Last Trigger escrita por LaSarradaDeBM


Capítulo 6
Last Trigger




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Acordei bem cedo, fiz minhas higienes pessoais e me arrumei; estava apenas aguardando meu pai, pois ele me levaria de carro até o hospital. Ele nunca se deu bem com Vitor, ao menos, tem consciência de que ele é importante para mim e não estava numa boa situação, por isso estava sendo compreensivo; coisa que normalmente, ele não é. Troquei algumas mensagens com Gustavo, ele disse que também iria e já estava chegando lá.

Caminhamos até a garagem, e ele dirigiu até o local. Não sei se iam liberá-lo hoje -espero que sim-, ou ele permaneceria em observação e repouso; independente de como ficar, eu estaria ao seu lado, ele sabia disso, mas não quero que sejam apenas palavras, o que houve com ele foi apenas o resultado de minha irresponsabilidade pois prometi que cuidaria dele, assim como ele cuida de mim. E eu falhei. Isso não pode acontecer de novo, não irei permitir.

...

Foi por volta das 9h30min que passei pela recepção, vi de longe os pais de Vitor conversando com o doutor, depois meu olhar encontrou-se com Gustavo sentado nas cadeiras de espera, e cheio de lagrimas nos olhos. Fui até ele em passos rápidos e perguntei-lhe o que houve.

— O Vitor, Sara .. - tentou dizer, em prantos.

— O que houve com ele? Está me deixando preocupada.. - comecei a entrar em desespero.

— Ele... - o interrompi.

— Calma Gus, respira. - falei. Enxuguei suas lagrimas, e ele tratou de acalmar-se. - Me explica devagar, okay?

— Vitor.. Ele.. Se foi..- suas palavras me acertaram como uma facada.

Não acreditei. Não podia ser verdade. Ele estava bem, havia falado com ele noite anterior.

Não Sara, seu amigo não estaria aqui arrasado por brincadeira. Ou estaria?

Não importava. Meu mundinho caiu.

Senti como as lágrimas começaram a escorregar rapidamente pelo meu rosto, e após alguns segundos eu já não conseguia pará-las, não conseguia pensar em mais nada. Só nele. Acredito que apenas fui me sentir um pouco melhor, ao sentir os braços de sua mãe me envolvendo para um abraço. Nunca fomos de conversar muito, nada mais que o necessário, ela nunca fora presente na vida de Vitor por conta do trabalho, isso dificilmente eu a via; contudo ela sabia o quanto seu filho era importante pra mim. E nada me reconfortou mais que aquele abraço.

Após me tranquilizar, agradeci à ela e pedi que me explicasse o ocorrido de acordo com os médicos. Como o ser humano pode ser tão cruel à ponto de matar alguém daquele modo? Não consigo acreditar.

Me avisou que o velório seria as 14h de hoje; então me despedi deles, e voltei pra casa, já que não poderia vê-lo por ter sido levado à área preparatória para o enterro.

Chegando em casa, corri até meu quarto e me dispus a chorar.. até pegar no sono, e somente acordei no horário de ir ao cemitério. Sem forças e qualquer coragem de ter que encarar aquela cena, me levantei , peguei minha mochila e enfim, fui.

Não demorou muito para começarem a falar, seus familiares e amigos pronunciaram suas palavras de compaixão. Sei que muitos estavam esperando que eu falasse, porém não o fiz. Eles não se importavam em como eu me sentia, muito menos estavam com paciência de ouvir. Metade daquelas pessoas presentes, viviam ali uma farsa, nunca verdadeiramente se importaram com ele, e só estavam ali para tentar ocultar sua hipocrisia em todo seu tempo de vida. Eu iria falar, mas não ali. Não naquele momento, não com aquelas pessoas.

Ao coveiro terminar de soterrar o caixão, senti como os pingos de chuvas começaram a cair e mesclarem com minhas lágrimas. Pouco a pouco, conforme ela ia aumentando, as pessoas começaram a dar as costas para regressarem a suas devidas casas, mas eu permaneci ali. E esperei que não houvesse mais ninguém ali, além de mim.

— Meu querido Vitor, eu sempre possuí tudo o que uma garota poderia sonhar. Meu quarto era espaçoso, meus pais sempre me deram tudo do bom e do melhor e eles possuíam uma ótima condição financeira. - dei uma pausa.

Respirei fundo, e aproximei-me de sua lapide.

— ... Mas eu não tenho coração. Só o vazio, como sempre fora, mas uma vez, eu o tive funcionando. Você fez com que funcionasse. Foi por você, e era seu. E agora você o levou. O roubou - meu coração. O levou e foi embora. Me machucou e te odeio. Te odeio porque te amo! Fizeste com que te necessitara. Me dói lembrar todas as vezes te pedi para partir. Você se foi! Simplesmente se foi! Você partiu e eu nunca me perdoarei. Nunca. Não sou forte o suficiente para seguir vivendo, sabendo que nunca irá voltar, então me perdoe. Me perdoe por isso...

Abri minha mochila e tirei de lá uma das armas que roubei de meu pai, dos anos que ele trabalhara na policia; ele ainda as guardava, algumas até carregadas, tinha tantas que nem sentiria falta daquela.

Posicionei-a sobre o lado direito de minha cabeça, e respirei fundo, tomando coragem. Mas a dor que sentia naquele momento era tanta, que não precisei pensar duas vezes antes de puxar o gatilho. A última coisa que ouvi fora o som do disparo que sobressaltou o barulho da chuva. Aquele havia sido o último gatilho.

 

FIM?


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