Lost escrita por Li


Capítulo 30
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mais uma vez :)
Boa leitura :)



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Sangue. Sangue por todo o lado. Por todo o lado, vermelho.

—Não. – gritei quando vi o Scorpius caído no chão.

Os medibruxos à minha frente faziam-me perguntas. Eu via as suas bocas mexerem mas não conseguia ouvir nada. À minha volta estava um completo silêncio. A única coisa que eu conseguia ouvir era o disparo.

Vi o Liam e a Nott a serem levados. Também ela gritava para mim qualquer coisa, mas eu não conseguia ouvir.

Voltei-me para o outro lado. Uma poça de sangue jazia no chão onde, há momentos, ainda se encontrava o corpo de Scorpius.

Scorpius…

Alguém agarrou num dos meus braços. Estava a tentar levar-me dali.

Deixe-me ir mesmo sem ver quem era. Eu não tinha forças para contradizer quem quer que fosse.

Ele tinha levado um tiro…

—Querida, eu preciso que reajas. – ouvi ao longe.

Não respondi. A minha cabeça estava demasiado cheia para responder. Sangue…Scorpius…

—Porquê que disparaste? – perguntei, gritando – O plano era fugir, seu idiota.

Rasguei um bocado da minha camisa e coloquei sobre o local onde a bala entrou.

—Scorpius fala comigo, por favor. – implorei, tentando, ao máximo, conter a hemorragia – Por favor…

—Tu enganaste-me uma vez mas não o voltas a fazer… - ouvi o Liam dizer.

—Rose. – chamou alguém à minha volta.

Depois de alguns segundos, consegui focar na pessoa que estava à minha frente. Era a minha mãe.

—Mãe… - sussurrei não conseguindo conter mais as lágrimas.

A minha mãe segurou-me para que eu não caísse. Eu ainda não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. O Liam tinha mesmo sido capaz de disparar sobre o Scorpius…

—Rose, nós precisamos de ir até St. Mungus. – disse a minha mãe continuando a segurar-me. Eu estava completamente sem forças.

—Scorpius…

—Rose, nós precisamos mesmo de ir. Querida, tu estás grávida…

—Como é que sabes que eu estou grávida? – consegui perguntar, apercebendo-me do que a minha mãe tinha acabado de dizer.

—Rose. – ouvi gritarem o meu nome. No momento a seguir, estava nos braços de Nico – Eu estava com tanto medo de te perder. De perder o nosso filho.

—O Scorpius…por Merlin! – bradei afundando-me nos braços de Nico – Isto é…

—Rose, nós precisamos mesmo de ir…por favor, filha. – ouvi a minha mãe implorar.

Encarei-a.

—Mãe, o Scorpius? Onde é que está o Scorpius? – perguntei desesperada. Eu precisava de saber como é que ele estava. Eu precisava de saber se ele estava…

—Ele está em St. Mungus, querida. – respondeu a minha mãe, baixando a cabeça. Alguma coisa não estava bem – Ele perdeu muito sangue e…não sabem se ele vai sobreviver.

Caiu-me tudo. Eu podia realmente perdê-lo. Não como aconteceu há oito anos. Não assim. Eu podia perdê-lo para sempre.

As lágrimas caíam livremente. Aquilo doía. Tudo o que estava a acontecer era por minha causa. O Scorpius fugiu com a Nott por minha causa. O Scorpius lutou contra a Nott, com a filha sob ameaça, por minha causa. Ele estava assim por minha causa.

Ele dedicou a sua vida a mim. E eu tratei-o tão mal. Principalmente porque nunca o tinha esquecido. Isto estava tão claro para mim agora.

—Rose, por favor. – ouvi Nico implorar.      

Acedi ao seu pedido sem dizer mais nada. Deixei que eles me levassem.

Um carro estava à minha espera. No estado em que eu estava, era um dos métodos mais seguros para me levar. A materialização estava fora de hipótese. Rede de flu também.

O meu pai saiu de dentro do carro. Correu até mim e abraçou-me.

—Princesa. – bradou entre lágrima – Eu estava com tanto medo.

Convivo com o meu pai há muitos anos. Desde que nasci, mais precisamente. Eu nunca o tinha visto naquele estado. Tão frágil. Tão inocente. Tão desesperado. O seu estado destruía-me ainda mais por dentro.

Por mais que eu quisesse dar-lhe palavras de apoio, eu simplesmente não conseguia. Eu estava perdida.

—Precisamos de ir. – disse a minha mãe, colocando uma mão sobre o ombro do meu pai.

O meu pai separou-se de mim e deu-me um beijo na testa e seguiu para o lado do condutor. Não sem antes dar um beijo na minha mãe.

Encarei pela primeira vez a minha mãe. A cara dela também não estava melhor que nenhuma das outras. A única diferença era que ela continuava a fazer-se de forte à minha frente.

A viagem de carro fez-se num silêncio completo.

—Larga a arma. – voltei-me para ele, apontando-lhe a varinha – Não me faças acertar-te, apesar de não me faltar vontade. Eu disse-te que nós íamos fugir.

—Íamos fugir para quê? Para ficares com esse cabrão? – perguntou Liam abanando a arma de um lado para o outro – E eu ficaria a ver-vos ao longe? NUNCA!!! Tu disseste que podíamos ficar juntos!

—Não depois do que acabaste de fazer! – gritei – Stupefy!

Ouviu-se um tiro… Ouviu-se alguém a cair…

A arma tinha disparado. Mas o tiro tinha ido para o teto.

Já Liam estava inconsciente ao meu lado.

Voltei-me outra vez para Scorpius.

—Por favor, fala comigo Scorp. – implorei. As lágrimas caíam livremente pelo meu rosto. Eu não estava a acreditar. Ele não estava a acordar.

—Rose… - ouvi. Scorpius estava a abrir os olhos – Estás…bem?

—Oh Scorpius… - bradei, abraçando-o – Eu pensei que te tinha perdido. Eu pensei…

—Estás…bem? – voltou a perguntar.

—Eu é que devia estar a perguntar como estava e não o contrário… - respondi, entre soluços – Eu estou bem. Por favor, não faças esforços. Mantém-te calado. A ajuda está a chegar. Mantém-te apenas acordado. Eu estou a tentar conter a hemorragia.

—Rose… - chamou – Promete-me que vais ficar bem.

—Scorpius, por favor, não podes fazer esforços. Eu preciso que aguentes.

—Promete que tomas conta da Lyra. – pediu Scorpius arrancando mais lágrimas de mim – Promete.

—Tu é que vais tomar conta dela. Como pai. Pára com isso, Scorpius.

—Eu preciso que prometas. Por favor. – implorou.

—Eu prometo. Apesar de não precisar. Tu vais estar aqui.

—Rose, chegamos. – disse Nico, chamando a minha atenção.

Saí do carro, auxiliada pelo Nico, e seguimos todos para St. Mungus.

A primeira pessoa que vi quando entrei foi Astoria. Os seus olhos verdes estavam completamente inchados. O seu cabelo estava completamente desalinhado. As suas roupas estavam todas amarrotadas e numa das suas mãos estava um lenço.

Ao seu lado estava Draco. Apesar dos seus olhos não estarem inchados, o seu estado de desespero era igual ao de Astoria.

Reparei que a Lyra não estava com eles. Comecei a perguntar-me onde estaria a pequena. Com quem estaria. Se saberia de alguma coisa. Do que tinha acontecido com a mãe. Do que estava a acontecer com o pai.

Eu não conseguia encará-los. Não depois do que tinha acontecido a Scorpius.

—Astoria. – ouvi a minha mãe cumprimentar – Vai correr tudo bem. Acredita.

Astoria apenas acenou.

Já eu mantinha-me agarrada a Nico sem dizer uma única palavra. Eu não sabia simplesmente o que haveria de dizer. Eu não tinha palavras para nada daquilo.

—Rose, eu preciso que venhas comigo. – ouvi a Astoria. Quando levantei os olhos, ela estava à minha frente – Por favor. Nós precisamos de saber como está o bebé.

Levei os meus olhos até ao meu pai. O olhar de surpresa estava no seu rosto. Mas ele não disse nada. Apenas olhou para mim e lançou-me um sorriso acolhedor.

—Astoria, nós podemos arranjar outra medibruxa. Nós sabemos que não estás em condições. – interveio a minha mãe.

—Eu sou a medibruxa dela. Ela precisa de mim nesta altura. – respondeu Astoria dando fim à discussão.

Segui com Astoria e Nico até ao gabinete dela. Antes de entrarmos, Astoria pediu a Nico para esperar fora. Ele assentiu depois de olhar para mim.

—Precisamos de fazer o exame, Rose. Temos de ver se está tudo bem com o bebé. – disse Astoria, tentando mostrar a profissional que era.

—Astoria. – chamei, mas ela ignorou-me.

—Deita-te na maca, Rose. Tu sabes como isto funciona. – disse Astoria.

—Astoria, por favor. – implorei, não fazendo o que ela tinha dito – Astoria diz alguma coisa. Eu preciso que digas alguma coisa.

—Que queres que eu diga, Rose? Que tenho o meu filho entre a vida e a morte? Que comece a bradar para todo o lado? Eu não posso fazer isso contigo! Eu não posso simplesmente deitar toda a raiva que tenho dentro de mim em cima de ti porque tu não mereces. Porque não tens culpa de nada do que acabou de se passar.

—Astoria, ele está assim por minha causa. – sussurrei, voltando a chorar.

—Ele não está assim por tua causa, Rose! Nem te atrevas a dizer isso. – respondeu Astoria – Ele está assim porque aquela louca com quem ele decidiu fugir há oito anos o levou a isto. Levou-o a algo que eu nem sei o que é. Porque eu não estou a entender nada do que se está a passar aqui. Porque eu nem percebo o que é que a Alicia ganhou com isto. A levar-te a ti e a ele. Por mais que eu seja contra, ele fugiu com ela. Porque quis!

—Ele não fugiu com ela porque quis! – confessei em tom baixo.

—Como assim, Rose? – perguntou Astoria, encarando-me pela primeira vez – O que queres dizer com isso?

—Ele só fez isso para me proteger. Ele só fez isso para que ela não me matasse, Astoria.

Astoria esqueceu-se completamente do que estava a fazer. Sentou-se simplesmente na sua cadeira. Ela estava chocada com o que eu tinha acabado de lhe contar.

Astoria nunca tinha entendido a decisão do filho. Ela nunca tinha entendido o que tinha levado Scorpius a fugir com a Nott sabendo que ele estava apaixonado por mim.

Várias vezes, contra a minha vontade, Astoria tinha-me falado do filho. Tinha-me contado que ela já sabia do nosso namoro. Que o Scorpius lhe tinha confessado isso. E tinha-me contado também o quão apaixonado ele estava. Que dava para ver pela forma como ele falava de mim. Dava para ver pela forma como os seus olhos brilhavam quando ele falava de mim.

Durante aqueles oito anos, Astoria mal tinha falado com Scorpius. Ocasionalmente, recebia cartas dele a dizer que estava bem. Muitas vezes, Astoria mandava-lhe cartas a dar conta das novidades e a tentar saber mais coisas da vida atual do filho. Mas nunca tinha resposta.

—Ele abandonou-te por amor? – perguntou Astoria, conseguindo formular a pergunta – Ele fez isto para te proteger.

—Sim. – respondi, baixando a cabeça. Ela devia estar a odiar-me, naquele momento.

Mas, quando eu menos esperava, Astoria abraça-me.

—O meu menino…eu tenho tanto orgulho nele. No que ele se tornou. Do altruísmo que ele teve para fazer isto. – confessava, entre soluços, Astoria – Tu não tens culpa de nada, querida. A Alicia é a única culpada de tudo o que está a acontecer. O meu filho ama-te e escolheu amar-te para sempre.

—Astoria, eu…eu…

—Eu sei, Rose. – respondeu Astoria – E ele vai recuperar. E aí vocês vão conversar sobre tudo.

—Nós vamos. – respondi, convicta.

—Agora, temos de ver como está o bebé. – disse Astoria, limpando as lágrimas – Temos de ver se ele está bem.

—O Liam não deixou que a Nott me fizesse grande coisa. Mas depois ele…

—Rose, eu preciso que te acalmes. – pediu Astoria, tentando acalmar-se também – Eu preciso de fazer o exame.

Deitei-me na maca. Tentei acalmar a respiração o melhor que conseguia. Eu tinha de pensar também no meu bebé.

—Está tudo bem, Rose. – ouvi Astoria dizer.

Um resquício de um sorriso formou-se no meu rosto. Pelo menos uma boa notícia.

—Desculpem interromper. – disse Nico, entrando – O medibruxo do Scorpius quer falar convosco. 

O meu coração apertou. Encarei Astoria. Ela estava da mesma maneira que eu. Aterrorizada.


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Notas finais do capítulo

Que acharam dos recentes acontecimentos? Que acharam dos flashabacks da Rose? Que acharam das breves conversas da Rose com o Nico, a Hermione e o Ron? Que acharam do momento com o Ron? E a conversa entre a Astoria e a Rose? E que acharam do final?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos ♥



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