Lost escrita por Li


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo atraso :)
Boa leitura :)



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Por mais que eu quisesse estar concentrada naquilo que Astoria dizia, eu não conseguia. Eu via a sua boca mexer, mas era apenas isso.

O que se tinha passado mais cedo não me saía da cabeça.

A espera. Aquela espera infindável que decidiria o meu destino. Agora eu compreendia o que a Lily sentia cada vez que eu lhe fazia o teste. Agora compreendi também o que a Dominique sentiu, apesar dos meus inúmeros pedidos para ela ficar calma. Como é que eu podia pedir calma num momento como estes?

—Estás a ouvir-me Rose? – perguntou Astoria chamando a minha atenção.

—Sim claro. – respondi, tentando parecer o mais concentrado possível no que Astoria estava a dizer.

—Não estás nada. – respondeu Astoria o óbvio – Passa-se alguma coisa?

—Nada que eu queira falar agora. – respondi, mantendo um pedido subentendido – Estavas a dizer o quê sobre o Draco.

—O Draco fez-me uma surpresa na outra noite. Devias…

E, mais uma vez, as palavras de Astoria fluíam sem que ninguém as estivesse a ouvir.

A maldita espera estava a matar-me. Por mais que eu so ubesse que aquilo eram apenas uns segundos, eram os segundos mais duradouros da minha vida.

A cor começou a aparecer na cápsula…

—…até que a Alicia apareceu. – concluiu Astoria chamando a minha atenção – Enerva-me tanto que ela vagueie assim pela casa. Já falei com o Draco sobre isso mas pediu-me para me manter calada. Aquela tinha sido a mulher com quem Scorpius tinha decidido ficar e eu tinha mais era que aceitar a decisão do meu filho. Tu sabes que, se fosse por mim, o meu filho teria ficado contigo.

—Eu sei, Astoria. – respondi, ouvindo, pela primeira vez, as palavras de Astoria – Mas ele escolheu.

Por mais que eu quisesse, eu não podia contar a Astoria que Scorpius só tinha fugido com a Nott para me proteger. Isso era algo que caberia a Scorpius contar e eu sabia que agora não era o momento certo. Não enquanto não derrubássemos a Nott.

—Uma decisão que eu não entendo até hoje. – respondeu Astoria.

—Preciso de ir à casa de banho. Já volto. – já estava a caminho da casa de banho quando terminei de falar.

A mistura do assunto Scorpius juntando ao facto do que aconteceu mais cedo estava a dar comigo em maluca.

Eu estava grávida…

A cápsula à minha frente brilhava dourado. Uma cor que eu esperava ver só quando finalmente tivesse um filho. Não agora. Não quando tinha acabado de terminar o namoro com o pai do meu filho. Não quando tinha descoberto que Scorpius tinha fugido com a Nott para me salvar. Não quando corria constantemente risco de vida. Não quando estava a tentar desmascarar a pessoa que me estava a tentar matar.

—Rose tens a certeza que estás bem? – perguntou Astoria, assustando-me. Nem tinha dado conta de ela entrar – Estás completamente pálida.

—Eu preciso de ir embora, Astoria. Desculpa. – peguei na minha carteira já pronta para sair, mas Astoria impediu-me.

—Rose, eu estou preocupada contigo. – disse Astoria.

Eu sempre confiei em Astoria. Ela esteve comigo em todos os momentos. Os maus e os bons. Também eu estive em todos os seus momentos. Nós sempre nos apoiamos.

Voltei a pousar a carteira ao lado de um dos lavatórios e encostei-me à parede.

—Eu descobri algo hoje. – confessei. Astoria aproximou-se de mim. O seu toque era ansioso. Parecia que algo estranho se passava com ela. Isso, ou eu estava tão desnorteada que não conseguia ver as coisas claramente – Eu estou grávida.

—Grávida? – perguntou Astoria não conseguindo acreditar – Grávida de quem?

—Astoria! – protestei – Tu sabes perfeitamente quem é o pai. Eu tenho de ir, eu não estou bem. Falamos depois. E, por favor, não comentes isto com ninguém.

Saí dali. Eu precisava de ar fresco. Eu precisava de ficar sozinho.

O céu completamente azul contrariava o misto de emoções. As ruas cheias, as pessoas a conversar alegremente umas com as outras contrariava a minha vontade de estar completamente isolada do mundo. De ter um lugar em que a única coisa que eu poderia ouvir eram os meus pensamentos.

Esse lugar era a minha casa. Octavia não estaria lá. Octavia estaria a trabalhar. Logo eu estaria sozinha.

—----//-----

A última vez que a almofada me tinha assentado tão bem tinha sido quando eu tinha dezassete anos. Mais precisamente, no dia do baile de finalistas.

Toda a gente tinha um modo de pensar na vida. De pensar em tudo o que se tinha passado. Nas coisas más. Nas coisas boas.

Alguns gostavam de passear pela praia esperando que o mar lhes desse alguma resposta. Outros gostavam de observar a lua e as estrelas. Já eu gostava da minha almofada e da minha cama para isso. De certo modo, ela fazia-me sentir em paz.

Por mais que eu quisesse, eu não conseguia ficar triste. Eu não conseguia ficar furiosa com a minha falta de responsabilidade. Tudo o que eu tinha vivido nos últimos tempos tinha-me levado ali. Aquela gravidez.

As palavras de Scorpius apareciam na minha mente.

Ter um filho é inexplicável.

Mesmo não querendo, era impossível não amar aquele ser que começava a crescer dentro de mim. Era impossível não amá-lo desde o início. Eu já o amava.

—----//-----

Não tinha dado conta de adormecer. Não fazia ideia de que horas eram. A única coisa que sabia é que não paravam de bater à porta.

Mesmo não querendo, levantei-me. Eu sabia que não parariam de bater enquanto eu não abrisse aquela porta.

Para minha surpresa, era alguém que eu não esperaria ver ali tão cedo.

—O que é que estás aqui a fazer? – perguntei, puxando-o para dentro de casa – Tu queres ser apanhado?

Scorpius não respondeu. Apenas se deixou guiar por mim, tirou o seu casaco e sentou-se no sofá.

—Tu tens de ter cuidado com quem falas. – disse Scorpius ignorando a minha pergunta. O seu rosto demonstrava preocupação.

Olhei para ele sem entender nada do que ele dizia.

—Ela usou a minha mãe.

Scorpius não precisou de dizer mais nada. Eu sabia perfeitamente quem era essa ela. Era a Nott. Ela tinha usado a Astoria para me espiar. A mim e a Scorpius. Para saber se nós nos tínhamos aproximado. Para saber se nós falávamos. Isso queria dizer…

—Sim, eu já sei. – disse Scorpius, respondendo à minha pergunta não feita – Parabéns.

Por mais que Scorpius quisesse, ele não conseguia disfarçar. Ele não conseguia não estar triste pelo facto de eu estar grávida de Nico. Por mais que ele quisesse.

—Eu ia contar-te. – confessei, não percebendo aquela vontade de me explicar a Scorpius.

—Não tens essa obrigação. Nós não somos nada um ao outro.

Por mais que eu não quisesse, aquelas palavras tinham-me afetado. Ele tinha razão. Nós não eramos nada um ao outro. Nada que valesse justificações. Mas, de algum modo, eu queria dar-lhas. Eu queria que ele soubesse que eu lhe queria contar sobre a gravidez. Eu queria que ele soubesse por mim e não por mais ninguém.

—Eu sei que não. – respondi, não conseguindo esconder a mágoa no meu tom de voz – Mas queria ser eu a dizer-te. Eu queria que soubesses por mim que estou grávida.

—Fico feliz por ouvir isso.

—Tinhas razão. – Scorpius olhou para mim sem entender – Eu comecei a amá-lo desde o primeiro momento.

Scorpius olhou para mim, sem saber o que dizer. Várias vezes abriu a boca, mas nenhum som saía. Ele não sabia mesmo o que dizer.

Scorpius aproximou-se e abraçou-me. Aquele gesto valia mais do que qualquer palavra. Aquele gesto demonstrava que ele continuaria a meu lado. Mesmo eu estando grávida de outro. Mesmo eu não querendo mais nada com ele. Ele estaria sempre ao meu lado.

—Promete-me que vais ter cuidado com quem falas. – pediu Scorpius, encarando-me. Ele estava tão perto de mim que sussurrava.

—Eu prometo. – respondi no mesmo tom que ele.

—Eu tenho que ir…

—Eu sei. – respondi, mas não o larguei. Mais uma vez, tudo o que se passou há oito anos estava a desvanecer-se da minha mente. Mas, além disso, uma pequena voz na minha cabeça dizia que eu não podia ceder. Pelo menos não agora.

Acabei por me afastar. Scorpius não disse nada.

Despedimo-nos e ele saiu. Ele não podia ficar muito tempo longe. Albus estava a trabalhar e ele não podia dar essa desculpa.

Por cinco minutos que Sirius não apanhou Scorpius aqui em casa. Ele ainda não sabia maior parte das novidades. Desde que a Dominique soube que estava grávida que praticamente não tínhamos falado.

—É hoje, priminha. – disse Sirius, quando me viu – Não tens noção da ansiedade que eu estou para saber as asneiras que andaste a fazer.

Pelo que Sirius tinha acabado de dizer, tinha quase a certeza que Nico lhe tinha contado alguma coisa. Não sabia especificamente o quê, mas sabia que tinha sido alguma coisa.

—Se te estás a perguntar o que é que o Nico me andou a contar, apenas te digo que ele só contou que vocês já não namoram. Não me contou mais nada.

Suspirei, aliviada. Não que eu ficasse chateada se o Nico tivesse contado alguma coisa ao Sirius. Apenas queria ser eu a contar. Apenas queria ser eu a contar as asneiras que tinha feito.

—Eu fiz asneira. – confessei sobre o olhar nada surpreendido de Sirius.

—Não me digas.  – respondeu Sirius, ironicamente – Desculpa.

—Eu mandei uma carta ao Scorpius a dizer que o ajudava. – contei esperando a reação de Sirius. Ele ainda abriu a boca para dizer alguma coisa, provavelmente para protestar mas conteve-se. Deixou-me continuar – E fui ter com ele à cabana dos Gritos.

—Eu não acredito. – disse Sirius sem se conseguir conter – Como assim tu foste ter com ele até à cabana dos Gritos? Depois do que eu te disse? Tu sabes que é perigoso!

—Eu sei que é, Sirius! Mas pensa no que ele passou todos estes anos.

—Pensa no que tu passaste todos estes anos, Rose! Porra! Ele podia ter arranjado uma forma de ter falado contigo. Da mesma maneira que deixou o papel a dizer desculpa. Não o tentes desculpar pelo que te fez.

—Sirius, eu tenho de fazer isto. Ele não pode continuar a viver sobre ameaça. Ele está a viver assim para me proteger. E a Lyra também não merece viver sobre a asa da mãe. A Nott fez com que a Lyra se tornasse um lobisomem. – revelei tentando mostrar o meu ponto. A Nott não merecia a mãe que tinha.

Sirius hesitou. Pensou muito nas minhas palavras antes de voltar a dizer alguma coisa.

—Eu sei que a Nott é cruel. Eu sei que ela te tentou matar em Hogwarts. E, se fosse por mim, ela já estaria no fundo de algum penhasco. Mas tu tens de pensar em ti. Foi como disseste, o Malfoy está com ela para te proteger. E tu continuas a colocar-te em perigo.

—Eu esperava ter o teu apoio.

—Como é que eu posso dar-te apoio se continuas a colocar a tua vida em risco? Tendo até o Malfoy a proteger-te?

—Eu preciso de os tirar daquele inferno, Sirius. Por favor, entende. – implorei.

—Eu nunca vou conseguir entender, Rose. Tu és uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu não imagino a minha vida sem ti.

—Não me vai acontecer nada. – disse, aproximando-me de Sirius. Uma lágrima escorria-me pelo rosto. Eu sabia o quanto era importante para Sirius. Era da mesma forma que ele era importante para mim – Eu prometo que vou ter cuidado, Sirius. Eu não vou ser apanhada. Eu sou mais inteligente que ela.

—Está bem. – respondeu Sirius derrotado. Ele sabia que eu não iria mudar de ideias – Foi por isso que o Nico acabou contigo? – perguntou Sirius.

—Eu beijei o Scorpius. – confessei baixando a cabeça – Eu arrependi-me logo depois de ter acontecido. Foi um impulso, Sirius. Eu gosto muito do Nico.

—Mas amas o outro idiota. – concluiu Sirius. Eu não respondi. Eu não precisava de responder a Sirius – Eu compreendo. Tu não escolhes de quem gostas. Apesar de tudo o que ele te fez sofrer, tu continuas a amá-lo. Eu também não consegui esquecer a Domi mesmo ela fazendo asneiras. Mesmo ela magoando-me. Eu sempre a amei. E sempre a perdoei. Mas não te envolvas demasiadamente, Rose. Tu tens de ter cuidado.

—Eu sei, Sirius. – respondi com um sorriso – Fico feliz que não tenhas gritado.

—E de que me adiantava? – perguntou Sirius abrindo os braços – Não adiantava de nada.

—Tenho ainda mais uma coisa para te contar.

—Tu queres dar cabo do coração do teu primo. – disse Sirius em tom de brincadeira – Conta lá.

—Eu…eu estou grávida. – confessei, encarando Sirius e vendo a sua expressão a transformar-se em puro choque.


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Notas finais do capítulo

Que acharam da grande descoberta? Que acharam da conversa da Rose com a Astoria? Por algum momento pensaram que a Nott a estava a controlar? Que acharam do pequeno momento Scorose? E, por fim, que acharam de toda a conversa de Rose e James cheia de revelações (para ele claro ahaha)?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos :)



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