquanto ele ainda estava no ar, porém, ele com uma das adagas conseguiu parar minha foice, esse maldito conseguia transferir mana de um local para outro do corpo, e até mesmo para objetivos de maneira rápida e eficaz.

— Admito que você é forte. – Comecei a golpeá-lo consecutivamente sem pausas, a cada segundo desferia oito a dez golpes, ele caiu em pé no chão mas ainda continuava bloqueando meus golpes quase que na velocidade do som, como pode um homem dessa aparência ser capaz disso?

— E eu admito que você não sabe nada sobre mim ainda. – Ele partiu para cima de mim em contra-ataque, usando as duas adagas ele começou a rebater minha foice, até jogá-la de minhas mãos, ele levou uma de suas adagas até minha cintura, mas ao tentar cortá-la, ele não podia imaginar que minha magia transcendia seu conhecimento habitual. Eu havia me transformado em gelatina e trocado meu corpo naquele momento com sua outra adaga, em um rápido movimento eu perfurei levemente seu joelho, fazendo-o cair no chão. Voltei para minha forma de bruxa e materializei a foice novamente, mas essa virou um canhão de plasma dessa vez, tomei distância e comecei a atirar, cada tiro era semelhante a uma bomba que podia destruir uma casa inteira.

— Não sabe nem que prevejo todos os seus movimentos! – O rapaz se colocou por trás de mim, ele dessa vez conjurou uma magia que fez com que os tiros que disparei voltassem contra mim, os bloqueiei com uma barreira de plasma e mana e os joguei para o ar, ele começou a me golpear com sua outra adaga, ela brilhava em um roxo escuro escarlete, ele devia estar usando toda sua mana, afinal, ela me golpeou sete vezes em vários locais do meu corpo, mas era hora de acabar a brincadeira. Fiz com que o chão virasse lava, ele tentou saltar dali mas o coloquei em uma gaiola pendurada no céu, ela era feita de toda minha mana restante naquele minuto, era meu golpe final, dentro dela, invoquei 4 cães negros que o atacavam consecutivamente, eu mal podia ver o que acontecia lá dentro, mas naquele instante comecei a sentir a empolgação do campo de batalha que não sentia há anos, e aquilo parecia me motivar para as lutas que estariam para vir.

— HAHAHAHAHAHAHA! ISSO ESTÁ BOM PRA VOCÊ, MEEESTRE? – Eu pousei no chão suavemente vendo de baixo o final premeditado, mas ao perceber que nenhuma mana era emanada da gaiola, olhei para trás e havia uma adagada encostada em meu pescoço.

— Falando assim você me assusta sabe? Não dá pra ser menos grotesca? – O homem estava parado atrás de mim segurando sua adaga enquanto tirava um cigarro do seu bolso do paletó com a outra mão.

— E não dá pra você ser menos relaxado? – Assim que ele colocou o cigarro na boca, seu corpo ficou paralisado, ele caiu duro no chão com os olhos arregalados, não podia se mexer, afinal, eu havia enfeitiçado aqueles cigarros com um feitiço de paralização.

— Hahahaha, droga, eu perdi de maneira tão idiota mesmo? Pff – Ignorando o fato de que o cigarro continua magia, ele continuou fumando enquanto olhava para o céu estrelado, esse cara era mesmo estranho, ele era forte, mas ao mesmo tempo parecia não querer lutar.

— Me diga, mestre. Você quer mesmo lutar? – Eu fiquei de costas para o rapaz que continuava deitado no chão, o efeito durava aproximadamente uns 2 minutos.

— Você já ouviu a frase querer não é poder? No meu caso, é o contrário.

— Então você luta por que é obrigado?

— Eu luto porque sou o mais forte. Simples.

— Então está dizendo que você se colocou nesse campo de batalha apenas porque é forte?

— Bem, pode-se dizer que sim.

— Eu nunca ouvi algo tão ridículo assim.

— Eu também não, mas se eu não tomasse partido, os fracos ficariam em meu lugar, e você sabe qual o fim dos fracos, Bernkastel?

— Isso soou muito arrogante e presunçoso. Mas o fim dos fracos é apenas um.

— Exatamente, e é por isso que eu vou proteger todos os fracos.

— Mas que ideologia idiota, se soubesse que você não é forte, te mataria agora mesmo.

— Eu ouvi isso minha vida toda, não é a opinião de uma bruxa pirralha que vai me fazer mudar.

— Considero que você está dizendo isso pra tentar me provocar, portanto, ignorarei tais palavras.

— Não, eu digo isso porque é o que eu acho mesmo! – Esse maldito não tinha jeito. Ele parecia estar falando a verdade, nunca vi alguém querer lutar apenas por se achar forte demais e querer proteger os fracos, isso me lembra.... daquela pessoa.

— Mas então, jovem, você pretende proteger os mais fracos nessa guerra também? Pois combinando seus poderes com os meus, podemos dizer que somos de fato, os mais fortes.

— Nisso você está errada, pirralha. Somos os mais fracos dessa guerra, justamente por subestimarmos nossos adversários e nos acharmos fortes, essa é a maior desvantagem na guerra do santo gral. Além do mais... há alguém que é ainda mais forte e inteligente do que eu, não quero de forma alguma encontrar esse cara.


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